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O juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro afirmou nesta terça-feira, 4, que foi acertada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir o financiamento privado para campanhas eleitorais. A eleição municipal deste ano foi a primeira englobada pela regra.

"Temos que fazer uma série de elogios ao Supremo Tribunal Federal por uma postura extremamente responsiva a temas contemporâneos, como a decisão muito mencionada os dias pretéritos sobre a proibição da doação de empresas em campanhas eleitorais", disse Moro, conforme vídeo divulgado nesta terça-feira, 4, no Facebook da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) de uma palestra dada mais cedo por Moro em São Paulo.

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Ele também elogiou a decisão do STF de fevereiro, quando permitiu a prisão de condenados em segunda instância, tema que deve voltar ao julgamento da Corte nesta quarta-feira, 5. "Acredito, posso esta enganado, não posso prever, que essa decisão, com todo respeito à minoria vencida no julgado anterior, vai ser mantida", opinou.

Rebatendo críticas à Operação Lava Jato sobre um possível excesso de prisões preventivas antes do julgamento, Moro afirmou que o País está em um momento "excepcional". "Mesmo essa excepcionalidade tem sido ditada nos casos que a concordam dentro dos marcos legais", disse.

Considerada como uma alternativa para "anular" decisão do Supremo Tribunal Federal pelo fim das doações privadas, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita no Senado sobre o tema encontra resistência tanto de integrantes da base quanto da oposição. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá reunir nesta terça-feira (22) lideranças partidárias para discutir sobre a tramitação da PEC, que foi aprovada pela Câmara em julho.

O texto também prevê outras mudanças nas regras eleitorais consideradas polêmicas, como a "janela" para troca de partido, mandato de cinco anos para todos os cargos, fim da reeleição e restrições de acesso de pequenos partidos ao fundo partidário. Pelo regimento do Senado, a matéria deve passar por discussões em comissões temáticas antes de ser votada em plenário em dois turnos. "Considero até que a PEC possa ser discutida, mas ela não vai avançar", afirmou o líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira (CE).

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De parte dos senadores do PT, a ideia é colocar em discussão a PEC para derrotá-la e "enterrar" a discussão em torno do financiamento privado de campanha. Outros líderes da base e de oposição no Senado também consideram que o tema sobre as doações de empresas não avançará na Casa. "É melhor esquecer essa matéria, já houve uma decisão no STF", considerou o líder do PP, senador Benedito de Lira (AL).

No encontro com os líderes convocado por Renan Calheiros para discutir o andamento da PEC, o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO) pretende pedir, porém, que a questão sobre a "janela" para troca de partido tramite separadamente.

Apesar de o clima ser contra o avanço da PEC, o líder do PR, senador Blairo Maggi (MS), ressalta que a decisão do Supremo criou um "vácuo" em torno da questão de financiamento das próximas campanhas. "A decisão dos ministros criou um vácuo porque impediu as doações de empresas, mas não se estabeleceu nenhum critério de financiamento público de campanha", ressaltou.

Em declarações feitas após decisão do STF, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que, mesmo que o Senado consiga aprovar a PEC até outubro, prazo final para mudanças nas regras eleitorais do próximo pleito, haveria meios de o STF derrubar a decisão do Congresso.

Rediscussão

O ministro Gilmar Mendes avaliou, porém, que a Corte ainda precisará discutir a partir de quando a decisão que barrou o financiamento empresarial de campanhas políticas passa a valer. Se não fizer isso, diz, o tribunal irá decretar que "todas as eleições realizadas no Brasil são nulas". Para ele, o STF deve "modular" a decisão, ou seja, fixar a partir de quando a decisão passa a valer. (Colaborou Beatriz Bulla)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), avalia que a Corte ainda precisará discutir a partir de quando a decisão que barrou o financiamento empresarial de campanhas políticas passa a valer. Se não fizer isso, na visão do ministro, o Tribunal irá decretar que "todas as eleições realizadas no Brasil são nulas".

Para Mendes, o Supremo deve "modular" a decisão, ou seja, fixar a partir de quando a decisão passa a valer. Na semana passada, os ministros decidiram "não modular" o tema e apontaram que a decisão já passa a valer nas eleições de 2016. O entendimento do presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, foi de que as eleições passadas já produziram efeitos concretos.

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A proclamação do resultado da forma como foi feita, segundo Gilmar Mendes, "não condiz com a lei". "Essa questão terá que ser reaberta em algum momento para ser esclarecida. (...) Nós não podemos é deixar essa questão em aberto. Não vamos ser nós da Suprema Corte que vamos ficar violando leis", afirmou o ministro.

Na ocasião, quando o plenário do Supremo decidiu que é inconstitucional a doação de empresas a campanhas políticas, Mendes saiu do julgamento antes da discussão sobre a modulação em razão de uma viagem. Para que a decisão passe a valer só para eleições futuras, para o ministro, é exigido que o Tribunal module a decisão - o que exige quórum de oito votos. "Do contrário, nós temos uma eficácia que dizemos ex tunc, a nulidade de tudo que se realizou com base nessa lei. O que significa que todas as eleições realizadas no Brasil são nulas. Por isso é importante que haja segurança jurídica nesse tema", afirmou Gilmar Mendes, nesta segunda-feira, 21, no STF.

O tema pode ser levantado por uma questão de ordem, por um dos integrantes da Corte, ou por meio de embargos de declaração - um recurso que pode ser proposto por uma das partes na ação.

A aprovação da emenda que constitucionaliza as doações privadas aos partidos políticos pode obrigar o PT a voltar atrás na decisão de não receber mais recursos de empresas. Como a emenda ainda precisa ser aprovada em segundo turno na Câmara e passar por aprovação do Senado, dirigentes petistas ouvidos pelo Broadcast Político evitaram ser taxativos, mas admitiram o impacto.

O secretário Nacional de Mobilização do PT, Florisvaldo de Souza, diz que o partido tentará barrar a medida "até o final". "Vamos ter que aguardar, deixar tramitar, tentar barrar até o final. Depois, se tudo for aprovado, o partido vai ter de se reunir para decidir o melhor caminho", afirma. Outro dirigente petista admitiu que o partido teria dificuldades em "nadar sozinho contra a corrente" e pode ser "obrigado" a rever a proibição de doações.

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A emenda aprovada pela Câmara que libera a doação aos partidos e proíbe aos candidatos é oposta à decisão tomada pelo PT. Em abril passado, o Diretório Nacional da sigla decidiu proibir voluntariamente as doações empresariais ao partido. Pela regra, que ainda precisa ser referendada no 5º Congresso do partido marcado para junho, os candidatos ainda poderiam receber recursos privados. A ideia é blindar a legenda em eventuais irregularidades em doações aos candidatos.

Coordenador da Construindo um Novo Brasil, maior corrente do PT, o sindicalista Francisco Rocha da Silva chamou a medida aprovada pela Câmara de "esdrúxula". "O que acabou de ser aprovado joga a responsabilidade total e absoluta em cima das legendas e os candidatos ficam livres para fazerem o que quiserem na campanha", critica Rochinha, ressaltando que não fala apenas da situação do PT.

Rochinha reclama que os partidos serão os encarregados da prestação de contas dos candidatos, mas terão dificuldades no controle da arrecadação. "Como você vai, através do partido, controlar o recebimento de recursos por fora dos candidatos?", questiona, se referindo à possibilidade de prática de caixa dois.

O coordenador da CNB acusou ainda o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "golpe" ao recolocar o financiamento empresarial em discussão em uma "manobra".

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