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A ex-senadora Marina Silva, provável candidata à vice na chapa presidencial de Eduardo Campos (PSB), disse que é "inacreditável que (a presidente Dilma Rousseff) tenha tomado uma decisão com base em informações incompletas e use essa incompletude para justificar um prejuízo dessa magnitude para a Petrobras". A crítica da ex-senadora se refere à compra da refinaria de Pasadena, em 2006, que custou quase US$ 1 bilhão aos cofres da estatal e está sendo investigada em função de suspeitas de irregularidades.

Em passagem pelo 58º Congresso Estadual de Municípios de São Paulo, Marina mostrou-se favorável à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso Pasadena. "Isso é um absurdo e obviamente a sociedade brasileira precisa de esclarecimentos e é necessário também que o Congresso Nacional tenha maturidade para tratar o assunto", comentou.

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Ela disse que é lamentável o que está acontecendo com a Petrobras, que vive hoje um processo de "depreciação das suas ações como nunca visto antes, e o mais grave é que estamos vendo todo esse retrocesso não apenas com a Petrobras, mas também em relação à política econômica". Marina exemplificou que hoje existe a ameaça do baixo crescimento, dos juros elevados e da volta da inflação. "Situação essa que não precisaríamos viver se tivéssemos um governo com visão política".

A ex-senadora, que proferiu palestra no final da tarde desta sexta-feira em Campos do Jordão, disse que o Brasil não precisa mais de um gerente, numa referência a Dilma. Para Marina, o Brasil precisa de um estrategista com uma agenda positiva. "Quando se tem um estrategista no poder, contrata-se os melhores gerentes", disse, sob aplausos da plateia composta por prefeitos e vereadores do Estado.

Segundo Marina, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) eram estrategistas, tanto que um fez o plano de estabilização econômica e o outro promoveu a inclusão social. Já o atual governo, na opinião dela, "não tem agenda e, o mais grave, governa com base na distribuição de cargos".

Os advogados do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa estão tentando impedir sua transferência para Curitiba (PR). Segundo Fernando Fernandes, advogado de Costa, o ex-diretor está preso na sede da Polícia Federal (PF) no Rio, mas o órgão decidiu transferi-lo porque o inquérito da Operação Lava Jato corre na Superintendência do Paraná. A operação investiga organizações criminosas que atuam na lavagem de dinheiro e poderiam ter movimentado R$ 10 bilhões.

"Entramos com uma petição informando que nosso cliente já prestou dois depoimentos na PF do Rio e ficará em silêncio até ser solto. Queremos evitar que se gaste o erário com a transferência", disse Fernandes ao Estado.

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Costa está em prisão temporária de cinco dias. Os advogados deram entrada com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Rio Grande do Sul, que também responde pelo Paraná.Segundo Fernandes, a transferência é uma decisão administrativa. Por isso, a petição foi encaminhada ao delegado da PF no Rio.

A Operação Lava Jato foi deflagrada segunda-feira. Fernandes informou que Costa prestou um primeiro depoimento nesse dia, ainda sem orientação de advogados. Na quinta-feira, ele foi preso, por suspeitas, segundo a PF, de "tentativa de destruição e inutilização de documentos que poderiam servir de prova nas investigações" da operação.

Costa nega as acusações. De acordo com Fernandes, no segundo depoimento, prestado na própria quinta-feira na sede da PF no Rio, o ex-diretor disse que sua filha foi ao escritório da consultoria Costa Global, na segunda-feira, após a os policiais cumprirem mandados de busca e apreensão, para buscar documentos pessoais seus. O escritório da filha de Costa estaria em obras e, por isso, ela deixara documentos com o pai."Seria impossível haver tentativa de destruição de documentos porque ele não fez contato com ninguém", disse Fernandes.

Costa era diretor da Petrobras quando a operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), foi aprovada. O negócio foi prejudicial para a estatal, como revelou o Estado em julho de 2012. Na quarta-feira, o Estado revelou que a presidente Dilma Rousseff participou da decisão, como presidente do Conselho de Administração - a presidente alegou que o conselho tomou a decisão com base em relatório "falho" preparado pela diretoria.

O Instituto Lula divulgou, nesta sexta-feira, 21, uma nota em que nega que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha dito que a presidente Dilma Rousseff deu "um tiro no pé" ao criticar os documentos apresentados pela Petrobras para justificar a compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006. Segundo as explicações do Instituto, Lula não fez as declarações publicadas na Folha de S. Paulo "em público ou em privado".

Segundo a reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal, o ex-presidente teria dito que Dilma deu "um tiro no pé" em sua resposta sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, um negócio que está sob investigação. Lula, que era presidente na época da aquisição, teria afirmado em conversas reservadas que Dilma teria agido por impulso para tentar afastar o foco das investigações, temendo desgaste neste ano eleitoral. Ainda segundo a reportagem, o ex-presidente considerou que a estratégia foi equivocada porque acabou invertendo a situação e trazendo para o Planalto uma crise que era interna da Petrobras.

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O provável candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, afirmou na manhã desta quarta-feira (19), que as explicações dadas pela presidente Dilma Rousseff para a operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, "são pouco convincentes" e que é preciso "investigar a fundo". Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo revelou que Dilma votou a favor da transação com base em um resumo feito pelo ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

A refinaria foi comprada em duas etapas. Já era considerada obsoleta quando o conselho presidido por Dilma avalizou a compra, há oito anos. Mais tarde, após uma disputa judicial, a Petrobras se viu "obrigada" a comprar a outra metade da refinaria, o que custou ao final US$ 1,2 bilhão. Em nota, Dilma justificou que baseou sua decisão em um resumo que ela classifica de "falho" e "omisso". Na ocasião, a presidente era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

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"As explicações são pouco convincentes e é preciso que essa questão seja investigada a fundo", disse o tucano, que classificou o caso de "extremamente grave". Ele afirmou que vai fazer na tarde desta quarta um pronunciamento da tribuna do Senado com medidas a serem tomadas pela oposição. Para Aécio, a revelação mostra a "irresponsabilidade" das decisões da Petrobras, que, segundo ele, perdeu mais da metade do seu valor patrimonial nos últimos anos. Ele disse que a questão é "ainda mais grave" por envolver Dilma.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), afirmou na tarde desta quarta que a revelação do voto de Dilma é mais um elemento que desconstrói a imagem de "grande gerente" da presidente. Ele lembrou que o partido já apresentou representações para que o Ministério Público investigasse a operação.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), saiu em defesa de Dilma ao dizer que não há, até o momento, uma "conclusão" de que a venda da refinaria tenha sido lesiva para a estatal. "Não há uma conclusão de que tenha sido um ato lesivo à Petrobras", afirmou. "Não há nenhum tipo de comprovação de que tenha algum tipo de irregularidade".

O petista disse não haver qualquer possibilidade de a presidente ter conhecimento de uma suposta irregularidade na operação. "Não há hipótese de ela ter coonestado com qualquer coisa de irregularidade, se houver irregularidade", frisou. Ele disse que a base não vai se opor a uma eventual vinda de dirigentes da estatal para explicar a operação. "Se for preciso vir alguém, quem quer que seja, não será problema algum", disse, ao lembrar que no ano passado o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli foi ao Senado explicar a operação.

Para o líder do PT, a oposição, sem "outra bandeira" para fazer o debate com o governo, elegeu o sistema elétrico e as questões relativas à Petrobras para fustigar o Executivo. A senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) concordou com o colega de bancada. "Lamento que a oposição queira se utilizar desses expedientes para desgastar a presidenta. Na realidade está fazendo entregas importantes ao povo brasileiro e ela vai ser avaliada a respeito disso, como boa gestora", afirmou.

O Ministério Público Federal (MPF) no Estado do Rio instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar possíveis infrações na compra da refinaria de Pasadena (Texas, EUA) pela Petrobras. A portaria fala em possível evasão de divisas e peculato, por indício de superfaturamento.

A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, foi intimada a depor. Também foram intimados dirigentes que estavam no comando da companhia na época em que o negócio foi feito: o ex-presidente José Sergio Gabrielli, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.

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A portaria é assinada pelo procurador da República Orlando Monteiro Espíndola da Cunha. O procurador também pede uma série de documentos à companhia, incluindo os contratos com a Odebrecht Engenharia Industrial, que contemplam serviços em Pasadena. A Petrobras revisou este ano para quase à metade o contrato fechado na gestão anterior por US$ 840 milhões. Serão apurados tanto o acordo com a Odebrecht quanto a aquisição de Pasadena por valor acima do de mercado, dois casos revelados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

O MPF diz que o fato de a Petrobras ter gastado US$ 1,18 bilhão para a compra de uma refinaria que, há oito anos, custou à sua ex-sócia US$ 42,5 milhões "revela possível compra superfaturada de ações pela Petrobras". E que o teor da representação oferecida ao MPF neste ano pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União relata "ocorrência de fatos capazes de configurar (possível) delito de evasão de divisas".

"Se houve superfaturamento tem de ficar esclarecido, assim como o motivo", disse Espíndola ao Broadcast. "Em tese, dirigentes que participaram podem ter se beneficiado". A investigação pode gerar denúncia à Justiça Federal. Peculato é o crime em que se enquadra desvio de recursos por funcionários públicos. Evasão de divisas é crime contra o sistema financeiro, passível de prisão.

O episódio também é investigado, paralelamente, pela secretaria do Tribunal de Contas da União (TCU) no Rio, e está sob relatoria do ministro José Jorge, em Brasília. O caso chegou ao ministro do TCU e ao Ministério Público após investigação e representação feita pelo procurador Marinus Marsico.

Depois de encerrado seu relatório, Marsico considera que a transação em torno da refinaria foi "um fracasso retumbante" e que o melhor seria a Petrobras assumir o prejuízo, em vez de investir ainda mais na refinaria. Graça decidiu tentar, com investimentos adicionais, de montante não revelado, recuperar o valor da planta antes de vendê-la.

"Continuo acompanhando o caso. Se for surpreendido com novos indícios (que indiquem prejuízo ao patrimônio público), estudarei a viabilidade de interpor medida cautelar no TCU para que tal fato não ocorra, em defesa da União, principal acionista", disse Marsico, procurador do MP junto ao TCU. Procurada, a Petrobras não se manifestou a respeito até as 16h40.

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