A repercussão negativa do decreto que liberou a exploração mineral da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na Amazônia, parece não ter estremecido tanto o governo quanto aparentava, após as inúmeras críticas que a iniciativa recebeu. Apesar do anúncio da revogação dele, horas depois o presidente Michel Temer (PMDB) fez um novo decreto que, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), "clarifica as questões" abordadas pelo antigo.
O novo texto, entretanto, traz algumas salvaguardas previstas pela legislação brasileira, mas não modifica a decisão de tornar a área da Renca aberta para mineradoras privadas. No decreto, fica proibida a exploração apenas nas áreas de unidades de conservação, reservas ambientais estaduais e indígenas dentro da Renca. Além do desmatamento e exploração ilegal.
##RECOMENDA##O texto também prevê a criação de um Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca. O decreto foi publicado na edição extra do Diário Oficial da União dessa segunda-feira (28).
A postura do governo Temer gerou reação da oposição. “Esse governo é tão estelionatário que revoga um decreto, edita outro e mantém tudo como está: a reserva na Amazônia segue à venda”, declarou o líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE).
Para tentar amenizar as críticas, no fim da última semana o ministro Fernando Filho disse que não haveria desmatamento na Amazônia. Nessa segunda, ele admitiu que o novo decreto é "fruto do desdobramento que teve a repercussão" do decreto anterior.