O Hospital Regional Justino Luz, localizado em Picos, no Piauí investiga se seus funcionários estariam dopando pacientes com covid-19. A atitude se deve a um comunicado, assinado pelo setor de enfermagem, no dia 31 de agosto, que informa que profissionais da seção ministraram doses para que os doentes dormissem por mais tempo, durante o plantão da unidade. A instituição resolveu exonerar as enfermeiras responsáveis pelo comunicado.
Ao UOL, a direção do hospital comunicou que está apurando os fatos para tomar as medidas cabíveis. A informação oficial é a de que as funcionárias foram afastadas porque não respeitaram o fluxo hospitalar, nem teriam repassado as denúncias para a direção antes de desenvolverem o documento, que foi fixado no setor.
##RECOMENDA##"Houveram denúncias dos próprios pacientes conscientes e orientados e de outros profissionais que os pacientes estão sendo dopados durante a noite para que haja um tempo de descanso maior, todos sabem que a divisão de horários para o plantão de 12h é apenas 1h, de acordo com a lei da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]", diz o comunicado.
O texto também insinua que os profissionais estariam ingerindo a comida destinada aos doentes. "Todos os pacientes conscientes e orientados ou em uso de SNG [sonda nasogástrica] ou SNE [sonda nasoenteral] deverão ser estimulados a realizar todas as refeições e que lhes sejam entregues todas as comidas destinadas aos mesmos. A comida do paciente vem destinada a ele, não aos profissionais", coloca o informativo.
Ainda é abordada uma orientação acerca da perda de documentos de pacientes. "Os prontuários devem estar sempre organizados cronologicamente e com todos os exames anexados e caso haja DECLARAÇÃO DE ÓBITO, que esta seja anexada na capa do prontuário, sendo INADMISSÍVEL a perca (sic) de qualquer documento ou do próprio prontuário".
O comunicado é concluído com ameaças de demissões em caso descumprimento das normas elencadas ao longo do texto. Por meio de nota, o hospital informou que nenhum paciente foi prejudicado e, na ausência de uma denúncia formal, "as investigações precisam ser cautelosas, para não expor de forma imprudente os colaboradores supostamente envolvidos."