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A longa lista de missões atribuídas às mães possui uma das tarefas mais difíceis no processo de formação social das crianças: acompanhar o desenvolvimento escolar dos filhos. Essa etapa, muitas vezes, ocorre em paralelo à fase dos anos iniciais dos pequenos, o que fortalece os laços afetivos familiares.

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Para sentir a nostalgia da época escolar e, por consequência, relembrar o desenvolvimento escolar dos filhos, muitas mães guardam recordações não apenas na memória, mas em caixas e gavetas, como forma de perpetuar os momentos em que seus filhos as homenagearam, fortificando os laços de carinho, afeto e amor.

Esse é o caso de Marinêz Lima, 57 anos, mãe de três filhos, dois deles já adultos. Ela guarda todos os trabalhos escolares que eles fizeram para ela. Entre cartas, desenhos, cartões comemorativos com muitas cores e corações, a mãe encontra um sentimento de dever cumprido.

Para Marinêz, essas lembranças possuem relevância sentimental. “Representam muito, porque eu me sinto bem, me sinto feliz, realizada de ter participado, levado meus filhos para a escola, ter assinado os boletins, frequentado as festas juninas, Dia das Mães, Dia dos Pais”, ela recorda.

Em um dos cartões, escrito por sua primogênita, Juliana, quando era criança, podem ser lidas algumas definições sobre o que é ser mãe, na visão da filha. “Ser mãe é ser cooperadora de Deus na criação de uma nova vida; é ser a guia do nosso viver; é receber com alegria sua missão tão árdua; é sorrir sempre, mesmo nos momentos mais difíceis; é perdoar e não guardar ressentimentos; é o amor sempre em doação; é o porto seguro nos momentos de aflição”, escreveu a filha, aos quatro anos de idade, segundo a mãe.

Marinêz se recorda do momento em que recebeu o presente, dizendo o quanto ela ficou emocionada. “Eu guardo uma lembrança profunda. Muito bonito isso, a criatividade dela”, diz. Atualmente com 28 anos, Juliana ainda se lembra do empenho que colocava ao fazer os cartões. “Tentava caprichar nas cores e nas mensagens para ficarem bem bonitas e diferenciadas. Mas batia um nervoso pouco antes de entregar porque já sabia que ela iria se emocionar”, ela relembra.

A jovem, formada em engenharia, relata a gratidão que sente pela mãe por toda a dedicação dela durante sua infância. “É um misto de sentimentos, desde de afeto a lembrar do passado e não ter noção da correria danada que minha mãe passava para criar seus filhos. Até algum tempo não entendia como alguém poderia achar tanta emoção nas lembranças, mas depois entendi que ver sua criança evoluir e procurar te agradecer e demonstrar afeto, ainda que de forma simples, é um grande passo na criação e é, de fato, muito emocionante”, afirma Juliana.

A memória afetiva é um traço importante da formação de qualquer pessoa, e muitas dessas lembranças vêm da relação da mãe com seus filhos. É como explica o psicólogo Dino Rangel: “O afeto é algo construído desde a gestação. E a criança, segundo a neurociência, começa a ouvir o que as pessoas falam a partir dos cinco meses de idade. Então, essa memória é construída de forma mais eficaz ao longo da constituição social do ser”.

Sabendo por experiência própria dos benefícios da recordação guardada, o quanto enriquece a memória afetiva, Juliana espera poder fazer o mesmo com seus futuros filhos. “[Quero] colocar em fichário, catalogar, tirar fotos. Quero deixar bem claro para a criança que toda demonstração pura e sincera de afeto merece ser estimulada e ajuda muito a carregar o peso que é ser mãe”, comenta.

O mesmo sentimento perpassa Aline Gusmão, 32 anos, que tem na relação com sua mãe, Marlene Gusmão, 62, um porto seguro. “Minha mãe sempre procurou ser o mais participativa possível na minha vida escolar, ela foi bancária por muitos anos, agora aposentada, e sempre trabalhou as oito horas que o banco exigia, e muitas vezes, mesmo que cansada, ela tentava participar de cada apresentação, seja do coral do colégio, do grupo de dança”, ela recorda.

Marlene e a filha Aline relembram momentos da época escolar. Foto: Arquivo pessoal

Marlene relata a importância que as recordações têm para ela. “Estas fotos representam uma memória afetiva guardada, uma lembrança boa. A memória mais vívida era o abraço no pegar da escola, pouco tempo, já tinha saudade. Estas lembranças estão materializadas em fotos e penso em digitalizar”, diz.

Uma das recordações que Marlene guarda é um cartaz feito por Aline no Dia das Mães há mais de 20 anos. Uma foto delas colada em uma folha, decorada pela filha. Aline conta que colou o presente na porta do quarto de Marlene, como uma surpresa para ela. Marlene relembra o momento com emoção. “Quando recebi aquele cartaz, tão simples, mas cheio de significados, me emocionei, pois para mim representava a forma que ela achou para representar o seu amor e carinho. A melhor forma de me homenagear e declarar o seu amor. Que mãe não se renderia a esta atitude de carinho? São pequenos gestos e atitudes, que consolidam cada vez mais nosso amor. Gratidão por ter vivenciado esses momentos e ter essas lembranças”, compartilha.

A psicóloga Ivalda Marinho analisa que a memória afetiva é fundamental para a formação da autoestima da criança. “No momento em que a criança se sente valorizada, querida, ela vai crescer guardando aquilo para sempre. Mesmo não conscientes, eles existem, esses estímulos positivos que a memória afetiva traz podem trazer sensações de bem-estar, emoções e sentimentos de carinho e afeto que nos edificam. O benefício maior é um adulto centrado, sensível, empático, com toda a condição de transmitir o amor que recebeu”, observa a psicóloga.

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