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A Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj exibe uma mostra dos vídeos vencedores do V Concurso de Videoarte, promovido em 2011 pela instituição. As obras que fazem parte da mostra são dos artistas Regina Parra e Marcelo Coutinho. A exposição acontece até o dia 28 de abril com exibição de vídeos em diferentes salas da galeria Vicente do Rego Monteiro. Os vídeos foram escolhidos por uma comissão formada por Angela Prysthon, Kleber Mendonça Filho e Moacir dos Anjos.

Em 7.536 passos (uma geografia da proximidade), vídeo de Regina Parra, a artista paulistana registra no filme seu percurso, no qual anda da região central de São Paulo até algum lugar da região leste, munida apenas de um rádio ligado. No caminho, uma espécie de engajamento afetivo, as mudanças graduais na paisagem paulistana são perceptíveis: modificações econômicas, sociais e políticas.

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Já em Soarsso, o pernambucano Marcelo Coutinho busca expressar (provocando reações a partir de objetos, instalações ou imagens construídas) o que em palavras conhecidas não é suficiente. O vídeo é composto por cenas em que não são claras as razões ou desdobramentos, mantendo assim o significado de um conceito vago e subjetivo, sendo esse aspecto uma das características da obra.

Serviço



Regina Parra e Marcelo Coutinho



Até 28 de abril | terça a domingo, das 15h às 20h



Galeria Vicente do Rêgo Monteiro, na Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609, Derby)



Gratuito

Curador, substantivo masculino com origem na palavra latina curator, aquele que cuida de algo, um guardião. No mundo das artes, esta palavra designa muito além de um simples cuidador. Ele é uma figura-chave na criação do conceito, montagem e todo o resultado final de uma exposição, por exemplo. Mas você sabe o que é e qual é a real função de um curador?

O estudante Taffarel Bandeira é enfático: "Já ouvi muito esse nome em eventos como exposições de arte, mas não sei se ele é quem organiza, se é responsável pela manutenção do patrimônio, não sei o que ele faz ao certo". Taffarel não é o único a integrar o time dos que não possuem total certeza quanto ao trabalho desta famosa figura de vernissages e mostras artísticas. Isadora Cabral, também estudante, conhece a função, mas mesmo assim tem dúvidas: "Sei que são responsáveis pela organização de exposições de arte. Não sei se é todo tipo de arte", afirma.

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Por outro lado, a arquiteta Orcina Fernandes conhece bem as funções de um curador. Ela, que já participou da organização de um festival alternativo de arte - Avalanche - que ocorre em Vitória (ES) durante os dias 19, 20 e 21 de julho deste ano, explica um pouco o que representa essa figura: "Quando eu penso em curador eu penso em arte... então é alguém que agrupa e administra obras ou bens. Entendo que o trabalho do curador na prática seja isso: garimpar, selecionar e agrupar obras de arte e/ou bens com o fim de expor".

Mas esse garimpador de obras teria uma formação específica? Como ele conseguiu chegar a este posto? O administrador Eduardo Bione acredita que, para chegar até esta função, o profissional precise ter um profundo conhecimento e apreço pelo campo artístico. "Eu imagino que ele seja um profissional da área das artes, ou até mesmo de história da arte. Alguém com bagagem para ocupar o lugar", diz ele. E é justamente deste modo que se começa a formar a figura curatorial, através do acúmulo de conhecimento e pesquisas na área.

Foi assim com o Ph.D. em economia Moacir dos Anjos, que já ocupou o posto de curador da 29ª Bienal de São Paulo, foi co-curador da Bienal do Mercosul, coordenador curatorial do Itaú Cultural Artes Visuais (entre 2001 e 2003) e diretor geral do Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães - MAMAM no Recife. Tudo começou quando ele, que já trabalhava na Fundação Joaquim Nabuco, recebeu um convite para organizar exposições no final dos anos noventa.

“Com a ampliação das atividades da fundação nesse campo da arte contemporânea, eu fui convidado para assumir um cargo numa estrutura mais alargada e resolvi completar essa transição. Foi quando eu comecei a fazer trabalhos não só de pesquisa, mas também de organizar exposições, cursos, e nesse momento foi que me dei conta que eu estava fazendo curadoria. Não tive formação nem intenção de me tornar curador”, conta. E completa: “Eu me tornei curador como uma decorrência natural do meu trabalho de pesquisa e, ainda hoje, é como eu vejo um pouco a minha atividade. A curadoria como um dos desdobramentos possíveis da atividade de pesquisador”.

Para Moacir, o que mais interessa na arte é a capacidade de desafiar convenções e consensos. Consensos que, ainda segundo ele, usamos para organizar nossas vidas e tecer relações que nos ajudam a entender o que está ao nosso redor.  “A arte tem essa potência de abrir fissuras nesses entendimentos muitas vezes enrijecidos”, explica o curador.

Questionado sobre a real importância do curador para a arte, ele responde: “Hoje em dia o curador está presente em tudo que envolve escolhas, seleções. Ele aproxima essas escolhas e, deste modo, as faz significar alguma coisa em um determinado momento. A curadoria está ligada também a essa ação, que articula e integra coisas dispersas no mundo, dando-as significados específicos”.

Ainda segundo ele, as escolhas são feitas de acordo com a agenda do próprio profissional. É através dela que surgem as questões e inquietações que levam à observação e elaboração de um planejamento para dispor visualmente e conceitualmente aquilo que ele deseja mostrar. “(O curador) é responsável pela forma como as obras são exibidas em um determinado espaço, se são exibidas próximas ou distantes uma das outras, se são bem ou mal iluminadas, se são exibidas com, sem ou nenhuma informação suplementar. Tudo isto é papel do curador”, explica Moacir.

E vai além: “Ele é responsável por vários procedimentos, vários protocolos que vão desde a seleção, acondicionamento, transporte, exibição e também o cuidado material e simbólico com as obras com as quais ele trabalha”. Agora que você já conhece um pouco mais sobre a figura do curador, por que não aproveita para ir a um museu ou galeria de arte este final de semana?

A Fundação Joaquim Nabuco, através do Projeto Política da Arte, abre as portas para receber a artista inglesa Melanie Smith, em sua primeira exposição individual em uma instituição brasileira. Melanie traz ao Recife uma compilação de obras criadas a partir de sua visão sobre a Cidade do México, onde mora há 20 anos.

Passeando entre o colorido e o preto e branco, o movimento e a pintura, a inglesa imprime, em cinco vídeos e 12 pinturas, a percepção sobre o espaço que ocupa e de que maneira ele se mantém dinâmico. Segundo o curador da mostra, Moacir dos Anjos, a presença de Melanie no Projeto Política da Arte está em sintonia com a ideia proposta pela iniciativa. “O projeto aborda questões presentes na discussão contemporânea. No caso de Melanie, ela tenta aprender o que significa morar uma megalópole e, a partir disso, pensa em questões com ocupação urbana, que estão na pauta da discussão política e social no Brasil”, explica. Moacir destaca ainda a importância de receber a artista, pela primeira vez, no País. "Ela é pouco conhecida no Brasil, mas tem um trabalho já consolidado internacionalmente", conclui.

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Serviço
Exposição Melanie Smith
2 de outubro a 18 de novembro
Visitação: Terça a domingo, 15h às 20h
Galeria Vicente do Rego Monteiro (Rua Henrique Dias, 609 – Fundaj Derby)

Cineasta, fotógrafo, escritor e artista, o francês Chris Marker tem sua obra em cartaz no Recife até o dia 2 de setemebro, na Galeria Vicente do Rego Moonteiro da Fundação Joaquim Nabuco, no Derby. A exposição faz parte do projeto Política na Arte, realizado pela Fundaj desde 2009.

Com curadoria de Moacir dos Anjos, curador da última Bienal de São Paulo, O Legado da Coruja expõe trabalhos contextualizados com o mundo atual, na medida em que explora a crise europeia, na qual a Grécia se encontra "encurralada", para que se defenda a ideia de comunidade no continente, ao mesmo tempo que valoriza as contribuições deixadas pelo país, sobretudo na cultura ocidental, em áreas como a arte, filosofia, ciências e política.

Chris Marker filmou O Legado da Coruja durante dois anos para a televisão. O cineasta entrevistou 49 pensadores e artistas que discutem conceitos como Simpósio, Democracia, Música, História, Nostalgia, Filosofia, entre outros. A obra estreou em 1989 como uma série de 13 episódios em emissoras de TV da França e Inglaterra, onde também foi mostrada em festivais de cinema e exposições.

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No Brasil, a obra é inédita. O visitante poderá conferir o trabalho do francês em duas salas na Fundaj. Uma foi reservada para a projeção dos vídeos, que serão exibidos em conjunto. A série completa tem 5h30 de duração. Para acompanhar todo o documentário, é aconselhável que o público frequente a mostra várias vezes até setembro.  No outro espaço, documentações em textos de jornais, revistas, mapas, vídeos e livros propõem um abiente de pesquisa e debate.

Serviço
O Legado da Coruja de Chris Marker
Até 2 de setembro, de terça a domingo, das 14h30 às 20h
Galeria Vicente do Rego Monteiro - Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609 Derby)
Gratuito
Informações: 3073 6714

O universo das crianças (também) destinado a adultos. Nesta quinta-feira (8), às 19h, a Galeria Vicente do Rego Monteiro sedia a abertura da exposição coletiva "Infância", de Nan Goldin, Cao Guimarães e Paula Trope. Com curadoria de Moacir dos Anjos, a mostra é formada por fotografias dos artistas Nan Goldin e Cao Guimarães, além do vídeo "Contos de Passagem", de Paula Trope.

Todas as obras dos artistas retratam a temática da infância, entendida como um período onde várias possibilidades de vida convergem (e competem) para se formar um futuro, ainda incerto, devido à tenra idade.

"Pela primeira vez, foi possível avizinhar obras que trazem a ideia de infância. Os três artistas se reúnem em torno da política da arte, cada um com sua singularidade, mas todos com o mesmo foco, o despojamento das imagens, sempre prezando pela espontaneidade do cotidiano das crianças. ‘Infância’ traz o questionamento sobre as convenções da vida. É a arte trazendo um discurso político, de maneira sublime", disse Moacir dos Anjos.

"Infância" faz parte do Projeto Política da Arte, programa de ações da Coordenação de Artes Visuais da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco, e permanece em cartaz até 12 de maio.

Serviço:

Mostra coletiva "Infância" - de Nan Goldin, Cao Guimarães e Paula Trope
Na Galeria Vicente do Rego Monteiro - Fundaj/Derby
De 9 de março à 12 de maio, terça à domingo, das 9 às 20h
Agendamento para escolas, grupos e atualização de professores: (81) 3073-6682
Informações: (81) 3073-6692 | 3073-6691

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