Tópicos | Eddy Antonini

Um candidato a deputado federal pelo estado de São Paulo está chamando atenção na internet. Estreante nas eleições, o professor Eddy Antonini baseia sua candidatura em propostas direcionadas ao universo dos games. Ele, inclusive, revela que já trabalhou com produção de conteúdo e organização de torneios de eSports.

Até sua maneira de se comunicar com seus prováveis eleitores remonta ao segmento dos jogos eletrônicos. Com um horário na TV escasso, ele realiza jogatinas de games como Mario Kart 8 em seu Twitch seis vezes por semana e aproveita a ocasião para responder perguntas dos internautas.

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Em entrevista ao Portal LeiaJá, o candidato revelou como pretende transformar o eSport em um esporte regulamentado, aumentar a presença dos jogos eletrônicos nas salas de aula e diminuir a tributação dos títulos no País.

LeiaJá: Por que resolveu se candidatar?

Eddy Antonini: Decidi fazê-lo pois senti a falta de uma pessoa, dentre os candidatos, que enxergasse que o videogame é uma obra cultural que pode agir como vetor do aprendizado e do conhecimento para jovens e adultos nas mais variadas esferas da educação.

LJ: Você é envolvido com games desde quando?

EA: Sou gamer desde sempre, mas profissionalmente me encontro há mais de dez anos no mercado de jogos eletrônicos. Já trabalhei com produção de conteúdo e organização de torneios de eSports. Atualmente, sou professor em uma escola técnica em São Paulo onde estabeleci, inclusive, um time de eSport com os alunos.

LJ: Por que acredita que o eSport pode ser considerado um esporte comum?

EA: Porque é uma atividade competitiva e integradora que depende do raciocínio e da habilidade do jogador para que o mesmo obtenha vitória. Essa é uma definição universal bem aceita para o esporte.

Um paralelo que eu sempre costumo fazer é que uma partida de eSport é muito parecida com uma disputa de tiro ao alvo, aquele com armas de fogo. Você não tem o esportista correndo de um lado para o outro ou fazendo um esforço físico maior, mas você tem uma pessoa concentrada e um controle das mãos e do corpo invejáveis. O fato de se usar um equipamento mais tecnológico no processo não tira o mérito esportivo da competição. Ele está ali, no jogo, usando de suas habilidades que vieram com muitas horas de dedicação e treino.

LJ: Por que a regulamentação do eSport no Brasil é necessária?

EA: Porque hoje o eSport, quando em um evento ou torneio, é visto como ação de marketing de um produto. Isso onera o evento, pois o mesmo não conta com a legislação que incentiva o esporte.

Quando o eSport for considerado pela Lei Nacional como esporte, o jogador poderá ter carteira assinada, direitos trabalhistas, deveres e direitos de um esportista. O time o qual ele participa será um time esportivo sob mesma legislação e os eventos contarão com patrocínio e premiação compatível com a do esporte, que é muito maior.

LJ: Na prática, o que os atletas eletrônicos ganhariam com isso?

EA: Além de respeito, os devidos direitos que um esportista tem. Hoje, um jogador contratado por um time não tem como ser devidamente classificado na carteira de trabalho, e muitos trabalham sob contrato de prestação de serviços. Não é a forma ideal, pois este tempo que ele está trabalhando não vai contar, por exemplo, na aposentadoria dele.

Não é só isso. Um esportista trabalha sob uma legislação que permite que ele viaje com seu equipamento sem correr o risco de ser taxado na alfândega quando entrar no País novamente. E, se temos o eSport como esporte, jogadores internacionais têm mais facilidade para entrar no Brasil, o que facilita sermos anfitriões de um campeonato mundial.

LJ: Para você, que País apresenta um cenário ideal para os atletas eletrônicos?

EA: A Coreia do Sul é o exemplo mais conhecido. Lá o esportista eletrônico já é devidamente reconhecido e pode ser bolsista em universidades. Eles fizeram um trabalho muito bom de união da educação e do eSport e agora colhem os frutos com desenvolvimento nacional e times vencedores.

LJ: Você tem alguma proposta em relação aos impostos sobre os jogos eletrônicos no Brasil?

EA: A proposta é colocar o preço dos jogos de console na mesma classificação tributária que os jogos de PC. Nosso jogo de PC tem um preço muito bom, inclusive se comparado com América do Norte, Ásia e Europa. É apenas o caso de mostrar ao Ministério da Fazenda que a tributação atual é equivocada.

Podemos também desenvolver a própria produção nacional, pois contamos com uma população de artistas e desenvolvedores de primeira qualidade que só não aparecem mais na economia porque a mesma não dá valor a eles.

LJ: Como professor, de que forma os jogos eletrônicos podem auxiliar a melhoria da educação do País?

EA: Pelo processo de ludificação. Não se trata apenas de colocar jogos na sala de aula, mas transformar o processo de aprendizagem em um grande jogo, onde o aluno escolhe por qual caminho vai aprender o conteúdo com o auxílio do professor. Uma equipe de desenvolvimento de games, junto com psicólogos e pedagogos poderia criar ferramentas lúdicas para que o jovem de hoje, que é gamer por natureza, se interesse por aprender e saia do ciclo de estudar apenas para passar na prova.

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