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Uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto de Pesquisa UNINASSAU aponta que 72% dos recifenses disseram conhecer homens que batem em mulheres. De acordo com o mesmo levantamento, 54% dos entrevistados do sexo masculino acham que às vezes as mulheres são responsáveis por fazer o homem perder a cabeça e ser agressivo.

Números alarmantes de uma outra pesquisa, divulgada pelo Datafolha em 2017, mostra que 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressões físicas a cada hora. Apesar da Lei Maria da Penha tipificar como crime violência doméstica, divididas em física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, as estatísticas da violência contra as mulheres no Brasil alertam sobre um problema enraizado.

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No Dia da Mulher, no último dia 8 de março, mais de 15 mil pessoas participaram da Marcha das Mulheres, no centro da capital pernambucana. Entre das principais reivindicações do grupo, estão o fim do machismo e da violência de gênero em Pernambuco, a fim de mudar o cenário de práticas consideradas normais que podem resultar na morte de mulheres. 

Embora o machismo seja considerado como uma das principais causas da morte de mulheres brasileiras,  a pesquisa da UNINASSAU revelou que 81% dos homens responderam não se considerarem machistas. Apesar disso, de 34% acham que a mulher deve obediência ao homem. Para a feminista Andrea Gorenstein, isso é reflexo de uma violência masculina naturalizada que precisa ser discutida, porque muitas vezes esbarra em questões geracionais. 

"Pessoas acima dos 50 costumam chamar de machista apenas o homem que proíbe a mulher de sair de casa, de trabalhar, aquele abertamente violento. Eles não enxergam a cantada de rua como o um assédio, por exemplo", disse Gorenstein.

Com o machismo estampado em reality shows da TV aberta brasileira, ou casos de violência de gênero, como a morte da fisioterapeuta Mirella Sena, 28 anos, assassinada por um vizinho no flat onde morava, na Zona Sul do Recife, no início de abril, movimentos feministas, entidades jurídicas e organizações buscam soluções para a problemática. 

Na última quarta-feira (19), uma campanha foi lançada para alertar a sociedade sobre necessidade de enfrentar o machismo, o feminicídio e de denunciar os casos de violência no estado. A iniciativa promete a divulgação de material educativo em TV, internet, rádio e nas mídias sociais. 

Gorenstein alerta que no que tange à mulher, o homem entende como uma "esfera" na qual ele tem liberdade para reagir com violência porque a cultura machista lhe dá salvo-conduto. "O domínio do lar é um campo no qual ele não precisa reprimir seus impulsos, porque a violência contra a mulher é socialmente aceita - e, quando é enxergada como um mal, certamente estará no campo do mal menor".

Para ela, responsabilizar a mulher por violência doméstica é uma faceta cultural misógina. "O trabalho de desconstruir o machismo é longo e os índices de violência contra a mulher, notadamente em Pernambuco, dão conta de ainda precisaremos de gerações para erradicar essa herança cultural", concluiu.

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