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O movimento artístico que ficou conhecido como Tropicália completa 50 anos este mês. A apresentação das músicas Alegria, Alegria e Domingo no Parque, em 21 de outubro de 1967, durante a final do III Festival Record, marcaram o início de uma série de experimentações que levaram a uma nova forma de compreender a música brasileira. Essas inovações estéticas continuaram nos discos seguintes dos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso e na obra coletiva Tropicália ou Panis Et Circencis, o disco manifesto lançado no ano seguinte às apresentações no Festival da Record.

>>> Confira o especial da Agência Brasil - Tropicália, 50 anos: A história do movimento que marcou a cultura nacional

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O clima tropicalista contagiou o Brasil e a efervescência se estendeu até dezembro de 1968, quando Caetano e Gil foram presos e, meses depois, obrigados a sair do país e irem para o exílio. A ditadura militar (1964-1985) acabava de iniciar sua fase mais dura, com Ato Institucional (AI) 5. A repressão não deixou passar o trabalho dos tropicalistas que, naquele momento, tinham sua máxima expressão em um programa semanal exibido na TV Tupi, emissora extinta no ano de 1980.

O pesquisador Frederico Coelho, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e especialista em Tropicália, relembra o que foi o movimento e a obra. Veja vídeo:

Nova MPB

No momento em que a Tropicália surgiu, o cenário musical do país tinha como principais expressões as canções politizadas e de protesto dos artistas da chamada Música Popular Brasileira (MPB) e o pop da Jovem Guarda, liderada por Roberto Carlos e seu iê-iê-iê, que mimetizava Beatles e Rolling Stones. Era o auge da ditadura militar.

A radicalização política no país também se expressava na música: de um lado os admiradores das canções de protesto, do outro, os fãs do iê-iê-iê. “Os tropicalistas buscavam justamente uma cena que fosse um pouco mais aberta, com menos preconceitos e mais liberdade de criação”, destacou em entrevista à Agência Brasil o escritor Carlos Calado, autor do livro Tropicália: história de uma revolução musical.

A Tropicália representou uma renovação no cenário musical do país ao investir em ritmos como o baião, bolero, marcha, música caipira, incluindo na mistura o pop e o rock. “A Tropicália era muito mais um ponto de vista crítico sobre a cena da música brasileira, sobre o repertório da música brasileira, do que propriamente uma maneira de se fazer música. Não existia uma forma tropicalista, na verdade os tropicalistas buscaram várias formas”, explica Calado.

Passados 50 anos do movimento, o autor considera que o disco Tropicália ou Panis et Circensis representa hoje seu principal legado por permanecer moderno e desafiador. “É um disco que não envelhece. Praticamente se tornou um clássico que você pode ouvir a qualquer momento e ainda se surpreender de alguma maneira”.

Para o poeta e compositor Salgado Maranhão, a Tropicália foi fruto de um momento do país e teve o papel de abrir caminhos e possibilidades no campo artístico. “A Tropicália nos deu uma modernidade e uma ousadia que não tínhamos”.

O também poeta e compositor Antônio Cícero destaca que o mais interessante no tropicalismo foi o fato de ser um movimento de vanguarda para a música popular. “Foi através da Tropicália que eu rompi com essa separação radical entre a cultura erudita e a cultura popular. Foi muito importante para o Brasil, representou a liberação de todas as possibilidades para a música brasileira”.

Estudantes que ocupam os centros de ensino da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desde o início do mês passado contra a PEC do Teto dos Gastos, realizam nesse sábado (19) o #CulturaOcupaUFPE, a partir das 14h. A programação cultural conta com apresentações de música, teatro, cinema, contação de histórias, exposições, oficinas e conversa sobre acontecimentos atuais no Brasil como as ocupações estudantis e a reforma do ensino médio. As atividades serão realizadas no estacionamento - em frente ao Centro de Artes e Comunicação (CAC) -, e o evento será aberto ao público para adultos e crianças.

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O Ocupa Cultura UFPE é uma iniciativa conjunta das ocupações estudantis - unificada - dos professores acadêmicos e dos técnicos, na cidade do Recife, para sensibilizar a sociedade contra as medidas adotadas pelo Governo do Michel Temer que resulta na precarização da educação, da saúde e da assistência social. O evento conta com o apoio de grupos artísticos e culturais como o Som da Rural e Matalanamão.

Serviço

#CulturaOcupaUFPE

Avenida Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária

19 de novembro | 14h às 21h

Entrada gratuita

Nesta sexta-feira (30), o Cine Olinda recebe uma intervenção cultural em protesto ao seu fechamento para reforma. O objetivo é estimular debate com a finalidade de apresentar propostas para a sua reativação, através da criação de um comitê gestor compartilhado. Durante o movimento, também haverá feira de arte, videomapping e cerveja artesanal. O acesso a todas as atividades é gratuito.

A programação começa às 17h30, com exibição de curtas infantis seguidos pelo pernambucano ‘Entre Andares’ (2016), documentário de Aline Van Der Linden e Marina Moura Maciel. O filme fala do abandono do edifício e Cinema AIP, no centro do Recife, e o clássico “Blábláblá”, de Andrea Tonacci, em que o ator Paulo Gracindo evoca as contradições e artimanhas do discurso político no ano da instauração do Ato Institucional nº 5.

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Às 19h30, será realizado um debate para falar da reabertura do espaço cultural. A discursão do tema contará com a participação de Kleber Mendonça Filho (Cinema da Fundaj), Marcia Souto (presidente da Fundarpe) e mediação das produtoras e ex-gestoras públicas Isabela Cribari e Carla Francine. Também foram convidados representantes do governo municipal e IPHAN. A iniciativa faz parte do 5º #OcupeCineOlinda, uma ação independente, de caráter político e não-partidário, realizada pelos movimentos #OcupeCineOlinda, #CineRuaPE e Ponto de Cultura Cinema de Animação.

Serviço

5º #OcupeCineOlinda

Sexta-feira (30), às 18h

Cine Olinda (Praça do Carmo – Olinda)

Entrada franca

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