Tópicos | Luis Lacalle Pou

O presidente da República, Jair Bolsonaro, deixou na manhã deste domingo (1º) o Palácio da Alvorada, em direção à Base Aérea de Brasília. Ele embarca às 9 horas para Montevidéu, no Uruguai, onde participa da posse do novo presidente, Luís Lacalle Pou.

Bolsonaro deixou o Alvorada sem falar com a imprensa. A previsão é de que ele retorne a Brasília ainda na noite deste domingo.

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O candidato opositor Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, atingiu nesta quinta-feira (28) uma vantagem definitiva na apuração contra o governista Daniel Martínez no segundo turno, na segunda apuração realizada pelo Tribunal Eleitoral do Uruguai.

A corte ainda não proclamou o presidente, já que é preciso apurar 25% dos circuitos eleitorais, mas vários dirigentes da coalizão governista de esquerda Frente Ampla admitiram a derrota de seu candidato. "Saúdo e felicito o novo presidente da República", publicou no Twitter Gonzalo Reboledo, dirigente da Frente Ampla.

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Martínez ainda não admitiu a derrota. Estima-se que na sexta-feira (29) ou no sábado (30) o tribunal eleitoral termine a contagem definitiva e Lacalle Pou seja proclamado oficialmente presidente eleito. Fonte: Associated Press.

Dias após o primeiro turno no Uruguai, quando Daniel Martínez, da governista Frente Ampla, obteve 39% dos votos e o conservador Luis Lacalle Pou ficou com 29%, forçando o segundo turno, o opositor percebeu que precisava de um plano de longo prazo. Selou uma aliança com o Partido Colorado - o terceiro mais votado, com 12% -, com o Cabildo Abierto - que obteve 11% -, e com os partidos Popular e Independente, ambos com 1%.

Os cinco partidos da coalizão, com ideologias que vão da direita até a centro-esquerda, coordenaram, entre outubro e novembro, ações conjuntas entre seus militantes. Enquanto isso, a Frente Ampla, que agrupa legendas de esquerda, não obteve o apoio de nenhum dos outros dez partidos do Uruguai.

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O resultado desses dois caminhos antagônicos seguidos por Martínez e Lacalle Pou - somado à perda de confiança dos eleitores na coalizão governista em meio ao aumento da criminalidade e à desaceleração do crescimento econômico - foi detectado pelas pesquisas eleitorais.

Na última delas, divulgada três dias antes do segundo turno de domingo, o instituto Cifra previa que Lacalle Pou teria 51,5% dos votos, enquanto Martínez ficaria com 44,5%. A margem de erro era de 3,1 pontos porcentuais.

Após a eleição de domingo, a diferença entre os dois candidatos na votação foi tão pequena que será necessário esperar o Tribunal Eleitoral realizar a recontagem dos votos para anunciar oficialmente o novo presidente. A apuração deu 48,71% dos votos a Lacalle Pou e 47,51% a Martínez.

"A Frente Ampla teve dificuldades para convencer os eleitores de que a continuidade era o caminho certo", disse Gerardo Caetano, professor de história e ciências políticas da Universidade da República, em Montevidéu. "O Uruguai faz parte desse padrão de sociedades irritadas e infelizes que viram um aumento no poder de compra e, em razão desse aumento, começaram a exigir mais", disse Caetano. "As pessoas estão com raiva e se voltaram contra o governo."

Mesmo sem o anúncio oficial, Lacalle Pou tende a ser o novo presidente do Uruguai. A quantidade dos chamados "votos observados" (35.229) - que serão analisados pela Corte Eleitoral - é maior do que a diferença entre os dois candidatos (28.666), mas para Martínez reverter o resultado precisaria que a distribuição fosse diferente da que ocorreu no primeiro turno, quando apenas 27% deles foram para a Frente Ampla. O governista precisaria agora de receber 91% desses votos, que pertencem em geral a eleitores que votaram fora de sua zona eleitoral de origem, especialmente mesários e militares.

Lacalle Pou teria de fazer acordos mais fortes do que os já que conseguiu no Congresso e precisaria construir uma política social com a esquerda.

O resultado apertado de domingo - a eleição foi a mais disputada do país em 25 anos - envia uma mensagem a Lacalle Pou de que é preciso costurar alianças e ceder algum terreno a Martínez, que não ficou tão atrás como mostravam as pesquisas e agora aparece numa posição política de poder de negociação. Resta saber se ele de fato ficará afastado da política, como havia anunciado, ou se fará uma oposição mais atuante.

Lacalle Pou, um advogado de 46 anos, ex-senador do Partido Nacional, foi um crítico feroz do governo de Tabaré Vázquez. Um dos focos de sua campanha foi o aumento da criminalidade, representado pelos 414 homicídios registrados em 2018.

Descendente de uma família de políticos, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995) e de uma ex-senadora, Lacalle Pou foi candidato presidencial nas eleições de 2014, mas foi derrotado no segundo turno justamente por Tabaré. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato opositor à presidência do Uruguai, Luis Lacalle Pou (centro-direita), chega como favorito à eleição deste domingo (24) no Uruguai, o que pode marcar o fim de 15 anos de governos de esquerda no país.

Líder do Partido Nacional, Lacalle Pou obteve menos votos do que seu adversário da situação, o ex-prefeito de Montevidéu Daniel Martínez, no primeiro turno de outubro. Para o segundo, porém, conseguiu compor uma coalizão de partidos liberais, de direita e esquerda socialdemocrata que agora lidera as pesquisas.

As últimas sondagens dão a Lacalle Pou mais de 50% das intenções de voto, enquanto Martínez, da governista Frente Amplo (esquerda), reúne até 44%.

- Um plebiscito para a esquerda -

Para o cientista político Diego Luján, da Universidade da República, a votação equivale a um plebiscito sobre as conquistas da esquerda.

"Quando há um partido que está no governo durante três períodos [desde 2005] com maioria parlamentar (e) podendo levar sua agenda adiante", sem necessidade de acordos com outras siglas políticas, "os resultados são responsabilidade desse partido", afirmou Luján, na entrevista à AFP.

O pesquisador ressaltou que, "em um sistema de partidos institucionalizado" como o do Uruguai, "com atores estáveis que são sempre os mesmos, as pessoas identificam claramente quem é responsável pela gestão de governo. Então, há uma avaliação" de resultados.

Nas eleições de 2014, com uma economia em crescimento e liderado por um de seus líderes históricos - Tabaré Vázquez, primeiro presidente proveniente de um partido de esquerda no Uruguai -, a Frente Ampla derrotou Lacalle Pou. À época, ele buscava a Presidência pela primeira vez.

A avaliação então "jogava a favor" da esquerda, "porque tinha conquistas para exibir", mas "há poucas conquistas neste terceiro governo", estima Luján.

Em seus dois primeiros governos, a coalizão aprovou emblemáticas leis, como a do aborto (2012), casamento entre pessoas do mesmo sexo (2013) e a pioneira legalização da maconha (2013).

- Insegurança e impostos, temas em jogo

No topo das preocupações dos eleitores está a insegurança crescente. Um país considerado seguro no violento contexto latino-americano, o Uruguai registrou um aumento de 45% dos casos de homicídio entre 2017 e 2018, e esta taxa passou de 5,7 para 8,4 a 100.000 habitantes, entre 2005 e 2015, com a esquerda no poder.

Além disso, a economia se encontra estancada, com o desemprego em torno de 9,5%, em meio às queixas pelo custo das tarifas públicas, combustível e pressão tributária entre empresários e comerciantes.

"O Uruguai não aguenta mais impostos", repete o advogado Lacalle Pou, que se comprometeu não apenas a não elevar a carga tributária, como a gerar US$ 900 milhões de poupança no Estado para baixar o persistente déficit fiscal de 4,9% do PIB.

Já Martínez considera que se deve fazer "o impossível" para não subir impostos, mas não descarta a medida.

E, embora fale de renovação, recorrerá à Velha Guarda da Frente Ampla. Já anunciou que o ex-presidente José Mujica (2010-2015), de 84 anos, será seu ministro da Agricultura, e o atual ministro da Economia, Danilo Astori, de 79, seu chanceler.

A decisão gerou atritos em uma campanha que teve dificuldades desde o começo, quando vários nomes propostos para integrar a chapa presidencial com Martínez terminaram descartados, ou rejeitando o convite.

A Frente Ampla também ficou sem parceiros. Embora mantenha uma parcela de 39% do eleitorado e das cadeiras no Parlamento, perdeu suas maiorias. Nenhum partido do arco opositor lhe estendeu a mão para o segundo turno.

"Três períodos consecutivos com maioria parlamentar lhe foram úteis para não depender de outros partidos", mas isso "foi colocando os partidos de oposição atrás de um discurso cada vez mais de mudança e de alternância", inclusive entre formações que estão nos extremos ideológicos, estimou Luján.

Cerca de 2,6 milhões de uruguaios são esperados nas urnas no domingo. O voto é obrigatório no país. Eleito por maioria simples, o próximo presidente assumirá em 1º de março de 2020 para um mandato de cinco anos.

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