O poder de aderência dos tentáculos do polvo inspirou a criação de um adesivo inovador que funciona em superfícies molhadas e oleosas, com potenciais usos médicos e industriais, de acordo com pesquisadores sul-coreanos.
Os polvos estão entre os invertebrados mais inteligentes e comportamentalmente diversificados, mas foi a sua força extrema que atraiu o interesse da equipe de pesquisa da Universidade de Sungkyunkwan.
"Dois anos atrás, compramos um polvo em um supermercado, colocamos as ventosas sob um microscópio e analisamos como funcionavam", disse o pesquisador Sangyul Baik à AFP.
A equipe descobriu que o impressionante poder de sucção do polvo se deve a pequenas bolas dentro das ventosas que revestem os tentáculos.
O novo adesivo "tolerante à umidade" foi descrito como um avanço pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do país, e há esperanças de que este produto poderá ser usado para tudo, desde a indústria pesada até curativos.
O professor Changhyun Pang disse que eles conseguiram fabricar adesivos de polímero cobertos com microventosas cuja sucção é tão forte que um adesivo de menos de uma polegada poderia levantar um objeto de até 400 gramas na água.
O adesivo pode ser usado repetidas vezes, sobrevivendo a mais de 10.000 ciclos de fixação e desprendimento sem perder seu poder de sucção, afirmou Pang.
"Este sistema inspirado no polvo exibe uma adesão forte e altamente repetível às superfícies de silício, vidro e pele áspera em diversas condições - seca, úmida, debaixo d'água e em óleo", de acordo com o estudo, publicado na revista científica Nature na semana passada.
A equipe divulgou um vídeo que demonstra como os adesivos funcionam tanto em superfícies secas como úmidas, incluindo a pele humana.
O adesivo poderia ser usado para fins médicos, como ajudar a suturar feridas, visto que não contêm substâncias químicas, de modo que não irritará a pele, disse Pang, acrescentando que atualmente não há nenhum sistema adesivo que possa manter sua aderência na água sem usar produtos químicos fortes.
A equipe de pesquisa acredita que levará cerca de três anos para que a descoberta seja comercializada.