Os médicos residentes da Inglaterra, em guerra aberta com o governo conservador por suas condições de trabalho e salários, realizam nesta terça-feira (26) uma greve que pela primeira vez inclui os serviços de emergências.
A greve terá um grande impacto no Serviço Nacional de Saúde (National Health Service, NHS), que emprega milhares de médicos residentes, graduados que estão completando a prática profissional.
Apesar de outra paralisação já ter sido realizada, esta é a primeira vez que uma greve afetará os serviços de emergências, como os que atendem vítimas de acidentes ou gestantes, mas os médicos mais veteranos e as enfermeiras estarão presentes no trabalho.
A Inglaterra tem mais de 50.000 médicos residentes - a saúde é descentralizada e Escócia e País de Gales administram o setor em seus territórios —, o que equivale a um terço do total de profissionais.
"É o dia mais triste da minha vida profissional. Como médico, nunca pensei que teria que abandonar o estetoscópio e entrar em greve. Mas o governo se recusa a nos ouvir", disse à AFP Fiona Martin, do hospital londrino Saint Thomas, próximo ao Parlamento britânico.
"Não é uma questão de salário, é uma questão de atender bem os pacientes", completou, em referência à reivindicação de maior financiamento e mais funcionários, em um contexto de envelhecimento e crescimento da população.
Quase 13.000 cirurgias e 113.000 consultas foram adiadas por causa da greve, que vai durar dois dias, terça-feira e quarta-feira (27), entre 8H00 e 17H00 (4H00 e 13H00 de Brasília).
O principal ponto de discórdia entre os médicos e o governo do primeiro-ministro David Cameron é o plano do chefe de Governo de passar a considerar o sábado como um dia normal de trabalho, em termos salariais.
Cameron e seu governo afirmam que desejam esta e outras reformas para criar uma saúde pública que preste os mesmos serviços nos sete dias da semana.