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Para quem está cansado das constantes notificações de grupos de WhatsApp, existem algumas provas de que eles podem ser muito úteis e ir além de figurinhas engraçadas - dependendo, claro, dos contatos de cada um. Foi uma mensagem no aplicativo que deu início a uma das maiores mobilizações para acelerar o tratamento dos primeiros casos graves de Covid-19 no Brasil.

A Magnamed - do empresário Wataru Ueda - precisava de ajuda para ampliar a fabricação de respiradores para atender à demanda e dar mais chance de sobrevivência aos pacientes graves que se avolumavam em hospitais despreparados para a pandemia. E foi graças a um "zap" que ela conseguiu fazer isso com velocidade, após um recado de socorro enviado por Ueda ao grupo dos formandos de 1982 do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP).

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Esse networking garantiu que o telefone do empresário tocasse com uma oferta de auxílio. Do outro lado da linha estava seu colega de curso, Walter Schalka, que comanda a produtora de celulose Suzano desde 2013. A ajuda foi o primeiro passo para que a Magnamed conseguisse aumentar rapidamente sua produção.

E não parou por aí. Depois, outro colega, dessa vez da fabricante aeronáutica Embraer, ofereceu apoio. E a rede foi crescendo, permitindo que a companhia, fundada em 2005, pudesse atender à elevadíssima demanda por respiradores, no pior momento da pandemia, numa parceria inédita entre empresas do setor privado.

O apoio apareceu de várias formas. A Suzano, grande exportadora brasileira, ajudou a trazer as matérias-primas necessárias para a produção dos respiradores, em um momento em que a logística e comércio globais enfrentavam dificuldades. Isso deu fôlego à companhia, cujas vendas em 2020 se concentraram nas diversas esferas governamentais.

EXPANSÃO

Com esse aumento repentino da demanda, o negócio se multiplicou. Depois de ter atingido um faturamento recorde no ano passado, de R$ 340 milhões (7,5 vezes a receita de 2019), a produção agora começa a caminhar num ritmo mais normalizado, com o alívio na crise sanitária propiciado pelo alto porcentual de brasileiros vacinados. Para este ano a projeção é fechar em R$ 150 milhões de faturamento, passando a crescer 25% anualmente a partir de 2022, chegando a R$ 350 milhões em 2026.

Com o ritmo de vendas retornando à normalidade, a Magnamed já estabeleceu seu planejamento estratégico pós-pandemia: reforçar sua atuação no mercado externo. "Hoje o Brasil representa apenas 1% do mercado externo de respiradores, há espaço para crescermos", diz Ueda.

A Magnamed foi fundada por Ueda ao lado de outros dois engenheiros, Tatsuo Suzuki e Toru Kinjo. O primeiro aporte recebido pela companhia foi em 2008, quando ela ainda estava em seu estágio inicial, foi pelo fundo Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES). Nessa época, a companhia ainda estava incubada no Cietec, polo de startups da Escola Politécnica da USP. Em 2015, recebeu sua segunda injeção de capital, desta vez do fundo de impacto social Vox Capital. Somados, Criatec e Vox têm 54% da companhia.

Além de proporcionar o capital necessário para que o negócio emplacar, a presença desses fundos na empresa, segundo Ueda, ajudou na governança - como a implantação de um conselho de administração, algo que foi importante na hora de tomada de decisões no calor da pandemia.

NOVA LINHA

Um dos produtos que Ueda acredita que será um trunfo na internacionalização é uma nova linha de ventiladores pulmonares com fonte própria de ar comprimido. Na prática, esse tipo de respirador exige menos investimentos, evitando a necessidade de ter uma rede de ar comprimido hospitalar - algo que pode ser uma saída para diversas regiões de renda mais baixa, evitando colapsos como a que ocorreu em Manaus, no início de 2021.

Com produtos como esse, a Magnamed quer arrecadar até 80% de suas receita com exportações - contra os 20% de vendas externas que a empresa contabiliza hoje. Para dar conta desse salto, a empresa está colocando os pés lá fora: no momento, está construindo uma fábrica nos Estados Unidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Saúde assinou, na terça-feira (7), o primeiro contrato para fabricar respirador em larga escala no país. A previsão é que sejam entregues 6,5 mil aparelhos até agosto sendo duas mil unidades no primeiro mês.

A Magnamed, responsável pelo projeto, vai utilizar a capacidade de produção em larga escala da montadora internacional Flex, especializada no mercado de telecomunicações e tecnologia.

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O governo também negocia um contrato com a multinacional Vyaire, segundo o jornal O Globo. A empresa é dona da Intermed e tem uma fábrica de ventiladores em Cotia, no interior de São Paulo.

O contrato é superior a R$ 350 milhões e abrange mais de um modelo de respiradores, cujo mais barato custa R$ 50 mil.

O Ministério da Saúde já havia comunicado os principais fornecedores de respiradores do país que toda a produção seria revertida para o governo federal. Essas fábricas, entretanto, precisam de parceiros para multiplicar a capacidade de entrega.

Com a assinatura do contrato, o governo federal busca reduzir a dependência do produto importado da China. Na terça-feira (7), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que havia reservado R$ 1 bilhão para a compra de respiradores no Brasil e outro R$ 1 bilhão para a importação da China. Com a disputa internacional por esses equipamentos, as remessas de 15 mil respiradores chineses não é garantida.

Outras empresas além da Magnamed e da Vyaire se disponibilizaram a produzir respiradores, mas ainda enfrentam dificuldades. A WEG, que fabrica equipamentos elétricos em Santa Catarina, fez acordo de transferência de tecnologia para produzir 500 respiradores, mas depende da chegada de peças importadas. A expectativa é que os aparelhos fiquem prontos após a segunda quinzena de maio.

A Whirlpool anunciou o interesse em produzir esses equipamentos, mas aguarda projeto que está em fase de testes pela Coppe/UFRJ.

Uma ação do Sesi/Senai, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Poli/USP e uma rede solidária de indústrias vão consertar 3,6 mil respiradores do SUS. Até a terça-feira, 599 respiradores haviam sido enviados para reparos em 19 estados e 37 já estão voltando aos hospitais de origem. O Brasil contabiliza 61 mil respiradores, sendo 43 mil pertencentes ao SUS.

 

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