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A comissão mista que analisa a Medida Provisória 571/12, que complementa o novo Código Florestal, cancelou a reunião que seria realizada nesta terça-feira (7), a partir das 14h30, para iniciar a votação dos destaques ao texto do relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC). O senador pretende retomar as conversas ao longo do dia de hoje com parlamentares ruralistas e ambientalistas para chegar a um texto de consenso que possa ser votado na reunião na reunião prevista para começar amanhã (8), às 8 horas.

O senador Luiz Henrique, relator da comissão mista que analisa a Medida Provisória 571/12, que complementa o novo Código Florestal, afirmou que está otimista em relação à retomada das negociações. Ele afirmou que os parlamentares vão tentar chegar nesta terça-feira a um consenso em relação aos destaques apresentados ao texto. O objetivo é que nesta quarta-feira a comissão vote um texto de consenso, que possa também ser aprovado pelo plenário da Câmara e do Senado.

Luiz Henrique participou nesta manhã de reunião com o ministro Mendes Ribeiro (PMDB-RS) e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, além do presidente da comissão especial da MP do Código Florestal, deputado Elvino Bohn Gass (PT/RS) e o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), no Ministério da Agricultura.

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O ministro Mendes Ribeiro também se mostrou otimista em relação a um possível acordo entre ambientalistas e ruralistas para aprovação do texto para votação. O senador Luiz Henrique afirmou que o fato de a Frente Parlamentar da Agropecuária ter dado prioridade a 20 pontos dos 343 destaques que serão analisados é positivo, pois facilitará "construir o entendimento".

O principal ponto de discussão é a questão da recuperação das matas ciliares. O relator mantém a exigência de recuperação de 20 metros de mata nas médias propriedades (4 a 10 módulos fiscais), enquanto a bancada rural defende que seja de 15 metros. Nas negociações o relator aceitou que a recuperação das matas não ultrapasse 25% do tamanho do imóvel rural. A MP 571 tem vigência até o dia 8 de outubro.

A comissão mista da Câmara e do Senado que analisa a medida provisória que complementa o novo Código Florestal retoma nesta terça-feira (7) a votação da matéria. Em julho, antes de começar o recesso do Congresso, a comissão havia aprovado o texto base do relator Luiz Henrique (PMDB-SC). Ainda precisam ser votados 343 destaques, o que deve ocorrer entre hoje e amanhã. São eles que vão definir, de fato, como deve ficar a nova lei ambiental.

Em maio, a presidente Dilma Rousseff aprovou com alguns vetos a reforma que tramitava desde 2010. Ao mesmo tempo, editou uma medida provisória para resolver os buracos jurídicos deixados pelos vetos e estabeleceu, entre outras coisas, regras para a restauração das margens de rio desmatadas ilegalmente.

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Para tentar acalmar ruralistas, que alegavam que a restauração total inviabilizaria o pequeno produtor, o governo elaborou um modelinho de "escadinha", em que o tamanho da área a ser recuperada cresce conforme o tamanho da propriedade. As menores (até quatro módulos fiscais) foram as mais beneficiadas, mas os ruralistas se queixaram que as médias ficaram com muitas obrigações - recuperação de 20 metros de mata ciliar nas propriedades de 4 a 10 módulos fiscais.

Os ruralistas queriam a redução dessa faixa para 15 metros, mas o relator manteve a obrigação, concordando apenas que ela não poderá ocupar mais do que 25% da propriedade. Eles queriam impedir a votação, mas acabaram derrotados. A MP perde validade em 8 de outubro.

Neste novo round, o governo não pretende mais fazer concessões, diz a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "A gente equilibrou as coisas entre o social e o ambiental, diminuindo a obrigação dos pequenos. O que podia ser feito para as propriedades médias já está ali na proposta de recuperar 20 metros em rios de até 10 metros (em vez de 30, como estava no código anterior). Exatamente para que os pequenos possam fazer menos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

 

Parlamentares do PT estão receosos com o fato de a Medida Provisória 571/02, que alterou o novo Código Florestal (Lei 12.561/2012), perca a eficácia por causa da disputa política que está sendo travada com a bancada ruralista. Nesta quinta-feira, 12, após seis horas de embates, a comissão mista da MP aprovou o texto base da medida, proposto pelo relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC).

Mas a votação de 343 destaques ficou para agosto, após o recesso parlamentar. O medo dos aliados é que não haja tempo suficiente para a MP ser aprovada pela comissão e, em seguida, pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. A medida, editada por Dilma Rousseff no final de maio, perde a validade no dia 8 de outubro e há, no meio do caminho, eleições municipais que acabam por mobilizar os esforços políticos dos congressistas.

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"Estou muito preocupado, porque a maioria dos 300 destaques é contra o meio ambiente", afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente da comissão mista que discute a MP. Embora considere que o governo Dilma tenha cumprido um "papel importante" ao construir um ambiente para permitir a votação de quinta, Viana disse que a verdadeira batalha ocorrerá no plenário da Câmara, Casa onde há maiores resistências às mudanças na legislação introduzidas pela MP.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), concorda. "O maior risco da medida provisória vai ser em plenário, do que na comissão. No plenário da Câmara", destacou. Segundo Pinheiro, por mais que os ruralistas venham a ser derrotados na Câmara, vão trabalhar para dificultar a votação. "Eles vão querer reafirmar a posição deles", afirmou.

Pelo texto de Luiz Henrique aprovado nesta quinta, a comissão manteve a exigência de recuperação de 20 metros de mata ciliar nas médias propriedades, de quatro a 10 módulos fiscais. Os ruralistas queriam a redução dessa faixa para 15 metros, mas o relator concordou apenas que ela não poderá ocupar mais do que 25% da propriedade.

No caso da Amazônia, o relator alterou parte do parecer que trata do limite para a soma da reserva legal e das Áreas de Preservação Permanentes (APPs). Para viabilizá-las economicamente uma propriedade rural, o imóvel rural localizado em área de floresta da Amazônia Legal deverá ter até 80% de área conservada, somando reserva legal e APP. Nas demais situações, esse limite será de 50%, o que valerá inclusive para localidades da Amazônia Legal onde o bioma não seja Amazônia.

A Comissão Mista do Congresso que analisa a Medida Provisória (MP) 571/2012, que alterou o novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), acabou de aprovar o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) sobre o assunto. Foram 16 votos favoráveis e 4 obstruções.

Foram cerca de seis horas de debates, em uma reunião marcada por manifestações de parlamentares da bancada ruralista, que defendiam maior flexibilidade nas regras. Ao longo da reunião da comissão, foram apresentados 343 pedidos de destaque. Esses pontos seguem para votação em separado, provavelmente em agosto, quando haverá nova reunião da comissão, após o recesso parlamentar.

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O governo não está disposto a promover alterações no Código Florestal para atender pressão dos ruralistas, que são maioria na comissão especial do Congresso, que analisa a admissibilidade da Medida Provisória. A informação é da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. "Há uma posição muito clara de defesa do texto original. Nós avançamos de forma significativa no que poderíamos ceder para atender os menores proprietários, mas sempre preservando e recuperando parte significativa da questão ambiental", declarou Ideli.

A ministra informou que o governo vai se reunir nesta terça-feira com o relator da matéria, senador Luiz Henrique (PMDB-SC) e com lideranças para discutir todo o texto da proposta em discussão. "Vamos sentar para ver o que vai dar", disse ela.

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Segundo Ideli a presidente Dilma Roussef já tem posição firmada sobre o que deve ser feito. "Aquilo que foi aprovado nas duas Casas, que houve consenso, ela não modificou. Aquilo que não teve consenso entre as duas Casas, ela se guiou pelo texto aprovado no Senado, que foi o texto do acordo que contou com a participação também de parlamentares da Câmara, onde houve algumas inovações".

Lembrada que a bancada ruralista tem maioria na comissão e é contra o texto como está, a ministra Ideli observou que ainda há muitos trâmites a serem cumpridos pela MP no Congresso. "Tem ainda o plenário da Câmara e do Senado para a gente debater. A comissão não é o local de votação final. Vamos ver como vai evoluir a discussão", afirmou.

Sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a ministra Ideli disse que acredita que ela será votada até quinta-feira. "Se tiver acordo podemos votar na quarta, senão, votamos na quinta", declarou. Segundo Ideli, não há temor do governo de a LDO não ser votada nesta semana. Isto porque, segundo ela, o relatório do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) está bastante adequado, sujeito apenas a pequenas modificações.

O relator da Comissão Mista que analisa a medida provisória que altera o Código Florestal, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), adiou novamente a leitura do relatório. O motivo foi a falta de consenso entre ele e os integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Por meio de nota, a FPA comunica que a leitura está prevista para terça-feira, às 8h30, no Senado. Segundo a nota, a votação prevista para quarta-feira também foi adiada.

Segundo a bancada rural, o relator Luiz Henrique está com dificuldades de entrar em consenso com os parlamentares em relação ao escalonamento de recuperação das áreas de proteção ambiental (APPs) para pequenos, médios e grandes produtores. Os ruralistas não descartam a possibilidade de usar recursos regimentais para evitar a votação do relatório enquanto não houver um acordo entre as partes (governo, parlamentares e produtores rurais).

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Dificuldades na negociação do texto da reforma do Código Florestal fizeram o relator Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) adiar a apresentação de seu relatório para a semana que vem. A intenção era apresentá-lo nesta terça. Mas agora, com o adiamento, a votação do texto, prevista para o dia 10, também deverá ter nova data.

Luiz Henrique sofre pressão para mudar parte da medida provisória editada no final de maio pela presidente Dilma Rousseff e que obriga a recuperação de parte da vegetação às margens de rios.

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A medida provisória reduziu para 5 metros e 8 metros a margem a ser recuperada nas propriedades até um e dois módulos fiscais, respectivamente. Imóveis rurais com mais de 10 módulos fiscais - que representam uma minoria de proprietários rurais, mas a maioria das terras - teriam de recuperar 30 metros de vegetação a cada margem dos rios. Outro ponto em que a medida provisória enfrenta resistência diz respeito ao cultivo de camarão em áreas de manguezais.

Brasília - A reunião da comissão mista que analisa a Medida Provisória 571/12, que altera o novo Código Florestal (Lei 12.651/12), realizada nesta terça-feira (26), aponta para um consenso entre governo, Câmara e Senado para aprovar o texto, apesar de haver questões específicas com divergências de opiniões entre os parlamentares.

Presentes nas reuniões, os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, defenderam os vetos da presidente Dilma Rousseff que, segundo eles, não desrespeitou o trabalho dos parlamentares, que aprovaram o novo código.

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Segundo Izabella Teixeira, para proteger o meio ambiente e promover a produtividade sustentável foi necessário responsabilizar pequenos e grandes produtores rurais. “A MP não anistia quem cometeu crime, traz todos para dentro da lei, leva ao incremento da produtividade agrícola. Não se planta sem meio ambiente, e o meio ambiente incrementa a produtividade das propriedades”, defendeu ela. Já o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) discorda. “O Estado deveria fazer um fundo e cobrar de toda a sociedade e não responsabilizar o produtor rural. As megaempresas do Brasil não pagam nada, só o produtor rural”, criticou. O deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) reforça o grupo que acredita que a MP criminaliza o agricultor. “O foco do código é o agricultor porque a floresta está na área rural. Não sabemos qual vai ser o impacto dessa lei, mas é assim que se faz lei no Brasil”, criticou.

Para o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro, a MP traz segurança jurídica ao produtor, o que não havia no texto aprovado no Congresso. “A legislação não era boa para a agricultura. Com a Medida Provisória, a lei passou a ser melhor para a agricultura, para o pequeno produtor. Tenho a convicção de que avançamos”.

Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, o novo texto permitiu a continuidade de atividades em Áreas de Proteção Permanente (APPs), com garantias de recomposição ambiental, beneficiando os pequenos produtores. “Quando se estabelece diferenças na recomposição de APPs para o proprietário com fazendas de diferentes tamanhos, está se acolhendo um olhar especial para pequenos e médios produtores. Eles terão exigências menores, mas terão que recompor alguma coisa. Estamos convictos de que essas regras não inviabilizam a agricultura, a pecuária, os proprietários rurais. Elas permitirão a produção de alimentos pela agricultura brasileira, inclusive com excedentes para exportação”, defendeu, salientando que a nova lei vai permitir a recuperação de cerca de 25 a 30 milhões de hectares de cobertura vegetal.

Discussão

Ao todo, os parlamentares apresentaram 696 emendas ao Código Florestal. O deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que relatou o novo código na Câmara, ressaltou a necessidade de a União criar apenas normas gerais em relação ao assunto, e os estados e municípios, regras específicas. Já o deputado Afonso Florence (PT-BA) defendeu a elaboração de regras nacionais. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) acredita que a MP precisa apenas de ajustes, que devem ser discutidos e negociados. Um ponto específico que ela pretende negociar é o estabelecimento de faixas de 15 metros para a recomposição da mata ciliar (vegetação ribeirinha) em médias e grandes propriedades, nos rios com até 10 metros de largura. “Os 15 metros para a média e a grande propriedade já haviam sido votados pela Câmara e pelo Senado. Grande parte dos rios do Brasil tem até 10 metros”, disse.

A MP prevê faixas de 5 a 100 metros, conforme o tamanho do rio e da propriedade. Na avaliação do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), tanto nas nascentes de pequenos, médios e grandes produtores a recuperação deve chegar a 30 metros. “A nascente é o começo de tudo. Não tem sentido algum a recuperação ser diferenciada para a pequena, média ou grande propriedade. É a nascente que vai garantir os pequenos e grandes rios”.

Relatório

O relator na comissão mista, senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), espera apresentar o parecer no dia 4 de julho. Segundo ele, o relatório reunirá as diferentes posições para ser aprovado rapidamente pelos Plenários da Câmara e do Senado. “Espero produzir um relatório que sirva a essa grande convergência”. A expectativa do presidente da comissão mista, deputado Bohn Gass (PT-RS), é de que o relatório seja votado já no dia 10 de julho, antes do recesso parlamentar. “Precisamos construir o entendimento. Se isto não for feito, a matéria vai ser vetada de novo e voltar para cá”, destacou.

A MP foi publicada em maio, para cobrir lacunas deixadas por vetos da presidente Dilma Rousseff no novo Código Florestal. Ao todo são 32 alterações, das quais 14 se referem a partes resgatadas do texto aprovado pelo Senado e que depois foram modificados pelos deputados.

*Com informações das agências Senado, Câmara e Brasil.

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, foi o primeiro a se pronunciar na audiência pública realizada na manhã desta terça-feira pela comissão mista que analisa a Medida Provisória 571, que altera o novo Código Florestal. Mendes Ribeiro afirmou que "com muita honra, é um dos signatários da MP", e argumentou que o texto do governo avançou principalmente na questão da preservação das margens de rios, "beneficiando o pequeno produtor".

O ministro disse que as discussões sobre as mudanças no Código Florestal foram técnicas, "acompanhando o desenrolar político do processo". Na opinião do ministro, o debate foi um dos mais ricos já promovidos pelo Congresso Nacional. "Houve problemas na tramitação da Câmara dos Deputados, mas conseguimos vencer, um ou outro (lado), o momento difícil".

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Ele destacou que a preocupação foi assegurar o bom senso e o equilíbrio que a sociedade esperava. "Muitos produtores rurais estavam inseguros, acuados, o que causava reflexos na produção de alimentos e no meio ambiente".

O ministro da Agricultura comentou que o governo agiu como deveria na elaboração da MP. Ele argumentou que o governo tomou decisões que não poderiam ser tomadas pela Câmara Dos Deputados, por razões regimentais, como na questão das margens dos rios. "A questão foi devidamente encaminhada para os pequenos proprietários e avançamos também em relação aos médios".

Mendes Ribeiro disse ainda ter sido criticado ao defender o veto ao artigo 61 do Código Florestal, "mas que o veto era necessário porque não era bom para a agricultura". Com a MP, passou a ser melhor para o pequeno produtor. Mendes Ribeiro deve se reunir ainda nesta terça-feira com a presidente Dilma Rousseff, para discutir o Plano de Safra 2012/2013, previsto para ser anunciado na próxima quinta-feira.

A atração mais concorrida deste sábado (16) na Cúpula dos Povos, evento paralelo da Rio +20, foi uma manifestação de 11 organizações ambientais contra o novo Código Florestal, com a presença dos atores Marcos Palmeiras e Victor Fasano. Depois de promover a campanha "Veta Tudo Dilma" para tentar barrar todas as alterações nas leis ambientais, as ONG's lançaram o slogan "O jogo não acabou", que incluiu a distribuição de 1.800 apitos.

Nos próximos dias, os ativistas prometem promover protestos contra políticos da bancada ruralista durante a conferência mundial no Rio. A ideia, segundo os organizadores, é que os participantes usem o apito "cada vez que uma mentira for contada pelos ruralistas".

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"Somos apenas uma gota d'água neste oceano, mas acredito muito no nosso trabalho de formiguinha", afirmou Marcos Palmeiras. Durante o evento, os participantes entoaram gritos como "o código está um horror, mas o jogo não acabou."

Victor Fasano mostrou confiança de que o apitaço dos ambientalista vai fazer a diferença. "Não conseguimos sensibilizar as pessoas o suficiente para vetar a mudança do Código. Temos de ampliar esta campanha", lamentou.

A campanha anterior, que exigia o veto total da presidente Dilma Roussef às mudanças no Código Florestal, já havia conseguido a participação de pessoas famosas como a atriz Camila Pitanga e a modelo Gisele Bündchen.

A Comissão Mista que analisa a Medida Provisória do novo Código Florestal aprovou a proposta do relator Luiz Henrique (PMDB-SC) para a apresentação de seu parecer apenas no dia 4 de julho. Com isso, a previsão é que a comissão só vote o texto no dia 10 de julho e as votações na Câmara e no Senado só ocorram depois do recesso parlamentar, que vai de 18 de julho a 1º de agosto.

O cronograma aprovado prevê a realização de apenas uma audiência pública, no dia 26 de junho, com os ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Mendes Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União). Também serão ouvidos na mesma data os presidentes da Embrapa, Pedro Antonio Arraes Pereira, e da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo.

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A reunião terminou sem a análise de outro requerimento que previa audiência com representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agropecuária (Contag). O governo quer restringir o debate e o relator destacou que, durante os debates do projeto na Câmara e no Senado, foram realizadas mais de 60 audiências. O discurso não convenceu deputados mais radicais da frente ruralista.

"Ficou bastante oficial, não vai ter contraditório nenhum", disse Valdir Colatto (PMDB-SC), que pediu a inclusão de dois técnicos envolvidos no debate na Câmara.

Por fim, Colatto e o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) pediram verificação de quórum para tentar derrubar a sessão, mas Luiz Henrique propôs um acordo para que, depois da audiência com os ministros, seja decidido se a comissão vai ampliar o espectro de atores a serem ouvidos. O presidente da comissão, deputado Bohn Gass (PT-RS), porém, pode chamar a reunião no dia 26 apenas para a audiência, o que impediria na prática a deliberação sobre novos convites antes da apresentação do parecer do senador do PMDB.

Deputados e senadores da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) já apresentaram 75 emendas à medida provisória 571 enviada pelo governo ao Congresso Nacional na semana passada, com modificações no novo Código Florestal. O presidente da FPA, deputado federal Moreira Mendes (PSD/TO), estima que, ao todo, considerando os demais parlamentares, foram apresentadas até agora mais de 300 emendas. O prazo para protocolar as emendas vence às 20h30 desta segunda-feira.

Segundo Moreira Mendes, um dos pontos polêmicos é o artigo primeiro do texto aprovado no ano passado pelo Senado Federal e que foi reintroduzido na MP, estabelecendo os princípios da lei do Código Florestal. Os deputados ruralistas são contra a relação de princípios porque acham que haverá margem para interpretações por parte do Judiciário.

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Moreira Mendes citou o item terceiro dos princípios, que reconhece "a função estratégica da produção rural na recuperação e manutenção das florestas e demais formas de vegetação nativa e do papel destas na sustentabilidade da produção agropecuária". Ele considera a proposta "um acinte", argumentando que "não é função da agricultura e da pecuária sustentar a floresta e sim produzir alimentos".

O presidente da FPA prevê que haverá embates também em relação ao conceito de "área abandonada" que foi retomado nas modificações feitas no texto pelo Palácio do Planalto, "pois há alguma coisa no ar que não avião". Ele disse que existe uma "intenção de desfazer o direito constitucional de propriedade, para tentar desapropriar, ou expropriar para fazer reforma agrária, sob o pretexto de que a área é abandonada".

Em relação ao artigo 61, que trata da recomposição e preservação das matas nas margens de rios, Moreira Mendes acredita que as propostas serão no sentido de melhorar o texto, uma vez que existe consenso de que as mudanças feitas pelo Palácio do Planalto, com a obrigatoriedade de recomposição de acordo com o tamanho da propriedade e extensão dos rios, são consideradas boas. Ele disse que a proposta comete uma injustiça com os médios proprietários e que por isso propôs que as medidas beneficiem também os imóveis de até 10 módulos.

"Vamos ter um intervalo para a Rio+20 e depois, pode ter certeza, será política de terra arrasada sobre a legislação ambiental brasileira", afirmou nesta sexta a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Após uma palestra para estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ex-senadora e candidata derrotada na eleição presidencial de 2010 criticou o veto "periférico e insuficiente" da presidente Dilma Rousseff e avaliou que o Brasil não tem mais um Código Florestal, mas um "código agrário".

"É a primeira vez na história do País que eu vejo tanto retrocesso, em todos os governos. Independente de quem fosse, sempre havia um ganho, mesmo que fosse pequeno. É a primeira vez que só se tem perdas. Estão revogando o esforço de mais de 20 anos de regulação da governança ambiental", afirmou Marina, cercada por estudantes, em entrevista no prédio da Coppe, que congrega os programas de pós graduação e pesquisa de engenharia da UFRJ.

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Apesar das críticas, ela disse que não faz oposição política à presidente Dilma. "Espero que rumos sejam corrigidos, que os sinais dados pela sociedade possam ajudar a corrigir. Eu tinha muita esperança de que esse gesto fosse feito no veto. Não foi. Agora temos o risco desse intervalo, porque o que fizeram foi ganhar tempo para atravessar a Rio+20", declarou. Segundo ela, já existem mais de 200 emendas para "piorar o texto do código". "O que será avaliado (no Congresso) é uma caixa de Pandora, com todas suas maldades".

Marina avaliou que está mantida a anistia para desmatadores e a redução de áreas protegidas. "Permaneceu o projeto do Senado, que tinha um texto péssimo, com agravamentos. Botaram todos os bodes na sala (na Câmara) para ficar com o texto do Senado e alguns bodes ainda." Ela afirmou que os ruralistas querem - e estão conseguindo - transferir a ineficiência do setor para as florestas, com a liberação de fronteiras agrícolas. "Temos cerca de 120 milhões de hectares com pecuária improdutiva, que produz uma cabeça de gado por hectare, quando na Argentina já se produz 3."

RIO+20

Sobre as negociações para a Rio+20, Marina afirmou que a posição brasileira contrária à criação de uma agência global de meio ambiente "faz parte do rol de retrocessos". "Em 2007, eu e o ministro Celso Amorim fizemos um encontro com 46 países e nos perfilamos junto aos que defendem um organismo mais forte para o meio ambiente. Infelizmente, o Brasil agora voltou atrás. O melhor caminho é termos um mecanismo como a OMS para meio ambiente." Para ela, o argumento do Itamaraty de que se deve buscar um órgão que trate das três dimensões do desenvolvimento sustentável (social, econômica e ambiental) é uma "desculpa para ficar no mesmo lugar, o da inércia". Para a ex-ministra, o País está desperdiçando a oportunidade de chegar à conferência da ONU de cabeça erguida ao tirar o meio ambiente do foco das discussões. "O Brasil perde a prerrogativa de liderar pelo exemplo."

O governo está preocupado com o fato de as eleições municipais poderem atrapalhar a votação do Código Florestal. Segundo o senador Walter Pinheiro (PT-BA), o rito da tramitação da Medida Provisória, editada para preencher a lacuna dos vetos aplicados ao texto aprovado pelo Congresso, foi o principal tema da reunião desta quinta, no Planalto, entre os líderes do governo e da base aliada, com os quatro ministros que participaram da negociação do Código Florestal. Pinheiro lembrou que há uma fila de MPs para serem votadas na frente desta e que, certamente, muitas emendas serão apresentadas ao texto, o que atrasará a sua apreciação.

"Esta MP vence no meio da eleição e vai enfrentar um período crítico porque, como é um tema polêmico, que vai receber muitas emendas, será difícil conseguirmos convocar deputados e senadores para votar em agosto ou setembro", disse o petista. Pinheiro lembrou ainda que o ideal seria conseguir votá-la antes do recesso parlamentar de 15 de julho, mas ele reconhecer que é difícil de se conseguir isso.

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Somente depois da instalação, na terça-feira da semana que vem, da Comissão Especial que vai examinar a Medida Provisória, é que o governo terá uma sinalização mais clara que como será o rito de tramitação do texto. Após esta instalação, será realizada uma reunião entre o presidente e relator dela, com os líderes do governo, para discutir os próximos passos.

Na reunião com os líderes do governo e da base aliada, os ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, da Agricultura, Mendes Ribeiro, do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresentaram a eles a razão dos vetos da presidente Dilma Rousseff, ao texto aprovado pela Câmara do Código Florestal. Todos se ofereceram para ir ao Congresso dar os esclarecimentos necessários aos parlamentares sobre a matéria, especialmente na comissão mista que discutirá a matéria.

De acordo com a Secretaria de Imprensa da Presidência, a ministra Ideli Salvatti, destacou a diferenciação entre pequenos e grandes agricultores rurais feita no Código Florestal, particularmente em relação à recuperação das florestas nas beiras dos rios, que beneficiou os agricultores que tem até quatro módulos fiscais, que representam 90% das propriedades rurais.

O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que também participou do encontro no Palácio, considerou que o texto editado pela presidente Dilma "foi bastante palatável".

Deputados da bancada ruralista pretendem focar a atuação em promover alterações na Medida Provisória que foi editada pela presidente Dilma Rousseff para preencher as lacunas deixadas pelo veto parcial ao novo Código Florestal. Os parlamentares praticamente descartaram um novo enfrentamento direto com o governo para a votação do veto presidencial. A bancada se reunirá nesta terça para fazer uma análise conjunta da decisão de Dilma.

"Creio que não haverá uma discussão dos vetos. A negociação será na medida provisória, onde poderemos discutir os pontos de conflito", disse Moreira Mendes (PSD-RO). Ele destacou que o artigo 1º da MP, que traz princípios para o código, deve ser um dos pontos a ser abordado por trazer "insegurança jurídica".

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Relator do novo Código Florestal na Câmara, o deputado Paulo Piau (PMDB-MG) disse que a "escadinha" feita para a recomposição de áreas devastadas nas margens de rios deve ser alterada para melhorar a situação dos produtores com áreas de quatro a dez módulos rurais.

O peemedebista criticou a definição em lei de percentuais para a exploração de apicuns salgados. "Isso teria de ser feito por regulamento e não colocar um percentual fixo em lei". Manifestou contrariedade também com a fixação de largura de 50 metros para a proteção de veredas. "Isso vai dar confusão. Nós tínhamos colocado que no caso das veredas haveria desapropriação de acordo com o interesse social. Uma margem fixa prejudica o produtor". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, que reúne 163 entidades, classificou como "retrocesso ambiental" a sanção do novo Código Florestal, com 12 vetos, e a edição de uma Medida Provisória. Para as entidades, a nova legislação assinada pela presidente Dilma Rousseff promove anistia a desmatadores e reduz as áreas de proteção ambiental.

Na visão dos ambientalistas, o texto publicado no Diário Oficial não atende aos compromissos de campanha da presidente. Eles refutam o discurso de que foi buscado um meio termo entre as posições de ambientalistas e ruralistas. "Falou-se muito em meio termo, mas o caminho do meio entre não tomar veneno e tomar muito é veneno do mesmo jeito. Essa proposta é venenosa", afirmou Pedro Gontijo, secretário da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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O consultor da SOS Mata Atlântica e coordenador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Lima, destacou que a consolidação de áreas foi feita com base em julho de 2008 enquanto o Brasil já possuía lei de crimes ambientais dez anos antes. Questiona-se também a possibilidade de recomposição menor do que a área desmatada em Áreas de Preservação Permanente (APPs). "Anistia não é só de multa, mas também fazer uma compensação menor".

Entre as críticas, a mais contundente foi a um artigo da Medida Provisória que permite a recomposição de áreas desmatadas apenas com espécies exóticas. "Além de anistia e redução de proteção temos desvirtuamento do conceito de área de preservação permanente. Pode ser espécies que não compõe ecossistemas. Basta plantar eucaliptos, parreiras, macieiras em todas as APPs", disse André Lima. "Nem a bancada ruralista teve coragem de colocar isso no texto. Esse trecho é da lavra da presidente Dilma", complementou Raul Valle, coordenador jurídico do Instituto Socioambiental.

Valle destacou que foram sancionados vários pontos de interesse da bancada ruralista e que no Congresso esses parlamentares poderão ainda fazer alterações na medida provisória. "Não tenho nenhuma esperança que essa MP que é ruim vai ser melhorada ou sequer mantida". Ele afirmou que pode ser necessário acionar o Supremo Tribunal Federal para tentar derrubar pontos do projeto.

Na visão das entidades, o fato de a discussão acontecer depois da Conferência Rio+20 e em meio a eleições municipais torna ainda mais difícil obter avanços do ponto de vista ambiental, mas a expectativa é fazer com que o evento das Nações Unidas sirva para pressionar o governo a mudar sua posição e promover uma mudança mais profunda.

"A Rio+20, porém, pode ser início de uma nova etapa uma vez que fique claro para o mundo que o agronegócio brasileiro se baseia em produção insustentável, em meios sujos de produção e em desmatamento. Isso pode significar uma série de restrições, de barreiras comerciais, que podem fazer o Brasil rever essa posição", afirmou Kenzo Ferreira, da WWF-Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), uma das principais lideranças ruralistas, afirmou que já está preparando as emendas que serão apresentadas para alterar a medida provisória enviada nesta segunda-feira ao Congresso Nacional pela presidente Dilma Rousseff, com os 12 vetos e 32 modificações ao texto do Código Florestal aprovado no mês passado pela Câmara dos Deputados.

Heinze afirmou que pretende discutir suas propostas com os representantes do governo, para acelerar o processo e votar o novo texto do novo Código Florestal antes do recesso parlamentar de julho. Ele diz que a negociação é o melhor caminho, pois a derrubada dos vetos atrasaria ainda mais a votação. "Vamos negociar, assim estaremos jogando na nossa casa."

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Na opinião do deputado, o texto sancionado pela presidente Dilma apresenta avanços, como a dispensa da reserva legal para propriedades de até quadro módulos fiscais, proposta que consta tanto no texto do Senado como no da Câmara. No caso das médias propriedades, afirmou, a presidente reconheceu o princípio da "anterioridade", que respeita a situação existente antes da mudança da legislação ambiental em 2001. Até então, lembrou, o proprietário era obrigado a preservar 20% das matas. A partir da mudança, a exigência abrange todos tipos de vegetação (várzeas, pampas etc).

Heinze elogiou o texto do governo relativo às Áreas de Preservação Permanente (APPs), que avançou ao estabelecer condições mais brandas para recomposição de florestas nas margens dos rios para os pequenos produtores. Ele lembra que na proposta do Senado o pequeno produtor cuja propriedade tivesse um rio muito largo poderia ter que recuperar até 100 metros de margem. A medida provisória que alterou o texto do Código estabelece limites entre cinco e 15 metros para as pequenas propriedades.

O deputado disse que vai apresentar uma emenda para corrigir o que ele considera injustiça com os médios proprietários, que têm entre quatro e 15 módulos, pois serão obrigados a recompor de 20 a 100 metros de matas, dependendo da largura do rio. Ele disse que irá propor uma escala, como a feita pelo governo para imóveis entre um e quatro módulos, para aumentar gradualmente as exigências de recomposição, de acordo com o tamanho do imóvel.

Heinze também quer definir o que é curso d'água permanente e o que é intermitente, pois alguns ficam de três a quatro meses sem correr água, o que dispensaria a recomposição da mata ciliar. Ele lembrou que já há um projeto tramitando na Câmara que propõe indenização no caso de perda da propriedade e também que o custo da recomposição das florestas seja pago pela sociedade.

O deputado argumenta que das 5,3 milhões de propriedades existentes no Brasil 3,775 milhões são de famílias que ganham meio salário por mês, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. "São pessoas que têm R$ 4 mil de renda bruta por ano. Como vão conseguir perder de dois a três hectares e ainda arcar com o custo da reposição florestal? Com que roupa, com que dinheiro?", questiona o deputado.

O deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG), relator do texto do Código Florestal na Câmara, afirmou que a presidente Dilma Rousseff foi corajosa ao vetar parcialmente o texto aprovado no final do mês passado pelos deputados. Ele diz que houve uma pressão muito grande da campanha "Veta Dilma", que utilizou personalidades como Camila Pitanga e Gisele Bündchen, além de coletar 1,9 milhão de assinatura.

Na opinião do deputado, a campanha "Veta Dilma" fortaleceu a democracia, no sentido da mobilização da sociedade. Mas ele diz que houve exageros, como o argumento de que o código iria incentivar novos desmatamentos. "Se ela (presidente Dilma) fosse atender à opinião pública teria vetado tudo", diz Piau.

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Segundo Piau, mesmo tendo realizado 12 vetos e 32 modificações, a presidente Dilma manteve 90% do conteúdo do texto aprovado em abril pela Câmara dos Deputados. Ele aponta uma mudança necessária feita pelo governo: a proteção aos apicuns e salgados, que ficaram desprotegidos a partir de um destaque aprovado na Câmara.

O deputado diz que discorda radicalmente do governo por ter colocado de volta no texto a relação de princípios que constam do artigo 1º do Código Florestal aprovado pelo Senado Federal no final do ano passado. "A Lei Completar nº 95 já diz que artigo 1º é o objeto do corpo da norma. Colocar princípio é trazer insegurança jurídica para o futuro. É claro que é uma visão do governo", argumenta o deputado.

Na opinião do deputado, no caso do artigo 61º, que foi vetado e substituído por meio de Medida Provisória, a proposta do governo "mostrou que a Câmara tinha razão ao não concordar com o Senado, que estabelecia largura mínima de 15 metros para os cursos rios". Ele diz que a proposta de escalonamento feita pelo governo mostra bom senso, mas alerta para o impacto em relação aos médios produtores, que têm entre 4,5 a 7 módulos e terão que cumprir tudo em termos de APP e Reserva Legal.

Piau afirmou que os médios produtores que tiveram em suas propriedades rio extenso e áreas montanhosas poderão ficar com terra aproveitável inferior as dos pequenos produtores. Ele reconhece que a proposta de escalonamento foi um avanço, mas acha que não era preciso nenhuma tabela, pois os casos seriam resolvidos por meio dos programa estaduais de regularização ambiental, que levariam em conta aspectos técnicos.

Na opinião do deputado, ao argumentar que estaria evitando "anistia ampla", na mensagem enviada ao Senado com as alterações feitas no Código Florestal, o governo "fez uma ação de marketing, o que é uma pena". O deputado diz que este tipo de argumento, assim como o noticiário sobre a ação da Polícia Federal contra desmatamentos em Roraima, contribui para confundir o produtor rural com criminosos. Ele argumenta que não há anistia, pois a lei prevê pagamento pelo dano ambiental, e que no caso atual do desmatamento em Roraima não são produtores rurais "e sim madeireiros" que estão "devastando a Amazônia, e devem ir para a cadeia".

O deputado acredita que passada a Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada no próximo mês, a discussão sobre o Código Florestal será mais racional, "acabando com a dicotomia ambientalista/ruralista, que não contribui em nada para o debate". "Vamos discutir o assunto à luz dos interesses nacionais", diz ele.

Aprosoja

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Carlos Fávaro, aposta nas ações da Frente Parlamentar da Agropecuária, "que saberá conduzir da melhor maneira as discussões com relação aos vetos do governo". Segundo Fávaro, a medida ainda será amplamente debatida, pois há parlamentares que discordam das mudanças. E isto faz parte do processo democrático brasileiro. "O mais importante é que o Brasil terá uma lei moderna e que garantirá a tranquilidade jurídica para quem produz", afirmou Fávaro.

A ampla anistia aos proprietários rurais que desmataram até julho de 2008 e a impossibilidade de recomposição de parte relevante da vegetação são os motivos apontados pela presidente Dilma Rousseff para vetar o artigo 61 do texto do Código Florestal aprovado no final do mês passado pela Câmara dos Deputados. Na mensagem enviada ao Senado, o governo justifica que os vetos parciais foram feitos "por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade",

O artigo 61 é um dos mais polêmicos do novo Código Florestal, pois coloca em confronto as interpretações do Palácio do Planalto e da bancada ruralista em relação às exigências de recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e recomposição da cobertura vegetal nas margens dos rios. Na medida provisória publicada nesta segunda-feira, o governo estabeleceu condições mais brandas para os pequenos produtores rurais.

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Na justificativa ao veto ao artigo 1º, que suprimiu os princípios que foram aprovados pelo Senado em 2011, o governo alega que o "o texto não indica com precisão os parâmetros que norteiam a interpretação e a aplicação da lei". O deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator do projeto, ao retirar os princípios estabelecidos pelo Senado, argumentou que vários deles "extrapolam a razoabilidade".

Outro veto feito pela presidente diz respeito ao "pousio" (artigo 3º), que é a interrupção temporária de atividades agropecuárias para possibilitar a recuperação do solo. O governo considerou que "o conceito de pousio aprovado não estabelece limites temporais ou territoriais para sua prática, o que não é compatível com o avanço das técnicas disponíveis para a manutenção e a recuperação da fertilidade dos solos".

Outro argumento citado pelo governo para o veto é que a ausência de limites torna possível que um imóvel ou uma área rural permaneça em regime de pousio indefinidamente, o que impediria a efetiva fiscalização quanto ao cumprimento da legislação ambiental e da função social da propriedade.

O governo também vetou o artigo 43, que atribuía às empresas concessionárias de serviços de abastecimento de água e de geração de energia hidrelétrica, públicas e privadas, a responsabilidade pela recuperação e manutenção de vegetação nativa em APPs nas bacias hidrográficas em que houver a exploração.

O governo considerou a obrigação "desproporcional e desarrazoada, particularmente em virtude das dimensões das bacias hidrográficas brasileiras, que muitas vezes perpassam várias unidades da federação". Na opinião do governo, "a manutenção do dispositivo contraria o interesse público, uma vez levaria enorme custo adicional às atividades de abastecimento de água e geração de energia elétrica no País, impactando diretamente os valores das tarifas cobradas por esses serviços".

Também foi vetado o artigo 76, que estabelecia prazo de três anos para que o governo enviasse ao Congresso projetos de lei com as condições para conservação, proteção, regeneração e utilização dos biomas brasileiros. A justificativa é de que o dispositivo fere o princípio da separação dos Poderes, conforme estabelecido no art. 2º, e no caput do art. 61 da Constituição Federal.

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