Tópicos | Paratletismo

É impossível dissociar a imagem de Terezinha Guilhermina dos jogos paralímpicos. A corredora cega mais rápida do mundo, eleita pelo Guiness, é um dos nomes mais fortes do paratletismo mundial. Mas difícil mesmo é passar pelo caminhão de obstáculos que a vida impôs à velocista e sair tão vencedor quanto. Com uma história de vida emocionante, Terezinha vence todo dia e faz jus ao título de ícone do esporte.

Poucos aguentariam

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Em Betim, Minas Gerais, 18 de setembro de 1978, nascia, em uma carroça puxada pelo pai que ganhava a vida transportando ração de cavalo, Terezinha. A décima filha do casal Pedro e Terezinha, assim como outros quatro irmãos, já enfrentou, logo no início de sua trajetória, o revés que iria definir o seu destino: a retinose pigmentar. A doença congênita rouba a visão aos poucos e, no caso dela, foram 30 anos de perda gradual até a escuridão total. 

Aos 9 anos de idade perdeu a mãe e, três meses depois, foi a vez do pai deixar a casa onde Terezinha morava com seus irmãos. Coube ao irmão, Ibério, assumir as responsabilidades. Só aos 16 anos de idade que a família teve noção do que estava por vir na vida da irmã mais nova. O diagnóstico de que a jovem só enxergava 5% e perderia tal capacidade foi um choque. Não bastassem as dificuldades em casa e de ordem médica, Terezinha precisava fugir na escola para não apanhar de uma garota mais velha que a perseguia. Curiosamente, as vezes seguidas em que escapou mostraram um potencial que ela ainda desconhecia em si mesmo: o de correr mais rápido que outras pessoas.

Sempre sendo subestimada pela deficiência, Terezinha seguia vencendo. Após a escola, foi a vez de um curso técnico de administração, onde a diretora da escola disse que ela não conseguiria. Ela completou com louvor, fazendo balancetes e utilizando a calculadora, mostrando que não iria se entregar por dificuldade alguma.

As primeiras conquistas

Em 2000, Terezinha se saiu bem em corridas de rua para deficiente e chamou atenção de um clube de Belo Horizonte que a convidou para treinar. Mais uma vez, a corredora se viu subestimada em sua vida. Seu primeiro treinador a disse que ela não tinha condições de ser a maior, pois era um 'fusca' comparada as melhores do mundo. Foram precisos alguns meses apenas para mostrar que ele não podia estar mais enganado.

Em um campeonato parapanamericano na Carolina do Sul-EUA, a 'fusca' levou quatro pratas na categoria T12. Em 2004 foi a vez da Paralimpíada de Sidney, onde Terezinha mostrou que estava mais para um fórmula 1 ao terminar os 400m conquistando o bronze para o Brasil. Naquele momento da vida a doença avançava e a velocista trocou de categoria para a T11, onde não há visão alguma e sua carreira alavancaria em definitivo.

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Consagrada

A partir de 2005, Terezinha passou a correr guiada por Jorge Luiz Souza. Junto ao Chocolate, como é apelidado o treinador, a velocista chegou à Paralimpíada de Pequim-2008 com força total. Uma medalha de ouro (200m), uma prata (100m) e um bronze (400m). A partir dali, era oficial: a menina que tropeçava nos móveis e apanhava na escola, se tornou a maior corredora paralímpica do Brasil. 

A parceira com Chocolate se encerrou em 2010 por um motivo que só poderia ser obra do destino. Jorge desenvolveu um problema neurológico que afetou sua visão. Hoje, o ex-guia é atleta paralímpico. Para o seu lugar, Guilherme Santana assumiu para melhorar as marcas de Terezinha. Veloz, o corredor tinha marca, nos 100m individual, próxima da melhor atuação de um brasileiro com 10s60. O incentivo deu resultado nos treinos e, depois, na Paralimpíada de Londres, 2012.

Terezinha Guilhermina voltou a ocupar o posto mais alto do pódio  nos 200m e conquistou mais um nos 100m, onde já era prata. Nos 400m, infelizmente, o guia sofreu uma lesão e acabou soltando a corredora. Terezinha se atirou no chão buscando Guilherme e quando o encontrou ajudou a recuperar a compostura. Juntos, decidiram completar a prova e foram aplaudidos até a linha de chegada pela demonstração do verdadeiro espírito esportivo.

Incansável

É verdade que ela já não precisa mais provar nada para ninguém. Mas, o espírito guerreiro de Terezinha é gigante e incentivou a atleta a seguir buscando novos desafios. Com 37 anos, chega ao Rio de Janeiro para sua quarta paralimpíada, mais confiante do que nunca. No final do ano passado, Rafael Lazarini e Rodrigo Chieregatto assumiram a função de guiar a corredora no Rio-2016. Mesmo com o desempenho abaixo do esperado no Mundial de Doha, onde Terezinha ficou de fora da final dos 100m, coisa que não acontecia há dez anos.

Apesar disso, a velocista está confiante de um bom resultado na Paralimpíada do Rio-2016. Prestes a completar 38 anos, próximo dia 18, Terezinha já chega às pistas cariocas sendo a maior vencedora do país na categoria. Mas, para quem tem uma determinação que supera dificuldades do tamanho do Brasil, parar não é uma opção. Melhor para o público, que pode continuar acompanhando a mineira que encantou o mundo. Terezinha Guilhermina estreia nos jogos paralímpicos nesta quinta-feira (8), às 10h, quando ocorre a primeira fase dos 100m rasos feminino, categoria T11.

No último dia de provas do Circuito Paralímpico Norte/Nordeste Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo e Natação, no Centro de Esportes Santos Dumont, uma pernambucana aproveitou o fator casa para se destacar entre os demais. A paratleta Jenifer Martins garantiu uma medalha de ouro no salto em distância e nos 100 e 200 metros rasos, além de conseguir alcançar o segundo lugar no ranking mundial e a melhor marca do ano na classe T38, para portadores de paralisia cerebral, com 4,68 metros.

Para alcançar a marca que lhe rendeu a boa colocação no ranking, a pernambucana precisou saltar quatro vezes, nas duas primeiras, teve marcas medianas, segundo a própria, na terceira acabou queimando o salto, e somente na última oportunidade chegou aos festejados 4,68 metros. No ranking mundial, ela está agora atrás apenas da russa Margarita Goncharova, que possui a marca de 5,22 metros.

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Anteriomente na sétima posição do ranking, a atleta não escondeu a felicidade pelo resultado e lembra que a categoria é que pode lhe render bons frutos nos Jogos Paralímpicos. "Essa prova eu coloquei como a minha principal, é a que eu tenho mais chances nas Paralimpíadas. Até o ano de 2013, eu corria apenas nos 100 e 200 metros, mas aí abriram o salto em distância para a minha classe e comecei a treinar, porque sempre gostei de saltar. O salto se tornou a prova que mais gosto e também a mais sofrida, porque tenho que me cobrar muito para melhorar a cada tentativa. De qualquer forma isso acaba se tornando bom, já que consigo me concentrar para buscar a melhora a cada salto", disse Jenifer.

Dividiram o pódio com a pernambucana, Maria Eduarda Santos, da Paraíba, em segundo lugar, com a marca de 3,31 metros, e Silvana da Silva, do Rio Grande do Norte,  na terceira colocação, com 3,02 metros.

Além de Jenifer Martins, outras atletas pernambucanos tiveram destaque na etapa norte/nordeste do Circuito. Cláudia Celina foi o grande destaque da natação conquistando cinco medalhas de ouro, nos 50, 100 e 200 metros livre, 50 costas e 150 metros medley. Marcelo Bezerra, do halterofilismo, conseguiu a medalha de prata na categoria até 80kg.

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O Programa Vencer desta semana traz os detalhes de uma das competição mais importantes do paradesporto brasileiro: o Campeonato Norte-Nordeste de paratletismo. A disputa organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro foi realizada no Centro Escolar Santos Dummont, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e contou com a participação de 490 atletas de 11 Estados das duas regiões do brasileiras.

Nesta edição, o jornalista James Alcides acompanhou a competição e conversou com nomes importantes para o esporte paralímpico brasileiro, como Márcia Menezes, líder do ranking brasileiro de halterofilismo e que já conquistou medalhas em competições importantes, como o bronze no Mundial de paratletismo do ano passado, realizado em Dubai.

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Confira todos os detalhes do programa no vídeo. O Vencer é apresentado por James Alcides e exibido toda semana no Portal LeiaJá.

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Durante este final de semana, Recife receberá a 8ª edição dos Jogos da Pessoa com Deficiência. O evento será realizado no Núcleo de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária. Quatrocentos paratletas irão participar da competição entre as categorias feminina e masculina, distribuídos em oito modalidades e contemplando as deficiências auditiva, física, intelectual e visual.

A competição será realizada pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Esportes. A principal ideia é estimular a inclusão desse grupo na prática esportiva.

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O torneio terá início às 8h deste sábado (19). Basquete, vôlei sentado e algumas categorias de atletismo abrem o torneio, que também terá pela tarde. No domingo (20), haverá a segunda etapa do atletismo, futsal, tênis de mesa, badminton e bocha. Os vencedores serão premiados logo após as provas com troféus e medalhas. 

 

 

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