Tópicos | Marco Archer

Seis cartões de memória, transportados para fora do presídio pela mulher de um companheiro de cela, são o material bruto que permite reconstruir os últimos dias de Marco Archer Cardoso Moreira, instrutor de asa-delta carioca executado na Indonésia, em 2015, aos 53 anos.

Condenado à morte depois de entrar no país com 13,4 quilos de cocaína escondidos no tubo da asa-delta, Archer gravou imagens com uma câmera digital. Por três anos, o material foi enviado ao cineasta Marcos Prado, de Estamira e Paraísos Artificiais. O resultado é o documentário Curumim, que será lançado dia 11, no Festival do Rio. A informação foi revelada pelo O Globo.

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"Esses são dois terroristas islâmicos", aponta Archer para um homem encapuzado e outro de touca. "O quarto é dividido com dois terroristas e um assassino, que já executou dez pessoas." Archer ficou 11 anos preso na Indonésia. Registrou cenas do seu cotidiano na Penitenciária de Cilacap, na Ilha de Java. Mostrou as quadras de esporte do presídio, a rotina de orações de presos muçulmanos e fotos de mulheres que mantinha ao lado da cama - a tenista Maria Sharapova e a atriz Charlize Teron. Também tinha imagens dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que pediram clemência para o brasileiro, em vão.

Cadeia

O filme evidencia o esquema de corrupção no presídio indonésio. A legislação, que pune o tráfico com a morte, contrasta com o ambiente da cadeia, onde guardas fornecem drogas aos detentos. Os presos também têm acesso a celular e outros equipamentos - como a câmera digital usada por Archer, com a desculpa de que enviaria vídeos para a mãe.

Filho de uma família de classe média da zona sul carioca, Archer se descrevia como "fio desencapado". Na adolescência, foi expulso 14 vezes de colégios. Surfava e voava de asa-delta. Em 1978, ao voltar da Colômbia, traficou pela primeira vez. Passou a fornecer drogas a jovens ricos. A venda dos 13 quilos de cocaína em Bali o deixaria "bem pelo resto da vida". Foi pego ao desembarcar.

A decisão de fazer o filme partiu de Archer - ele convidou Prado, a quem conhecera na juventude, quando era chamado de Curumim. "Ele não queria ser lembrado só como o primeiro brasileiro a ser executado por um pelotão de fuzilamento. Ele tinha uma história importante para contar", diz Prado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidenta Dilma Rousseff telefonou para o presidente da Indonésia, Joko Widodo, na manhã desta sexta-feira (16), para apelar em favor dos cidadãos brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt Gularte, condenados à morte pela Justiça da Indonésia e na iminência de serem executados. A clemência, no entanto, foi negada.

Em nota, divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, Dilma disse “ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros e respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário”. Ela também afirmou que “como chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias”. “A presidenta recordou que o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade brasileira”, dizia o documento.

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Apesar do pedido, o presidente Widodo disse “que não poderia comutar a sentença de Marco Archer, pois todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal”. Diante da resposta, Dilma lamentou “profundamente a decisão do presidente Widodo de levar adiante a execução do brasileiro Marcos Archer, que vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão negativa para a relação bilateral”.

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, informou que o governo brasileiro convocou duas vezes o embaixador da Indonésia no Brasil para transmitir o desejo da presidenta Dilma de conversar com Widodo. O primeiro pedido foi feito há cerca de uma semana.  “Não houve sensibilidade por parte do governo da Indonésia para o pedido de clemência do governo brasileiro. Tanto em relação a Archer, quanto a Goularte”.

O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, está preso na Indonésia desde 2003, condenado por tráfico de drogas. Ele pode ser o primeiro brasileiro executado por crime no exterior.  A execução de Marco Archer está marcada para a meia-noite de domingo (18) – 15h de sábado (17) pelo horário de Brasília -, junto com outras cinco pessoas. Garcia disse ainda que esperar “que um milagre possa resolver essa situação”.

Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, de 42 anos, também está no corredor da morte na Indonésia, por tentar entrar no país, em julho de 2004, com seis quilos de cocaína escondidos em uma prancha de surfe.

De acordo com as leis da Indonésia, a única forma de reverter uma sentença de morte é o presidente do país aceitar um pedido de clemência. A primeira vez que o governo brasileiro pediu clemência para Archer foi em marco de 2005, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com informações da Agência Brasil.

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