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A Polícia Federal (PF) apontou em seu relatório final da Operação Cui Bono? que o Grupo Bertin pagou R$ 57,3 milhões em propina ao doleiro Lúcio Funaro entre 2013 e 2015 para obter empréstimo de R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal para construir o trecho leste do Rodoanel, em São Paulo. Funaro é apontado como operador político do MDB da Câmara e, segundo a PF, teria dividido o dinheiro com o deputado federal cassado Eduardo Cunha e com o vice-presidente do banco à época Geddel Vieira Lima. Ambos estão presos.

Segundo a PF, o trio agiu para facilitar a liberação de recursos da Caixa para a SPMar, concessionária de rodovias do Grupo Bertin responsável pela construção do trecho leste e administração do trecho sul do Rodoanel. A obra foi iniciada em 2011 e concluída em 2015. A partir da colaboração premiada de Funaro, a PF obteve planilhas e notas fiscais que indicam 63 transações feitas pela Contern, construtora da Bertin que executou a obra, para duas empresas do doleiro entre 2013 e 2015.

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O histórico de pagamentos mostra que o Grupo Bertin pagou para Funaro até 2,9% sobre cada valor liberado pela Caixa à SPMar. No dia 28 de março de 2013, por exemplo, foram liberados R$ 340 milhões para a concessionária, que teria pago comissão de R$ 8,16 milhões ao doleiro. Segundo Funaro, ele ficava com 20% do valor, enquanto que 50% era repassado para Geddel e 30% para Cunha.

Deflagrada em janeiro de 2017, a Cui Bono investigou irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013, período em que foi comandada por Geddel. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um celular apreendido na casa de Cunha e foi concluída neste mês com 16 pessoas indiciadas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça. Entre os indiciados estão os irmãos e sócios do Grupo Bertin, Natalino, Reinaldo e Silmar Bertin.

Em 2016, a força-tarefa da Lava Jato já havia identificado pagamentos de R$ 6,2 milhões da SPMar para uma empresa do operador Adir Assad, acusado de lavar dinheiro em obras de São Paulo. O caso é investigado pelo Ministério Público Estadual. Além do trecho leste, também são alvos da Lava Jato as obras dos trechos sul e norte do Rodoanel, nas quais empreiteiras denunciaram pagamentos a agentes públicos, como os ex-diretores da Dersa Paulo Vieira de Souza e Mário Rodrigues Júnior, e políticos do PSDB.

Defesa

Em nota, a concessionária SPMar afirmou que "as empresas da família Bertin só poderão se manifestar após conhecer, de fato, o teor do referido relatório da Polícia Federal" e que "se mantêm à disposição das autoridades para prestar eventuais esclarecimentos".

Já a Caixa afirmou que as denúncias "são objeto de apurações internas que correm sob sigilo". O banco também afirmou que "está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações".

A Agência Reguladora de Transportes de São Paulo (Artesp), que fiscaliza as concessões rodoviárias, afirmou que "a SPMar vem cumprindo com suas obrigações contratuais" e que "a obtenção dos recursos para realizar seus investimentos e compromissos é de competência das concessionárias junto aos seus investidores e financiadores não havendo participação da Artesp nesse processo".

A defesa de Funaro informou que ele "continuará colaborando de modo efetivo com as autoridades". As defesas de Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal apontou em seu relatório final da Operação 'Cui Bono?' indícios de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) recebeu R$ 16 milhões em propina para influenciar a liberação de recursos da vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa. No mesmo documento, o delegado Marlon Cajado também cita que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi o destinatário de entregas de valores que somados alcançam R$ 89 milhões.

Os pagamentos a Geddel e Cunha, segundo a PF, foram feitos por meio do corretor Lúcio Funaro, apontado como operador de propina do grupo político do MDB da Câmara. Os valores teriam sido pagos pelas empresas J&F Investimentos (acionista da JBS), pelo Grupo Marfrig, pelo Grupo Bertin e pelo 'Grupo Constantino', dono da Gol Linhas Aéreas.

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Deflagrada no dia 13 de janeiro de 2017, a Cui Bono? investigou irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, durante o período em que foi comandada por Geddel, entre 2011 e 2013. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha.

Ao concluir a investigação, a PF indiciou 16 pessoas pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça.

No caso de Geddel, a PF mapeou todas as entregas de valores citadas em planilhas encontradas em um HD apreendido na casa da irmão de Funaro. O documento elenca entregas de valores em Salvador (BA). Para confirmar a veracidade, os investigadores levantaram informações sobre as viagens de Funaro até a capital baiana, os dados de uma empresa dona do hangar onde ele deixava seu avião particular e ligações telefônicas realizadas por ele nas datas das entregas.

A conclusão da PF foi de que todas as informações prestadas por Funaro em seu acordo de colaboração sobre as entregas para Geddel foram confirmadas durante a apuração.

"Desse modo, a hipótese criminal identificada é a de que Geddel Vieira Lima se utilizou da sistemática ilícita engendrada por Lúcio Funaro visando ocultação, dissimulação e distribuição de recursos de origem ilícita, além de Gustavo Ferraz, com pessoa interposta, para recebimento de vantagens indevidas referentes às negociações ilícitas realizadas para influenciar operações de créditos junto à então vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa", diz a PF em seu relatório.

Um exemplo é a entrega de R$ 1 milhão registrado nas planilhas de Funaro. A PF descobriu que Funaro contratou na mesma data da entrega os serviços de "hangaragem" da empresa Aero Star Táxi Aéreo, no aeroporto de Salvador. Com os dados do voo, os investigadores descobriram que o avião de Funaro ficou apenas 30 minutos estacionado no local. "Esse curto período de parada, juntamente com os contextos apresentados, permitem inferir que o objetivo da viagem teria sido unicamente para a entrega de valores", diz a PF.

Além dos dados sobre a viagem, o delegado do caso também solicitou informações às operadoras de telefonia e mapeou as ligações dos celulares de Funaro e Geddel naquele dia. O cruzamento apontou que tanto o operador como o ex-ministro realizaram ligações nas proximidades do aeroporto no período em que o avião estava estacionado no hangar da Aero Star Táxi Aéreo.

Cunha

Sobre o ex-presidente da Câmara, a PF diz ter encontrado o registro de 181 operações realizadas por Funaro que teriam como destinatário Cunha. O somatório dessas operações, diz o relatório, alcança o valor de R$ 89.5 milhões, entre os anos de 2011 e 2015.

"A hipótese criminal identificada é de que Eduardo Cunha se utilizou da sistemática ilícita engendrada por Lucio Funaro visando a ocultação, dissimulação e distribuição de recursos de origem ilícita para recebimento de vantagens indevidas referentes às negociações ilícitas realizadas para influenciar operações de crédito junto à então vice-presidência de Pessoa Jurídica e a de Fundos de Governo e Loterias".

De acordo com os dados levantados pela PF, a maioria dos repasses se deu no ano de 2014, quando foram mapeadas 82 entregas de Funaro para Cunha e pessoas apontadas como seus operadores. "Ademais há que se ressaltar que 2014 foi ano eleitoral, o que, certamente, contribui para a maior distribuição de recursos ilícitos", diz a PF.

Defesas

Em nota, o advogado Délio Lins e Silva Júnior, que defende Eduardo Cunha, disse que "por mais kafkaniano que possa parecer, embora a imprensa já tenha acesso ao relatório, os advogados ainda não tiveram esse privilégio e aguardam para eventual manifestação sobre o documento".

O advogado Gamil Foppel, da defesa de Geddel Vieira Lima, não respondeu aos contatos da reportagem até a conclusão da reportagem.

Já a Marfrig afirmou: "No dia 15 de maio de 2018, o empresário Marcos Molina dos Santos firmou com o Ministério Público Federal um termo de compromisso de reparação de eventuais danos relacionados às investigações da Operação Cui Bono. Não se trata de um acordo de colaboração ou de delação e não há admissão de qualquer culpa por parte do empresário, que mantém suas atividades empresariais inalteradas. O termo já foi homologado judicialmente e hoje produz plenos efeitos. O relatório da Polícia Federal não altera a situação jurídica de Marcos Molina dos Santos."

A defesa do empresário Joesley Batista reafirma que ele é colaborador da Justiça e, como bem destacado no relatório apresentado pela Polícia Federal, sua colaboração foi essencial, "trazendo celeridade e eficácia a esta investigação criminal", motivo pelo qual a autoridade policial sugeriu a concessão dos benefícios da colaboração premiada.

Em nota, Henrique Constantino diz que "segue colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos".

A Prefeitura de Salvador comunicou nesta sexta-feira (8) a exoneração do diretor da Defesa Civil do município (Codesal), indicado ao cargo pelo PMDB . Gustavo Ferraz foi preso em sua residência na cidade Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, em mais uma fase da operação Cui Bono, responsável pela prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O diretor geral da Codesal havia assumido o cargo em janeiro deste ano. Segundo investigações policiais em curso, Gustavo estaria envolvido em atos ilícitos. A prefeitura enviou nota à imprensa informando que “qualquer servidor municipal envolvido em questões dessa natureza terá que responder na justiça”.

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Além de atuar na Defesa Civil, o funcionário público também já havia sido superintendente da Agência de Desenvolvimento Econômico da Bahia, chefe da Superintendência de Indústria e Comércio de Lauro de Freitas, e diretor da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial da Bahia (Sudic).

A Polícia Federal ainda cumpre mais dois mandados de prisão preventiva, e três de busca e apreensão, conforme a 10 ª Vara Federal de Brasília. O nome que irá substituir Gustavo no cargo ainda não foi divulgado pela prefeitura.


A Operação Cui Bono? (A quem interessa?), que investiga fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal para grandes empresas entre 2011 e 2013, rastreia e-mails da vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco, Deusdina dos Reis Pereira, a Dina.

A Polícia Federal (PF) não atribui atos ilícitos ou põe Dina sob suspeita, mas ela foi citada em conversas recuperadas pelos investigadores. A executiva substituiu no cargo Fabio Cleto - que virou delator.

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A Cui Bono? foi deflagrada na sexta-feira passada, dia 13. A Justiça Federal acolheu pedido da Procuradoria da República e da PF e autorizou análise de correspondências de Deusdina. Os investigadores pediram para entrar na vice-presidência de Tecnologia da Informação da Caixa pois haveria "mensagens importantes nas contas de correspondências eletrônicas institucionais utilizadas" pela executiva.

O principal alvo da Cui Bono? é Geddel Vieira Lima, nomeado vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa durante o Governo Dilma Rousseff. Além de Geddel, fariam parte do esquema o lobista Lucio Funaro, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Fábio Cleto, ex-vice presidente de Governo e Loterias do banco.

Uma das conversas capturadas entre Funaro e Cleto, segundo relatório da PF na Cui Bono?, é de 9 de maio de 2015. O lobista pede para Cleto "entrar em contato com 'Rafael' para agilizar os papeis da BR Vias". "Dina tá com ele agora", diz Cleto.

No relatório a PF afirma. "A pessoa mencionada como 'Dina', trata-se, ao que parece, de Deusdina dos Reis Pereira, subordinada a Fabio Cleto, já que àquela época ocupava a Diretoria Executiva de Fundos de Governo. Atualmente, ocupa o cargo que outrora pertencia a Fabio Cleto, vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias (VIFUG)."

Segundo o site da Caixa, Deusdina é graduada em Administração de Empresas e exerceu o cargo de vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, interinamente, no período de 10 de dezembro de 2015 até 12 de dezembro de 2016. Hoje é titular do cargo.

Em outra mensagem capturada, de 24 de maio de 2012, Funaro "reitera o questionamento sobre a situação de débitos da Seara recebe a resposta negativa de Cleto". Às 12h18, o lobista questiona o então vice da Caixa. "Oi bom dia descobriu p mim qto a seara deve aí."

Cleto devolve minutos depois. "Não. A Dina é quem consegue acessar o sistema de pessoa jurídica do Banco com uma senha da época que ela trabalhava lá. E ela está vindo para Salvador. Só vou conseguir isso segunda cedo."

Geddel teve dois imóveis vasculhados pela PF na Cui Bono?, desdobramento da Operação Catilinárias, deflagrada em dezembro de 2015 - na Catilinárias, a PF localizou um celular na casa de Eduardo Cunha. Mensagens recuperadas do celular deram vida à Cui Bono?.

O peemedebista foi ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer. Aliado muito próximo do presidente, Geddel caiu da cadeira da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao escândalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um residencial de alto padrão em uma área nobre tombada em Salvador. Geddel tem uma unidade no empreendimento.

Defesas

Quando Cui Bono? saiu às ruas, na sexta 13, a Caixa Econômica Federal informou. "No que diz respeito à Caixa esclarecemos que o banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado pela Caixa."

Na sexta-feira 13, quando a Cui Bono? foi deflagrada, o advogado Gamil Föppel, que defende Geddel Vieira Lima, afirmou que a "malfadada operação" decorre de "ilações e meras suposições não comprovadas". Em nota, reclamou que a decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, que autorizou a Operação Cui Bono?, foi apressada e "não traz nenhum fundamento idôneo que justificasse" as medidas.

"Além disso, não há indicação pela polícia ou MPF (Ministério Público Federal) de qualquer fato/elemento concreto que pudesse representar corrupção ou lavagem de dinheiro, até porque tais atos jamais foram praticados por Geddel."

Föppel chamou o relatório da PF de "ficcional" e "repleto de suposições", Argumentou que o documento não aponta concretamente "qualquer valor que tivesse sido recebido por Geddel". "Geddel nada recebeu. Informa que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades", afirmou o defensor. O espaço está aberto para outras manifestações.

O empresário Evaldo Ulinski, ex-dono do Big Frango, uma das empresas investigadas na Operação Cui Bono?, disse em duas entrevistas ao jornal O Estado de S. Paulo que Lúcio Bolonha Funaro e operadores dele lhe ofereceram um empréstimo de R$ 100 milhões na Caixa Econômica Federal, com condições especiais. Cobrariam 10% sobre do valor do financiamento, a título de comissão, para facilitar a liberação dos recursos. Mas havia outra opção. Se o empresário aceitasse dar uma comissão maior, de 30%, não pagaria o empréstimo. "Era 10% para você pagar e 30% para nunca mais precisar pagar. As palavras deles", disse Ulinski ao jornal.

A história contada por Ulinski traz detalhes de como seriam os bastidores de um esquema que previa a liberação de financiamentos irregulares na Caixa em troca de propinas, o alvo central da Operação Cui Bono?, deflagrada na sexta-feira (13)

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Segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima - ex-ministro do atual governo de Michel Temer -, além de Funaro, operaram um esquema de fraudes na liberação de créditos da Caixa, que teria ocorrido pelo menos entre os anos de 2011 e 2013. Neste período Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal, área que libera financiamentos para empresas.

Ulinski afirmou que recebeu uma proposta para ter crédito na Caixa e foi ao escritório de Funaro. Disse que chegou a assinar um documento manifestando interesse em contratar Funaro para intermediar o crédito e teria feito cadastro na Caixa. As condições apresentadas, disse, eram tentadoras: "Preço bom, prazo bom, dez anos, 12 anos", lembrou. "Conseguiria o empréstimo com custos baixíssimos. Eu não me recordo a que juros."

As tratativas, porém, não teriam avançado. "Naquele momento, eu até aceitaria, porém, tendo mais informações, desisti. Com mais conversa, eu vi que eu ia ter problemas no futuro."

O risco, na versão de Ulinski, estava em dois detalhes: "A Caixa queria garantia. Eu tinha garantia para dar. Agora, desculpe, mas 10% de comissão é extorsão. Não é verdade? E pior que isso. A proposta do Lúcio Funaro era o seguinte: te arrumo R$ 100 milhões com 10% para pagar e 30% para nunca mais precisar pagar. Como pode? Dar uma garantia e não pagar? Caí fora".

Ulinski afirmou não saber como se davam as tratativas internamente na Caixa: "Eu não estou acusando a Caixa Econômica. Eu nunca falei com ninguém da Caixa."

De acordo com o relatório do Ministério Público Federal que embasou a operação Cui Bono?, é preciso ainda apurar melhor os fatos em relação à liberação de créditos à empresa Big Frango. O documento afirma que "Geddel teria se referido à localidade da agência bancária da Big Frango sem fornecer muitos detalhes na mensagem".

Nas entrevistas, Ulinski disse que conheceu Funaro por intermédio de terceiros. Alexandre Genta, na época seu genro e também advogado da Big Frango, havia feito faculdade em Londrina com Alexandre Margotto, que trabalhava com Funaro. Para Ulinski, Margotto afirmava que o chefe tinha acesso à Caixa. "O funcionário dele disse que ele (Funaro) consegue muita coisa na Caixa, é muito bem relacionado lá, ele manda lá dentro. Se é mesmo, não sei."

Segundo Ulinski, os operadores de Funaro falavam que ele fazia esse tipo de empréstimo para outras empresas. "Dizem que ele tinha muito acesso (na Caixa) e conseguia muita coisa politicamente."

Mensagens entre Geddel Cunha e Funaro sustentam essa versão de que havia um esquema de fraudes nos empréstimos da Caixa para empresas. Boa parte das citadas na Operação Cui Bono? tinham negócios direto com Funaro.

É caso da própria Big Frango. Em nome de Ulinski, Funaro apresentou a empresa para potenciais compradores e ela foi adquirida pela JBS, maior empresa do mundo no setor de carnes, que é controlada pela J&F. Funaro conhece os donos da JBS, a família Batista. Chegou a negociar um imóvel de luxo com Joesley Batista. Mensagens trocadas entre Geddel, Cunha e Funaro mostram que eles favoreceram a liberação de recursos da Caixa para a J&F.

O mesmo teria ocorrido em relação ao grupo Bertin, que atua em vários setores. Cunha pede a Geddel: "Precisa ver no assunto da Bertin a carta de conforto1 com os termos que necessita". Funaro é amigo e foi consultor dos Bertin.

Outra empresa citada pelo Ministério Público foi a Marfrig, também do setor de carnes. Em conversa por SMS sobre a Marfrig, Geddel disse a Cunha: "voto sai hj’. No outro dia, o ex-ministro envia informações sobre a aprovações do crédito. Os investigadores apuraram que, após essa conversa, Marfrig depositou R$ 469,5 mil para uma empresa de Funaro, a Vizcaya.

Contexto

Ulinski concedeu duas entrevistas ao Estado sobre a oferta de empréstimo na Caixa. Na primeira, em 2014, havia se indisposto com Funaro sobre a comissão da venda do Big Frango. Na segunda, em setembro de 2016, Funaro já havia sido preso. Ulinski confirmou todos detalhes do esquema, mas fez acusações mais fortes ao ex-genro, Genta.

A reportagem tentou contato com Genta, que não respondeu às ligações. Também tentou falar com Margotto, por intermédio de amigos e familiares, sem obter resposta. O advogado de Funaro, Fernando Guimarães, disse que não tinha como responder às questões, pois só vai falar com seu cliente nesta semana. A defesa de Geddel afirmou na sexta-feira que as investigações fazem "ilações e meras suposições não comprovadas". A defesa de Cunha rechaçou as suspeitas.

A J&F declarou que "nunca procurou os políticos para pedir facilidade ou intermediação em quaisquer de suas operações financeiras". A JBS, por sua vez, declarou que "todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade." A Marfrig, em nota, afirmou que suas operações com a Caixa não tiveram "qualquer tipo de privilégio". Bertin não respondeu até a conclusão desta edição. A Caixa informou que colabora com as investigações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma casa e um apartamento atribuídos a Geddel Vieira Lima foram alvo de busca e apreensão em Salvador nesta sexta-feira (13) na Operação Cui Bono. A Polícia Federal (PF) investiga um esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal que teria ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013.

Agentes da Polícia Federal vasculharam um imóvel de Geddel no condomínio Pedra do Valle no Jardim Apipema, em Salvador. Outro grupo de policiais vasculhou a residência do peemedebista em Interlagos, também na capital baiana.

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Aliado muito próximo do presidente Michel Temer, Geddel caiu da cadeira de ministro da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao escândalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizasse a construção de um residencial de alto padrão em uma área nobre tombada em Salvador.

Calero pediu demissão da Cultura sob alegação de que Geddel teria ameaçado leva o caso a Temer se não fosse atendido.

Geddel, então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Marcos Roberto Vasconcelos, então vice-presidente de Gestão de Ativos, um servidor da CEF, empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários e de um operador do mercado financeiro teriam participado do esquema.

Marcos Roberto Vasconcelos foi indicado ao cargo pelo PT e exonerado no Governo Michel Temer (PMDB). O executivo teve um imóvel vasculhado em Maringá, no Paraná.

Segundo nota da PF, sete medidas de busca e apreensão foram determinadas pelo Juiz da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A investigação da Operação Cui Bono? é um desdobramento da Operação Catilinárias, realizada em 15 de dezembro de 2015.

O nome da operação é uma referência a uma expressão latina que, traduzida, significa literalmente, "a quem beneficia?" A frase, atribuída ao cônsul Romano Lúcio Cássio Ravila, é muito empregada por investigadores com o sentido de sugerir que a descoberta de um possível interesse ou beneficiado por um delito pode servir para descobrir o responsável maior pelo crime.

A Polícia Federal realiza desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira (13) buscas e apreensões em endereços residenciais e comerciais no Distrito Federal, Bahia, Paraná e São Paulo. Segundo nota da PF, as sete medidas de busca e apreensão foram determinadas pelo Juiz da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal para investigar um esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal que teria ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013.

Em nota a PF afirma que o esquema seria composto pelo então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, pelo vice-presidente de Gestão de Ativos, além de um servidor da CEF, empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários e de um operador do mercado financeiro.

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A investigação da Operação Cui Bono é um desdobramento da Operação Catilinárias, realizada em 15 de dezembro de 2015. Naquela oportunidade os policiais federais encontraram um aparelho

celular em desuso na residência do então Presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Submetido a perícia e mediante autorização judicial de acesso aos dados do dispositivo, a Polícia Federal extraiu uma intensa troca de mensagens eletrônicas entre o Presidente da Câmara à época e o Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal de Pessoa Jurídica entre 2011 e 2013.

As mensagens indicavam a possível obtenção de vantagens indevidas pelos investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à Caixa Econômica Federal, o que pode

indicar a prática dos crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro.

Diante destes indícios os policiais passaram então a investigar o caso, que tramitava no Supremo Tribunal Federal em razão de se tratar de investigação contra pessoas detentoras de prerrogativa de foro por função.

Porém, em virtude dos afastamentos dos investigados dos cargos e funções públicas que exerciam, o Supremo Tribunal Federal decidiu declinar da competência e encaminhar o inquérito à Justiça Federal do DF.

Operação Cui Bono

O nome da operação é uma referência a uma expressão latina que, traduzida, significa literalmente, "a quem beneficia?" A frase, atribuída ao cônsul Romano Lúcio Cássio Ravila, é muito empregada por investigadores com o sentido de sugerir que a descoberta de um possível interesse ou beneficiado por um delito pode servir para descobrir o responsável maior pelo crime.

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