Por meio do Facebook, o Movimento Mulheres no Audiovisual Pernambuco postou uma carta de repúdio direcionada ao curta metragem ‘Embaraço’ (2015), dirigido pelo paulista Fernando Rick e que foi exibido no 10º Festival de Cinema de Triunfo.
“O filme apresenta a história de uma mulher branca, de classe média, que tenta interromper uma gravidez indesejada. Ao longo de toda a narrativa, a construção da personagem se dá através de fetiches relacionados a um perfil psicológico estereotipado e ainda mais a um olhar estigmatizado sobre o corpo da mulher”, diz o primeiro parágrafo da carta.
##RECOMENDA##Ao longo do texto, as principais críticas apontam que o filme busca castigar a protagonista por sua decisão de interromper a gravidez ao mostrar cenas dela definhando enquanto tenta abortar. É citado também que também ocorre a fetichização do seu corpo em alguns momentos, como na abertura, quando ela está transando com um homem cujo rosto não é mostrado, e até mesmo na primeira tentativa de aborto, em que a publicação acusa o diretor de erotizar o copo da mulher durante seu sofrimento.
Além disso, há também o repúdio ao estereótipo na retratação de um homem negro que surge com “características que se assemelham ao universo das religiões de matrizes africanas de forma demonizada, preconceituosa e racista”, segundo o texto.
Assista ao trailer de 'Embaraço':
Em uma entrevista ao site Boca do Inferno, em 2016, Fernando Rick explicou sua visão ao ter a ideia de fazer um filme tratando de um aborto induzido, e se mostrou a favor da causa. “Acho que esse tipo de questão óbvia, não vai ser resolvida tão cedo no nosso país retrógrado onde as pessoas têm saído as ruas pedindo volta da ditadura, fazendo manifestações contra casamento gay, apoiam políticos fascistas e ideias obsoletas. A saúde pública deveria ser o foco do governo, mas ao invés disso, eles preferem por em risco a vida de milhares de mulheres em prol de um fundamentalismo religioso e interesses políticos financeiros”, disse o diretor.
Na mesma entrevista, Rick relatou que já soube de pessoas que passaram mal ao ver algumas cenas do curta-metragem: "Uma garota chegou a desmaiar durante o filme, e deu um bafafá legal lá. [...] O filme mexe muito com as pessoas, principalmente as mulheres. Já aconteceu de garotas assistirem o filme aqui em casa e chorarem, algumas passam mal, etc. Já ouvi de caras que passam mal também".
Leia a carta de repúdio das Mulheres no Audiovisual PE na íntegra:
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