Tópicos | Democratização do acesso ao cinema no Brasil

A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 já passou. Realizada no último domingo (3), a prova teve como tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” e causou opiniões diversas entre os feras. Mesmo no segundo dia de aplicação provas, que envolvem as áreas de Ciências da Natureza e matemática, a redação ainda repercute entre os candidatos.

Com objetivo de entrar em algum curso da área de saúde, o técnico em radiologia Jefferson Cardoso, 29, gostou do tema da prova e achou uma abordagem fácil. “Eu achei essa prova muito boa, abordei como o cinema está ruim no Recife e como não há acesso a ele. No geral, eu gostei”, disse, em entrevista ao LeiaJá.

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Já os estudantes Anderson Lima e Vitória Gabriela da Silva, ambos com 18 anos, acharam um tema complexo. “Foi totalmente inesperado e fora de contexto. É, com certeza, um tema importante, mas haviam outros mais relevantes nessa reta final. Acho que foi difícil”, disse Anderson. “Eu acredito que poderia ter sido melhor abordado, não gostei muito, foi bem inesperado”, disse Vitória. 

Por outro lado, o estudante Matheus André da Silva, que pretende ser enfermeiro, acredita que o tema foi bom. “”Eu gostei, foi fácil de abordar e simples. Achei ótimo, mesmo inesperado”, garantiu  rapaz. Com opiniões também positivas está a aluna Débora Fernanda Lima, 18. “Gostei, foi de fácil abordagem e fácil de escrever”, disse.

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“Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Esse foi o tema da redação escolhido pelo Ministério da Educação (MEC) a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste domingo (3), em todo o país. O assunto gerou discussões e opiniões polêmicas sobre a escolha governamental ao tema principal de uma das provas mais esperadas no Enem.

Segundo a professora Lourdes Ribeiro, uma das propostas de intervenção é a retomada do Ministério da Cultura, além de um maior incentivo para a construção e expansão dos cinemas através de parcerias entre Ministério e empresas privadas. Outra proposta seria a ampliação do programa de "vale cultura”, segundo a docente. “Ao prestar atenção nas palavras chaves que inclui ‘acesso’, podemos entender que se trata da acessibilidade. Sabemos que o lazer deveria ser direito de todos, contudo esse ramo do entretenimento é elitista, visto que a localização dos cinemas (em sua maioria) está em shoppings, capitais... A população que mora em cidades interioranas e partes periféricas não têm a disponibilidade nem de transporte e, menos ainda, financeira”, disse Lourdes, em entrevista ao LeiaJá.

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O professor Felipe Rodrigues alerta que o tema não deve ser considerado como difícil, mas sim diferente e inesperado. “A proposta textual trouxe uma avaliação da cultura e acesso à 7° arte, onde o aluno pode criticar os problemas que a não pluralização do acesso ao cinema, abruptamente, pode trazer. Desses, a estratificação social, assim como, a acessibilidade audiovisual podem ser contextos abordados, ou seja, atrelados à cultura”, explicou. 

Ainda sobre o texto, as propostas de intervenção, Rodrigues aconselha: “às propostas de intervenção, aos dois problemas citados, podemos  pensar no Projeto de Cinema de Rua, sendo as praças, comunidades e localidades anecúmenas os mais abrangidos; como também, investimento em incentivos à acessibilidade, na formação de instrutores, assim como, na obrigatoriedade das descrições audiovisuais, podendo ser ramificadas às libras, no tocante exibição”, disse.

Já o professor Talles Ribeiro argumenta que um dos debates que pode ser abordado pelos feras é sobre as questões que perpassam as condições sociais. “O tema deste ano do Enem traz à tona um debate riquíssimo sobre as condições que permitem o acesso a esta ferramenta. Porém os desafios para esta democratização vão além de questões culturais. Perpassam por questões sociais, econômicas e até geográficas, quando colocamos a luz da análise as condições que são criadas as salas de cinema pelo país”, disse.

Uma das propostas de intervenção selecionadas pelo docente tem a ver com a garantia “acesso dos grupos socialmente excluídos através do incentivo financeiro do governo à abertura de novas salas nessas áreas naturalmente excluídas”.

Segundo a professora Josicleide Guilhermino, a leitura ao material de apoio fará diferença na construção do texto do estudante para que ele não fuja do foco. “O recorte geográfico e as condições sociais eram possibilidades de tese, visto que, além de o cinema estar localizado em áreas centrais, o que dificulta o acesso das regiões interioranas, periferias e afins; ele ainda é elitista, ou seja, possui custo alto, dificultando o acesso da classe baixa”, disse. 

A proposta de intervenção, de acordo com a professora, “o estudante poderia pensar em como descentralizar o cinema em si, levando a regiões interioranas e como baratear o custo. Mas, não apenas isso, visto que só baratear o custo não garante o acesso da classe baixa, se ela continua vendo aquele espaço como não lhe pertencente. Logo, se faz necessário a mudança de mentalidade, o que perpassa o sistema educacional”.

Confira o vídeo abaixo:

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