Tópicos | Copa do Mundo da Rússia 2018

Ele foi um dos destaques da última conquista da seleção em Copas do Mundo, em 2002, e até hoje é lembrado e reverenciado pelos brasileiros. O ex-goleiro Marcos, ou São Marcos, como os palmeirenses o chamam, está confiante para o Mundial na Rússia e nas escolhas de Tite. Em entrevista ao Estado, ele falou sobre o que espera da competição, disse que Alisson é o melhor goleiro do Brasil e revelou que não se achava o melhor da posição em 2002.

Hoje, 10 anos após o penta e a despedida dos gramados, Marcos ganha a vida com sua imagem. Ele vai estrelar um documentário que começa a ser transmitido nesta segunda-feira sobre a história do futebol no canal History. "Não sou lá essas coisas como apresentador, mas ficou um projeto legal", garantiu.

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Qual a expectativa para a Copa?

Estou confiante como sempre. O Brasil aparece frequentemente como um dos favoritos para a Copa, mas acho engraçado que sempre rola umas teorias da conspiração. Falam que o Brasil perde quando chega com muito favoritismo e que o ideal é chegar com desconfiança, essas coisas. O time está bem servido, com todo mundo passando por um momento bom. É uma equipe bem amadurecida, até pelo que aconteceu na última Copa (derrota por 7 a 1 para a Alemanha).

O que você pensa sobre os goleiros Alisson, Ederson e Cássio?

Sempre tem alguém na convocação que a torcida quer ver lá. Isso é normal, ainda mais pelo fato de termos bons goleiros no Brasil. Marcelo Grohe, Vanderlei, Fábio, Victor... acredito que a convocação foi boa e que o Alisson esteja vivendo um momento muito bom na Roma. O Ederson também. Já o Cássio ganhou vários títulos no Corinthians e tem a confiança do treinador.

Sem ficar em cima do muro. Estes seriam seus três goleiros?

Acredito que sim. São os goleiros que estão vivendo um momento muito bom e o Alison é o melhor goleiro e merece ser o titular mesmo. Copa do Mundo é um campeonato muito curto, de sete jogos, e é difícil o goleiro reserva jogar. O Alison já está acostumado em atuar na seleção e isso conta bastante.

O gol é uma das posições mais questionadas no País. Você acredita que o Alisson se sente preparado para suportar a pressão?

Difícil falar e no calor da emoção, você se sente preparado para qualquer coisa. Acho que o Alisson está confiante por já ser o titular algum tempo, mas ele sabe que tem dois excelentes goleiros na cola dele e que não pode bobear.

Em 2002, você estava melhor preparado em relação ao Dida e ao Rogério Ceni?

Para falar a verdade, eu achava que os dois estavam melhores que eu quando chegamos na Copa. Na hora, fiquei quietinho, né? Não sou bobo e hoje eu posso falar. Eu pensava que o Rogério vivia um momento muito bom no São Paulo, o Dida também voando e eu estava sendo bastante questionado. Mais ou menos como acontece com o Cássio, que também muita gente diz que deveria ter ido outro. O importante é que eu tive a felicidade de jogar e ganhamos. Sempre o que está fora é melhor quando se perde. Como ganhamos, isso ficou no passado.

Se a CBF te chamar para conversar com os jogadores, você está disponível?

Eu? Só se for para ir contar piada. No passado, era legal os ex-jogadores passarem experiência para quem estava na seleção, só que hoje em dia isso não tem muito sentido. Os caras que estão na seleção tem uma história de vida muito grande. Por exemplo, o que eu posso falar para o Marcelo? O cara ganha tudo todo o ano e joga no Real Madrid. O time do Tite é bem rodado e eu teria pouco para acrescentar nesse elenco. E tem outra coisa. Eu joguei só no Brasil e minha experiência é limitada. Bom, se o Tite quiser me chamar, eu vou lá bater um papo.

Você estava machucado, mas chegou a trabalhar com o Tite no Palmeiras, em 2006, e conhece muita gente que trabalhou com ele. O Tite é realmente um técnico diferenciado?

Infelizmente não consegui ser comandado por ele, por causa de uma lesão. O que eu mais gostei dele foi o lado humano. O Tite é um cara fantástico. Embora eu não estivesse jogando, ele sempre conversava comigo e me convidava para irmos na missa do Padre Marcelo Rossi. Gostei bastante de conviver com ele e os jogadores o adoram, por essa questão humana.

E taticamente?

Bom também e inteligente. Mas a gente tem que falar a verdade, né?. Um treinador de futebol muito se faz pelo elenco que tem na mão. Ele pode ser bom o quanto for, se o time não tiver qualidade, ele não ganha nada. O Tite chegou em um momento bom para a Copa, tem feito um trabalho duro e acredito que ele terá vida longa na seleção.

Melhor chegar na Copa com o povo apoiando, como a seleção atual, ou desacreditado, como vocês em 2002?

Lembra que eu falei de lenda urbana na Copa? Essa é uma. O Brasil sempre vai chegar como favorito e com muita gente questionando mesmo, só porque o torcedor brasileiro é chato e gosta de ficar "cornentando" mesmo. Quem fala que o Brasil vai cair na primeira fase não acredita nisso, assim como não acredita quem fala que vai ganhar com facilidade. Eu estive lá e sei que Copa é algo diferente. Quando o negócio começa, todo mundo joga junto com você e fica feliz se a seleção for campeã. Nos jogadores, dá aquele medo inicial e depois vai relaxando durante a competição. E não tem jeito, existem vários países tradicionais, mas o Brasil é o Brasil. O mundo todo olha para gente.

A seleção brasileira terá à disposição, a partir desta segunda-feira (28), em Londres, um dos mais modernos centros de treinamentos do futebol mundial. A segunda fase de preparação para a Copa da Rússia vai ser feita no CT do Tottenham, que tem duas das principais características desejadas pela comissão técnica liderada por Tite: infraestrutura e privacidade. Por isso, foi escolhido ainda no ano passado.

A equipe brasileira ficará 12 dias na Inglaterra. Passa o próximo final de semana em Liverpool, onde no domingo faz amistoso contra a Croácia. Nos outros 10 dias, de acordo com a programação inicial, treinará no Tottenham Hotspur Training Centre, um complexo localizado em Enfield, na região norte da capital inglesa, que tem até hotel com 45 apartamentos.

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As dependências de hospedagem, onde ficarão os jogadores e boa parte da comissão técnica - o restante da delegação ficará em hotel próximo - foi finalizada há algumas semanas. Os brasileiros vão inaugurar o local.

De certa forma, a entrega do hotel representa a conclusão do CT inaugurado em 2012 e que tem, entre outras instalações, 15 campos de futebol (quatro de uso exclusivo do time principal do Tottenham), ginásio poliesportivo, salas de aquecimento e alongamento, piscinas para recreação e hidroterapia, auditórios e academia com aparelhos de última geração.

Há, também, um campo de grama sintética fechado e coberto (para dias de chuva ou neve) e um campo iluminado para treinamentos à noite. Além de uma sala onde é possível fazer aclimatação para jogos na altitude de até 4 mil metros.

"Conheço bem os centros de treinamento, mas o que estão fazendo lá é incrível. É um hotel cinco estrelas com infraestrutura, academia, campos ao lado", disse o coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, ao explicar por que escolheu o CT do Tottenham como base da seleção na penúltima escala antes de chegar a Sochi - no dia 10, enfrenta amistosamente a Áustria, em Viena, e em seguida ruma em direção à Rússia, onde estreia na Copa no dia 17 contra a Suíça, em Rostov.

A CBF não revela o custo do uso do CT. Nem se o espaço foi de fato alugado. Fala apenas em uma "parceria" com o time inglês. A estimativa é que o Tottenham tenha gasto 70 milhões de libras (R$ 341,3 milhões ao câmbio atual) na sua construção, que de acordo com o clube ocupa área de 311,6 metros quadrados em um terreno de 77 hectares - uma antiga fazenda - e normalmente também é usado pelas equipes de base e femininas do Tottenham. A seleção inglesa ocasionalmente faz a sua preparação para algumas partidas ali.

Um brasileiro que conhece bem o Tottenham Hotspur Training Centre é o meia-atacante Lucas Moura. Ele chegou ao clube em janeiro e disse que o espaço foi um dos motivos que o levaram a trocar o Paris Saint-Germain pela equipe inglesa. "O CT é sensacional. Fiquei muito surpreso quando conheci. É uma estrutura sensacional, vários campos, lugar muito espaçoso, academia gigante", disse Lucas, que passa as férias na Disney, nos Estados Unidos, por mensagem de texto enviada ao Estado. "Sem dúvida nenhuma a seleção vai ficar muito satisfeita", garantiu.

INTEGRAÇÃO - Outra característica do espaço é a sustentabilidade. Segundo informa o Tottenham, 10% de toda a energia consumida é produzida no local por meio de várias fontes, como uma matriz fotovoltaica no prédio do edifício principal do complexo. Também houve preocupação com o meio ambiente, com o plantio de 150 árvores e preservação de cursos d'água e vegetação.

O centro de treinamento fica em uma região rural e, por isso, o Tottenham decidiu interagir com a comunidade, criando programas educacionais e de assistência que atendem 2.500 mil pessoas. A previsão é de investir 2,3 milhões de libras (R$ 11,2 milhões) em ações voltadas para a comunidade local.

O alemão Khedira, o francês Pogba, o senegalês Mané, o belga Fellaini e o egípcio Salah têm outra preocupação pelas próximas semanas além da preparação para a Copa do Mundo. O quinteto, assim como outras dezenas de jogadores muçulmanos, precisa conciliar a rotina de treinos para o torneio com as tradições do Ramadã. O mês sagrado para os islâmicos (15 de maio a 15 de junho neste ano) tem como uma das premissas a purificação espiritual pelo jejum do amanhecer ao entardecer. Ou seja: os seguidores da religião não comem e não bebem do amanhecer ao anoitecer.

A importante data do calendário muçulmano desafia atletas e seleções no principal torneio de futebol do planeta. A questão ganha importância, pois a Copa do Mundo na Rússia é a edição da história com a maior presença de países islâmicos. São sete: Egito, Marrocos, Tunísia, Nigéria, Senegal, Irã e Arábia Saudita.

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O maior personagem do tema é Mohamed Salah. O atacante do Liverpool disputou a final da Liga dos Campeões da Europa, neste sábado, durante o mês sagrado e envolvido em mistério. Embora autoridades religiosas tenham liberado o jogador do jejum para não prejudicar o seu rendimento, a imprensa egípcia noticiou que o atacante seguiria a restrição.

A seleção do Egito incorporou à comissão técnica mais profissionais para monitorarem a alimentação e o desgaste dos atletas durante o período. Meses atrás, o técnico da equipe, o argentino Héctor Cúper, manifestou preocupação. "Quando vou dar treino? Às cinco da manhã? Não posso treinar alguém que não ingere líquidos, nem tem calorias no corpo", disse ao jornal La Nación.

A maioria das seleções com islâmicos no elenco deve deixar a cargo dos jogadores a decisão sobre o impasse. "O ideal é conseguir deixar o regime do Ramadã mais maleável. Pode ser um risco à saúde segui-lo e competir. Em uma partida é possível perder até 5 quilos", explicou Joaquim Grava, médico do esporte do hospital São Luiz Morumbi, em São Paulo, e consultor médico do Corinthians. "O combustível do atleta é a alimentação. Sem comida, não é possível nem se movimentar", completou.

JEJUNS E ESFORÇO - As equipes de países muçulmanos estão acostumadas a se desdobrar na época do Ramadã. O técnico brasileiro Marcos Paquetá trabalhou por 15 anos em diferentes países árabes e enfrentou situações inusitadas.

Quando dirigiu a Líbia, ele levou o elenco em pleno Ramadã para uma partida das Eliminatórias em Moçambique, marcada pela seleção local para 15 horas. "Consultamos vários médicos e tentamos amenizar os problemas com o jejum. Chegamos a convencer os atletas a pelo menos bochechar água para ajudar. Usamos toalhas úmidas também", contou.

Treinador da Arábia Saudita na Copa do Mundo de 2006, Marcos Paquetá disse que era necessário compreender as diferentes linhas religiosas dos atletas, como a divisão entre sunitas e xiitas. Em ocasiões mais decisivas, as suas equipes procuraram autoridades religiosas para autorizarem os jogadores a cumprir o jejum em outras datas.

O ex-atacante Victor Simões atuou por quatro anos na Arábia Saudita e disse que no país o Ramadã é cumprido com rigor. "Os treinos do time eram transferidos para o período da noite. Logo depois do entardecer os jogadores faziam fila no refeitório para comer. Alguns até iam treinar depois, mas passavam mal", revelou.

Cerca de 50 torcedores fizeram plantão no acesso à Granja Comary para a despedida da seleção brasileira, que deixou Teresópolis entre o final da manhã e o início da tarde deste sábado. Nenhum deles, contudo, conseguiu ver seus ídolos.

Isso porque parte do elenco voltou ao Rio de micro-ônibus com vidros escuros e outra parte viajou de helicóptero. A assessoria de imprensa da seleção não divulgou as opções de cada um para dar privacidade aos jogadores.

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A última atividade em Teresópolis aconteceu na manhã deste sábado, um treino tático fechado à imprensa. A delegação também recebeu a visita de Carlos Alberto Parreira, técnico tetracampeão com o Brasil em 1994. "Foi um bate-papo só, pra desejar força. Agora é hora de competição, hora de chegar e de colocar em prática tudo o que foi treinado", disse Parreira, na saída da Granja.

A seleção estava concentrada em seu CT desde o início da semana. Os jogadores passaram por avaliações físicas e exames médicos. Em cinco dias e meio, foram realizados também quatro treinos no gramado. Os trabalhos com bola serão intensificados a partir da próxima segunda-feira, quando a equipe começa sua "fase europeia" de preparação.

O Brasil vai treinar no CT do Tottenham, em Londres, onde irá se preparar para os amistosos do dia 3, diante da Croácia, em Liverpool, e dia 10, com a Áustria, em Viena.

Após deixarem a Granja Comary, os jogadores terão o restante do dia de folga e irão se reapresentar na sede da CBF, na Barra da Tijuca, ao meio-dia deste domingo. Lá, o elenco almoça com cartolas da entidade, faz uma visita ao Museu da Seleção e se encaminha ao aeroporto do Galeão, onde embarca às 16h30 rumo a Londres.

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