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O Brasil conseguiu uma dobradinha neste sábado no Mundial de Atletismo Paralímpico de Dubai. Petrúcio Ferreira garantiu a medalha de ouro e Thomaz Ruan terminou com a prata nos 400 metros da classe T-47 (amputados membros superiores). O outro brasileiro da prova, Yohansson Nascimento, ficou a 35 centésimos do bronze e terminou na quarta colocação. O Marroquino Ayoub Sadni completou o pódio e estragou a festa tripla.

Apesar da prova não ser sua especialidade, Petrúcio ficou a 18 centésimos do recorde mundial. Ele fez os 400m em 47s87 e a melhor marca da história, que pertence ao australiano Heath Francis, é de 47s69. Na comemoração da vitória, o brasileiro nascido no sertão da Paraíba vestiu um chapéu de couro típico da sua região e dedicou a medalha aos nordestinos.

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"Esse chapéu é um símbolo do nordeste, coloquei na minha mala porque gostaria de dedicar a minha vitória ao povo nordestino. Chapéu de couro, muito usado no sertão, lá em São José do Brejo Cruz, na Paraíba, onde nasci e me criei. Quero representar a garra do povo nordestino, a força do povo nordestino. Em alguns momentos sofri preconceito por ser nordestino e resisti. Hoje eu bato com orgulho no peito e digo que sou nordestino de coração e com orgulho."

Petrúcio, de 22 anos, é o recordista mundial paralímpico dos 100m com o tempo de 10s50. Os 400 metros ele começou a correr nesta temporada, ano em que ele enfrentou muitas dificuldades. Em 2 de janeiro, ele foi pular de um rio em sua cidade enfiou o queixo em uma pedra e estraçalhou o maxilar. Para a reconstrução do rosto, passou por duas cirurgias que lhe renderam oito placas e 35 parafusos. Três meses depois ele voltou a treinar e conseguiu o índice para o Parapan de Lima, onde ficou com o ouro nos 400m e nos 100m.

Entre o retorno aos treinos e a medalha nos jogos peruanos, ele levou outro baque com a morte do primo que vivia em sua cidade, no interior da Paraíba, vítima de leucemia. "Era como um irmão para mim. Sofri muito com isso", disse em lágrimas quando falava ao vivo para o Sportv. A superação veio com muito treino e o resultado agora foi a vaga garantida para os Jogos de Tóquio-2020.

Em segundo lugar, Thomaz é um dos mais jovens da delegação brasileira, com 19 anos. Em sua estreia em mundiais garantiu logo a prata. "Esse ano fiquei longe da minha família. Vim para o CT em São Paulo treinar e graças a Deus deu certo", comemorou.

O Brasil fechou o sábado com essas duas medalhas e se manteve em segundo lugar no quadro geral, com oito pódios no total (quatro ouros, duas pratas e dois bronzes). A China disparou na liderança com 16 medalhas (seis de ouro, seis de prata e quatro de bronze).

A natação do Brasil conquistou mais duas medalhas de ouro no Mundial Paralímpico de Natação, na manhã desta terça-feira. Ítalo Pereira e Ruan Souza triunfaram em suas provas no início do quarto dia de disputas na Piscina Olímpica Francisco Marquez, na Cidade do Mexico - mesmo palco que abrigou a modalidade na Olimpíada de 1968.

O primeiro a assegurar lugar no topo do pódio foi Ítalo Pereira, que faturou o seu primeiro ouro em um Mundial Paralímpico ao vencer a final dos 100 metros costas na categoria S7.

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Medalhista de prata no Mundial de Glasgow, em 2015, o nadador nascido na cidade de Porto Nacional (TO), deu continuidade à série de feitos expressivos que começou a acumular justamente há dois anos, quando também amealhou um ouro e três bronzes no Jogos Parapan-Americano de Toronto, antes de ganhar um bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio-2016.

Foi mais um capítulo da superação de Ítalo Gomes, de apenas 22 anos, que desde os primeiros dias de vida encarou dificuldades. Ele nasceu com mobilidade reduzida devido a uma rubéola congênita e só começou a nadar aos 13 anos de idade. Mas, já com 14, obteve índices para provas nacionais. A carreira como paratleta engrenou rápido e, com apenas 16 anos, disputou os Jogos Paralímpicos de Londres-2012.

Desta vez, Ítalo garantiu o ouro ao terminar a prova em 1min13S77 e superar com folga o argentino Matias de Andrade, segundo colocado com 1min15s39, enquanto o bronze ficou com o croata Ante Rada, com 1min18s10. Outro único nadador presente nesta decisão, o norte-americano Caleb Cripe foi o quarto e último colocado, com 1min22s95.

Ítalo destacou que este seu triunfo foi uma boa forma de iniciar com o pé direito um ciclo que mira principalmente a Paralimpíada de 2020. "Essa medalha foi mais um passo importante para a nossa preparação, cujo foco total está em Tóquio-2020. Estar conseguindo para nadar para 1min13s na altitude foi bom, embora eu quisesse ter nadado para 1min13s. Estou bastante feliz, a gente treina para isso todo dia e foi uma missão cumprida", comemorou.

RUAN SOUZA - O paulista Ruan Souza conquistou o ouro na prova dos 100 metros borboleta na classe S9 ao cronometrar o tempo de 1min13s21, sendo que ele foi o único nadador da sua categoria a participar da final. Desta forma, o paratleta de 25 anos também ajudou o Brasil a passar a acumular dez ouros no quadro de medalhas do Mundial.

O País ocupa a quarta posição, logo atrás de Estados Unidos e Itália, que têm 11 ouros cada, mas os norte-americanos estão à frente dos italianos pelo maior número de pratas. Os chineses lideram com folga, com 17 ouros.

Nascido em Taubaté, Ruan já vinha de uma medalha de bronze obtida em uma prova do revezamento 4x100m medley nos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016. E agora obteve novo feito de uma trajetória como paratleta, cuja existência foi motivada por um drama sofrido ainda na sua infância. Ele foi atropelado quando tinha apenas 11 anos de idade e, por causa do acidente, ficou com uma perna menor do que a outra. E, após enfrentar algumas complicações com o membro atingido, optou por buscar a sua classificação funcional e ingressou na modalidade.

Agora campeão do mundo, Ruan revelou que também precisou superar alguns obstáculos impostos pela condição climática no México para triunfar nesta terça. "A prova em si não foi com o tempo que eu imaginava que seria, mas isso aconteceu um pouco por causa da gripe que eu peguei aqui e da altitude, mas o título de campeão mundial veio, apesar do tempo", festejou.

DANIEL DIAS - Em outra disputa realizada na manhã desta terça, Daniel Dias liderou com folga as eliminatórias da prova dos 50 metros livre classe S5 do Mundial do México, onde o astro brasileiro já acumula três medalhas de ouro e lutará para conquistar mais uma na final marcada para acontecer à noite, em prova prevista para ocorrer às 22h51 (no horário de Brasília).

Dono de 27 medalhas de ouro em Mundiais, o maior paratleta da história do País avançou à decisão por medalhas desta prova como líder ao cravar o tempo de 34s67, quase um segundo mais rápido do que o segundo colocado desta bateria qualificatória, com 35s50. A terceira posição ficou com o malásio Jamery Siga, com 38s47.

O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira (20) o adiamento dos Mundiais Paralímpicos de Natação e de Halterofilismo, que estavam previstos para serem realizados a partir de 30 de setembro na Cidade do México, em razão dos efeitos devastadores do terremoto ocorrido no país na última terça. O IPC explicou que a decisão foi tomada após uma avaliação da situação atual da Cidade do México após contatos com o Comitê Organizador Local e o governo local. O terremoto de magnitude 7,1 graus na escala Richter causou centenas de mortes e provocou grandes danos em edifícios e na infraestrutura da Cidade do México.

Os locais onde as competições seriam realizadas tiveram apenas pequenos danos, mas uma avaliação estrutural total precisará ser realizada. Além disso, alguns dos hotéis que hospedariam atletas foram gravemente danificados. A previsão dos organizadores era de que 1.400 pessoas envolvidas nas competições iriam para a Cidade do México para os Mundiais Paralímpicos de Natação e de Halterofilismo, que seria realizado de 30 de setembro a 6 de outubro. A equipe brasileira de natação paralímpica viajaria na noite da última terça-feira para a competição, mas o embarque acabou sendo adiado após o terremoto.

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"Como resultado desta tragédia, concordamos plenamente que o foco imediato das autoridades mexicanas deve ser priorizar a recuperação e a reconstrução para o povo do México e não organizar dois grandes eventos esportivos internacionais. Assim, acertamos com o Comitê Organizador Local e o governo da Cidade do México para adiar os Campeonatos Mundiais Paralímpicos de Natação e de Halterofilismo até novo aviso", afirmou Andrew Parsons, presidente do IPC.

Ainda não há uma definição sobre uma nova data para os Mundiais. Além disso, o IPC avaliará a possibilidade de mudar a sede das competições. A entidade destaca, porém, que o seu foco está em ajudar as delegações que já estavam no México.

"Nossa prioridade imediata agora é trabalhar com as delegações que estão na Cidade do México para garantir sua partida segura. Então avaliaremos se podemos reorganizar esses campeonatos em um futuro próximo na Cidade do México ou procurar alternativas", concluiu o dirigente.

O último dia de competição do Mundial de Atletismo Paralímpico de 2017, em Londres, não foi tão bom para o Brasil - foi o único em que o País não conquistou nenhum pódio e terminou a competição com 21 medalhas, sendo 8 de ouro, 7 de prata e 6 de bronze. Mesmo assim, a avaliação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foi boa.

"O balanço que fazemos da participação dos atletas do Brasil é bastante positivo. Foi uma performance extremamente importante e nos mostrou que estamos no caminho certo porque visamos sobretudo à um preparo para os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. Estou bastante satisfeito e vejo que, em algumas situações, nós já vemos evolução e, em outras, vimos que precisamos tomar ações para desenvolver a modalidade", disse Mizael Conrado, presidente do comitê.

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Mizael Conrado, que é cego e foi atleta paralímpico do futebol de 5, está no começo de seu primeiro mandato à frente do CPB. "Nós estabelecemos uma estratégia diferente para este início do ciclo. Criamos índices extremamente fortes e desafiadores e todos os atletas que vieram a Londres tinham, ao menos, a terceira marca do ranking mundial, o que os colocava em posição de ganhar medalhas. Certamente este evento norteará o início deste ciclo e a participação até Tóquio", completou.

A partir de agora, o Brasil passa a programar a sua participação no Mundial de Natação Paralímpica, que será realizado entre 30 de setembro e 7 de outubro, no México. O maior nome da delegação brasileira - e do esporte paralímpico no País em todos os tempos - o nadador Daniel Dias, estará na competição. Ele possui 24 medalhas em Jogos Paralímpicos.

RESULTADOS - Vários atletas se destacaram na delegação brasileira que participou do Mundial de Atletismo Paralímpico de Londres. Com dois ouros cada, os maiores vencedores foram Petrúcio Ferreira (venceu os 100 metros e os 200 metros na classe T47) e Thiago Paulino (venceu o arremesso de peso e o lançamento de disco na classe F54). Além deles, Mateus Evangelista ficou com três medalhas - duas de prata e uma de bronze -, mesmo número de medalhas de Rodrigo Parreira (três bronzes).

Classificado para o Mundial Paralímpico de Natação, o 5º da carreira, André Brasil tenta encontrar motivação para mais quatro anos nas piscinas até os Jogos de Tóquio-2020. Foram quatro meses de férias depois da Paralimpíada do Rio de Janeiro e uma constante reflexão sobre a hora de parar até chegar à conclusão de que ainda valeria o investimento em mais um ciclo.

"Comecei no início de fevereiro aos trancos e barrancos. Acordava e não queria treinar, chegava no treino e não queria nadar, são anos fazendo a mesma coisa. Quando vi meu amigo Thiago Pereira dizendo que ia se aposentar, pensei bastante. Mas quero que meu filho pequeno tenha lembranças mais recentes do que o papai faz, por ele que estou me doando e vou me doar mais quatro anos", justifica.

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Outro estímulo para o nadador, que conquistou duas medalhas de prata e duas de bronze no Rio-2016, é a evolução dos adversários. Os dois fatores somados à paixão pela natação fizeram André Brasil trabalhar em busca do principal compromisso do ano, em setembro, na Cidade do México. Enquanto traça novas metas, começa a idealizar o fim da carreira.

"Quero vir aqui (no CT Paralímpico Brasileiro) depois de 2020, ver a galera e não sentir vontade de cair na água e competir", afirma. "É muito tempo fazendo a mesma coisa, tenho de planejar a minha saída. Queria ter a oportunidade de me doar mais ao esporte, quem sabe dos bastidores", complementa.

O medalhista paralímpico só tem uma certeza: jamais será técnico. A veemência na negação deve-se à constatação de que os profissionais são pouco valorizados, além de abdicarem da vida pessoal da mesma forma que os atletas. "São caras que se doam tanto quanto a gente, pessoas que abdicam da família e de momentos importantes para vivenciar o nosso sonho, que passa também a ser o sonho deles. Por isso, as pessoas que trabalharam comigo têm um pedacinho de mim."

André se autodenomina "um cara chato" e cogita o envolvimento com gestão esportiva no futuro. À medida que o esporte paralímpico se vê amparado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), os esportes aquáticos da comunidade olímpica vivem um período de incerteza pela crise enfrentada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Em contato com atletas sem deficiência, o nadador lamenta a situação. "Vem acontecendo erros sucessivos, com pessoas há anos se mantendo o poder. No Comitê Paralímpico conseguimos colocar regras, nosso último presidente (Andrew Parsons) sabia que tinha um prazo com início e fim. Quando isso não está bem definido, acaba se perdendo no caminho. Eu, enquanto atleta, fico muito triste", opina.

Apesar da postura crítica, o foco agora é nos resultados. "Vou colocar a cabeça no lugar, voltar a trabalhar e ver o que acontece no Mundial."

Nova sensação do atletismo paralímpico, o brasileiro Alan Fonteles conquistou nesta sexta-feira a sua terceira medalha de ouro no Mundial de Lyon, na França. Com a vitória dele nos 400 metros, o Brasil passou a ter 14 títulos nesta edição do campeonato, superando o desempenho da disputa de 2011, em Christchurch, na Nova Zelândia, e assumindo o segundo lugar na classificação geral da competição francesa, atrás apenas da Rússia.

Com apenas 20 anos, Alan Fonteles já fez história logo em sua primeira prova no Mundial de Lyon, no último domingo, quando ganhou ouro e bateu o recorde mundial dos 200 metros da categoria T43 (biamputado das pernas), superando a marca do astro sul-africano Oscar Pistorius - fez 20s66, pulverizando o tempo anterior de 21s30. Depois, o brasileiro voltou a ser campeão na terça-feira, dessa vez na prova dos 100 metros.

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Nesta sexta-feira, Alan Fonteles ganhou também os 400 metros na categoria T43/T44 (prova entre biamputados e amputados), com o tempo de 48s58, novo recorde do campeonato. "Fiquei muito surpreso com a prova. Participei como intruso. Não treino os 400 metros e, mesmo assim, consegui ganhar. Essa prova é muito dura, dolorida e, graças a Deus, eu sou o campeão do mundo", comemorou o jovem astro do atletismo paralímpico brasileiro.

Alan Fonteles ainda tem chance de conquistar mais uma medalha em Lyon - disputa o revezamento 4x100 metros neste sábado. Mas já ajudou o Brasil a conseguir a melhor campanha de sua história no Mundial de Atletismo Paralímpico. Até agora, a delegação brasileira soma 35 pódios na competição, com 14 de ouro, oito de prata e 13 de bronze - na classificação geral, está atrás apenas da Rússia, que soma 19 de ouro, 13 de prata e nove de bronze.

Ainda nesta sexta-feira, o Brasil conquistou mais duas de ouro. Uma delas foi com Lucas Prado nos 100 metros da categoria T11 (cego total). Antes, ele já tinha vencido também os 200 metros, repetindo o feito do último Mundial, em 2011, quando foi campeão das duas provas. "Foi um Mundial muito importante para mim", comemorou o atleta. O outro título brasileiro do dia veio com Jonathan Santos no lançamento de disco da categoria F41 (anões).

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