Tópicos | remédios falsificados

Uma operação conjunta da Polícia Civil dos estados de São Paulo, Goiás e Piauí prendeu cinco pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada em vender remédios falsificados. O bando foi detido pela operação denominada Sanitatem na manhã desta terça-feira (17) nos municípios de São Caetano do Sul e Cotia, na região metropolitana da capital paulista. Entre os detidos estão empresários e um farmacêutico. Todos são acusados de comercializar produtos que não faziam efeito para pacientes com câncer.

De acordo com as investigações que começaram no Piauí e duraram cerca de 18 meses, a quadrilha repassava medicamentos com notas falsas para hospitais de várias partes do Brasil. A denúncia foi feita por um paciente de um hospital no Nordeste após não sentir efeitos colaterais nem perceber evolução em seu quadro clínico. Segundo a polícia, os remédios falsos eram usados contra o câncer de intestino e estômago.

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Após a reclamação do paciente, os médicos suspenderam o remédio do tratamento e consultaram o laboratório responsável pela produção. Foi quando os fabricantes esclareceram que o lote informado pelo hospital não havia sido produzido pela empresa. Além disso, a mesma indústria química alegou que nunca havia vendido esse medicamento para o revendedor de São Paulo.

Todos os acusados foram indiciados pelos crimes de associação criminosa e comercialização de medicamento falsificado (considerado crime hediondo pelo Código de Processo Penal). Além de prosseguir com as investigações para saber o local exato da fabricação dos produtos falsos, a polícia ainda averigua quatro mortes que podem ter sido causadas pelo uso das substâncias no estado de Goiás.

O empresário Daniel Eduardo Derkatscheff Vera, de 71 anos, que era sócio da farmácia Botica ao Veado D’Ouro - que vendeu milhares de remédios contra câncer de próstata falsificados, em 1998 - foi preso na manhã da quarta-feira, 2, no Brooklin, na zona sul da capital paulista. Ele foi condenado a 13 anos de prisão, em 2003, por crime contra a incolumidade pública, por ter falsificado o remédio para tratamento de câncer chamado Androcur.

Seus advogados entraram com uma série de recursos no Judiciário para tentar anular a sentença. O último recurso, que manteve a condenação, foi julgado em abril, mas o mandado de prisão, conforme a polícia, só foi expedido em outubro. Investigadores sabiam que ele recebia dinheiro da aposentadoria e montaram uma campana em uma agência do Brooklin. Quando entrou para receber o benefício, ele foi preso.

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Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, o empresário era procurado havia dois meses. A principal dificuldade era que ele não tinha uma rotina definida. O delegado contou que Derkatscheff ficou surpreso com a prisão.

Farinha

Na acusação contra ele e seu sócio, Edgar Helbig, consta que a farmácia Botica ao Veado D’Ouro produziu cerca de 1,3 milhão de comprimidos falsos de Androcur. A composição química era substituída por farinha e os acusados colocavam a etiqueta do verdadeiro remédio na embalagem para vender o produto.

O juiz responsável pelo processo em primeira instância afirmou na sentença condenatória de 2003 que os réus "revelaram torpeza, perversão, malvadez, cupidez e insensibilidade moral, posto que agiram única e exclusivamente visando ao ganho fácil, sem se importarem com o destino de milhares de pessoas".

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