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O ex-médico Roger Abdelmassih, preso na terça-feira (19) depois de passar três anos foragido da Justiça, pode cumprir pena em prisão domiciliar. Ele pode alegar idade avançada ou problemas de saúde, conforme benefício estabelecido na Lei de Execuções Penais para quem tem mais de 70 anos. Abdelmassih nasceu em 3 de outubro de 1943 e completará 71 anos daqui a dois meses, embora tenha dito a policiais, na quarta-feira, 20, ter 72 anos. Ele foi condenado, em 2010, a 278 anos de prisão por 48 estupros a 37 mulheres - inicialmente, era acusado em 56 casos, mas foi absolvido em oito deles.

Mesmo que a Justiça conceda o benefício - juristas ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" acham que as chances são poucas, dada a repercussão do crime -, o médico só poderia sair de casa quando completasse 101 anos, segundo explica o chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo, Luiz Henrique Cardoso Dal Poz. "Ele deverá cumprir 30 anos, a pena máxima."

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Segundo o promotor, isso ocorre porque o direito à progressão da pena é garantido apenas aos encarcerados que já cumpriram um sexto da sentença. No caso de Abdelmassih, esse prazo vence daqui a 46 anos - passa, portanto, do tempo-limite que qualquer cidadão pode ficar na cadeia. "Estamos falando hipoteticamente, uma vez que ainda há recursos a serem julgados da pena de 278 anos", ressalta o promotor.

Pena mínima

A sentença, no entanto, deverá ser revista por desembargadores do Tribunal de Justiça. O Ministério Público Estadual (MPE) sustenta que ele foi condenado à pena mínima na maioria dos crimes e sua sentença deveria ser maior.

A defesa, por sua vez, contesta, entre outros fatores, a legitimidade do MPE em conduzir o inquérito que levou o ex-médico ao tribunal. "Afastamos com veemência a tese da prisão domiciliar", ressalta o promotor.

Abdelmassih poderá ainda ser acusado por mais crimes. Um inquérito na 1.ª Delegacia de Defesa da Mulher da capital coletou mais 26 acusações, além de 4 casos de manipulação genética.

Em casa

O professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco Alamiro Velludo Salvador Netto destaca que a prisão domiciliar "foge ao regime de progressão penal". A "progressão", destaca o acadêmico, significa passar do regime fechado para o semiaberto e, por fim, para o aberto - que equivale à prisão domiciliar. "É uma exceção para casos específicos."

Além da idade avançada, a presença de doenças graves é uma situação em que o benefício é previsto. Abdelmassih disse em sua volta ao País, na quarta-feira, que merece ficar em liberdade e comparou seu caso ao mensalão. "Se o (José) Genoino pode sair (da cadeia) por causa do problema (de saúde) dele, eu posso também. Eu tenho uma prótese. Isso é muito pior", registrou à Rádio Estadão.

O professor diz que, se esse benefício for concedido, não haverá restrição ao local em que o médico poderá morar. "Ele não poderá sair de casa. Mas, como esse benefício é dado a pessoas que, em geral, têm saúde mais frágil, poderá pedir autorizações judiciais para ir ao hospital", explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-médico Roger Abdelmassih comprou cotas de uma aeronave enquanto esteve foragido no Paraguai. Segundo investigadores, o avião ficou um ano parado até ser vendido. O negócio teria causado prejuízo a Abdelmassih que, embora vivesse num aparente luxo, não tinha uma situação financeira confortável e acabou se desfazendo de bem para se capitalizar.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Abdelmassih também tentou fazer um empréstimo, mas não foi bem sucedido. A mulher dele, Larissa Maria Sacco teria, inclusive, se movimentado para receber, em vida, uma herança a que tem direito para capitalizar o casal.

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Um dos objetivos da família era fugir do Paraguai para o Líbano ou a Itália, plano que não foi concretizado, entre outros motivos, pela falta de recursos. Abdelmassih ficou três anos foragido no Paraguai após fugir do Brasil ao ser condenado pelo estupro de dezena de mulheres.

A Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico com base em várias fontes. O Estado apurou, contudo, que a informação sobre o possível paradeiro foi repassada à PF por um jornalista que investigava o caso e tinha fontes no Ministério Público. O MP de São Paulo tinha informações sobre o possível paradeiro graças a uma interceptação telefônica no telefone de uma irmã do ex-médico, mas só teria comunicado à PF esse fato quando os investigadores já estavam no Paraguai.

Sobre a situação, o diretor geral da PF, Leandro Daiello, teria comentado com interlocutores que "enquanto o MP procura, a PF prende." Procurada, a PF informou que chegou ao ex-médico com base em diversas fontes de informação e órgãos públicos. No nota que a instituição divulgou à imprensa quando da prisão do ex-médico, entretanto, a PF menciona apenas a parceira com a "Secretaria Nacional Antidrogas paraguaia (Senad)".

O Ministério Público informou, por meio da assessoria, que "todas as provas e indícios obtidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo que indicavam o paradeiro de Roger Abdelmassih no Paraguai foram compartilhados com a Polícia Federal, mediante autorização judicial."

O MP não informou, contudo, quando compartilhou as informações. "O procedimento tem o seu conteúdo resguardado por sigilo legal." Em nota, complementou: "A investigação contou, entre outros, com a colaboração da imprensa e o compartilhamento com a Polícia Federal fez-se necessário quando evidenciou-se o paradeiro do ex-médico além do território nacional."

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, cogitou cometer suicídio para evitar sua volta à prisão. Em conversa com policiais civis e a reportagem da Rádio Estadão, na tarde de quarta-feira (20), no Aeroporto de Congonhas, zona sul da capital, o capturado disse que comprou uma arma para tirar a própria vida. O áudio foi obtido com exclusividade.

"Eu consegui comprar uma arma usada, uma 38. Eu nunca peguei numa arma. Eu comprei e falei: 'Se eu for pego, eu dou um tiro na cabeça'", revelou Abdelmassih, condenado, em 2010, a 278 anos de prisão por 48 estupros contra 37 vítimas. Um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, ele foi capturado na terça-feira, dia 19, após ficar três anos e meio foragido em Assunção.

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Abdelmassih contou aos policiais e à reportagem que "estava preparado", mas desistiu do plano. "Eu não vou me matar mais. Eu vou acreditar agora na advocacia, porque eu fui condenado estupidamente, loucamente, por situações como estas. Não tem uma prova", disse o ex-médico, enquanto se preparava para assinar o cumprimento de sua prisão preventiva, expedida em 2011. Ele foi levado para a Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo.

Ao insistir para ser levado a Tremembé, o ex-médico falou sobre seu período na cadeia há cinco anos. "Eu passei um período difícil na prisão. Foram quatro meses que sofri muito." Em 17 de agosto de 2009, ele foi preso - e solto em 23 de novembro daquele ano, após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dar uma liminar para seu pedido de habeas corpus. O ex-médico insistiu em sua inocência.

A mulher do ex-médico Roger Abdelmassih, a ex-procuradora da República Larissa Maria Sacco, de 37 anos, deixou o Paraguai, rumo ao Brasil, na mesma noite da prisão do ex-médico, na terça-feira (19). A bordo do utilitário Kia Carnival da família, Larissa entrou no Brasil via Ciudad del Este, na fronteira com o Paraguai.

Roger Abdelmassih foi preso em operação conjunta entre as polícias brasileira e paraguaia, quando buscava os filhos gêmeos na escola, em Assunção, capital do Paraguai. O fugitivo vivia numa casa em Villa Morra, bairro de classe média alta da capital paraguaia. Ele foi condenado, em 2010, por 48 estupros a 37 mulheres.

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A investigação sobre a rede financeira que manteve o ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, foragido e vivendo com luxo com a mulher e os filhos no Paraguai pode levar o Ministério Público do Estado (MPE) a acusá-lo pelo crime de associação criminosa.

A suspeita foi levantada durante a investigação comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual de Bauru, durante investigações nas ramificações financeiras da estrutura montada pelo homem acusado por 48 estupros.

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Os promotores responsáveis pelo caso suspeitam que Abdelmassih tenha se aproximado de criminosos especializados em fraudes no sistema financeiro para conseguir viver com luxo no exterior e ficar por tanto tempo foragido. O Gaeco também investiga se pessoas próximas ao ex-médico iam levar o dinheiro em espécie para ele e a família no Paraguai. O MPE aguarda o andamento das investigações para desvendar como funcionava a estrutura financeira dele.

Empresas e conhecidos. No entanto, para os promotores já está claro que o dinheiro usado vinha de empresas da família e de conhecidos. "Possivelmente (a estrutura financeira) envolvia pessoas jurídicas e algumas pessoas físicas da confiança do casal. Eles faziam essa movimentação (de quantias) para poder recepcionar o dinheiro para que eles se mantivessem foragidos com um excelente padrão de vida", afirmou Luiz Henrique Dal Poz, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça do MPE.

Ainda de acordo com o promotor, há investigação de empresas formadas por Abdelmassih e a mulher que tiveram baixa movimentação enquanto ele esteve foragido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A localização do casal de gêmeos filhos de Roger Abdelmassih com Larissa Sacco, matriculados em uma creche na Rua Guido Spano, 2.314, no bairro de Villa Morra, em Assunção, levou à confirmação da identidade do brasileiro foragido da Justiça. Investigado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai em conjunto com a Polícia Federal, Abdelmassih foi preso quando chegava à creche, às 13h30 de terça-feira (19) para buscar as crianças.

Desde o dia 12, agentes especiais da Senad seguiam os passos de Abdelmassih após checarem listas de brasileiros que moram no país e têm filhos gêmeos com idade em torno de 3 anos. Essa informação, mais as características físicas dele e da mulher, deram a certeza à polícia paraguaia de que o pacato morador de Villa Morra e o ex-médico famoso e procurado eram a mesma pessoa.

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"A operação foi montada com muito cuidado após recebermos informações da Polícia Federal brasileira", disse ontem o ministro executivo da Senad, Luis Rojas, que comandou a operação com o delegado brasileiro Cesar Luiz Busto Souza. Uma reunião entre os dois, no dia 12, selou a parceria que acabaria com uma fuga de mais de três anos do ex-médico. Um grupo de cerca de 15 agentes fez o cerco. Surpreendido, o ex-médico não reagiu.

Depois de encontrarem a escolinha, os policiais vigiaram por cerca de uma semana os passos de Abdelmassih. O casal levava vida de alto padrão. Costumava usar dois carros. Tinham uma perua Kia Carnival, preta, ano 2012, que está registrada em nome da empresa Gala Import and Export, e um Mercedez Benz, preto, C350, ano 2012, que era dirigido por Abdelmassih. O Mercedes está registrado no Paraguai em nome de Juan Gabriel Cortázar.

De acordo com a polícia, o brasileiro teria comprado o carro, porém não o transferiu para seu nome. Esses veículos foram monitorados pela polícia quando circulavam nos arredores do endereço do casal, que fica a menos de dez quadras da creche.

A casa estava trancada, na quarta-feira, 20. O imóvel foi alugado da imobiliária Saturno, em Assunção, por US$ 3,8 mil mensais há quase quatro anos, segundo a administradora, quando Larissa ainda estava grávida das crianças. Na imobiliária, Abdelmassih usou o nome de Ricardo Galeano, contou o administrador do imóvel, Miguel Portillo.

Ontem pela manhã, Portillo estava na casa acompanhado de funcionários. Contou que não sabia a verdadeira identidade do inquilino. E lembrou que Abdelmassih costumava fazer os pagamentos "mais ou menos" na data combinada - o aluguel atual era de US$ 5 mil. De acordo com Portillo, o casal está devendo alguns aluguéis. Ele não soube dizer de quanto era a dívida. À tarde, casa estava fechada. "A senhora foi embora ontem à noite", contou uma vizinha.

Na creche, Abdelmassih também era conhecido como Ricardo Galeano. "Ele é gentil, cumprimenta, mas não é de falar muito", contou um funcionário. "Às vezes ele vem buscar as crianças", explicou o homem. No final da tarde, mães que buscavam os pequenos se negavam a comentar a presença do casal brasileiro na creche. E a informação na escolinha era de que a diretora não estava.

Bigode

"A gente atendia ele aqui, com bigode e sem bigode", contou um garçom da churrascaria Paulista Grill, que fica no mesmo bairro. Segundo o gerente Ângelo de Paula, um brasileiro que vive no Paraguai há 13 anos, "o homem que apareceu na televisão preso era um cliente normal". Ele disse que uma das regras do bom convívio no Paraguai é ninguém saber muito de ninguém. "O Paraguai é ótimo", disse. "Aqui, se você não mexe com ninguém, ninguém mexe com você."

Não é bem isso o que pensa o ministro Luis Rojas, da Senad. Pressionado por outros setores da polícia paraguaia, que questionam sua participação na operação, Roja disse que há uma decisão política do governo paraguaio de mandar embora "os criminosos de outros países".

"Isso está muito claro", afirmou. "E eu respondo diretamente ao presidente da República", emendou, referindo-se a Horácio Cartes, que banca a política de ações conjuntas de combate às drogas com o Brasil.

"O Brasil é nosso parceiro estratégico, temos uma colaboração muito estreita de agentes, e isso vai continuar assim", resumiu Rojas. Dias atrás, a Senad prendeu e o Paraguai expulsou Ricardo Munhoz, integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mandou ainda para a cadeia no Brasil José Benemário de Araújo, condenado a 73 anos por liderar o tráfico de drogas na favela de Manguinhos, no Rio.

Documentos

A expulsão imediata de Abdelmassih, explicou o ministro Rojas, só foi possível porque ele foi capturado sem documentos. Caso apresentasse qualquer documentação diferente da de Roger Abdelmassih, ele poderia ser processado no próprio Paraguai. E então pegaria dois anos de cadeia.

Por isso a operação policial foi montada para surpreender o casal, o que propiciou o possibilitou a expulsão do ex-médico.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cinco mulheres se encarregaram de mostrar o lado forte das vítimas do ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, preso na terça-feira, 19, no Paraguai. Contando detalhes dramáticos sobre seus casos, mas sem aparentar fragilidade, elas estiveram nesta quarta-feira, 20, no Aeroporto de Congonhas, na zona sul, para acompanhar a prisão do ex-médico. O registro da captura foi feito na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur) do aeroporto. Depois, Abdelmassih foi levado para o Presídio de Tremembé.

"Eu estava acordada quando ele me agarrou e me beijou. Eu vi, senti. Depois ele disse, no julgamento, que nós que o denunciávamos éramos mulheres frustradas, porque não tivemos filhos. Eu tive gêmeos. Ele disse que as vítimas dele não tinham rosto. Viemos aqui para mostrar para ele que temos, sim", disse a dona de casa Helena Liardini, de 45 anos. "A gente se juntou e conseguiu prender esse safado", afirmou.

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As cinco mulheres haviam chegado ontem, pouco depois das 14 horas, ao saguão do aeroporto. O lugar já estava repleto de jornalistas e cinegrafistas e, por isso, policiais haviam colocado faixas isolando o acesso à delegacia. Elas tiveram de esperar pelo ex-médico entre dezenas de curiosos que vaiaram e xingaram o ex-médico de "monstro" e "vagabundo" quando Abdelmassih despontou no saguão do aeroporto, causando tumulto, perto das 16 horas.

"Esse monstro implantou meu embriões em outras mulheres. Disse que não daria um filho para mim porque meu marido não me amava. Abortei com quatro meses, sozinha, em casa, sem amparo médico, porque ele não me deixou ir ao médico.

Depois, mandou que eu guardasse o feto na geladeira, porque queria analisar", falou a artista plástica Silvia Franco. "Eu quis vir aqui para mostrar para ele que a gente tem coragem. Coragem de ir até o fim, para que ele vá à Justiça."

Investigação

"Eu vim para dar boas-vindas para ele ao inferno", afirmou a estilista Vanuzia Lopes. "Foi eu que fiz a primeira queixa contra ele, em 1996. Fiz exame de corpo de delito quando ainda estava suja. Havia acabado de acordar e ele estava em cima de mim e fui direto para a delegacia", dizia, antes da chegada do ex-médico.

Foi Vanuzia quem organizou, há cerca de um ano, a página do Facebook que começou a juntar informações sobre o possível paradeiro de Abdelmassih. "Sabíamos que ele tinha se casado com a Larissa (Maria Sacco, ex-procuradora da República, mulher do ex-médico), então passamos a vigiar a família dele", explicava. "Juntamos mais de 300 documentos, mostrando como ele continuava ganhando dinheiro. Só uma de suas fazendas de laranja, que ele transferiu para Larissa e depois para a procuradora dela, rendeu R$ 6 milhões em uma única safra. Sei porque conseguimos uma cópia do extrato dele", afirma.

Vanuzia diz ter sofrido ameaças por causa da investigação conduzida pelas vítimas. "Fui para Portugal, só voltei há quatro dias porque sabíamos que tinha dado certo", disse.

Sem dar detalhes, as vítimas disseram que uma das pessoas fundamentais para a localização do ex-médico foi uma pessoa ligada à cunhada de Abdelmassih. "Nós vamos falar com o secretário (da Segurança Pública, Fernando) Grella para que essa pessoa, de família humilde, receba a recompensa que estavam oferecendo para a captura dele, de R$ 10 mil", disse Helena Liardini. "Foi um trabalho bem de fofoquinha, sabe? Falávamos com um, com outro, com pessoas em Jaboticabal (cidade onde mora a família da mulher), que eram do círculo social dele", afirma.

Tanto trabalho, disseram as vítimas, fez com que a prisão trouxesse uma sensação de "dar o troco" ao ex-médico, acusado inicialmente por 56 atos de estupro contra 37 vítimas, todas pacientes da luxuosa clínica que Abdelmassih mantinha na Avenida Brasil, nos Jardins, zona sul de São Paulo.

"Nós ajudamos muito a polícia, Recebíamos informações boas, informações de verdade sobre o paradeiro dele. Isso acontecia porque muita gente queria ver ele preso. Agora, me sinto aliviada. E sabemos que ele foi preso porque nós não desistimos", disse.

 

Chegada

Quando entrou no saguão do aeroporto, Abdelmassih estava com uma camiseta branca e colete à prova de balas. Os braços estavam unidos por uma algema.

Quatro carros da polícia estavam à espera para escoltá-lo até Tremembé. Tão logo desceu do carro da Polícia Civil em que estava, começou a ser vaiado.

Diante das câmeras e das vítimas, o ex-médico encarou a multidão e sorriu. Andou sempre olhando para a frente, sem baixar a cabeça, sob proteção de dois policiais civis, um de cada lado do ex-médico.

Depois que ele foi embora, a empresária Cristina Silva, também vítima, disse que a prisão era uma vitória, mas foi comedida. "Já tivemos essa sensação no passado, quando ele foi preso da primeira vez (em 2009)", contou. "Isso aqui, essa nova prisão, traz um alívio, mas ainda não é o fim. A Justiça ainda vai analisar recursos, ainda há muita coisa para acontecer. Mas estamos mais tranquilas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depoimento de Maria Silvia de Oliveira Franco, 43 anos, ex-paciente:

"Quando cheguei à clínica de Abdelmassih, em 1997, com 26 anos, ele disse que não tinha como eu e meu marido sairmos dali sem um bebê nos braços porque eu era o melhor tipo de paciente que ele tinha: jovem e sem problemas de saúde. Ele dizia que meus embriões eram excelentes.

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Nas duas primeiras tentativas de fertilização, não engravidei. Em ambas, eu voltei para casa com dor e sangramento no ânus e peguei uma infecção, que ele disse ser normal. Provavelmente ele me violentou quando eu estava sedada.

Na terceira e última tentativa, ele me avisou que aplicaria seis embriões, quando o permitido eram apenas três. Engravidei, mas, aos dois meses, ele viu que o coração do bebê não estava batendo. Disse que não tinha mais chance e que, nas semanas seguintes, eu teria uma 'menstruação muito forte'. Não tive nada e ele me receitou um abortivo. Na época, tinha uma viagem marcada e ele me orientou a fazê-la porque, com a pressão do avião, a chance da 'grande menstruação' chegar era grande. Nada aconteceu e, aos quatro meses, eu só sentia dores fortes.

Liguei para ele e fui proibida de ir ao hospital. Falou que era para eu ir para a clínica. Antes mesmo de ir, fui ao banheiro e o feto saiu morto. Ele ainda pediu que eu o guardasse na geladeira, não queria que ninguém soubesse.

Depois de tudo isso, eu e meu marido pedimos uma nova tentativa, já que ele tinha produzido 16 embriões em cada ciclo e só usava 6. Ele falou que descartava os embriões excedentes, jogava no ralo da pia. Só depois fui perceber que ele provavelmente vendia meus embriões para mulheres que tentavam produções independentes."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, apontou sua mulher, a ex-procuradora da República Larissa Maria Sacco, de 37 anos, como a mentora de sua fuga para o Paraguai, há três anos e meio. A policiais civis e à Rádio Estadão, durante conversa na quarta-feira (20), no Aeroporto de Congonhas, ele afirmou que foi "condenado escandalosamente", sem provas - a pena é de 278 anos de prisão por 48 estupros contra 37 vítimas. O áudio foi gravado com exclusividade.

Por volta das 16h de quarta-feira (20), o ex-médico chegou à capital paulista e passou por exame de corpo de delito na delegacia do terminal da zona sul, onde contou aos agentes sua estratégia de fuga e sua rotina em Assunção. "Eu achava melhor me entregar. Minha mulher disse: 'Não, vamos embora'. Aí, falei com minha irmã que tem um haras em Presidente Prudente. Fomos para lá. De lá fomos para o Paraguai", disse Abdelmassih.

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Capturado na capital do país vizinho na terça-feira (19), ele disse que só está preso porque pediu a renovação de seu passaporte em 2011 - o ex-médico, um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, foi condenado em novembro de 2010 e recorria em liberdade. "Eu estou preso, mas não existe prova nenhuma", afirmou.

Segundo ele, sua intenção não era deixar o País. "Eles (a Justiça e o Ministério Público) achavam que eu ia fugir, mas eu não ia. Ia passear", afirmou. "Sabe por que eu fui tirar passaporte? Porque o meu passaporte tinha dois meses para vencer. O Juca (criminalista José Luis Oliveira Lima, que defende o ex-médico) falou assim: 'Tem lugar que você não vai conseguir usar passaporte com dois meses'", disse.

Abdelmassih contou, então, que procurou o criminalista Márcio Thomaz Bastos. "Fui ao doutor Márcio: 'O senhor pode me ajudar?'" A resposta foi: "Não! Vai lá na Polícia Federal, e tira logo (o passaporte)", disse o ex-médico. "Quando fui buscar, a juíza mandou eu entregar. Aí, os advogados começaram a ver o que queriam: 'Ah, pode dar prisão'. Aí, a juíza substituta Jaqueline disse para o Juca: 'Fala para o seu cliente que não vou prender. Fala para ele ficar tranquilo'. Eu disse: 'Então, tá! Vamos para Avaré'." Foi em uma fazenda no município paulista que promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru encontraram as pistas para chegar até Assunção.

Aos policiais civis, Abdelmassih disse que, na época da fuga, estava tranquilo. "Eu estava livre, eu estava solto. Aí, pum, me avisaram (da prisão) no meio do caminho. O Márcio falou: 'Eu acho melhor se entregar'. Minha mulher falou: 'Não, vamos embora!'", contou. Após o pedido de renovação do documento, a juíza Cristina Escher, da 16.ª Vara Criminal, decretou sua prisão preventiva.

Fuga e rotina

Antes de deixar o País, o ex-médico contou que foi, ainda em 2011, para Jaboticabal, onde vive a família de sua mulher. Ele falou também sobre sua rotina em Assunção. "Fiquei três anos e meio no Paraguai. Assunção é uma cidade boa. Gostam dos brasileiros."

"Era uma bela casa. Uma casa daquelas aqui (o aluguel) custaria uns US$ 8 mil. Lá custava US$ 1.800", contou. Segundo o preso, o imóvel foi alugado em nome de uma empresa aberta em sociedade com um amigo. Os filhos gêmeos nasceram no país vizinho. "Não saía de casa sem peruca. E óculos. Ficava diferente do que eu era."

O ex-médico relatou ter bons relacionamentos. "Sempre fui querido. E vou te contar mais: o Nicolas Leoz (paraguaio, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol) teve dois filhos comigo. E eu não procurei ele, para não constranger."

Abdelmassih relatou sua captura. "Quem me pegou foi o rapaz da Polícia Federal. Diz ele ter informação até da igreja, de uma 'cliente' da igreja que me viu, mas principalmente depois da Veja, que estampa muito o rosto da Larissa", afirmou.

Ele pediu reiteradamente para que fosse levado para a Penitenciária de Tremembé, para onde foi transferido. "Eu só vou assinar (o mandado de prisão) na hora em que eu tiver certeza de que é Tremembé. Não quero ir lá e depois ficar em Guaratinguetá." Ele disse que merece ficar solto e comparou seu caso ao mensalão. "Se o (José) Genoino pode sair (da cadeia) por causa do problema (de saúde), eu posso também. Eu tenho uma prótese. Isso é muito pior." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-médico Roger Abdelmassih chegou por volta das 15h30 ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde passa por exames de corpo delito na tarde desta quarta-feira (20). Depois, ele deve seguir para o Presídio de Tremembé. Abdelmassih, de 70 anos, foi preso na terça na cidade de Assunção, capital do Paraguai. Ele estava foragido desde janeiro de 2011 e foi condenado a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 pacientes.

Na terça, escoltado por policiais armados com fuzis e vestindo um boné, o ex-médico foi levado para o aeroporto de Assunção, onde foi colocado em um avião da força aérea paraguaia, que levou o foragido até Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil. Dali, o ex-médico foi conduzido pelos agentes federais até Foz do Iguaçu, no Paraná, onde passou a noite.

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Um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, o ex-médico foi preso quando buscava os dois filhos pequenos na escola. Estava acompanhado pela mulher e mãe da crianças, Larissa Maria Sacco, de 37 anos.

Três carros com policiais da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai, cercaram o foragido. A polícia do país vizinho era apoiada por homens da Polícia Federal (PF) brasileira.

Um segundo inquérito policial que investiga o ex-médico Roger Abdelmassih por outros 26 estupros pode acusá-lo de crimes contra a lei de biossegurança, como a comercialização indevida de embriões humanos. Para isso, a Polícia Civil precisa encontrar o engenheiro Paulo Henrique Ferraz Bastos, ex-sócio de um casal de russos que fazia pesquisas na clínica de Abdelmassih, que também é suspeito de enganar as pacientes fertilizando-as com embriões de outros casais.

"Elas (as vítimas) achavam que ele comercializava os óvulos. Algumas mulheres também vieram relatar que as crianças nasceram defeituosas", afirmou a delegada Celi Paulino Carlota, da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

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Ainda de acordo com a delegada, as vítimas disseram que o ex-médico fazia diversas coletas de óvulos, em vez de apenas uma. Carlota também afirmou que desses outros 26 casos, em pelo menos quatro deles houve má formação dos fetos.

Em um deles, a criança morreu no segundo mês de gestação e a vítima só foi abortar durante o quarto mês sem que soubesse que o feto já estava morto.

O ex-médico Roger Abdelmassih estava devendo o aluguel da casa em que vivia escondido havia três anos e meio em Assunção, no Paraguai. Ele pagava US$ 5 mil por mês pela casa no número 1976 da Rua Guido Spano, na Villa Morra, um bairro de classe alta na capital paraguaia.

Administrador da imobiliária Saturno, Miguel Portillo, disse ao Estado que alugou a casa há quase quatro anos para um homem que se identificou como Ricardo Galeano. Era essa a identidade falsa que Abdelmassih usaria no Paraguai. Inicialmente, o aluguel era de US$ 3,8 mil, mas com o passar dos anos, foi reajustado para os atuais US$ 5 mil por mês.

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A casa pertence, segundo Portillo, a um espanhol. Ele não soube especificar quantos aluguéis Abdelmassih estava devendo. Ainda de acordo com ele, a mulher do ex-médico, Larissa Maria Sacco, identificava-se como Lara Sacco. "Ela nunca assinava os papéis; era sempre o Ricardo (Abdelmassih)."

O casal vivia em Assunção e se dava bem com os vizinhos. A empregada de uma vizinha disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o casal costumava passear com as crianças na rua e frequentava à noite o restaurante Uvaterra, na esquina da Rua Guido Spano. Abdelmassih e Larissa mantinham ainda uma babá, que cuidava dos meninos.

Virgílio Carmona, morador de uma casa em frente à alugada pelo ex-médico, confirmou que o foragido morava ali havia mais de 3 anos. Abdelmassih usava um carro da marca Kia para se locomover pela cidade. "Eu não os conhecia bem", disse Carmona. O casal contribuía com 650 mil guaranis (cerca de R$ 500) por mês para pagar o salário do vigia da rua.

A Larissa deixou a casa na noite de terça-feira, dia 19. Antes, prometeu a Protillo que voltaria à Assunção em dez ou quinze dias para quitar a dívida. Pela manhã, funcionários da imobiliária faziam uma faxina na casa. "Não sabia que ele era uma pessoa condenada no Brasil. Vou pedir as chaves do imóvel de volta", afirmou Portillo.

Na manhã desta terça-feira (19), a estilista Vanuzia Leite Lopes, de 54 anos, recebeu uma ligação que esperava havia três anos. Do outro lado da linha, vinha a notícia de que Roger Abdelmassih havia sido preso. "Me disseram que eu poderia colocar o champanhe para gelar, porque ele finalmente havia sido pego", contou ela, ao lado da dona de casa Helena Leardini, de 45 anos, e da artista plástica Maria Silvia de Oliveira Franco, de 43, outras duas vítimas do ex-médico.

Desde que ele foi condenado, mas fugiu da Justiça, Vanuzia e outras vítimas criaram uma associação, além de um e-mail e páginas em redes sociais para receber denúncias sobre o paradeiro de Abdelmassih.

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Foi graças a documentos de ligações e transações bancárias que a polícia pôde chegar ao foragido. "Essa investigação foi um trabalho de formiguinha. Mais do que felicidade pela prisão dele, tenho orgulho do que fizemos. Provamos que a mulher que sofre o abuso pode ser vítima, mas não é uma coitada e tem força para lutar", disse.

Em 1993, durante tratamento para engravidar, Vanuzia foi violentada por Abdelmassih. Ela foi uma das primeiras mulheres que registraram imediatamente o abuso na polícia. "Tenho o exame de corpo de delito comprovando o abuso. Só que na época toda a investigação sumiu. Era a minha palavra contra a dele."

Ela diz que, durante as investigações que fez com as integrantes do grupo, chegou a receber ameaças de morte. "Em ligações me pediam para parar as publicações no Facebook ou eu não ficaria viva", contou.

Com a prisão do ex-médico, Vanuzia e as outras vítimas disseram estar aliviadas. "Vou dormir muito mais leve hoje ao saber que ele finalmente vai ter o que merece", disse Maria Silvia. Ela afirmou que, além de ter sofrido abuso sexual, teve embriões desviados para venda.

Comemoração

A presidente da Associação das Vítimas de Roger Abdelmassih, a bacharel em Direito Teresa Cordioli, de 63 anos, confirmou que o clima foi de comemoração entre as integrantes do grupo.

"Não posso dizer que sinto felicidade porque isso (a prisão) não vai acabar com a minha dor nem com a das minhas colegas. Mas, pelo menos agora, a gente tem o sentimento de que a justiça foi feita", disse.

Teresa foi violentada por Abdelmassih aos 17 anos, quando ele era residente em um hospital de Campinas (SP). "Ele me ameaçou. Disse que, se eu falasse algo, iria atrás de mim porque tinha meu endereço no prontuário. Até hoje tenho medo dele." A vítima afirma que, mesmo com o alívio sentido com a captura do médico, ainda não se sente segura. "Eu sei do que ele é capaz e, para estar solto, tinha gente poderosa que o ajudava."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma investigação do Ministério Público de São Paulo sobre uma suposta lavagem de dinheiro levou à captura do ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, nesta terça-feira, 19, no Paraguai. A partir de uma denúncia de que ele estaria em Avaré, no interior paulista, os promotores conseguiram traçar sua rota de fuga e descobrir seu paradeiro no país vizinho, após três anos de buscas a um dos fugitivos mais procurados do Brasil. O MP acionou a Polícia Federal, e a prisão foi efetuada em parceria com policiais da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai.

O MP obteve um mandado de busca e apreensão para averiguar a denúncia de que o condenado a 278 anos de prisão por 56 crimes de estupro contra 37 vítimas estaria no interior do Estado. Desde o cumprimento do mandado, no dia 29 de maio deste ano, quando foi realizada uma operação em uma fazenda em Avaré, o paradeiro do condenado foi identificado como a capital do Paraguai. "Era uma fazenda de laranjas, que já havia sido de propriedade dele", disse o promotor Luiz Henrique Del Poz, autor da denúncia que resultou na condenação de Abdelmassih por estupro contra as dezenas de vítimas.

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O procurador-geral, Márcio Fernando Elias Rosa, designou, na ocasião, dois promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru para, em parceria com a Polícia Civil, fazer as buscas e apreensões na propriedade, onde, segundo a denúncia, estaria o ex-médico. No local, embora o foragido não tenha sido localizado, os promotores e os policiais civis encontraram uma série de pistas do plano de fuga.

Documentos mostraram que pessoas jurídicas supostamente de fachada foram usadas para lavar dinheiro e transferir quantias para manter o ex-médico em Assunção. Não havia ordem judicial para o bloqueio dos bens de Abdelmassih e seu dinheiro foi, então, movimentado. Na sede da fazenda, os promotores encontraram também bilhetes, cartas e fotos que auxiliaram nas investigações.

Monitoramento. O MP passou a monitorar uma rede de pessoas envolvidas no esquema de cobertura do foragido. Investigações complementares, que incluíram a quebra de sigilo telefônico de colaboradores que poderiam ajudar na fuga, levaram à certeza de que o foragido estava vivendo no Paraguai. "Foi quando requeremos à Justiça o compartilhamento das informações dessa investigação sigilosa com a Polícia Federal", disse Elias Rosa. "Essa prisão só foi possível por causa do trabalho integrado com as duas polícias, a Civil e a Federal", afirmou o procurador-geral.

Os promotores não informaram, porém, quantos são os suspeitos de colaborar com Abdelmassih nem suas identidades. No entanto, eles continuam sob investigação do MP e da polícia. De acordo com os promotores, eles poderão responder pelos crimes de falsidade ideológica, falsidade material, lavagem de dinheiro e também de facilitação de fuga. Parentes do ex-médico estão na lista de investigados. "Eles devem alegar escusa absolutória (um perdão pelo fato de a ajuda ser dada a um parente) para não responder por facilitação de fuga", disse o procurador-geral.

"Há recursos tanto da defesa quanto da promotoria no Tribunal de Justiça", disse o procurador-geral. A defesa questiona a atribuição do MP para investigar o ex-médico. O MP recorre para aumentar a pena. "Ele foi condenado à pena mínima em cada um dos casos", explicou Elias Rosa.

Na mira

Com a renda oriunda de seu trabalho como médico e com a transferência do dinheiro supostamente lavado, Abdelmassih se manteve no Paraguai. Ele vivia no país havia três anos.

A operação que culminou com a captura do ex-médico foi iniciada há três semanas, com a polícia do Paraguai informando todos os passos de Abdelmassih. Desde a semana passada, agentes da PF estão no Paraguai, onde vigiaram a casa luxuosa do foragido na Villa Morra, um bairro de classe alta de Assunção.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos homens mais procurados do País, o ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, condenado a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 pacientes, foi capturado nesta terça-feira (19), às 13h35, em Assunção, no Paraguai, e deve ser enviado para a penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo. Foragido desde 6 de janeiro de 2011, ele vivia havia três anos no país vizinho.

Um dos maiores especialistas em fertilização in vitro do Brasil, o ex-médico foi preso quando buscava os dois filhos pequenos na escola. Estava acompanhado pela mulher e mãe da crianças, Larissa Maria Sacco, de 37 anos.

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Três carros com policiais da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai, cercaram o foragido. A polícia do país vizinho era apoiada por homens da Polícia Federal (PF) brasileira.

Surpreso, Abdelmassih não reagiu. "Não esboçou reação, a não ser no rosto, com as feições paralisadas e boca aberta", contou o delegado Marcos Paulo Pimentel, da PF. O ex-médico só quis saber o que aconteceria com a mulher, pois alguém teria de cuidar das crianças.

Abdelmassih, por quem o governo de São Paulo oferecia R$ 10 mil de recompensa por informações que levassem à sua captura, figurava na chamada "difusão vermelha" da Interpol - o índex dos criminosos mais procurados do mundo. Ele morava em uma casa em Villa Morra, bairro de classe alta da capital paraguaia onde o presidente daquele país, Horácio Cartes, tem uma residência.

Depois da prisão, o ex-médico foi levado à sede do departamento de imigração daquele país. Ali, o foragido novamente perguntou pelo destino da mulher, ex-procuradora da República com quem se casou depois que as investigações contra ele já haviam começado no Brasil.

Abdelmassih e Larissa usavam em Assunção, segundo a PF, documentos falsos. De acordo com Francisco Ayala, diretor de Comunicação da Senad paraguaia, a "condição de imigrante ilegal em território paraguaio facilitou a expulsão do ex-médico" do país.

Escoltado por policiais armados com fuzis e vestindo um boné, ele foi levado para o aeroporto de Assunção, onde, às 15h30 de ontem, foi colocado em um avião da força aérea paraguaia, que levou o foragido até Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil. Dali, o ex-médico foi conduzido pelos agentes federais até Foz do Iguaçu, no Paraná, onde devia passar a noite. A chegada a São Paulo estava prevista para as 13 horas de hoje. Abdelmassih deve, então, ser enviado para a penitenciária de Tremembé.

Abdelmassih começou a ser investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) em 2008. Acabou acusado de 56 estupros contra 37 vítimas - todas pacientes do então médico, que abusaria das mulheres que recorriam à sua clínica para engravidar. "Uma avalanche de fatos absolutamente repulsivos e, não por outro motivo, as vítimas descreveram as sensações que possuem em relação ao mesmo como dor, raiva, asco, nojo, humilhação e medo", escreveu a juíza Kenarik Boujikian Felippe, na sentença que o condenou em novembro de 2010.

Em 2009, o ex-médico chegara a ser preso, mas acabou solto no fim daquele ano por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A 16.ª Vara Criminal de São Paulo decidiu, em 2011, decretar novamente sua prisão, depois que o então médico pediu a renovação de seu passaporte - para a Justiça, era um indicativo de que pretendia fugir.

"Ele fugiu quando o caso ainda estava em primeira instância, claramente para evitar o cumprimento da punição penal", afirmou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa.

Defesa

Os advogados de Abdelmassih, Márcio Thomaz Bastos e José Luis Oliveira Lima, informaram, por meio de nota, que aguardam "o julgamento da apelação interposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo contra a decisão que o condenou, portanto, a decisão não transitou em julgado, bem como do habeas corpus em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal". Em relação à prisão, os criminalistas afirmaram que não iriam se manifestar. (Fausto Macedo, Marcelo Godoy e Joana Lopes, especial para o AE)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não quis se manifestar nesta terça-feira, 19, sobre a prisão do médico Roger Abdelmassih. Por meio da assessoria de imprensa, o colegiado argumentou que o profissional teve seu registro de médico cassado e, por isso, não se trata de problema da categoria, mas um caso de polícia.

O cancelamento do registro de médico ocorreu em 2011, 21 meses depois do início das investigações. A primeira medida tomada pela categoria contra o então colega ocorreu em 2009 e foi determinada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo com base em provas de abuso sexual praticado contra pacientes.

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Na época, o colegiado estadual determinou a suspensão, cautelar, do registro de Abdelmassih.

A medida teve duração de seis meses. Terminado o prazo, foi renovada por igual período.

Pouco antes de vencer a segunda suspensão temporária, o Cremesp julgou o cancelamento definitivo do registro profissional do médico. Somente nove meses depois, no entanto, é que o Conselho Federal de Medicina homologou a decisão do Cremesp e proibiu definitivamente o profissional de exercer a medicina.

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