Nesta terça-feira (8), comemora-se o Dia do Fotógrafo. A data faz referência à chegada da primeira câmera fotográfica ao Brasil, batizada de Daguerreótipo (1840). O ofício passou por transformações através do tempo. O processo de revelação de um filme fotográfico perdeu espaço para a instantaneidade e a compactação dos cartões de memória. A era digital assumiu o lugar da analógica.
Alguns profissionais desta época, para se manterem na área, precisaram se adaptar aos novos equipamentos e demandas. Fotógrafo há 50 anos, Antônio Lira viveu o apogeu do análogico, a transição para o digital e viu colegas de profissão ficarem no meio do caminho. “Da minha época, poucos continuam na atividade. Muitos porque não conseguiram acompanhar, nem se adaptar a mudança da câmera analógica para a digital. Eu ainda não sei mexer muito nesse equipamento [apontando para uma câmera digital DSLR], mas sigo na fotografia. No entanto não posso negar que, agora, ganho mais dinheiro que antigamente”, pontua Lira.
##RECOMENDA##
Mesmo com o avanço digital, ao que tudo indica, ainda de forma tímida, a fotografia analógica resiste ao tempo por meio de novos adeptos. Para além do pensamento nostálgico e do status quo, esta forma de captação de imagens, seja preto e branco ou colorido, está longe de atingir o obsoleto. Fotografia analógica através do tempo
Para entender um pouco sobre o processo da fotografia analógica até como a conhecemos, preparamos uma linha do tempo com os principais métodos e tranformações fotográficas. Confira:
[@#video#@]
Transformação, adaptação e novo fôlego
Trabalhando há 23 anos com manutenção de equipamentos fotográficos, Jorge Luiz acompanhou as mais diferentes fases da fotografia. “Eu lembro que, antigamente, as lojas de filmes fotográficos, revelação e manutenção viviam lotadas. Parecia um formigueiro de tanta gente que aparecia. Com a transição para a fotografia digital, o movimento caiu muito, algumas lojas fecharam as portas. Hoje, é muito raro aparecer alguém que deseje a manutenção das câmeras analógicas. Aparece, mas na maioria das vezes, é impulsionado pelo público mais jovem, universitários ou alunos de cursos de fotografia”, explica.
Os sócios Hideraldo Almeida e Audilene Soares, há mais de três décadas no ramo de manutenção, relembram o auge da fotografia analógica. “Na época, a gente consertou muita câmera, chegava de caixa. Nós éramos autorizada de algumas marcas. Para se ter uma ideia, a nossa loja tinha três salas de tão grande que era a demanda. Próximo da gente, tinha inúmeros laboratórios de revelação e foi diminuindo drasticamente com a transição para o digital. Na fase de transição, eu resisti muito, porque sabia que teria um declínio muito grande da demanda”, relembra Hideraldo.
Hideraldo e Audilene, sócios. Foto: Elaine Guimarães / LeiaJá
“Muita gente investiu pesado em câmeras e laboratórios de revelação, porque estavam animados com o mercado, que estava crescendo. Mas, com essa mudança, muita gente quebrou ou devolveu as câmeras para não ter prejuízos maiores”, comenta o dono do estabelecimento. Questionados sobre o retorno da fotografia analógica, Audilene e Hideraldo ressaltam que ainda é tímido e que o 'movimento de resistência' é estimulado por cursos, livres ou superior, de fotografia e composto, em sua maioria, por jovens. "Eu tenho recebido muitos equipamentos analógicos de jovens, claro que não se pode comparar ao início dos anos 2000”, pondera Audilene.
“Acredito que não se pode chamar de retorno da fotografia analógica. Talvez, haja uma resistência impulsionada pelos mais jovens que, geralmente, estão nos cursos de fotografia. O retorno não vai existir, não como antes, mas esse tipo de fotografia vai continuar com um outro público, de uma outra forma”, conclui Hideraldo.
*Por Elaine Guimarães.
Conteúdo publicado originalmente no site institucional da UNINASSAU