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Soteropolitano, com 31 anos de idade, Fabrício Boliveira estreou no cinema no ano de 2005, com o longa A Máquina. Na TV, ele apareceu em 2006, na novela gobal Sinhá Moça. Sua estreia como ator, no entanto, foi em cima dos palcos foi em 2002, no espetáculo Capitães de Areia.
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Em entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá, ele conta os desafios que passou para dar vida ao icônico personagem João de Santo Cristo no longa Faroeste Caboclo, declara sua paixão pela Legião Urbana e afirma: "O filme fala um pouquinho da gente. Dá pra rir, chorar e, principalmente, refletir".
Como você se sentiu ao receber o convite para atuar em Faroeste Caboclo?
Claro que eu pensei na responsabilidade que é fazer um personagem desse, mítico, que todo mundo tem uma ideia, uma imagem sobre a história e sobre ele também. Mas eu me senti provocado, sabia que era um desafio. Eu me sentia preparado como profissional também, pela experiência que eu tenho com meu trabalho e pela experiência que eu tenho como ser humano, para poder contar essa história como resposta, e como artista também dar um retorno social. Então foi grande a felicidade em poder trabalhar com a obra do Renato Russo. Dialogar com o meu trabalho, com o grande artista, que eu acredito muito, foi de grande prazer.
Como se deu a composição do personagem?
O João é um personagem super complexo. Eu pesquisei em várias vertentes, mas o essencial para entender nessa música qual era a questão primeira e tentar suprir as expectativas através disso. Eu trabalho também com uma equipe de diversos fãs de Renato Russo, então eu pude beber deles aquilo que desejavam para esse João, como eles o imaginavam. E, de verdade, eu acredito que esse João já existia dentro todos nós os brasileiros, independente da cor que ele tenha, da situação financeira que ele tem, de onde ele tenha vindo, é a nossa formação como pátria, como país, então de algum jeito a gente dialoga com esse João e eu soube ler e enquadrar o personagem para achar o que tinha de semelhança dentro das possibilidades que existiam.
Qual o maior desafio para viver João de Santo Cristo?
Um desafio, que é até engraçado, é que eu tive que perder dez quilos, então eu peguei pesado por um mês e meio para poder ficar com um corpinho de garoto, mais magro e mais ágil. Mas acho que o desafio maior era poder dialogar com essas pessoas sobre uma história que é tão inerente, tão enraizada. A história de um negro, nordestino, do êxodo rural brasileiro, das pessoas que construíram Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, de onde elas vieram, onde elas estão agora. Então eu pude adaptar essa história para os dias de hoje e dialogar e as pessoas verem essa coisa séria, as pessoas do hoje. Para mim essa foi a maior dificuldade e eu tive um ótimo retorno a respeito disso com um papo que a gente teve em Brasília, por que o filme também fala sobre essa cidade, e a gente conversou com moradores das cidades-satélite e eu vi que as pessoas estavam entendendo e sabiam de cada cena o que é que eu queria falar, para mim foi como um "eu cumpri minha função de ator".
Qual a cena mais marcante para você?
Tem duas cenas que eu gosto muito. Uma é quando João tenta bloquear a ignorância do outro, a gente fala sobre preconceitos e intolerância com as diferenças, que é quando ele chega na casa do Jeremias e ele o agride. Ele zera a ignorância do outro e isso é um aprendizado para muita gente também, que é como você não entrar no combate, de quando a intolerância chega no lugar limite, o que é que você faz? Você dá um beijo na boca? Você abraça? Você pega uma arma e mata alguém? Entender quais são essas ações. E a outra cena que eu gosto muito é uma em que o João entra na casa do Jeremias já para se vingar. É uma cena silenciosa, que tem muita tensão, você sabe de onde aquele cara veio, cada olhadinha do personagem quer dizer alguma coisa, eu sinto que as pessoas ficam muito conectadas com o personagem nesse instante.
O que a Legião Urbana representa para você?
Eu adoro a Legião Urbana e para mim, e para todo brasileiro também - e eu amplio por que eu acho que é algo que tem em comum entre a gente -, é que no momento da adolescência, quando a gente tem as primeiras questões com o eu, de criação da sua identidade, com os pais, com Deus, com o mundo, com o destino, Renato Russo e a poesia dele entram nesse instante como válvula de escape para o nosso íntimo, fala de coisas que a gente queria falar. Então, ouvir Renato Russo para mim na adolescência e até hoje como eu ouço, por que eu acho que essas questões não falam só da minha vida, é um estado de extâse. Eu canto muito, eu grito, eu pulo, e durante toda a minha história eu fiz isso.
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