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Durante ato de apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) na noite desta terça-feira (2), a socióloga Maria Victória Benevides e o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos questionaram o julgamento do mensalão às vésperas do primeiro turno das eleições municipais. Para ela, há "sinais de manipulação" no julgamento e também de um viés político, e não jurídico. "Considero que é um julgamento político e não jurídico", disse Maria Victória, que faz parte de um grupo de artistas e intelectuais que apoiam a candidatura de Haddad.

Para o ex-ministro, pode haver uma influência do julgamento no resultado das eleições municipais deste domingo (07). Em sua avaliação, o Supremo Tribunal Federal (STF) comete um "erro" em fazer o julgamento neste momento. "O julgamento feio em conjunto é um erro que dificulta a administração da Justiça. O julgamento tinha de ser separado para respeitar quem não tem o foro constitucional de prerrogativa, o duplo grau de jurisdição", afirmou Bastos, defensor do antigo dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos réus do julgamento.

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A socióloga lembrou que o julgamento acontece sete anos após o escândalo do mensalão e acredita que sua realização nesse momento explicaria o fato de Haddad não liderar as pesquisas de intenções de voto. Ele está tecnicamente empatado com o tucano José Serra. "Está evidente que o momento compromete", avaliou. Maria Victória disse ainda que não cabe o Supremo "ouvir a opinião pública". "Uma vez o julgamento em andamento, o PT precisa defender a reforma política e suas propostas para sair fortalecido do processo", disse Maria Victoria.

Thomaz Bastos disse que, apesar de alguns advogados analisarem a possibilidade de levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a defesa dos réus do mensalão deve aguardar, primeiro, o resultados dos embargos e a definição das penas para depois avaliar de que forma vai questionar o julgamento em instâncias internacionais. "Primeiro, vou fazer embargos de declaração, depois ver o que acontece nos embargos pois os embargos podem ter efeito modificativo. Cada coisa a seu tempo, disse.

Participam do ato pró-Haddad: o economista Paul Singer, o escritor Fernando Moraes, o jurista Dalmo Dallari, os atores José Celso Martinez Corrêa e Sérgio Mamberti, além de outras dezenas de intelectuais, artistas, blogueiros e profissionais das áreas de educação, ciências sociais. O professor Antônio Cândido, que não foi ao evento, enviou uma carta de apoio à candidatura petista.

O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos afirmou nesta quarta que, para envolver o seu cliente, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, no processo do mensalão "é preciso revogar a Teoria da Relatividade". Thomaz Bastos afirmou que, no momento dos empréstimos tomados pela agência de publicidade de Marcos Valério e pelo PT, Salgado ocupava uma diretoria internacional no banco e não cuidava de empréstimos.

"As coisas que se apontam para ele (José Roberto Salgado), ele não estava nos cargos que ele deveria ocupar", afirmou o advogado sobre seu cliente no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Salgado é réu por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas na ação. Segundo o defensor, o ex-diretor do Rural só veio a ocupar a vice-presidência da instituição em abril de 2004, área responsável por cuidar de empréstimos. "É a revogação do conceito de tempo", criticou.

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O Ministério Público sustenta que os empréstimos concedidos pelo banco eram de fachada e serviram para abastecer o esquema de compra de votos de parlamentares. O Rural, argumenta a Procuradoria-Geral da República, tinha interesse na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, um negócio bilionário que precisava do aval do governo federal.

Na sustentação, Thomaz Bastos optou por desqualificar o que ele aponta como única testemunha do MP usada para provar os crimes cometidos por Salgado, Carlos Godinho, um ex-gerente do banco. "É um falsário", acusou o defensor, classificando-o de "ocupante de um cargo de terceiro escalão". Segundo ele, Godinho não manteve as acusações de irregularidades do banco em uma reclamação trabalhista.

"Submetido ao crivo do contraditório, ele não resistiu", afirmou o advogado, lembrando que, na ação trabalhista, Godinho declarou que jamais tinha visto o contrato. Ele disse ainda que o ex-gerente fez uma série de "intrigas, fofocas e entendimentos errados" na época do escândalo, em entrevistas à imprensa que, posteriormente, não se sustentaram.

Thomaz Bastos rechaçou uma informação usada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando fez sua sustentação oral na sexta-feira passada: a de que o banco criou uma norma segundo a qual os clientes com mais de dois anos de conta na instituição não poderiam ser considerados suspeitos, independentemente da movimentação. Seria o caso da agência de Valério. O defensor, contudo, disse que a "inusitada sugestão", feita por Godinho, não chegou a ser implementada pelo banco.

O advogado rebateu ainda a acusação de que os empréstimos foram feitos para não serem saldados. "Nada mais longe da verdade é uma construção mental que não tem sentido, não se sustenta", criticou. Segundo ele, o empréstimo do PT foi pago e os tomados pela SMP&B e Graffiti Participações, de Valério, só não foram pagos porque eclodiu esse escândalo que levou as empresas à ruína. Os dois últimos estão em discussão na Justiça de Minas, numa ação de execução.

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos chegou a falar em terrorismo ao descrever a denúncia do Ministério Público no processo de mensalão em relação ao Banco Rural. Ele defende José Roberto Salgado, um ex-diretor da instituição financeira. Ele criticou a estimativa de R$ 1 bilhão em possíveis ganhos do Rural com o levantamento da liquidação do banco Mercantil de Pernambuco. O procurador Roberto Gurgel atribuiu a essa expectativa de lucro a concessão de R$ 32 milhões em empréstimos a agências de Marcos Valério e ao PT.

"Tenta-se dizer, terroristicamente, que o motivo que levou o Rural a dar aqueles três empréstimos foi o pote de ouro de R$ 1 bilhão se acontecesse o levantamento. O Rural não tinha gestão no Mercantil, era minoritário. Realmente dar para o PT e para Marcos Valério R$ 32 milhões para receber R$ 1 bilhão era um bom negócio. Mas, isso só existe na loteria esportiva, aqui não. Na liquidação, o Rural recebeu R$ 96 milhões, estritamente por sua participação acionária de 22%", disse Bastos, destacando que o levantamento aconteceu apenas em março deste ano.

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Em defesa de Salgado, o advogado destacou que somente em abril de 2004 ele assumiu a vice-presidência operacional do banco. Antes, era diretor na área internacional. Seguindo o que já foi apresentado por outros defensores de ex-diretores do Rural, Bastos destacou que foi José Augusto Dumont, já falecido, quem foi o responsável pela celebração dos empréstimos. Salgado participou apenas de duas renovações e, segundo a defesa, o objetivo era justamente de forçar Marcos Valério a honrar os compromissos.

Bastos destacou ainda que dos 65 saques em espécie feitos na boca do caixa em agências do Rural, apenas 5 foram quando Salgado estava na vice-presidência operacional. Afirma que não se pode considerar que ele participava de uma quadrilha ou contribuísse com lavagem de dinheiro se sequer ocupava posto de cúpula no banco até abril de 2004. Afirmou ainda que nas 21 citações do cliente não há nenhuma menção a conduta individual.

Para ele, apenas o depoimento de um "falsário", ex-funcionário do banco, Carlos Godinho, envolvia Salgado nas denúncias. Bastos destacou que essa testemunha foi "abandonada" pelo MP na sustentação oral feita na sexta-feira.

Bastos era ministro da Justiça na época da eclosão do escândalo do mensalão, mas no processo defende apenas Salgado, que não faz parte do núcleo político apontado na denúncia pela Procuradoria-Geral da República.

Autor intelectual da tese de que o mensalão foi apenas uma operação de caixa dois eleitoral - e não compra de apoio político - e artífice da tentativa de desmembrar o processo de mensalão que retardaria o julgamento, o advogado Marcio Thomaz Bastos foi a estrela na inauguração do julgamento do caso nesta quinta-feira (2).

Exibiu carisma, foi reverenciado pelos ministros da Corte e idolatrado pelos colegas defensores. Perdeu a primeira batalha - a questão de ordem pela separação dos autos do mensalão. Mas acirrou os ânimos e criou cizânia entre o relator e o revisor do caso.

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Thomaz Bastos não deve recuar em sua estratégia na defesa do executivo José Roberto Salgado, do Banco Rural - denunciado como integrante do núcleo financeiro do esquema, a Salgado são atribuídos os delitos de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. "O desmembramento (do processo do mensalão) eu acho que devia ter sido feito, mas a discussão de hoje foi muito frutífera e acredito que tenha provocado uma reflexão criativa, vai ter reflexos nas futuras decisões da Corte", ponderou o advogado.

Natural - A passos lentos, mas seguro em seus 77 anos, a beca de sempre pendurada no braço direito, o ex-ministro da Justiça do governo Lula deixou o plenário do Supremo às 18 horas, quando o presidente da Corte abriu intervalo de meia hora.

Marcado de perto pelos jornalistas, cortejado pelos bacharéis, deu a volta no edifício e caminhou até o Anexo I. "Aqui tem uma lanchonete, preciso comer um sanduíche. Até logo."

A meta era alcançar a prescrição com o pedido de desmembramento dos autos?, lhe foi perguntado. "Não, nem um pouco. O que eu disse na sustentação é verdade, se manda isso para um juiz (de primeiro grau) é capaz de ele julgar mais depressa do que uma Corte."

Relata que levou ao STF cópias do memorial - peça final - com as ponderações acerca do Pacto de San José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que garante ao acusado duplo grau de jurisdição. "Foi no fim do ano passado, entreguei para alguns pessoalmente. Senti alguma receptividade. Eu acho que tenho razão nesse caso."

A quais ministros entregou? "Entreguei para alguns, para a Rosa (Weber), o ministro Marco Aurélio, (Luiz) Fux." Decepcionado com o resultado? "Não, eu tinha poucas esperanças. Mas achei que devia colocar (a questão de ordem) porque é um tema importante para a Corte, não é? Ela é a guardiã da Constituição."

Com habilidade, não alimentou o entrevero entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. "É natural." Evitou polêmica sobre o impedimento do ministro Dias Toffoli. "Ele votou (a questão de ordem), ninguém arguiu (suspeição). Não vejo mais condições para que se levante a suspeição. Ele (Toffoli) já tinha votado antes questões de ordem. Acho que acabamos com essa demanda." Bom que Toffoli prossiga? "Não sei, vamos ver com o voto dele", respondeu, com um largo sorriso. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

Logo no início do julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos defendeu nesta quinta-feira o desmembramento da ação contra os réus que não possuem foro privilegiado. Dos 38 réus do processo, apenas três têm prerrogativa de foro: os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Thomaz Bastos disse que, assim que entrou no caso, em 31 de agosto de 2011, tentou, sem sucesso, retirar seu cliente, o ex-dirigente José Roberto Salgado, e outros 35 réus do crivo do Supremo. Segundo o advogado, o Supremo não avaliou o caso sob o prisma constitucional". "Nós estamos infringindo a lei", afirmou.

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Para Bastos, a situação é "singular", uma vez que, mesmo tão próximo do julgamento do mérito, não se pode falar que o pedido é fora de hora.

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