Tópicos | tragédia nacional

O médico cancerologista Drauzio Varella mudou o tom sobre o novo coronavírus e agora prevê uma 'tragédia nacional'. Varella se disse arrependido por ter sido otimista quando a Covid-19 começou a surgir na mídia no final de 2019.

O também escritor e comunicador acredita em uma tragédia nacional devido ao nível de desigualdade social no país, conforme relatou em entrevista à BBC News Brasil. "Agora é que nós vamos pagar o preço por essa desigualdade social com a qual nós convivemos por décadas e décadas, aceitando como uma coisa praticamente natural. Agora vem a conta a pagar. Porque é a primeira vez que nós vamos ter a epidemia se disseminando em larga escala em um país de dimensões continentais e com tanta desigualdade", diz.

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Varella disse se recriminar por ter sido otimista. "Porque nós recebíamos as notícias da China e essas notícias eram muito ocasionais, e não davam ideia de como eram realmente a epidemia. Isso foi durante o fim de dezembro, que eles relataram os primeiros casos, embora a doença já tivesse se espalhando lá. Daí em janeiro, as notícias que nós tínhamos eram da mortalidade. E os dados que eles apregoavam não eram tão preocupantes." 

Na entrevista, o médico reforça ser defensor do isolamento. "Primeiro porque ele é a única evidência de medida que reduziu o número de pessoas que procuram os hospitais. As pessoas estão acostumadas com essa coisa de ir ao pronto socorro e demora para atender, você não é atendido às vezes, ou é mal atendido e volta para casa. Só que agora é uma situação diferente. Você só vai para o hospital quando você tem falta de ar. E essa falta de ar é progressiva, você tem que ter os recursos de ventilação mecânica à disposição. Se você não tiver esses recursos, o que vai acontecer? Não é que você volta para casa, sofre um pouco e passa. Não, falta de ar é o pior sintoma que existe. Porque se você tem dor, toma analgésico, você tem tosse, tem jeito de bloquear. Agora ter falta de ar é uma morte horrível. Horrível", conta.

O cancerologista também disse ser preocupante trocar o ministro da Saúde. Varella afirmou que Luiz Henrique Mandetta estava obedecendo as orientações da Organização Mundial da Saúde e respeitando as medidas que foram tomadas em outros países com sistemas de saúde mais organizados. "Você tirar uma equipe que está fazendo um trabalho muito bem feito, tirar por razões políticas, é muito duro isso." 

"Todos nós vamos perder amigos, muitos vão perder pessoas da família, e isso vai nos ensinar que não é possível viver como nós vivíamos até aqui", completa Drauzio Varella.

Relatos sobrenaturais sobre o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, e que aconteceu em fevereiro de 1974, estão no livro "Vozes do Joelma: Os Gritos que Não Foram Ouvidos" (Faro Editorial, 2019). Na obra, os autores Marcos Debrito, Marcus Barcelos, Rodrigo de Oliveira e Victor Bonini apresentam contos com histórias inspiradas no que contam alguns dos sobreviventes da tragédia.

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Entre as narrativas estão o "Crime do Poço", com a história do homem que se matou após assassinar a mãe e as irmãs, além de outras passagens, como a das vítimas do elevador, que nunca foram reconhecidas e, por isso, foram nomeadas como as "Treze Almas do Joelma".

O livro ainda conta como, há tempos, o edifício vinha sendo palco de tragédias. Antes do incêndio de 1974 e dos assassinatos que lá aconteceram, o local teria sido um pelourinho, onde escravos negros eram torturados e executados, e sua má fama acompanha seu tempo de criação, fato que originou o nome da região Anhangabaú – que para os povos indígenas, significa morte.

O incêndio do Edifício Joelma matou 191 pessoas, deixou outras 300 feridas, chocou o país e foi destaque na imprensa internacional.

por Junior Coneglian

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