Tópicos | Relação Internacional

O candidato à Presidência do Brasil nas eleições de 2018 pelo partido Novo, João Amoêdo, afirmou nesta sexta-feira (6) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não preza pelo respeito em suas relações internacionais.

Através se seu perfil oficial no Twitter, Amoêdo disse que “as relações internacionais devem ser baseadas em respeito. O presidente Jair Bolsonaro segue o contrário”. O político, que é um dos criadores do Novo, também exemplificou o que ele considera de ruim neste comportamento de Bolsonaro.

##RECOMENDA##

“Por exemplo: exaltar a ditadura chilena e paraguaia, humilhar a esposa de Macron e postar vídeos falsos sobre a Noruega. Vamos resolver os nossos problemas e não criar mais”, escreveu o líder do Novo.

João Amoêdo surgiu nas eleições de 2018 como uma das principais opções para os eleitores de direita. Porém, a força de Bolsonaro levou todas essas intenções de votos e o candidato do Novo terminou a corrida eleitoral com apenas 2,5% dos votos.

A crise vivida pelo Brasil nos últimos dias desencadeada pelos incêndios que acometem a Amazônia tem repercutido internacionalmente. Países se solidarizam, mas também mostram preocupação com a questão do clima e como um acontecimento como esses na maior floresta tropical do mundo pode trazer consequências graves à biodiversidade do planeta e à questão do aquecimento global.

O infeliz episódio deu a oportunidade do presidente Jair Bolsonaro (PSL) mostrar seu comportamento no modo de lidar com outras lideranças mundiais, porém não em uma ocasião de ‘happy hour’, mas sim em um momento de tensão. E, sendo assim, Bolsonaro tem mostrado uma forma de fazer política externa muito acalorada e sem clima amistoso algum com as outras nações que mostraram interesse em ajudar.

##RECOMENDA##

O principal confronto internacional de Bolsonaro é com o presidente francês Emmanuel Macron, que chegou a afirmar que o Brasil merecia um presidente à altura do ex-deputado federal. Bolsonaro não gostou do que ouviu e partiu para um combate pessoal: debochou da aparência da primeira-dama da França, Brigitte Macron, e a comparou com sua esposa, Michelle Bolsonaro.

Depois disso, os ânimos só se acirraram pois Bolsonaro disse que só aceitaria ajuda da França caso Macron lhe pedisse desculpas pelo o que foi dito. Em uma reunião do G7 foi decidido realizar a doação de um total de R$ 83 milhões para ajudar à Amazônia - dinheiro que o presidente brasileiro disse que só aceitaria se a doação acontecesse de maneira bilateral. Além disso, as problemáticas de política externa de Bolsonaro envolvem outras nações. 

“Os entraves despertados por Bolsonaro prejudicam relações econômicas, ameaçam acordos multilaterais e já levaram o Brasil a perder recursos milionários do Fundo da Amazônia, que é uma parceria internacional para proteção da floresta. A postura de chefe de estado do presidente mostram um modo de fazer política bastante peculiar e que dificilmente vai ajudar o país a controlar a problemática vivida na região da Amazônia”, explica o cientista político Thales Fernandes.

O fogo na Amazônia também levou Bolsonaro a ter problemas com Alemanha, Noruega e Dinamarca. Diante da crise na floresta e da falta de políticas ambientais do governo brasileiro, a Alemanha anunciou a suspensão de R$155 milhões do Fundo da Amazônia. Bolsonaro, de prontidão, afirmou que a chanceler alemã Angela Merkel deveria pegar a “grana” e reflorestar seu próprio país

Na Noruega o conflito foi parecido: o país cancelou o repasse de R$ 133 milhões ao Fundo. Em resposta, Bolsonaro publicou um vídeo de uma suposta “matança a baleias” e disse que a Noruega “não tem nada a oferecer para nós”. O que, provavelmente, o presidente não sabia era que o vídeo publicado por ele foi de um evento na Dinamarca, o que terminou gerando mais um entrave externo ao Brasil.

O vídeo em questão causou desconforto na Dinamarca e um dos principais jornais do país, o Berlingske, acusou Bolsonaro de disseminar fake news por estar furioso com o fim dos repasses para o Fundo da Amazônia. 

“As relações conflituosas de Bolsonaro também estão localizadas em lugares geograficamente mais próximos. A Colômbia e o Canadá, por exemplo, são países que expressaram preocupação ao que aconteceu na Amazônia. O primeiro ministro do Canadá, inclusive, reforçou concordância com Macron. Essa segmentação de opinião representa cada vez mais uma fraqueza para Bolsonaro, que se vê cada vez mais com menos aliados na hora de fazer política externa”, explicou Thales.

Já em nações como Argentina, Cuba e Venezuela dos desentendimentos vão muito além da questão ambiental na Amazônia. No país portenho, a vitória da chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner foi alvo de comentário negativo de Bolsonaro, que classificou a dupla como “bandidos de esquerda”. Anteriormente, Fernández - que visitou o ex-presidente Lula (PT) em Curitiba - caracterizou Bolsonaro como “racista, misógino e violento”. 

“A relação estremecida com Cuba, por exemplo, começou desde antes da posse de Bolsonaro. Ele já fazia ofensas aos cubanos enquanto deputado e enquanto candidato à Presidência. Vale lembrar que os médicos cubanos, que faziam parte do programa Mais Médicos decidiram deixar o Brasil logo após a vitória de Bolsonaro. Os médicos chegaram a ser tidos como ‘guerrilheiros do PT’ pelo presidente e isso é algo muito grave. Não condiz com um chefe de estado”, relembra o cientista político Thales Fernandes.

Ao falar sobre conflitos internacionais não se pode esquecer de um dos mais antigos - e talvez mais recorrente -, que é a Venezuela. Em diversos discursos Bolsonaro já sugeriu “varrer a turma vermelha” para a Venezuela. A distância acentuada do brasileiro gerou, inclusive, preocupação no líder chavista Nicolás Maduro, que classificou Bolsonaro como “filhote de fascista” e “imitador de Hitler”.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando