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O lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que um homem identificado como 'Ricardo Dias' foi a seu escritório 'por duas ou três vezes' e teria levado R$ 300 mil. Em depoimento no dia 11 de setembro à Polícia Federal, Pascowitch afirmou que 'Ricardo Dias' seria ligado à diretoria financeira do PT.

"Junto ao seu escritório em São Paulo na Avenida Faria Lima compareceu por duas ou três vezes a pessoa de Ricardo Dias o qual seria ligado à diretoria financeira do PT segundo recorda, e teria levado R$ 300 mil em cada oportunidade", declarou o lobista.

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O PT comunicou que 'nunca' teve funcionário chamado 'Ricardo Dias'. Os investigadores da Lava Jato não descartam a hipótese de que 'Ricardo Dias' faça parte de alguma estrutura de arrecadação de campanha vinculado ao partido.

No mesmo depoimento, Milton Pascowitch relata que entre o final de 2009 e o início de 2011, o repasse em espécie feito ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto chegou a R$ 10 milhões. O lobista declarou que também fez transferências por meio de doações oficiais ao Diretório Nacional do PT por parte da empreiteira Engevix, apontada pelos investigadores como parte do grupo de empresas que cartelizaram contratos da Petrobrás entre 2004 e 2014.

Segundo o delator, as doações foram concentradas no período das eleições de 2010. "O controle desses repasses era feito pelo declarante e por João Vaccari."

Em junho deste, o lobista começou a contar o que sabe sobre o esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Em troca da delação, Pascowitch deixou a Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR), base da Lava Jato, após 39 dias preso.

Milton Pascowitch foi o pivô da deflagração da Operação Pixuleco, 17ª fase da Lava Jato, que levou à prisão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula), em 3 de agosto deste ano.

"O Partido dos Trabalhadores nunca teve um funcionário com o nome citado. E ressalta que todas as doações recebidas pelo partido foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.", disse o partido em nota.

Mesmo com sessão fechada e restrita aos membros da CPI da Petrobras, o delator da Operação Lava Milton Pascowitch manteve a decisão de permanecer em silêncio, segundo relato de deputados.

A reunião foi fechada após questão de ordem apresentada pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que questionou a orientação da defesa de Pascowitch. O parlamentar alegou que, se a delação premiada já foi homologada pela Justiça, o delator tinha obrigação de falar aos parlamentares sob risco de perder os benefícios do instituto legal.

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O delator da Operação Lava Jato Milton Pascowitch informou à CPI da Petrobras que ficará em silêncio em seu depoimento. Para pressioná-lo a falar, a comissão decidiu fechar a reunião sob o argumento de que, se insistir em ficar calado, ele poderá perder os benefícios da delação premiada. "Na minha colaboração, existe uma condição que me impõe esse sigilo até mesmo na CPI. Mesmo que se transforme em reunião fechada, permanecerei em silêncio", explicou o delator.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fez uma questão de ordem apontando que se a delação premiada já foi homologada, Pascowitch precisa depor. O parlamentar disse que o delator corre o risco de perder os benefícios da colaboração premiada se não falar aos deputados, uma vez que para a Justiça ele já renunciou ao direito de ficar calado.

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Se ainda assim Pascowitch mantiver o silêncio, as perguntas dos parlamentares serão registradas e ficará oficializado que o depoente não se pronunciou na CPI. Assim, os deputados poderão encaminhar à Justiça a solicitação de perdimento da delação premiada.

PT e PSOL votaram contra o fechamento da reunião.

O operador de propinas Milton Pascowitch afirmou em sua delação premiada que José Dirceu - preso desde segunda-feira (3) pela Operação Pixuleco - participou de uma reunião em sua casa, no Rio, em que participaram ele, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e Roberto Marques, o Bob, que era braço direito do ex-ministro.

"Se discutia a necessidade de que alguém intercedesse junto ao diretor (da Petrobras) José Eduardo Dutra para que fossem licitados novos contratos de terceirização de mão de obra", afirmou Pascowitch, em depoimento prestado ao Ministério Público Federal. O encontro teria ocorrido em 2013, quando Dirceu estava às vésperas de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão.

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Duque havia deixado a Petrobras e atuava como consultor em sua empresa D3TM Consultoria - usada para receber propina, segundo a Lava Jato -, mas ainda exerceria influência na estatal.

Os contratos discutidos no encontro eram da Hope Serviços e da Personal Service, que pagavam propina para o esquema de Dirceu, segundo apontam os procuradores da Lava Jato.

A Hope tem contrato bilionário de terceirização de mão de obra técnica e a Personal de serviços de recepção e limpeza. Segundo Pascowitch, no início da gestão da diretoria de Duque, por volta de 2003, 2004, o grupo político de Dirceu, representado pelo lobista Fernando de Moura, se aproximou da Hope, "estabelecendo um 'relacionamento comercial’" que teria perdurado até o Mensalão.

"Na ocasião do Mensalão, a área política se afastou dessas demandas, tendo sido estabelecido um 'interlocutor', entre as áreas, que no caso foi a pessoa de Julio Camargo", registra o delator. "Antes do Mensalão esse recebimento era feito diretamente dos interessados da área política."

Divisão

"Hope pagava 1,5% do valor bruto constante de planilha com o valor faturado dos contratos, o que significava 3% líquido. A Personal pagava valores fixos mensais, apurados de acordo com cada contrato", informa o MPF no pedido de prisão de Dirceu e dos outros alvos da Pixuleco.

"Esses recursos somavam uma média de R$ 500 mil mensais, alcançando R$ 700 mil a R$ 800 mil." Pascowitch apontou a divisão dos valores: "A Fernando Moura (representante de Dirceu na Petrobras) cabiam R$ 180 mil/mês. Duque recebia uma 'cota' de 40% dos valores ilícitos que restavam depois de deduzida a parcela mensal de R$ 180 mil, o que equivalia a cerca de R$ 280 mil mensais; Dirceu, 30%", informou o delator, que disse ficar com outros "30%".

Pascowitch acrescentou ainda que, após certo momento, "por autorização de Dirceu, Luiz Eduardo (seu irmão) e Roberto Marques passaram a receber R$ 30 mil cada". "Quando havia sobras por parte de Dirceu (quando este não precisava de recursos), elas ficavam com Vaccari."

Representante dos pagamentos das duas empresas a partir de 2008 ou 2009, após o lobista Moura se desentender com Julio Camargo, Pascowitch afirma saber que a Hope teria pago os valores até final de 2013 e que a Personal continuou até ser deflagrada a Lava Jato, em março de 2014.

"Os prazos de contratos haviam sido encerrados, havendo necessidade de nova licitação", explicou o delator, que confirmou ter entregue R$ 10 milhões em propina na sede do PT.

Segundo Pascowitch, "Duque atuava diretamente no direcionamento dos convites em novos procedimentos licitatórios". O delator afirmou que a Hope e a Personal ganharam os novos contratos, mas não soube dizer se os pagamentos voltaram a ocorrer.

Defesa de José Dirceu

Em nota à imprensa, o criminalista Roberto Podval, defensor de Dirceu, classifica como desnecessária e sem fundamento jurídico a prisão preventiva do ex-ministro, decretada pela Justiça Federal do Paraná na segunda-feira, 3, e afirma que irá recorrer da decisão nos próximos dias.

Segundo o advogado Roberto Podval, o ex-ministro cumpre prisão domiciliar e já havia se colocado à disposição da Justiça por diversas vezes para prestar depoimento e esclarecer o trabalho de consultoria prestado às construtoras sob investigação.

"Como já havíamos argumentado no habeas corpus preventivo, José Dirceu não se enquadra em nenhuma das três condições jurídicas necessárias para a decretação de uma prisão preventiva: ele não apresenta risco de fuga, não tem como obstruir o trabalho da Justiça nem tampouco é capaz de manter qualquer suposta atividade criminosa", afirma.

"Mesmo sem entrar no mérito apresentado pelo Ministério Público para justificar a prisão, o argumento da Procuradoria de que Dirceu teria cometido crime desde a época em que era ministro da Casa Civil até o período de sua prisão pela Ação Penal 470 também não tem fundamento porque as atividades da JD Assessoria e Consultoria foram encerradas no ano passado e o meu cliente não tem qualquer contato ou recebeu qualquer recurso do delator Milton Pascowitch."

Roberto Podval alerta para o cálculo equivocado apresentado pela Polícia Federal sobre os supostos recebimentos ilícitos por meio da JDA. O delegado Márcio Anselmo afirmou que o montante chegaria a R$ 39 milhões. "Esse é o total faturado pela empresa em 8 anos de atividade, quando atendeu cerca de 60 clientes de quase 20 setores diferentes da economia", diz Podval. "Não há qualquer razoabilidade imaginar que os pagamentos de multinacionais de diversos setores da indústria teriam relação com o suposto esquema criminoso na Petrobras."

Desde 2006, a JDA foi contratada por empresas como a Ambev, Hypermarcas, Grupo ABC, Telefonica, EMS, além dos empresários Carlos Slim e Gustavo Cisneros. Todos, quando procurados pela imprensa, confirmaram a contratação do ex-ministro para orientação de negócios no exterior ou consultoria política.

"Querem apontar a JDA como uma empresa de fachada, o que é muito inconsistente", completa Roberto Podval. "O ex-ministro sempre teve profundo reconhecimento internacional e desenvolveu importantes laços de relacionamento com destacadas figuras públicas ao longo de toda sua trajetória e militância política. Esse era o ativo e o valor de José Dirceu como consultor, sem que nunca fosse exigido dele, por parte dos clientes, o envio de relatórios ou qualquer outro tipo de comprovação dos serviços prestados."

A defesa do ex-ministro reitera que o trabalho de consultoria nunca teve qualquer relação com contratos da Petrobras e que Dirceu sempre trabalhou para ajudar as construtoras na abertura de novos negócios no exterior, em especial em países como Peru, Cuba, Venezuela e Portugal.

Defesa de João Vaccari Neto

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso reagiu enfaticamente aos termos da delação de Milton Pascowitch, que afirmou ter entregue propina em dinheiro vivo para o ex-tesoureiro do PT. Pascowitch disse que pagou R$ 10 milhões em espécie na sede do PT, em São Paulo. Vaccari está preso em Curitiba, base da Lava Jato, desde abril de 2015.

"Não procede qualquer afirmação, nem desse delator nem de qualquer outro, de que o sr. Vaccari tenha recebido qualquer quantia em espécie. Na verdade, cumprindo sua função de tesoureiro do PT, o sr.Vaccari sempre solicitou doações legais ao partido", declara D’Urso.

O advogado afirmou que todas as doações solicitadas pelo ex-tesoureiro "foram invariavelmente realizadas por depósitos bancários, com o respectivo recibo".

"De tudo foi prestado contas às autoridades competentes", declarou Luiz D’Urso. "Vale lembrar, mais uma vez, que palavra de delator não é prova. E que até hoje nenhuma palavra que acuse o sr. Vaccari nas várias delações foi objeto de comprovação."

Defesa do Partido dos Trabalhadores

"O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção. Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral."

Defesa da Hope

"A Hope informa que sempre colaborou e continuará colaborando com as autoridades. A empresa tem certeza de que, ao final das apurações, tudo será esclarecido."

O delator Milton Pascowitch, peça crucial da Operação Pixuleco - 17.º capítulo da Lava Jato que prendeu o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) -, declarou à Polícia Federal que uma propina de R$ 532,7 mil paga em espécie para o PT teve origem nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA). O dinheiro, segundo Pascowitch, saiu da empreiteira Engevix e entregue por ele ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, 'aproximadamente em novembro de 2011'.

O sócio da Engevix Engenharia Gerson de Mello Almada já havia revelado em depoimento dia 6 de abril de 2025 à Polícia Federal que Pascowitch recebeu R$ 2,2 milhões por ter feito lobby para contratação da empreiteira nas obras de Belo Monte. Pascowitch afirmou ter pago outros R$ 10 milhões em propina viva na sede do PT em São Paulo, valor oriundo de contratos da Petrobras.

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Sobre os R$ 10 milhões, o delator disse que 'em duas ocasiões houve entrega para uma portadora de Vaccari, Márcia'. Segundo Pascowitch, os valores repassados ao ex-tesoureiro do PT eram devolvidos à Jamp Engenheiros por contratos de prestação de serviços que não foram realizados com a Engevix. "Pagamento semelhante teria ocorrido, ressaiu Milton, quanto à obra de Belo Monte", diz relatório do Ministério Público Federal. "Neste caso, a Engevix teria repassado R$ 532.765,05, os quais foram entregues pelo colaborador a Vaccari, em espécie, na sede do PT em São Paulo, aproximadamente em 11/2011."

Defesa

 

O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção. "Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral", diz Rui Falcão, presidente nacional da sigla.

O criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso reagiu enfaticamente aos termos da delação de Milton Pascowitch, que afirmou ter entregue propina em dinheiro vivo para o ex-tesoureiro do PT. Pascowitch disse que pagou R$ 10 milhões em espécie na sede do PT, em São Paulo. Vaccari está preso em Curitiba, base da Lava Jato, desde abril de 2015.

"Não procede qualquer afirmação, nem desse delator nem de qualquer outro, de que o sr. Vaccari tenha recebido qualquer quantia em espécie. Na verdade, cumprindo sua função de tesoureiro do PT, o sr.Vaccari sempre solicitou doações legais ao partido", declara D'Urso.

O advogado afirmou que todas as doações solicitadas pelo ex-tesoureiro "foram invariavelmente realizadas por depósitos bancários, com o respectivo recibo".

"De tudo foi prestado contas às autoridades competentes", declarou Luiz D'Urso. "Vale lembrar, mais uma vez, que palavra de delator não é prova. E que até hoje nenhuma palavra que acuse o sr. Vaccari nas várias delações foi objeto de comprovação."

O lobista Milton Pascowitch afirmou, em sua delação premiada, que fez pagamentos de R$ 10 milhões, em espécie, na sede do PT em São Paulo. Segundo ele, este valor saiu de um total de R$ 14 milhões em propinas sobre contrato de obras de cascos replicantes na Petrobras.

As informações constam do pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu (Governo Lula) feito pelo Ministério Público Federal. Dirceu foi preso nesta segunda-feira, 3, em Brasília, onde já cumpria prisão domiciliar como condenado do mensalão.

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"A respeito dos pagamentos a (João) Vaccari (Neto, ex-tesoureiro do PT), Milton ressaiu que os repasses ocorriam para o próprio Vaccari ou ao PT, em espécie e via doações legais, sendo que cabia a (Gérson) Almada (ex-vice-presidente da Engevix) como os repasses seriam feitos. A propina em razão do contrato dos cascos replicantes somou, afirmou Milton, cerca de R$ 14 milhões, entregues ao longo de 2009 até 2011?, diz o pedido de prisão da Procuradoria da República.

"Destes recursos, ressaiu o colaborador, foram feitos pagamentos da ordem de R$ 10 milhões em espécie na sede do PT em São Paulo. Informou o colaborador que em duas ocasiões houve entrega para uma portadora de Vaccari, Márcia. Segundo Milton, os valores repassados a Vaccari eram devolvidos à Jamp (empresa de Pascowitch) por contratos de prestação de serviços que não foram realizados com a Engevix. Pagamento semelhante teria ocorrido, ressaiu Milton, quanto à obra de Belo Monte (também alvo da Lava Jato). Neste caso, a Engevix teria repassado R$ 532.765,05, os quais foram entregues pelo colaborador a Vaccari, em espécie, na sede do PT em São Paulo, aproximadamente em 11/2011."

Um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, Pascowitch é acusado de ter operado propina, em nome da Engevix na Diretoria de Serviços da estatal, elo com o PT. Pascowitch teve a prisão preventiva transformada em regime domiciliar, após ter firmado acordo de colaboração.

Investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal. Nele, empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos - sob o comando de PT, PMDB e PP.

Gérson Almada admitiu, em interrogatório judicial, a existência de pagamentos pela Engevix em contratos na Diretoria de Serviços da Petrobras. O executivo revelou que os pagamentos começaram em torno de 2003 e 2004, a partir do contrato para as obras do Gasoduto Cacimbas, e que tal ocorria para garantir que a empresa "continuasse trabalhando" e também para "manter um relacionamento com o partido", no caso, o PT.

"O elo da Engevix com a Diretoria de Serviços e com o PT era Milton", afirma o Ministério Público Federal. "O valor dos repasses, afirmou Almada, variavam de 0,5% a 1% do valor dos contratos. Almada apontou vários contratos em razão dos quais houve os pagamentos, dentre eles, Cacimbas, Cacimbas II, Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) e Refinaria Presidente Bernardes - Cubatão (RPBC)", afirma o documento do Ministério Público.

Ainda segundo a Procuradoria da República, o empresário Gérson Almada mencionou contrato para construção dos cascos de oito plataformas replicantes de perfuração do pré-sal (tipo FPSOs), no Estaleiro de Rio Grande/RS, e contrato para construção de navios-sondas para a Sete Brasil, também destinados à extração de petróleo do pré-sal.

"Afirmou Almada que, para os pagamentos, foram celebrados contratos de prestação de serviços de "assessoria" da Engevix com a JAMP Engenheiros. Almada afirmou que outra forma de fazer os pagamentos era por meio de doações eleitorais ao PT, por solicitação de Milton, Vaccari e Paulo Ferreira", sustenta a Procuradoria.

"Embora Almada tenha sustentado que os serviços teriam sido prestado a título de lobby e não ter conhecimento dos destinatários dos valores, à época, se iriam para políticos ou dirigentes da Petrobras, há provas de que ele tinha ciência de que os pagamentos consistiam em propina, conforme sustentado pelo MPF nos memoriais finais da ação penal a que responde Almada, e que os contratos com a Jamp eram ideologicamente falsos, servindo de mero artifício para o repasse da vantagem ilícita, da mesma forma que o eram (artifício para o repasse das propinas) as doações eleitorais. Aliás, Milton asseverou que Gérson Almada tinha conhecimento de que os pagamentos constituíam propinas, o que podia ser inferido pelos próprios termos dos contratos da Engevix com a Jamp."

O PT ainda não se manifestou sobre a acusação do lobista Milton Pascowitch. Desde o início da Lava Jato, o partido tem reiterado que todas as doações arrecadadas têm origem lícita.

Propina de R$ 1,3 milhão pagou reforma na casa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/governo Lula), em condomínio de luxo no município de Vinhedo, interior de São Paulo. A informação consta da delação premiada do lobista Milton Pascowitch, alvo da Lava Jato. O relato do delator teve peso decisivo no decreto de prisão de Dirceu, alvo maior da Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato.

Pascowitch disse que contratou a arquiteta Daniela Fachini no final de 2012 e início de 2013.

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Leia o trecho do depoimento do lobista Pascowitch que fala da reforma da casa de José Dirceu:

"QUE também no contexto de contrapartida a JOSÉ DIRCEU, no final de 2012, início de 2013, o declarante contratou a arquiteta DANIELA FACHINI para fazer a reforma de uma casa vizinha à casa de JOSÉ DIRCEU em Vinhedo/SP, para transformá-la em escritório e moradia que ele utilizaria como seu endereço; que a casa objeto da reforma está em nome da TGS CONSULTORIA E ASSESSORIA EM ADMINISTRAÇÃO LTDA., uma empresa de JULIO CESAR DOS SANTOS, sócio minoritário da JD; QUE a arquiteta DANIELA foi a responsável pela reforma, contratando subempreiteiros e fornecedores, e os valores referentes à reforma foram pagos a ela com transferência de recursos da conta do JOSÉ ADOLFO para a conta pessoal dela, oficializadas por meio de uma doação de R$ 1.300.000,00, declarada no Imposto de Renda; QUE a origem dos recursos utilizados em tais reformas se davam no contexto de contrapartida pelo contrato de CABIMBAS II, bem como dos contratos da HOPE e PERSONAL cujas quantias o declarante eventualmente represava; QUE acredita que RENATO DUQUE não tinha conhecimento detalhado dos recursos repassados por meio das reformas, mas que tinha conhecimento que os valores beneficiavam o grupo do JOSÉ DIRCEU; QUE acredita, contudo, que RENATO DUQUE tinha conhecimento que o declarante foi o financiador da reforma do apartamento de São Paulo/SP, especificamente [...]; QUE a arquiteta DANIELA também tinha conhecimento de que a casa de Vinhedo/SP pertencia a JOSÉ DIRCEU; QUE o declarante financiou integralmente ambas as reformas (…)"

A delação do lobista Milton Pascowitch é o ponto crucial da Operação Pixuleco, a 17.ª etapa da investigação que levou para a prisão da Lava Jato o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/governo Lula). Ele declarou que intermediou propinas a José Dirceu de outras empresas, como a Hope Recursos Humanos e a Personal.

A Hope fornece mão de obra técnica terceirizada à Petrobras. A empresa pagaria propinas, segundo Pascowitch, também a Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e às pessoas responsáveis pela indicação deste ao cargo, especificamente José Dirceu e "associados deste".

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Pascowitch relatou que a empreiteira Engevix realizou "diversos pagamentos ao Partido dos Trabalhadores através de João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), por meio de doações oficiais e doações não registradas, estas em espécie".

O lobista Milton Pascowitch - novo delator da Operação Lava Jato - aumentou seu patrimônio de R$ 574 mil, em 2003, para R$ 28 milhões, em 2013 - durante os três primeiros anos de governo do PT. É o que mostra relatório da Receita Federal que destacou o aumento de 50 vezes do patrimônio inicial no período.

Pascowitch é acusado de operar propina para a empreiteira Engevix no esquema de corrupção e cartel na Petrobras. Seus elos com o PT e o ex-ministro José Dirceu são peças centrais da delação que ele acaba de fechar com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Nos termos, o lobista confessou que pagou propina a Dirceu em forma de falsas consultorias e reformas de imóveis.

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"Chama a atenção a evolução patrimonial do contribuinte que no ano-calendário 2003 tinha um patrimônio de R$ 574.160,74 e alcançou o montante de R$ 28.252.751,43 no ano-calendário 2013?, registra relatório da Receita Federal, nos autos da Lava Jato.

"Essa evolução de aproximadamente 50 vezes o patrimônio inicial teria sido respaldada, segundo declaração do contribuinte, por rendimentos isentos", completa relatório da Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação da Receita.

Preso desde maio, Pascowitch fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria. Em troca de sua confissão e do apontamento de novos fatos para as investigações, ele busca benefícios de redução de pena. Nesta segunda-feira, 29, o lobista deixou a Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR), base da Lava Jato, após 39 dias preso.

Dirceu

Uma das empresas de Pascowitch, a Jamp Engenheiros Associados, declarou ter pago R$ 1,4 milhão para a empresa do ex-ministro, entre 2011 e 2012, por supostas consultorias prestadas para a Engevix, no exterior. Os pagamentos pelos serviços começaram em 2008, quando a empreiteira iniciou os depósitos. Foram outros R$ 1,2 milhão transferidos até 2010.

No início, o delator afirma que o ex-ministro efetivamente prestou consultoria e ajudou a Engevix na prospecção de negócios, fora do Brasil. No final, os pagamentos eram propina, revelou Pascowitch.

Ouvido pela PF, um dos sócios da Engevix Gerson de Mello Almada disse desconhecer a relação comercial entre a Jamp e a JD Assessoria e Consultoria, em nome da empreiteira. Almada afirmou ainda ser Pascowitch o responsável por indicar na Engevix quem eram os candidatos do PT que receberiam doações da empreiteira.

A maior parte dos rendimentos de Pascowitch vieram da Jamp. A Receita destacou "o alto valor de rendimentos isentos e não tributáveis que são provenientes de lucros e dividendos das empresas Jamp Engenheiros Associados, M2J Consultores Empresariais e Irpas Empreendimentos Comerciais".

Entre 2004 e 2013, a Jamp recebeu da Engevix o total de R$ 78 milhões. A empreiteira é uma das acusadas de cartel e corrupção na Petrobras, no esquema que desviava de 1% a 3% em contratos da estatal para partidos, políticos e agentes públicos.

Em sua delação premiada, fechada em Curitiba com procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Pascowitch afirmou que parte dos valores recebidos por ele da empreiteira eram referentes a propina. Outra parte, seria por serviços efetivamente prestados, como projetos e consultorias.

Elos do PT

 

Pascowitch relacionou os pagamentos de propina a Dirceu ao esquema de corrupção na Petrobras envolvendo um cartel de empreiteiras, entre elas a Engevix, que pagava propinas de 1% a 3% dos contratos da estatal para políticos e partidos.

O esquema era mantido por meio de diretores da estatal indicados pelo PT, PMDB e PP. Entre eles, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque (2003-2012), indicado por Dirceu. O ex-ministro nega a indicação. Duque está preso, por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A Jamp pagou não só os R$ 1,4 milhão para a JD Assessoria, de Dirceu, como pagou R$ 800 mil para a empresa de consultoria aberta em 2013 por Duque após ele deixar a estatal, a D3TM. O ex-diretor nega irregularidades.

O criminalista Theo Dias, que defende Pascowitch, informou que "por dever legal de sigilo, não pretende se manifestar sobre as notícias relacionadas a seu cliente".

A assessoria do ex-ministro sustenta que "não teve acesso aos termos e ao conteúdo da delação premiada do empresário Milton Pascowitch e, portanto, não tem como emitir opinião a respeito".

O criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, afirma que o ex-vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, que também assinou acordo de delação premiada, "confirmou à Justiça a contratação dos serviços do ex-ministro no exterior".

O lobista Milton Pascowitch - novo delator da Operação Lava Jato - afirmou que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil, no governo Lula) cobrou propina da empreiteira Engevix Engenharia e usou os valores para tentar reconstruir sua imagem pública, em meio ao processo do mensalão. Parte dos valores teria sido oculta em pagamentos de falsas consultorias e em reformas de imóveis.

O julgamento da Ação Penal 470, histórico processo do mensalão, provocou pesado desgaste no ex-ministro mais poderoso do governo Lula. Acusado e condenado por corrupção, Dirceu ficou praticamente isolado no próprio partido que ajudou a fundar.

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Dono da Jamp Engenheiros Associados, empresa que pagou R$ 1,45 milhão para Dirceu entre 2011 e 2012 por supostas consultorias prestadas para a Engevix, Milton Pascowitch revelou que o ex-ministro iniciou o recebimento de valores da empreiteira por serviços efetivamente prestados de consultoria e prospecção de negócios fora do Brasil.

A JD Assessoria e Consultoria, empresa usada pelo ex-ministro para consultorias e palestras após sua saída do governo, recebeu ao todo R$ 2,6 milhões entre 2008 e 2012, segundo declaração feita à Receita. Os pagamentos saíram da Engevix (R$ 1,2 milhão entre 2008 e 2010) e pela empresa do lobista, Jamp (R$ 1,4 milhão, entre 2011 e 2012).

Posteriormente, os pagamentos continuaram sem a efetiva contraprestação de serviços. Principal personagem do escândalo do mensalão - processo iniciado em 2006 e concluído pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2013 -, Dirceu teria passado do recebimento por serviços prestados, mas não efetivados, para pedidos pontuais de pagamentos que eram de propina.

Parte do dinheiro teria servido para pagamentos de viagens do ex-ministro. Após 39 dias preso, Pascowitch foi transferido para regime de prisão domiciliar na segunda-feira, 29, após fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Em troca de sua confissão e do apontamento de novos fatos para as investigações, Pascowitch busca benefícios em sua sentença.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, homologou a colaboração e autorizou prisão domiciliar para Pascowitch, monitorado com tornozeleira eletrônica - a exemplo de alguns dos principais empreiteiros do País também alvos da investigação sobre corrupção e cartel na Petrobras.

Segundo avaliação de integrantes da força-tarefa da Lava Jato, as revelações de Pascowitch são importantes para definir as próximas linhas da investigação sobre a atuação do ex-ministro no esquema de cartel e corrupção na Petrobras e o uso de consultorias para ocultar pagamentos de propina.

Ao todo, a JD declarou R$ 29 milhões de rendimentos entre 2006 e 2013 por serviços prestados. Desse total, R$ 8 milhões (cerca de 20% do faturamento da consultoria) foram pagos por empreiteiras acusadas na Lava Jato por pagarem propinas de 1% a 3% dos contratos com a Petrobras para políticos e partidos.

O esquema era mantido por meio de diretores da estatal indicados pelo PT, PMDB e PP. Entre eles, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque (2003-2012), indicado por Dirceu. O ex-ministro nega a indicação. Duque está preso, por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Entre as empreiteiras pagadoras estão a Engevix, a Camargo Corrêa e a UTC - duas últimas com delatores. O empreiteiro Ricardo Pessoa, presidente da UTC, disse em delação premiada que pagou R$ 3,2 milhões para a JD. O ex-ministro afirma, por seu advogado, Roberto Podval, que recebeu por 'serviços de consultoria' no exterior, principalmente no Peru.

Outro empresário ouvido pela Polícia Federal que reforçou as suspeitas foi um dos sócios da Engevix, Gerson de Mello Almada, que disse desconhecer a relação comercial entre a Jamp e a JD Assessoria e Consultoria. Almada afirmou, ainda, ser Pascowitch o responsável por indicar na Engevix quem eram os candidatos do PT que receberiam doações da empreiteira.

Pascowitch é suspeito de operar propina para a empreiteira Engevix. Seu elo com o PT e com o ex-ministro Dirceu são peças centrais da delação que ele acaba de fechar com a força-tarefa da Lava Jato.

Os investigadores insistiram, nas audiências com o novo delator, em esmiuçar as relações da empresa de Pascowitch com a JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro em sociedade com um irmão, que é advogado, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. A JD, segundo o criminalista Roberto Podval, defensor de Dirceu, já encerrou suas atividades.

A assessoria do ex-ministro sustenta que "não teve acesso aos termos e ao conteúdo da delação premiada do empresário Milton Pascowitch e, portanto, não tem como emitir opinião a respeito".

A assessoria afirma, ainda, que Dirceu 'não teve qualquer influência na indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras, informação reafirmada pelo próprio Duque em depoimento em juízo e à CPI da Petrobras".

O criminalista Roberto Podval, que defende Dirceu, afirma que o ex-vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, que também assinou acordo de delação premiada, "confirmou à Justiça a contratação dos serviços do ex-ministro no exterior".

"(Almada) foi claro ao afirmar que nunca conversou com José Dirceu sobre contratos da Petrobras ou doações ao PT", destaca Podval.

O criminalista diz que 'todo o faturamento da JD Assessoria e Consultoria para a Engevix e Jamp Engenheiros Associados é resultado de consultoria prestada fora do Brasil, em especial no mercado peruano, onde a construtora abriu sede e passou a disputar contratos depois que contratou o ex-ministro José Dirceu".

O criminalista Theo Dias, que defende Pascowitch, não se manifestou.

O lobista Milton Pascowitch - preso pela Operação Lava Jato - acusado de operar pagamentos de propina no esquema da Petrobras para a empreiteira Engevix Engenheria, foi quem pagou R$ 400 mil do imóvel comprado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em 2012, onde funcionava a sede de sua empresa de consultoria em São Paulo, a JD Assessoria e Consultoria Ltda.

A compra é alvo central do inquérito da Polícia Federal que apura corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo Dirceu, a JD e seu irmão e sócio Luiz Eduardo Oliveira e Silva. Comprado por R$ 1,6 milhão, no ano em que ele começava a ser julgado no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, Dirceu registrou em cartório ter dado R$ 400 mil de recursos próprios no negócio.

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Em relatório de janeiro, a Receita Federal suspeitou da movimentação financeira porque o dinheiro não passou pela conta corrente de Dirceu naquele ano. O documento resultou em inquérito aberto em 30 de janeiro, para apurar corrupção e lavagem de dinheiro na aquisição desse imóveis e de outro, em nome do irmão.

Nesta quarta-feira, 17, pela manhã, o ex-ministro, por meio de sua defesa, apresentou documento no inquérito em que revelou que o valor não pode ser rastreado em sua conta porque o dinheiro foi pago pela Jamp Engenheiros Associados, diretamente para o escritório responsável pela venda do imóvel, na Avenida República do Líbano, em São Paulo.

Em nota enviada ao Estadão na tarde desta quarta-feira, 17, a assessoria de José Dirceu diz: "Como corretamente aponta o relatório da Receita Federal, os R$ 400 mil reais não passaram pelas contas bancárias do ex-ministro nem da JD Assessoria e Consultoria porque foram pagos, como parte do contrato, pela Jamp Engenharia diretamente ao então representante do espólio do imóvel, o escritório de advocacia Leite & Rossetti."

"A operação foi perfeitamente legal", afirma o advogado de defesa do ex-ministro, o experiente criminalista Roberto Podval. "A forma como se deu o pagamento - diretamente para conta de terceiro - estava explicitamente prevista no contrato entre a JD e a JAMP."

Operador

A Jamp pertence a Pascowitch - que está preso em Curitiba - acusado de ser um dos 11 operadores de propina das empresas acusadas de cartel, com elos na Diretoria de Serviços da Petrobras. A área era uma das controladas pelo PT, segundo os processos, por meio do ex-diretor Renato Duque, que teria sido indicado de Dirceu. Eles negam.

A Jamp assinou contrato com a JD em 2011, para pagamento de serviços que Dirceu teria prestado de consultoria internacional para a empreiteira Engevix. Foram pagos R$ 2,6 milhões entre 2008 e 2012 para a JD, de José Dirceu. Desses, R$ 1,4 milhão foram pela Jamp.

Segundo Roberto Podval, a cláusula 11 do contrato estabelecia que "os depósitos poderão ser efetuados em outras contas-correntes de sua titularidade ou, ainda, da titularidade de terceiros que venha indicar, responsabilizando-se isoladamente por estas operações".

"Após o pagamento efetuado pela JAMP diretamente aos proprietários, a JD emitiu respectiva nota fiscal contra a JAMP no valor de R$ 436.449,79, recolhendo os impostos incidentes. Todas as informações já foram encaminhadas e são do conhecimento da Justiça Federal do Paraná."

Investigadores da Lava Jato querem saber mais detalhes dessa negociação. No documento que entrou à Justiça, Dirceu explica que foi contratado pela Engevix em 2008 - data que estão registrados os primeiros pagamentos para a JD. Contrato entregue por sua defesa, no entanto, é de 2010 e retroativo a novembro de 2009.

Os serviços prestados seriam de consultoria em negócios no exterior que não teriam tido relação com a Petrobras. Em 2011, com a saída de Pascowitch da Engevix o ex-ministro revelou que os serviços passaram a ser pagos via Jamp.

O contrato entre a empresa do ex-ministro e a Jamp não especifica a Engevix Engenharia como beneficiária dos serviços de consultoria, é genérico quanto ao objeto contratual e não delimita área de abrangência. Dirceu informou que o contrato de R$ 1,5 milhão assinado em 15 de abril de 2011 pela Jamp e pela JD Assessoria e Consultoria foi referente aos serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.

"A JD Assessoria e Consultoria assinou o contrato com a Jamp em março de 2011 também com o objetivo de prospectar negócios no exterior para a Engevix", informou a nota.

Além de seus contratos em obras de refinarias da Petrobrás, a Engevix obteve contratos bilionários nesse período no setor naval e de obras de plataformas para exploração e produção de petróleo do pré-sal. Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina. O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada - preso desde o dia 14 de novembro de 2014 na Justiça Federal, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de "lobby" o operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobrás.

Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o tesoureiro do partido João Vaccari Neto. Era Pascowitch quem definia na Engevix quais candidatos petistas receberiam doações eleitorais.

O que chamou a atenção dos investigadores foi que Almada admitiu ter contrato as consultorias internacionais da JD, para abrir mercado em Cuba e no Peru, mas diz desconhecer a relação comercial entre Jamp e a empresa do ex-ministro - conforme justificou Dirceu em nota oficial à imprensa.

Duque

A Jamp também esteve ligada a um negócio imobiliário do ex-diretor de Serviços Renato Duque. Foram encontrados na casa do ex-diretor contratos e notas que provam que a empresa de Pascowitch emprestou R$ 730 mil, em 2011, para a construtora do prédio onde Duque passou a ser proprietário de três unidades, pelo valor de R$ 2 milhões, no Rio.

Documento de setembro de 2012 mostra que pelo acerto entre Duque e a Malta Incorporadora, previa que o ex-diretor pagaria diretamente para a Jamp valores referentes aos R$ 730 mil que estavam pendentes referentes a um empréstimo feito entre da empresa de Pascowitch para a incorporadora. O valor a ser pago seria de R$ 815 mil.

Duque também virou consultor, depois que saiu da Petrobrás. Sua empresa, a D3TM Consultoria e Participação, firmou contrato com a Jamp em 2013, no valor de R$ 1,2 milhão. Pelo menos 11 notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil para a D3TM entre maio de 2013 e abril de 2014, quando Duque comunicou que não poderia mais cumprir seu contrato. O documento de encerramento da parceria foi encontrado também.

Além da Jamp, a D3TM de Duque foi contratada também por outras duas empreiteiras do cartel que pagaram a JD, de Dirceu: UTC e OAS.

A Justiça Federal decidiu que os quadros e as esculturas apreendidas na residência do lobista Milton Pascowitch, alvo da Operação Lava Jato, devem permanecer sob guarda do Museu Oscar Niemeyer, no Paraná. A decisão é da juíza Gabriela Hardt, da 13.ª Vara Criminal Federal em Curitiba. Ela negou pedido de Pascowitch, que pretendia reaver o acervo e manter as obras de arte sob custódia em sua própria casa. O lobista indicou como fiel depositária Mara Barbedo Pascowitch. Um irmão dele, José Adolfo, fez o mesmo pedido, também rejeitado.

As esculturas e os quadros foram apreendidos pela Polícia Federal no mesmo dia da prisão de Milton Pascowitch. A PF quer que as obras fiquem sob proteção provisória do Oscar Niemeyer. Os investigadores suspeitam que obras de arte são comumente usadas para lavagem de dinheiro de origem ilícita.

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A juíza apontou para provas de que os irmãos Pascowitch, enquanto sócios da empresa Jamp Engenheiros, "teriam participado do esquema de fraude a licitações e corrupção desvelado no âmbito da Petrobras, atuando como intermediadores de propina".

Milton e José Adolfo teriam intermediado pagamentos ilícitos 'oriundos de contratos milionários firmados com a Petrobrás'. "É provável que as obras apreendidas tenham sido adquiridas com produto de crimes, estando sujeitas, portanto, ao confisco em eventual processo e condenação criminal", destacou Gabriela Hardt. "Ainda que assim não seja, poderão servir para eventual indenização da vítima."

Contratada por várias empreiteiras investigadas na Lava Jato e apontada como empresa de fachada pela força-tarefa da operação, a Jamp Engenheiros Associados, de Milton Pascowitch e seu irmão José Adolfo Pascowitch, recebeu R$ 80,5 milhões, entre 2003 e 2004, da Engevix - empresa na mira da grande investigação por suspeita de pagamento de propinas a diretores da estatal petrolífera.

O volume de recursos movimentado e a falta de informações sobre a estrutura da Jamp levantaram suspeitas da força-tarefa da Lava Jato e motivaram o pedido de prisão de Milton Pascowitch, detido na 13ª fase da operação, em maio.

A juíza da 13.ª Vara Criminal Federal decidiu que é "inviável devolvê-las (as obras de arte) aos investigados, Milton porquanto preso, e porque é possível que se trate de produto de crime, sendo evidente o risco de dissipação dada a mobilidade de obras de artes".

"Inviável igualmente mantê-las com a Polícia Federal que não tem condições de conservá-las adequadamente."

Para Gabriela Hardt, "a entrega (dos quadros e esculturas) e depósito no Museu Oscar Niemeyer afiguram-se bastante apropriados".

"Lá as obras ficarão guardadas e será garantida a sua conservação", assinalou a juíza. Ela indicou como fiel depositário das obras o diretor administrativo e financeiro do museu, Cristiano Augusto Solis de Figueiredo Morrissy.

O empresário Gérson de Mello Almada, um dos sócios da Engevix Engenharia, declarou à Polícia Federal que fez doações 'oficiais' a partidos políticos ou candidatos a pedido do lobista Milton Pascowitch, preso na semana passada na 13ª fase da Operação Lava Jato.

"Políticos ou candidatos de várias esferas compareciam à empresa a fim de pedir recursos para campanha, sendo a maior parte desses pleitos negada", registrou Almada, em depoimento no dia 24 de março à Polícia Federal. "No caso de pleitos oriundos do PT, a situação era encaminhada a pessoa de Milton Pascowitch a quem competia examinar se tal candidato deveria ou não receber algum auxílio financeiro."

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Pascowitch é um dos 11 operadores de propina acusados de ligação com a Diretoria de Serviços da Petrobras, no esquema de corrupção e cartel desbaratado pela Lava Jato. Ele seria um dos elos do então diretor, Renato Duque, braço do PT no esquema que arrecadava para partidos e políticos de 1% a 3% nos contratos de obras de refinarias da estatal, a partir de 2004.

Dono da Jamp Engenheiros Associados - empresa usada para intermediar contratos do cartel na estatal e receber propina, segundo depoimentos -, Pascowitch é o elo mais visível que a força-tarefa da Lava Jato tem de um membro de alto cargo no PT com o esquema. A Jamp e a Engevix pagaram entre 2008 e 2012 um total de R$ 2,6 milhões para o ex-ministro José Dirceu, via empresa JD Assessoria e Consultoria.

No depoimento prestado à PF no dia 24 de março e tornado público na última semana, o sócio da Engevix afirmou que certa vez participou de uma reunião com Pascowitch e o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que também está preso, em Curitiba. Ele será transferido da Custódia da PF para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na manhã desta terça-feira (26).

Em 2014, a Engenvix Engenharia doou ao todo R$ 3 milhões a candidatos. Desse montante, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registra que R$ 1,5 milhão foram para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Outros R$ 4,6 milhões foram doados via diretórios e comitês, sendo que o Diretório Nacional do PT recebeu R$ 3,6 milhões.

Posteriormente, Almada diz que "papel semelhante" ao executado por Pascowitch em relação à distribuição de recursos da empreiteira para políticos, via doações, passou a ser desempenhado por Alberto Youssef - o doleiro, peça central da Lava Jato.

"Entretanto de forma diferente, eis que o mesmo procurou a Engevix com um discurso de que evitaria que a empresa tivesse problemas perante a Diretoria de Abastecimento, então ocupada por Paulo Roberto Costa", afirmou Almada.

Costa e Youssef eram responsáveis pela propina arrecadada pelo PP, no esquema de indicações políticas na Petrobras. O PMDB era o terceiro partido que controlava o esquema, à frente da Diretoria de Internacional.

No encontro que teve com Pascowitch e o ex-tesoureiro do PT, segundo Almada, Vaccari teria dito que 'apreciava muito o trabalho da Engevix'. Naquela oportunidade, disse o empresário, Vaccari não solicitou "nenhum valor, embora posteriormente Pascowitch o procurou para negociar doações oficiais ao PT".

Almada disse ainda que "não era compelido a realizar essas doações, as quais eram destinadas a outros partidos também". Ele disse que entendia que deveria fazer as doações "por ser uma prática do sistema eleitoral brasileiro".

Propina - Almada disse nunca ter tomado conhecimento de pagamentos feitos por Pascowitch a funcionário da Petrobras ou a qualquer agente publico. "Embora presumisse que isso pudesse estar ocorrendo." O que ele chama de "comissão" referente a "lobby", é para a força-tarefa da Lava Jato "propina".

"O serviço de Milton Pascowitch proporcionaria a Engevix ser convidada para obras de seu interesse junto a Petrobras, a obtenção de informações e agilização de aditivos em relação a estatal e o acompanhamento de obras", contou Almada.

O sócio da Engevix explicou à PF que "a remuneração de Milton Pascowitch era feito por meio de contratos de lobby com a empresa Jamp, na ordem de 0,5% a 1% dos contratos junto a Petrobras".

Amigo de golfe - O sócio da Engevix afirmou que conheceu Pascowitch por volta de 2003 ou 2004 - após esse fazer o gerenciamento e a supervisão de obras da empreiteira em escolas e casas populares. "Perguntou se não gostaria de incrementar o relacionamento da Engevix com a Petrobras", contou Almada.

Foi quando Milton teria dito a ele que "essa aproximação se daria por meio da Diretoria de Serviços, na época ocupada por Renato Duque". Segundo Pascowitch teria afirmado, a amizade foi feita através de Pedro Barusco - ex-gerente de Engenharia e então braço direito de Duque -, com quem ele "jogava golfe".

Barusco, delator da Lava Jato, entregou dados sobre duas contas em nome de empresas offshore a MJP International Group e a Farallon Investing Ltd.) que teriam sido usadas por Pascowitch para pagamentos de propina na Diretoria de Serviços da Petrobras, que também teriam abastecido o PT, via Vaccari.

 

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