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A Praça de São Pedro, tomada, no começo da noite, por uma multidão de curiosos e fiéis, ficou vazia após a liberação da fumaça preta, no primeiro dia de conclave. Pouco visível à noite, a fumaça escura que saiu da pequena chaminé de cobre foi recebida com decepção pelas milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro que esperavam este momento. "Estou contente que a fumaça tenha sido preta, assim poderei voltar amanhã", comentou Luisa Fernanda Almagro, de Sevilha.

Já a irmã Barbara, de Nova York, disse estar "decepcionada" por não ter assistido à eleição do novo Papa. "Mas de qualquer maneira foi uma sensação extraordinária", acrescentou a freira americana. Os 115 cardeais com direito a voto (por terem menos de 80 anos) entraram em conclave nesta terça-feira para eleger o sucessor de Bento XVI após sua histórica renúncia.

Glenda Amaya, de 38 anos, vinda do Panamá, não perdeu o entusiasmo. "Vou voltar amanhã, depois de amanhã e até que o Papa seja eleito", disse agitando a bandeira de seu país. "Pouco importa que seja branco ou negro, do hemisfério Norte ou Sul, porque a fé é universal", acrescentou sobre o futuro pontífice.

"Espero que venha de fora da Europa (...) O Papa deve conduzir a Igreja a uma nova era", desejou por sua vez um jovem padre italiano, dom Mario, vestido de preto. Ele declarou estar comovido pela "grande responsabilidade que pesa sobre os cardeais".

Na Praça São Pedro, a longa cerimônia de abertura do conclave foi transmitida em telões para uma multidão.

Mas desde a "extra omnes", a frase em latim que marca o início do conclave, e com o fim da chuva, fiéis, curiosos e turistas voltaram para a praça, com os olhos voltados para a chaminé que atrairá a atenção dos fiéis do mundo inteiro até que os cardeais cheguem a um acordo.

Alguns católicos se envolveram em bandeiras, prontos para celebrar o novo Papa. Pessoas do mundo inteiro compartilhavam a mesma expectativa.

Membros da comunidade religiosa do Verbo Encarnado, jovens vestidos de azul e cinza, cantavam em italiano: "O novo Papa, o novo Papa, quem será, quem será? Quem sabe, quem sabe?".

Para Adriano Stefanelli, de 38 anos, estudante brasileiro de teologia, "a nacionalidade não é importante, basta que o novo Papa siga os passos dos dois últimos grandes papas que tivemos. Um homem que saiba escutar e que seja aberto ao diálogo. Precisamos de uma Igreja mais aberta".

Ele também fez apostas: "Acredito que ele será escolhido na quinta-feira e será, com certeza, alguém de fora da Cúria Romana. Voltarei para ver cada fumaça".

Quem será? Qual será a sua nacionalidade? "Pouco importa! Não devemos confundir fé e política", declarou à AFP Giuliane Ciniciato, uma freira de 28 anos que veio de São Paulo, a cidade do cardeal Odilo Scherer, um dos "papabili" mais citados para ocupar o trono de Pedro.

Mas nem por isso o arcebispo é o seu favorito. "A função suprema do Papa é, por essência, universal, e não deve ser reduzida a uma nação", considerou.

Para Graziano Toto, um romano de 68 anos, o retrato de Papa ideal seria a síntese entre o carisma de João Paulo II e o espírito brilhante de Bento XVI.

"O primeiro, viajávamos para vê-lo; o segundo, sobretudo, para ouvi-lo", resumiu.

"Mas a prioridade do novo Papa será a de colocar em ordem a Cúria, nos discatérios (ministérios)", explicou, fazendo referência ao vazamento de documentos secretos, aos escândalos financeiros e às rivalidades internas que sacudiram a Igreja católica nos últimos anos.

Com os "pés no chão" um motorista de táxi espera que o novo Papa venha de um país que possa gerar turismo para Roma e a Itália, país muito atingido pela crise econômica. "Visto por este ângulo, o brasileiro me convém", brincou.

O Estado da Cidade do Vaticano, menor país do mundo, foi oficialmente incorporado à comunidade internacional no dia 7 de junho de 1929, após o Pacto de Latrão entre Pio XI e Benito Mussolini. Este documento, assinado no dia 11 de fevereiro deste mesmo ano, colocou fim ao conflito que entre a Itália e a Santa Sé depois do surgimento dos Estados Pontifícios, em meados do século XIX.

O Papa é um dos últimos monarcas absolutos do mundo. Seu poder temporal é exercido de maneira soberana e exclusiva em um território de 44 hectares. Até 1859, seu poder se estendia sobre um reino de 18.000 km2 situado no centro da Itália, com uma população de cerca de 3 milhões de habitantes.

Hoje, a população do Vaticano é de 600 pessoas que possuem a nacionalidade vaticana, incluindo cardeais e representantes diplomáticos da Santa Sé (núncios apostólicos), assim como outros religiosos e uma centena de oficiais e guardas suíços.

A nacionalidade vaticana não é concedida com base no "ius sanguinis" ("direito de sangue") nem no "ius soli ("direito de solo"), mas em uma espécie de "ius officii" estabelecido quando o indivíduo tem um emprego regular e vive de maneira estável no território.

O sistema judicial é análogo ao da República Italiana. A pena de morte foi abolida em 1960. O Estado Pontifício foi constituído para que a Igreja pudesse exercer com liberdade e independência a soberania espiritual através da Santa Sé, que se encarrega da administração material do território. A Santa Sé é regida pelo direito internacional, pode negociar convenções e abrir legações em outros países.

Após a reforma adotada por João Paulo II em 1988, a Cúria Romana é composta pela secretaria de Estado, de nove Congregações (ministérios), três tribunais, 12 conselhos pontifícios, assim como outros escritórios encarregados de administrar o patrimônio e os assuntos econômicos da Igreja.

O Vaticano, que também opera como município, é administrado por uma comissão de cardeais presidida pelo cardeal que ocupa a Secretaria de Estado.

A Santa Sé também tem um jornal oficial, o l'Osservatore Romano, uma emissora, a Rádio Vaticano, museus e publicações em várias línguas.

Um banco, o chamado Instituto de Obras Religiosas (IOR), se encarrega de administrar os bens confiados pelas ordens e por outros organismos da Igreja. Sua administração é totalmente independente da Santa Sé.

O Vaticano emprega cerca de 4.700 religiosos e laicos, cujos salários representam uma parte muito importante dos gastos da Santa Sé.

As contas do Vaticano foram publicadas pela primeira vez em 1988: o total de gastos nesta época era de 114 milhões de dólares, com receitas de 57 milhões. O déficit é coberto graças às doações feitas pelos católicos do mundo inteiro, chamadas de "o dinheiro de São Pedro".

Em 2011, segundo os últimos números publicados, o orçamento da Santa Sé teve um déficit de 14,9 milhões de euros devido a uma crise financeira mundial. Em 2010, havia tido um excedente positivo de 10 milhões de euros, depois de ter passado três anos no vermelho.

Nesta terça-feira (12), primeiro dia de Conclave, ainda não foi apresentado o nome do novo pontífice. Os 115 cardeais reunidos na cidade do Vaticano ainda não chegaram a um consenso e nenhum deles conseguiu dois terços dos votos.

Aqui, no Recife, a não-decisão, logo no primeiro momento, segundo Dom Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, foi considerada "normal", e ele acredita que nas próximas votações, também chamadas de escrutíneos, os cardeais chegarão a um nome comum.

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"Esperamos que essa eleição seja concluída até o fim dessa semana, escolhendo um bom pastor, com sensibilidades pastoral e missionária, com carinho especial pelos mais pobres", disse. Ele ainda disse que não tem preferência por nenhum nome e disse que o eleito será acolhido como "o enviado do Senhor".

Nesta quarta-feira (12), os cardeais se encontrarão novamente e realizarão duas votações no turno da manhã e outras duas à tarde.

 

Duas feministas do grupo Femen protestaram brevemente, nesta terça-feira (12) à noite, com os seios à mostra, na Praça de São Pedro, enquanto os 115 cardeais eleitores se encontravam na Capela Sistina para eleger o novo Papa.

As jovens escreveram em seus corpos "Pope no more" (Papa nunca mais) e "Paedophilia no more" (Pedofilia nunca mais). Elas andaram em direção às barreiras metálicas de proteção antes de serem detidas pela polícia, que as encaminhou para uma delegacia nas imediações.

As duas mulheres, que dizem pertencer ao movimento feminista Femen, também acenderam um sinalizador de fumaça rosa, em referência à fumaça branca que deve sair da chaminé da Capela Sistina para anunciar a escolha de um novo Papa.

As integrantes do Femen ficaram conhecidas em 2010 por suas ações de "topless" na Rússia, na Ucrânia e em Londres. Em setembro, elas instalaram em Paris "o primeiro centro de treinamento" do "novo feminismo". Essas feministas lutam também pela democracia e contra a corrupção.

A chaminé da Capela Sistina expeliu uma fumaça preta ao término da primeira votação destinada à escolha de um novo papa. Isso significa que nenhum dos 115 cardeais presentes conseguiu os dois terços dos votos necessários para ser o próximo líder da Igreja Católica.

A fumaça preta começou a sair pela chaminé da Capela Sistina pouco depois das 19h40 locais (15h40 em Brasília). A votação encerrada há pouco foi a única desta terça-feira. Os cardeais católicos voltarão a se reunir amanhã pela manhã.

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ODILO SCHERER -- Brasileiro, 63 anos, de origem alemã, arcebispo de São Paulo, a maior diocese da América Latina e com o maior número de católicos no mundo: seis milhões. Poliglota, afável e com carisma. Especialmente sensível aos problemas sociais e ao mesmo tempo muito conservador em matéria dogmática. Cardeal desde 2007, conhece muito bem a Cúria Romana, onde desempenhou diferentes funções. Foi membro da Congregação para o Clero, do Conselho Pontifício para a Família e a Nova Evangelização e membro da comissão de vigilância do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano, tendo sido criticado por sua gestão pouco transparente.

JOSÉ FRANCISCO ROBLES -- Mexicano, 64 anos, com longa experiência pastoral em seu país, foi nomeado cardeal em novembro do ano passado. Natural do segundo país do mundo em número de fiéis católicos, atrás do Brasil. Luta pela paz em meio à violência do narcotráfico. É conhecido por seus dotes diplomáticos.

ANGELO SCOLA -- Arcebispo de Milão, 72 anos. Teólogo renomado. De personalidade séria e enérgica. Grande promotor do diálogo com os países muçulmanos através da revista Oasis. Com grande experiência pastoral, foi patriarca de Veneza, por onde passaram cinco Papas italianos, entre eles João XXIII. Considerado o discípulo mais famoso de Joseph Ratzinger (Bento XVI), pertenceu ao influente e controverso movimento italiano de centro-direita Comunhão e Libertação, do qual se afastou nos últimos anos.

PETER ERDÖ -- Húngaro, 60 anos, arcebispo de Esztergom-Budapeste e primado da Hungria, foi durante muito tempo o cardeal mais jovem da Europa. Recebeu o título de cardeal em 2003 e desde 2006 preside a Conferência Episcopal Europeia. É muito ativo na chamada nova evangelização, que luta contra a secularização em defesa do diálogo interreligioso, particularmente com o judaísmo.

CHRISTOPH SCHÖNBORN -- Austríaco, 68 anos. Arcebispo de Viena. Pertence à Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Foi aluno do então professor de teologia Joseph Ratzinger em Ratisbona (Alemanha). Em 2010 surpreendeu ao solicitar "a abertura do debate" sobre o celibato dos padres. Especialista em gestão de conflitos, dispõe de elegância e simpatia inatas. Este "príncipe da Igreja" pertence a uma família aristocrática.

LUIS ANTONIO TAGLE -- Filipino, arcebispo de Manila, de 55 anos. Um dos mais jovens do Colégio Cardinalício. Admirado por Bento XVI, é muito popular em seu país, o mais católico da Ásia, um continente dominado pelo hinduísmo, pelo islamismo e pelo budismo, mas onde o catolicismo está em alta. É considerado um progressista moderado, capaz de manter o equilíbrio com as doutrinas conservadoras. Além de estar distante dos centros de poder, sua juventude e sua recente indicação como cardeal (em novembro passado) podem ser um obstáculo para sua eleição ao trono de Pedro.

MARC OUELLET -- Canadense, ex-arcebispo de Québec, de 68 anos, apontado como "o cardeal de ferro" por seu rigor à frente de uma das dioceses mais laicas de seu país. Preside a Pontifícia Comissão para a América Latina, é admirado pelos países do hemisfério sul, sobretudo pelos latino-americanos, já que trabalhou durante onze anos na Colômbia. Poliglota, erudito, é o prefeito da Congregação para os Bispos e influi nas nomeações dos bispos em todo o mundo.

TIMOTHY DOLAN -- Americano, arcebispo de Nova York, de 63 anos, conhecido por seus talentos midiáticos, por sua franqueza e ironia. É considerado um "conservador criativo". Representa o poder da igreja americana. Moderno nas formas, mas tradicional na prática, não está disposto a negociar os valores tradicionais, mas deseja debater os assuntos com o mundo não crente e nos meios de comunicação. Sensível e ao mesmo tempo firme. Lidou com transparência com os escândalos de abusos sexuais que sacudiram a Igreja dos Estados Unidos.

PETER TURKSON - Ganês, de 64 anos, presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz. Considerado progressista, mas polêmico por suas recentes críticas aos muçulmanos. Possui uma sólida formação teológica e fala, além do fante, seu idioma materno, inglês, francês, italiano, alemão e hebraico fluentemente, além de ter amplos conhecimentos de latim e grego. É considerado um bom diplomata. Participou na tentativa de solução da crise política de 2010-2011 na Costa do Marfim e interveio para evitar a violência em seu próprio país após acirradas eleições.

WILFRID NAPIER - Sul-africano, de 73 anos, defensor dos dogmas e adepto das redes sociais. Arcebispo de Durban desde 1992 e cardeal desde 2001. Quando jovem estudou na Irlanda, onde se graduou em Latim e Língua Inglesa. Pertence à ordem franciscana. Alinhou-se as diretrizes vaticanas sobre o uso de anticonceptivos e de luta contra a Aids. Argumentou que a distribuição gratuita de preservativos não era efetiva para conter a epidemia e propôs campanhas a favor da abstinência sexual.

Sopa e legumes cozidos: durante o conclave, que começou nesta terça-feira, os 115 cardeais eleitores deverão se contentar com um menu simples, possivelmente pensado para acelerar a escolha do novo Papa.

As religiosas que cozinham em Santa Marta, onde ficarão alojados os príncipes da Igreja incomunicáveis durante todo o conclave, "já estão prontas para preparar as refeições à base de sopa, espaguete, bruschettas e legumes cozidos", revelou o jornal Corriere della Sera.

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Com certeza não será pão seco e água o oferecido aos cardeais, como na Idade Média, mas "esses pratos são considerados, de forma unânime pelos cardeais, como refeições a serem esquecidas, em comparação com o que é servido nos restaurantes romanos", acrescentou o jornal.

"Pode ser que esta dieta, digna de um hospital, acelere a escolha do sucessor de Pedro", considerou o jornal.

Felizmente, os cardeais que têm reputação de apreciar a boa comida puderam aproveitar a gastronomia italiana nos últimos dias em Roma.

"Faça-me uma boa massa à carbonara, porque depois do terceiro dia do conclave, se não elegermos o Papa, eles vão nos colocar a pão e água", brincou o cardeal canadense Thomas Christopher Collins ao entrar em um restaurante perto do Vaticano, o Venerina, dois dias antes do início da eleição papal.

O cardeal francês Jean-Louis Tauran, que anunciará ao mundo o nome do novo chefe da Igreja, também marcou presença nesse restaurante. "Ele adora carne e, especialmente, as pizzas", disse o proprietário.

As portas da Capela Sistina foram fechadas nesta terça-feira (12) com solenidade para dar início ao conclave no qual 115 cardeais estão convocados a eleger o próximo Papa.

Os cardeais com direito a voto (por terem menos de 80 anos) juraram guardar silêncio sobre as deliberações que serão feitas até eleger o sucessor de Bento XVI, sob os afrescos de Michelangelo.

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O ritual de conclave começou pela manhã na Basílica de São Pedro com uma missa na qual foi feito um chamado à "unidade" dos católicos num momento crucial para a Igreja.

Milhares de fiéis provenientes dos cinco continentes assistiram à solene missa "Pro Eligendo Pontifice" na Basílica de São Pedro, presidida pelo decano do colégio cardinalício, Angelo Sodano.

O próximo Papa deverá enfrentar importantes desafios, começando pela situação inédita de viver a poucos metros do agora Papa Emérito Bento XVI, que renunciou por falta de forças.

Os 115 cardeais católicos que elegerão o próximo papa concluíram há pouco o juramento solene de silêncio e estão agora fechados na Capela Sistina para o conclave que determinará o sucessor de Bento XVI.

As pesadas portas da Capela Sistina foram fechadas pelo monsenhor Guido Marini, mestre de cerimônias litúrgicas, depois de dizer em voz alta "Extra omnes", a ordem em latim para que só permaneçam ali aqueles que participarão do conclave.

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Apenas uma votação está prevista para hoje. Caso um papa seja eleito logo na primeira votação, a chaminé da Capela Sistina expelirá uma fumaça branca. Se nenhum cardeal receber dois terços dos votos dos presentes, a chaminé expelirá uma fumaça preta e os prelados voltarão a se reunir amanhã pela manhã. As informações são da Associated Press.

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O Conclave que escolherá o novo Papa começou nesta terça-feira (12), no Vaticano. Os 115 cardeais iniciaram as atividades do dia com uma missa na Basílica de São Pedro, onde milhares de fiéis aguardaram a cerimônia presidida pelo decano do colégio cardinalício Angelo Sodano.

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A missa foi exibida ao vivo pela TV e reuniu autoridades, diplomatas e turistas dos cinco continentes. Depois de uma oração na Capela Paulina, os cardeais seguiram para a Capela Sistina, onde iniciaram a votação do novo Papa.

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Os 115 cardeais com menos de oitenta anos que escolherão o nome do novo papa chegaram à Capela Sistina por volta das 16h35 (12h35 em Brasília), em uniforme de gala, cantando e rezando em uma procissão, saída da Capela Paulina. Mais cedo eles realizaram uma missa com os fiéis na Basílica de São Pedro.

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Dentro da Capela Sistina, vigiados pelos Guardas Suíços em uniforme de gala, e após uma série de orações, os cardeais fizeram o juramento de sigilo, um por um. Após esse momento, todas as outras pessoas alheias ao Conclave foram convidadas a se retirar, deixando os cardeais isolados do mundo.

O cardeal italiano Angelo Scola era considerado favorito nesta terça-feira nas casas de apostas para ser eleito Papa no conclave do Vaticano, à frente de Peter Turkson, de Gana, e do brasileiro Odilo Scherer.

As casas de apostas também aceitam apostas sobre o futuro nome que será adotado pelo novo pontífice. Os favoritos são Leão, Pedro e Gregório.

As casas de apostas britânica William Hill e irlandesa Paddy Power anunciaram que Scola lidera as especulações.

De acordo com William Hill, o segundo favorito para ser o sucessor de Bento XVI era Peter Turkson, de Gana, seguido por Scherer. Para a Paddy Power, Scherer é o segundo e Turkson o terceiro.

No que diz respeito ao nome do futuro papa, Leão é o favorito, à frente de Pedro e Gregório.

Diante da expectativa para saber quem será o próximo Papa, alguns recordarão o artigo 2413 do catecismo da Igreja Católica, segundo o qual os jogos de azar "não são em si mesmos contrários à justiça", mas "são moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa do que lhe é necessário para atender as suas necessidades".

O cardeal italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, entraram hoje na Capela Sistina como os dois favoritos na eleição que definirá o sucessor de Bento XVI.

Mas a lista de papáveis é muito mais ampla e inclui cardeais do Canadá, da Hungria, de Gana e dos Estados Unidos, além de outro brasileiro, João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília. Saiba um pouco mais sobre cada um deles:

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Angelo Scola, 71 anos, é o principal candidato italiano. Especialista em teologia moral, foi transferido em 2011 de Veneza para Milão, onde é arcebispo, pelo então papa Bento XVI. A decisão foi vista, por especialistas, como um sinal de aprovação.

Odilo Scherer, de 63 anos, é o principal candidato da América Latina. Arcebispo da maior arquidiocese do Brasil, a de São Paulo, ele é um conservador para os padrões brasileiros, mas em outros lugares é visto como um cardeal moderado.

João Braz de Aviz, de 65 anos, um dos cinco eleitores brasileiros no conclave, era arcebispo de Brasília quando Bento XVI o nomeou prefeito da Congregação dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica. É o responsável pelas ordens e congregações, masculinas e femininas, que têm cerca de 1,2 milhão de membros no mundo.

Marc Ouellet, de 68 anos, natural do Quebec, no Canadá, apesar de favorito, chegou a afirmar, em 2010, que "ser papa seria um pesadelo". É prefeito da Congregação para os Bispos e o responsável pela Pontifícia Comissão para a América Latina, órgão da Cúria Romana que estuda os problemas relativos à vida e ao desenvolvimento da Igreja na América Latina. Por causa desse trabalho, tem um bom trânsito entre os cardeais do continente.

Peter Erdö, de 60 anos, é arcebispo de Esztergom-Budapeste e visto como uma pessoa que poderia trazer a mensagem de renovação. Foi durante muito tempo o cardeal mais jovem da Europa e hoje prega contra a secularização e tem relação próxima com a África. Proclamado cardeal em 2003 por João Paulo II, primeiro papa oriundo de um país da extinta União Soviética, Erdö é visto como um líder em potencial para estreitar os laços com as Igrejas ortodoxas. Fluente em sete línguas, presidiu por seis anos o Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

Peter Turkson, de 64 anos, cardeal ganense, foi alavancado logo após o anúncio da renúncia de Bento XVI pelas casas de apostas britânicas. Mas declarações polêmicas sobre o homossexualismo e a expansão do islamismo na Europa reduziram a chance de a Igreja Católica escolhê-lo como primeiro papa negro da história.

Sean O’Malley, de 68 anos, arcebispo de Boston, tem como características marcantes a posição firme pela punição de responsáveis por abusos sexuais na Igreja, a facilidade de comunicação com os jovens, com o uso pioneiro das mídias sociais para evangelização, e a simplicidade de quem usa até hoje o uniforme da ordem dos frades capuchinhos.

Timothy Dolan, de 63 anos, arcebispo de Nova York, foi chamado pela papa João Paulo II de "arcebispo da capital do mundo". Por vaticanistas, foi apresentado como o "candidato que representa o impulso na direção da purificação" por ter se destacou nas reuniões pré-conclave ao pedir mais transparência da Igreja.

Gianfranco Ravasi, 70 anos, italiano, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura do Vaticano, é um acadêmico erudito com um toque de modernidade - justamente a combinação que muitos católicos consideram ideal para ressuscitar uma Igreja sob pressão pelos escândalos e contração do seu rebanho. É também a esperança entre os católicos italiano que desejam ver a volta de um compatriota no Trono de Pedro.

Os cardeais celebraram nesta terça-feira (12) a última missa antes de se isolarem no interior da Capela Sistina para o conclave que vai eleger o próximo papa, buscando superar suas divisões e chegar a um consenso sobre um único nome, que vai liderar 1,2 bilhões de católicos.

Enquanto o canto gregoriano preenchia a Basílica de São Pedro, os 115 cardeais que participação do conclave assistiam à missa rezada pelo cardeal decano Angelo Sodano, um dos homens mais influentes da igreja.

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Sodano, que como decano do Colégio de Cardeais tem liderado seus pares em conversações secretas que levarão ao conclave, foi o sacerdote responsável pela cerimônia cuidadosamente coreografada para desmentir as discórdias no interior da igreja, que vieram à tona após a renúncia de Bento XVI.

Nas últimas semanas, os cardeais vindos de todo o mundo para o conclave exibiram publicamente suas queixas sobre o governo da cúria romana, o órgão administrativo do Vaticano, assumindo uma posição contrária aos colegas que são antigos integrantes do Vaticano.

Sodano, poderoso cardeal que governou a cúria durante o papado de João Paulo II, marcou sua homilia com citações do apóstolo Paulo, convidando a igreja a "fazer todos os esforços para manter a unidade".

"Cada um de nós é convidado a cooperar com o sucessor de Pedro, a fundação visível de uma unidade eclesiástica", declarou Sodano.

Perante ele, os cardeais em suas vestes vermelhas e sentados de forma alinhada, quebraram o silêncio apenas para aplaudir Bento XVI que, embora ausente, foi descrito por Sodano como "amado e venerado".

Sodano não é considerado um candidato ao papado.

Na praça do lado de fora da Basílica, centenas de pessoas se reuniam ao redor de telões, que transmitiam a missa. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Os 115 cardeais eleitores que se reúnem a partir desta terça-feira na Capela Sistina para eleger o sucessor de Bento XVI após sua histórica renúncia, no dia 28 de fevereiro, seguem um ritual simples, mas rigidamente pautado há séculos.

Depois que for pronunciado o "Extra Omnes" (Fora todos!) e as pessoas alheias ao Conclave tiverem abandonado a capela renascentista, os cardeais eleitores ficarão sozinhos e completamente isolados do mundo.

Para votar, cada cardeal preenche primeiro um papel retangular que leva impressa a menção "Eligo in Summum Pontificem" (Elejo como sumo pontífice) na parte superior. Tem que escrever o nome de seu candidato com uma caligrafia "a mais irreconhecível possível".

Dobra sua cédula e, seguindo uma ordem pré-estabelecida, se levanta e a leva - de forma que o papel esteja sempre visível - ao altar onde está instalada uma urna coberta com uma bandeja. Pronuncia então em voz alta o juramento seguinte: "Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo que deve ser eleito".

Deposita então sua cédula em uma bandeja e a deixa deslizar pela abertura da urna, se inclina em direção ao altar e retorna ao seu lugar.

Depois que todos tiverem votado, um responsável agita energicamente a urna para misturar bem as cédulas e outro as conta. Se o número de papéis não corresponder ao de eleitores, são queimados imediatamente.

Existindo ou não um eleito, as cédulas são reanalisadas pelos revisores. Se nenhum nome obtiver o mínimo de votos necessários, ocorre imediatamente uma segunda votação. Depois os papéis das duas votações são queimados junto com as anotações feitas pelos cardeais.

O papa deve ser eleito por uma maioria de dois terços (77 votos) dos candidatos presentes.

Eles votam quatro vezes por dia, duas pela manhã e duas pela tarde, até que haja um consenso.

Após três dias sem resultado, sem contar com o dia do início do ritual, a eleição é interrompida para um dia de oração e discussão, antes de realizar outras sete votações.

Caso após 34 votações ainda não exista um novo Papa, a eleição se limita aos dois candidatos mais votados, que para ser eleitos deverão se impor por uma maioria de dois terços.

No último século, no entanto, o conclave mais longo durou cinco dias.

Com uma convocação de "unidade" aos católicos aconteceu nesta terça-feira o primeiro ritual do histórico conclave para eleger o sucessor de Bento XVI, o papa que renunciou em um momento crucial para a Igreja Católica.

Milhares de fiéis dos cinco continentes acompanharam a missa solene "Pro Eligendo Pontifice" na basílica de São Pedro, presidida pelo decano do colégio cardinalício Angelo Sodano, na presencia dos 115 cardeais eleitores que escolherão o 266º Sumo Pontífice.

Em sua homilia, Sodano incentivou os cardeais a "colaborar para edificar a unidade da Igreja" e a "cooperar com o sucessor de Pedro".

"Todos nós temos que colaborar para edificar a unidade da Igreja", afirmou durante a homilia.

"Estamos convocados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesiástica", afirmou o influente cardeal em seu discurso, tal como correspondeu, há oito anos, ao então cardeal Joseph Ratzinger, antes de virar Bento XVI.

"Eu os exorto a se comportarem de maneira digna, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-se reciprocamente com amor, tentando conservar a unidade do espírito por meio do vínculo da paz", disse Sodano, em referência à carta do apóstolo Paulo aos Efésios.

"Queremos agradecer ao Pai que está nos Céus pela amorosa assistência que sempre reserva a sua Santa Igreja e, em particular, pelo luminoso pontificado que nos concedeu com a vida e as obras do 265º sucessor de Pedro, o amado e venerado pontífice Bento XVI, ao qual neste momento renovamos toda nossa gratidão", afirmou o cardeal.

"Queremos implorar ao Senhor que, através da solicitude pastoral dos pais cardeais, queira em breve conceder outro Bom Pastor a sua Santa Igreja", completou.

A menção do influente cardeal, que não participará no conclave por ter completado 80 anos, ao agora emérito Bento XVI, após a inesperada renúncia praticamente sem precedentes, gerou uma grande ovação entre os presentes.

Os cardeais entraram em procissão, vestidos com os paramentos vermelhos e mitras, no majestoso templo especialmente iluminado para a ocasião, entoando cantos gregorianos.

A cerimônia foi acompanhada por fiéis e turistas na Praça de São Pedro em quatro telões gigantes e exibida pela televisão a vários países.

A missa inaugura o ritual de um conclave estritamente pautado, mas sem nenhum favorito claro.

Vários nomes são citados, todos eles conservadores, como o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, considerado o candidato da cúria e que pode ser o primeiro papa nascido na América Latina.

Os cardeais seguiram no início da manhã para a Casa de Santa Marta, a residência dentro do Vaticano na qual ficarão totalmente isolados do resto do mundo antes do conclave.

Alguns deles se despediram dos seguidores na rede social Twitter.

"Último tuíte antes do conclave: que nosso Pai ouça e responda com amor e misericórdia a todas as orações e sacrifício para um resultado frutífero. Deus nos abençoe!", escreveu o cardeal sul-africano Wilfried Napier.

Durante a tarde, às 16H15, os cardeais se reunirão para uma oração e depois devem seguir para a Capela Sistina, onde entoarão o hino "Veni Creator Spiritus", que invoca o Espírito Santo para que guie a decisão.

A clausura total começará após o grito de "Extra omnes" (Todos fora!), momento em que as pessoas alheias ao conclave deixarão o local e as portas da capela serão fechadas, deixando apenas os cardeais.

Os religiosos prestam juramento de silêncio sobre tudo o que será falado durante o conclave.

A partir deste momento, a única indicação que o resto do mundo terá sobre o que acontece no conclave será a fumaça que sairá da chaminé situada à direita da Basílica de São Pedro.

Os cardeais votarão quatro vezes por dia a partir de quarta-feira, mas podem decidir organizar uma primeira votação na tarde desta terça-feira, como aconteceu no último conclave, há quase oito anos.

Neste caso, a fumaça será negra. Mas quando um candidato alcançar os 77 votos necessários para ser eleito e aceitar assumir a responsabilidade, a fumaça será branca e estará acompanhada pelo som dos sinos de São Pedro, seguido pelo restante das igrejas de Roma.

O novo pontífice escolherá então o nome com o qual deseja governar e vestirá pela primeira vez a sotaina branca para ser apresentado a Roma e ao mundo. Ele pronunciará sua primeira mensagem "urbi et orbi" na sacada do Palácio Apostólico.

Oito anos após os cardeais do mundo inteiro terem se fechado na Capela Sistina para escolher um novo papa que pudesse continuar a tendência tradicionalista de seu antecessor, a escolha para suceder o Papa Bento XVI não parece clara. Os 115 cardeais que começarão a votar nesta terça-feira o farão com uma corrente de prioridades, considerações geográficas e posições doutrinárias em suas mentes. Ao escolher o novo papa, esses cardeais estarão em busca de um candidato que possa se mostrar sensível aos muçulmanos, que tenha habilidade de comunicação, e capacidade para governar pelos interesses do catolicismo na Europa e América do Norte.

A pergunta que predomina é como a igreja governa, particularmente a Cúria romana, assuntos importantes da agenda após meses de turbulências, incluindo o vazamento embaraçoso do escândalo que expôs o desperdício e as lutas internas dentro do Vaticano.

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"Existe um divisor entre os cardeais que trabalham fora de Roma e os que trabalham na Cúria", revelou na segunda-feira o reverendo Thomas Reese, analista de assuntos católicos. "É preciso haver uma administração geral da Igreja para colocar as coisas em ordem", reiterou o cardeal aposentado Edward Egan, em entrevista recente. Ele salientou que durante os últimos 50 anos, a organização central do Vaticano se ampliou muito, ficou ineficiente e perdeu o foco sobre o que acontecia nas paróquias locais.

Os desafios enfrentados pelos 1,2 bilhão de membros da Igreja, entretanto, estão bem além de Roma. Durante os últimos 50 anos, nove papas negligenciaram a evolução da igreja além da segura posição na Europa e América do Norte para aumentar sua representação na África e na América Latina.

Analistas, incluindo o padre Reese, disseram que isso levou ao estabelecimento de vários grupos entre os cardeais que nem sempre ficaram apenas entre as fronteiras geográficas. Cardeais da América Latina, por exemplo, estão unidos em torno do sentimento de que são mal representados em Roma, mas continuam discordando de muitos outros assuntos. Os 11 cardeais da América do Norte, por outro lado, formam um grupo relativamente coeso, enquanto os 28 italianos estão divididos entre facções. As informações são da Dow Jones.

Segue abaixo a lista dos 10 últimos Papas. À exceção de Bento XVI e João Paulo II, todos eram italianos:

- Bento XVI (Joseph Aloisius Ratzinger, abril 2005/fevereiro 2013): Oito anos de pontificado. De nacionalidade alemã, foi o "Papa teólogo", considerado um grande intelectual e conhecedor profundo dos dogmas. Surpreendeu ao anunciar sua renúncia -um ato sem precedentes em sete séculos - alegando "falta de forças". Recebeu o título de "Papa emérito" e coabitará no Vaticano com seu sucessor.

- João Paulo II (Karol Jozef Wojtyla, outubro 1978/abril 2005): 26 anos. Primeiro Papa não italiano desde Adriano VI (século XVI) e o único Papa polonês. Seu pontificado foi um dos mais longos da história.

- João Paulo I (Albino Luciani, agosto 1978/setembro de 1978): morreu subitamente 33 dias após a sua eleição.

- Paulo VI (Giovanni Battista Montini, junho de 1963/agosto de 1978): 15 anos. Nomeou cardeais seus três sucessores.

- João XXIII (Angelo Giuseppe Roncalli, outubro 1958/junho 1963): Cinco anos. Foi o artífice do Concílio Vaticano II, que renovou a Igreja.

- Pio XII (Eugenio Pacelli, março de 1939/outubro de 1958): 19 anos. Foi Papa durante a Segunda Guerra Mundial e foi acusado por historiadores e pela comunidade judaica de permanecer em silêncio frente ao Holocausto nazista.

- Pio XI (Achille Ratti, fevereiro 1922/fevereiro 1939): 17 anos. Enfrentou a eclosão do comunismo e do fascismo na Europa.

- Bento XV (Giacomo della Chiesa, setembro de 1914/janeiro de 1922): Oito anos. Teve intensa atividade diplomática durante a Primeira Guerra Mundial.

- Pio X (Giuseppe Melchiorre Sarto, agosto de 1903/agosto de 1914): Onze anos. Primeiro Papa desde o século XVI que foi canonizado.

- Leão XIII (Vincenzo Gioacchino Pecci, fevereiro 1878/julho de 1903): 25 anos. Foi um grande defensor da doutrina social da Igreja.

A Casa Santa Marta, onde os 115 cardeais que elegerão a partir desta terça-feira o sucessor de Bento XVI se alojarão durante o conclave, é uma residência confortável, mas sóbria, para incitar à reflexão os cardeais, que ficarão isolados do mundo externo.

Esta moderna instalação, inaugurada em 2005 a cerca de mil metros de distância do Palácio Apostólico, foi um presente ao colégio cardinalício do papa João Paulo II, que participou de dois conclaves em 1978.

Um busto de bronze do Papa polonês marca a entrada do luminoso edifício de cinco andares, situado perto da sala Paulo VI, onde são realizadas as audiências públicas do pontífice durante os meses de inverno.

Possui 106 estúdios, 22 quartos simples e um apartamento, todos eles com banheiro no interior.

O hotel dos cardeais também tem uma pequena capela, um amplo refeitório com mesas redondas dispostas sobre um chão de mármore de cor clara.

A única coisa que os cardeais - que juram manter o segredo do conclave - não terão à disposição serão as comunicações com o exterior, já que todos os serviços de telefone ou de internet, assim como o acesso à imprensa e aos meios de comunicação, estarão bloqueados.

Isto lhes permitirá se concentrar plenamente na oração e na reflexão que exige a eleição do novo líder dos quase 1,2 bilhão de católicos no mundo.

Até o conclave no qual Bento XVI foi eleito, os cardeais, de idade avançada e alguns com problemas de saúde, viviam em condições espartanas, em quartos fechados à chave, e chegar a um dos banheiros compartilhados era uma aventura.

Com a Casa Santa Marta também acabou a clausura, já que os cardeais podem conversar nas salas comuns e passear por dentro do recinto do Estado vaticano.

A inauguração do hotel cardinalício provocou o temor em 2005 de que as novas comodidades dos prelados poderiam prolongar consideravelmente um processo que no último século durou no máximo cinco dias.

Mas no último conclave só foi utilizado durante uma noite, já que Bento XVI foi eleito durante o segundo dia, assim como João Paulo II em 1978.

Nesta ocasião, o Vaticano anunciou que o novo Papa passará um tempo não informado na Casa Santa Marta antes de se instalar em sua residência oficial no Palácio Apostólico.

O Vaticano negou-se a credenciar para o conclave o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, autor de um livro sobre as intrigas e os antagonismos do caso Vatileaks, indicou Nuzzi em sua conta no Twitter.

"Uma decisão marcada pela escuridão, muito longe da transparência e da liberdade de imprensa", denunciou em sua mensagem o autor de "Sua Santitá" ("Sua Santidade").

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O livro, escrito a partir de dezenas de faxes e cartas ultrassecretas dirigidas ao papa Bento XVI, contribuiu para alimentar o escândalo Vatileaks, que levou à condenação por roubo do mordomo do Papa, Paolo Gabriele.

Nuzzi pediu seu credenciamento on-line na semana passada na internet para cobrir o conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI para a rede de televisão privada italiana La7. Mas nesta segunda-feira recebeu uma resposta negativa, sem especificar os motivos.

Um documentário realizado pelo jornalista, chamado de "La scelta del papa" ("A escolha do papa"), será transmitido pela televisão no dia 23 de março.

Em dezembro, Bento XVI indultou o mordomo, que foi libertado após 117 dias de prisão.

O pontífice renunciou ao seu cargo no dia 28 de fevereiro, alegando falta de forças para seguir à frente da Igreja católica.

Cerca de 5.600 jornalistas estão credenciados para cobrir o conclave, que começará na terça-feira à tarde na Capela Sistina.

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