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O Festival de cinema de Cannes, que no domingo anuncia seus prêmios, entra na reta final tendo o filme Inside Llewyn Davis, dos irmãos Coen, como favorito dos críticos para a Palma de Ouro, enquanto os prêmios de interpretação poderão ser atribuídos a atores e atrizes que vivem homossexuais, entre eles Michael Douglas e Matt Damon.

Os corredores do Palácio dos Festivais são cenário de apostas e discussões, mas há consenso entre muitos críticos que, a dois dias da premiação, o filme cheio de humor e melancolia dos Coen, sobre a cena musical em Nova York nos anos 60, e "A Touch of Sin", um corrosivo retrato da China contemporânea do diretor Jia Zhangke, estão entre os melhores.

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O Júri, presidido por Steven Spielberg, integrado pela atriz Nicole Kidman e por grandes diretores, como o romeno Christian Mungiu e o taiwanês Ang Lee, terá visto, entre 16 de maio e sábado, 20 longas-metragens que concorrem à Palma de Ouro.

Após nove dias de exibições, o Festival foi pego de surpresa nesta quinta pelo excelente La vie d'Adèle, do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, que narra o despertar sexual de uma adolescente de 15 anos e sua paixão por uma jovem pintora de cabelos azuis, que poderá conquistar mais de um prêmio, segundo os críticos.

Este longa, que está na disputa pela Palma de Ouro, poderá valer o prêmio de interpretação à jovem Adèle Exarchopoulos, excepcional em seu papel de uma estudante de 15 anos, que descobre a paixão e o desejo quando conhece Emma, vivida pela atriz Léa Seydoux.

O filme possui belas cenas de amor entre as duas mulheres. Mas é a história intensa entre elas e, sobretudo, o magnífico retrato de Adèle, que colocou a obra entre as favoritas.

Os candidatos mais fortes aos prêmios de interpretação são Michael Douglas, que ressuscita o extravagante pianista americano Liberace, com suas perucas, trajes de lamê, candelabros dourados sobre o piano, maquiagem e peles.

Em "Behind the Candelabra", do premiado diretor Steven Soderbergh - que se despediu do cinema com esse filme, "pelo menos por um tempo indefinido" - Matt Damon interpreta Scott Thorson, o jovem amante do pianista.

Em todas as cerimônia de premiação de Cannes sempre há surpresas. Mas seria muito interessante se os intérpretes do filme de Soderbergh - que foi considerado "gay demais" por Hollywood, o que o fez ser produzido pela rede americana HBO - sejam duplamente premiados em Cannes, junto com as atrizes do filme franco-tunisiano que vivem lésbicas, justamente vários dias depois de o casamento gay ter sido legalizado na França.

Outro nome bastante cotado para o prêmio de interpretação é o do ator e cantor guatemalteco Oscar Isaac, que vive o protagonista do filme dos Coen.

Entre os fortes candidatos à Palma de Ouro está também "Le Passé", um drama íntimo do iraniano Asghar Farhadi, com a francesa Bérénice Bejo, que pode valer ao realizador de "A Separação", premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012, o prêmio a melhor diretor.

"Nebraska", um "road movie" em preto e negro de Alexander Payne, que narra a viagem de um idoso e seu filho por paisagens rurais de Estados Unidos para receber um suposto prêmio de loteria de um milhão de dólares, surgiu nesta quinta em Cannes como outro sério candidato aos prêmios de Cannes.

O prêmio da loteria é certamente uma farsa, mas serve para iniciar uma aventura entre pai e filho, que começa no estado de Montana, quando o velho, alcoólatra e com demência senil (Bruce Dern) se propõe a viajar nem que seja a pé para Lincoln, Nebraska, para receber o prêmio.

Um de seus filhos o acompanha e no caminho se torna seu cúmplice.

Na sexta estreia "The Immigrant", de James Gray, com os grandes Marion Cotillard e Joachim Phoenix, e "Michael Kohlhass", uma epopeia histórica do francês Arnaud des Pallières, com o ator dinamarquês Mads Mikkelsen, que ganhou no ano passado o prêmio de interpretação em Cannes por "A Caça"

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Os premiados irmãos Coen, de Onde os Fracos não Têm vez, provocaram os primeiros risos no Festival de Cannes com Inside Llewyn Davis, o filme retrata com humor, mas também com um jeito sombrio, o cenário musical de Greenwilch Village, um bairro boêmio de Nova York no início do anos 60.

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Entre os protagonistas do longa, estava Justin Timberlake, o astro pop americano fez piada dele mesmo na coletiva de imprensa neste domingo(19). "Vocês provavelmente sabem que eu gosto de parecer ridículo no dia a dia, então isso não foi difícil para mim", comentou Justin.

A atriz britânica Carey Mulligan que é a estrela do longa O grande Gatsby, também atua em Inside Llewyn Davis. O filme tenta mostrar como nem sempre o sucesso se deve ao talento, mas, a uma combinação de fatores como estar no lugar certo, na hora certa e conhecer pessoas capazes de ajudar.

Foi a coletiva mais concorrida, a mais disputada do 66.º Festival de Cannes, até agora. Os irmãos Coen conseguiram, de novo. Ethan e Joel estão mostrando aqui seu novo filme, Inside Llewin Davis, sobre a cena musical de Nova York, em 1961, quando as folk songs haviam virado fórmula. Foi neste universo que surgiu um certo Bob Dylan, mas o filme não é sobre ele. Para captar o clima da época, os Coens criam um personagem fictício - Llewin Davis -, que é a soma de vários outros que surgiram na época.

Pode ser que o culto aos Coens seja exagerado, mas em Cannes eles são reis. O público ria alucinadamente na sessão de imprensa de Inside. Nem se dando conta de que a boçalização - a ridicularização - dos personagens virou um recurso fácil que Ethan e Joel repetem, de filme para filme. O efeito no público é imediato e a massa se sente superior aos personagens. Logo de cara há um incidente envolvendo um gato. Na verdade, trata-se - o que ocorre com o gato - de um típico clichê coeniano - e o publico ri, mais uma vez. O gato é essencial, a chave de Inside Llewin Davis? O próprio Joel admitiu na entrevista. Para evitar que o filme ficasse só na recriação da atmosfera, e para que ninguém pudesse dizer que não tem história, Ethan, como sempre o roteirista, criou o tal gato. E, posto que se trata de um road movie, não é mera coincidência que ele se chame... Ulisses.

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Não é de hoje que o fantasma de Homero assombra os Coens - basta lembrar-se de E Aí, Irmão, Cade Você? John Ford era chamado de Homero de Hollywood e em seus filmes dos anos 1950 ele recorria a um grupo folclórico chamado The Sons of Pioneers, exatamente do tipo que os Coens, em nome da modernidade - da pós-modernidade deles - agora querem destruir. Como já debocharam do western tradicional na nova versão de Bravura Indômita, o clássico de Henry Hathaway, talvez exista aí uma vontade programática de atingir o grande Ford.

O francês Arnaud Desplechin, que também está na competição, é muito mais respeitoso com o mestre e, em Jimmy P - Psicanálise de Um Índio da Planície, que se passa no Oeste, após a 2.ª Guerra, cita um dos clássicos do diretor nos anos 1940, A Mocidade de Lincoln, com Henry Fonda como o mito fundador da 'América'.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os multipremiados irmãos Coen provocaram os primeiros sorrisos no Festival de Cannes com "Inside Lleewyn Davis", protagonizado pelo ator e cantor guatemalteco, Oscar Isaac Hernández e pelo americano, Justin Timberlake, que evoca com humor e melancolia a cena musical de Greenwich Village, o bairro boêmio de Nova York, no início dos anos 1960.

Vencedores da Palma de Ouro em 1991 com "Barton Fink" e premiados pela direção em Cannes por "Fargo" (1996) e "O Homem que Não Estava Lá" (2001), Ethan e Joel Coen constroem, com seu estilo original e pessoal, o personagem central do filme, Llewyn Davis.

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Interpretado com brilhantismo por Hernández - nascido na Guatemala há 33 anos, de mãe guatemalteca e pai cubano, mas criado em Miami - Llewyn busca triunfar na cena musical, mas conhece apenas fracassos.

O longa-metragem retrata os anos anteriores à explosão de Bob Dylan. O Village ainda é um centro da boêmia, o momento é marcado pelas canções folk e Llewyn tenta sobreviver como é possível.

Ele dorme no sofá dos amigos, como Jim (Justin Timberlake), e suporta o desprezo da mulher deste, Jean, a excelente atriz britânica Carey Mulligan, de 27 anos e estrela de "O Grande Gatsby", filme de abertura de Cannes. Um momento importante do filme - cômico e ao mesmo tempo sombrio - é uma viagem de carro, de Nova York a Chicago, na qual Llewyn busca a fama e o sucesso.

A viagem acontece no inverno e o motorista do carro é Garret Hedlund - protagonista de "Na Estrada", do brasileiro Walter Salles, exibido ano passado em Cannes -, enquanto no banco traseiro do carro está John Goodman, ator emblemático dos Coen, que interpreta um músico de jazz.

No carro também está um gato, que segundo os diretores é um dos protagonistas do longa-metragem. "Estávamos preocupados que o filme não tivesse um fio condutor, assim encontramos o gato", disse Joel Coen em uma entrevista coletiva neste domingo em Cannes.

Os diretores de "Onde os Fracos Não Têm Vez", premiado com o Oscar de melhor filme, contaram que sempre tiveram interesse pela cena da música folk de Nova York nos anos 60, mas destacaram que tentaram construir um filme sobre um "personagem e sua tortuosa relação com o sucesso", que nem sempre, apontaram, se deve ao talento.

"Acredito que o sucesso ou o fracasso é o resultado de uma combinação de fatores, como estar no lugar certo na hora certa e conhecer as pessoas que importam, que podem catapultar sua carreira", disse Justin Timberlake na concorrida entrevista coletiva.

"Precisa apenas de um minuto, por exemplo, da presença de um crítico do New York Times esta noite", opinou o veterano músico e compositor americano T-Bone Burnett, produtor musical do filme, explicando porque alguns, como Bob Dylan, triunfam e outros são derrotados nas tentativas.

"Nosso personagem não é um poeta como Dylan, é um trabalhador braçal do Queens", disse Joel Coen, na entrevista coletiva, durante a qual elogiou em particular o trabalho "maravilhoso" de Oscar Isaac.

"Este é o melhor filme que vimos até agora em Cannes", disse um crítico do jornal britânico The Guardian, após a exibição para a imprensa do filme. Apesar de não ser o melhor filme dos Coen, o filme representou um toque de humor no Festival de Cannes que até este domingo foi marcado por filmes que tratam da dor e da violência.

 

Tudo quase pronto para que, na quarta-feira (15), Cannes estenda o tapete vermelho e inicie a maratona do seu 66º festival. Existem grandes eventos de cinema no mundo, mas festival maior que o de Cannes, não há. Desde que a seleção foi anunciada, no mês passado, têm proliferado críticas ao diretor artístico Thierry Frémaux. Quais são seus critérios? O que faz com que o Brasil - e a América Latina - estejam tão parcamente representados? O Brasil não tem nenhum longa, em nenhuma mostra. Frémaux fala em qualidade, no equilíbrio entre novos talentos e veteranos, mas a competição, em princípio, parece menos interessante que a seção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que traz novos filmes de autores de ponta.

Um Certo Olhar, que também é uma mostra competitiva, embora não outorgue nem a Palma de Ouro nem a Caméra d'Or (para novos diretores até o segundo filme), terá uma jurada brasileira, a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, e isso - além de alguns curtas -, é o máximo que o Brasil terá em Cannes. Pode ser recalque de excluído, mas só para citar um exemplo, o Faroeste Caboclo, de René Sampaio, já concluído (e que estreia dia 30), não faria feio em nenhuma mostra. Até poderia deixar a Croisette aureolado como cult.

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Atrações não vão faltar. O júri da Palma de Ouro, o principal, será presidido por Steven Spielberg. Durante os 12 dias do evento, pouco importa quem está no Eliseu - o Palácio do Planalto deles. M. le Président, neste período e com toda pompa e circunstância, é sempre o presidente do júri de Cannes. As próprias críticas à mostra competitiva precisam ser relativizadas. Afinal, grandes nomes estarão na disputa da Palma. Confira na lista - Arnaud Desplechin, Asghar Farhadi, James Gray, Jia Zhang-ke, Hirokazu Kore-eda, Takashi Miike, Paolo Sorrentino, Roman Polanski, Abdellatif Kechiche, Nicolas Winding Refn, os irmãos Coen. Na mostra Un Certain Regard, Claire Denis, Sofia Coppola, Hany Abu-Assad.

A curiosidade é que, nas mostras que compõem a seleção oficial, Cannes vai mostrar filmes de atrizes que estão estreando (Valeria Golino) ou perseveram na direção (Valeria Bruni-Tedeschi). Haverá uma homenagem a Jerry Lewis, outra a Stanley Kubrick, seguida da master class do ator Malcolm McDowell, de A Laranja Mecânica. Como todo ano, Cannes Classics exibe versões restauradas de filmes clássicos. A lista de 2013 inclui a Cleópatra de Joseph L. Mankiewicz; Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais; Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Démy; Charulata, de Satyajit Ray; Tarde de Outono, de Yasujiro Ozu; O Deserto dos Tártaros, de Valerio Zurlini; Lucky Luciano, de Francesco Rosi; Um Corpo Que Cai, de Alfred Hitchcock; e O Grande Vigarista, de Ted Kotcheff.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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