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A 14ª Vara Criminal de Maceió condenou um segurança do Shopping Pátio Maceió por impedir o acesso de uma mulher transexual ao banheiro feminino. A conduta de José Rui de Gois foi enquadrada como crime de racismo, seguindo precedentes do Supremo Tribunal Federal.

O juiz Ygor Vieira de Figueirêdo fixou a pena em 1 ano e 6 meses de reclusão, porém a punição foi convertida em prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, além do pagamento de 10 salários mínimos a serem revertidos a uma organização que atue em favor da comunidade LGBTI+.

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O caso ocorreu na noite de 3 de janeiro de 2020. A vítima, Lanna Hellen, relata que tentou usar o banheiro do shopping, e ao entrar no corredor, foi abordada pelo segurança José Rui. De acordo com a acusação, ele não permitiu que Lanna usasse o banheiro feminino, e disse que uma cliente havia externado que ficaria constrangida com a situação.

“É inconcebível que no atual estágio civilizatório [...] sejam toleradas práticas discriminatórias em função do sexo, gênero ou sexualidade do indivíduo, razão pelo que é inequívoco que a proibição da entrada no banheiro correspondente ao gênero ao qual a transexual pertença deve ser caracterizado como crime de racismo, já que a conduta promove a segregação entre as pessoas e ofende ao princípio da dignidade da humana”, diz o juiz na sentença.

Após a primeira abordagem, a vítima começou a protestar com o intuito de chamar a atenção dos demais clientes. Os vídeos gravados no incidente mostram que ela chegou a subir em uma mesa da praça de alimentação e tirar a camisa como forma de demonstrar que era mulher. Neste momento, ela foi contida por seguranças e bombeiros civis.

As testemunhas ouvidas, que não conheciam a vítima, não presenciaram o momento da negativa no corredor do banheiro, porém confirmaram que os seguranças repetiam, durante a contenção de Lanna na praça, que ela não deveria usar o banheiro feminino. Os depoimentos também apontam que os seguranças insistiam que Lanna seria “homem” e “macho”, além de dizerem que ela iria para o inferno por ser transexual.

De acordo com a sentença, “os vídeos anexados a pedido do assistente de acusação deixam claro que houve a negativa de utilização do banheiro e o protesto feito pela vítima em virtude de tal fato”.

A defesa alegou que Lanna Hellen não foi impedida de utilizar o banheiro feminino. Sustentou que a mulher é ex-funcionária de uma das lojas do shopping e que, após o encerramento de seu contrato, “passou a frequentar o shopping para deflagrar grosserias em frente ao salão, motivo pelo qual passou a ser monitorada pelos seguranças do shopping”.

O Shopping Pátio de Maceió (AL) amanheceu nos Trending Topics do Twitter neste sábado (4). Vídeos em que uma mulher transgênero é arrastada pelos seguranças do centro de compras viralizaram na internet acompanhados da hashtag #shoppingpatiotransfobico. Os internautas pedem esclarecimentos e providências por parte do estabelecimento por seus seguranças terem impedido a consumidora de usar o banheiro feminino.

Nas imagens, a mulher trans aparece denunciando o caso ainda dentro do shopping. Ela alega ter sido impedida de usar o banheiro feminino: "O segurança me tirou de dentro do banheiro. O segurança não deixou eu fazer xixi. O segurança é homofóbico. Homofobia é crime. É um shopping que não aceita as travestis, as transexuais, os gays, as lésbicas". Em um segundo vídeo, todos gravados por pessoas que também frequentavam o local, a mulher aparece em cima de uma mesa na praça de alimentação pedindo respeito enquanto os seguranças tentam tirá-la de lá. Eles conseguem e a arrastam pelos braços enquanto algumas pessoas gritam em sua defesa. 

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Os usuários do Shopping Pátio, e muitos outros internautas que tomaram conhecimento do caso, usaram o Twitter para repudiar a atitude do estabelecimento e pedir providências. "Imaginem a situação de desespero ao ponto de ter que subir em uma mesa pra pedir, RESPEITO!"; "Você não precisa ser transexual para lutar como uma"; "O processo vem. Fogo nos transfóbicos"; "É incrível com a letra T da nossa comunidade ainda sofre tantos preconceitos e humilhações. Esse caso é inadmissível, não podemos nos calar"; "Covardes, transfóbicos, respeita as trans. Temos direito de usar banheiro feminino sim, e transfobia é crime seus lixo".  

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O Shopping Pátio Maceió se manifestou em nota à imprensa e disse que não houve qualquer impedimento para que ela fosse ao banheiro. Confira:

O Shopping Pátio Maceió esclarece que ontem (03), a equipe de segurança foi acionada em socorro a uma ex-funcionária transexual de uma das lojas, que subiu em uma mesa da Praça de Alimentação. A ação foi necessária para garantir a segurança da própria pessoa e dos demais clientes. Informamos também que em nenhum momento a cliente, até este fato, foi impedida de utilizar das instalações do Shopping.

Em resposta aos vídeos que circulam nas redes sociais, esclarecemos que não houve registro de nenhuma pessoa impedida de usar o banheiro, apenas reclamação de clientes. Não houve agressão por parte da equipe de segurança. O Shopping Pátio Maceió segue apurando os fatos e se mantém firme no compromisso de atender com respeito e segurança a todos os seus clientes. O Shopping informa, ainda, que recebe e acolhe com respeito e empatia a todos os públicos independente de orientação sexual ou identidade de gênero e reitera que respeita os direitos assegurados no Brasil a toda comunidade LGBTI+ e que não colabora em favor de qualquer cerceamento do direito de ir e vir de todos.

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