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Foi desarticulada nesta sexta (1) uma quadrilha acusada de torturar e matar usuários de drogas e registrar as atrocidades em vídeo. Os acusados atuavam na cidade de Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul, onde a Operação Periculum cumpriu dois mandados de prisão preventiva e um mandado de internação de adolescente infrator.

Segundo o delegado Marion Volino, a operação iniciou em dezembro de 2018 quando a Delegacia de Polícia de Três Passos recebeu um vídeo em que traficantes, integrantes de uma organização criminosa, cortavam o dedo de um usuário de drogas. Após essa data, membros da organização obrigaram um outro usuário a comer cerca de 30 gramas de Crack. Esse usuário veio a óbito logo depois.

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Durante as investigações a BM apreendeu um adolescente, integrante do grupo criminoso e com ele cerca de dois quilos de maconha, uma balança de precisão e uma arma.

Com informações da assessoria

A delegada Caroline Bamberg Machado revelou que o menino Bernardo Uglione Boldrini, assassinado em abril, aos 11 anos, sofria ameaças e humilhações da madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini, e do pai, o médico Leandro Boldrini, dentro da casa da família. As declarações da delegada foram feitas nesta terça-feira (26), em duas rápidas entrevistas, antes e depois dela prestar um depoimento de quatro horas e meia ao juiz Marcos Luis Agostini, em Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul.

O depoimento da delegada, responsável pela investigação do caso e pela descoberta do corpo, no dia 14 de abril, foi o primeiro da série de 77 que o juiz vai tomar na fase de instrução do processo. Como o tempo ficou escasso, 22 das 33 testemunhas que seriam ouvidas durante o dia foram dispensadas e terão audiências remarcadas para outras datas. As outras dez falariam em sessão que avançará durante a noite, sem horário para acabar.

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O inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público acusaram Leandro de ser o mentor do crime, Graciele de ser executora do plano e a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o motorista Evandro Wirganovicz de cumplicidade. Todos estão presos. O pai e a madrasta recorreram ao direito de não ir à audiência. Os irmãos Wirganovicz foram e ouviram vaias e palavrões de um grupo de dezenas de pessoas que faziam orações e pediam justiça diante do fórum.

Ao falar com os jornalistas, a delegada confirmou que um novo vídeo, extraído pelos peritos do celular de Leandro depois de ter sido apagado e encaminhado ao processo na semana passada, tem imagens de uma briga familiar que reforça a acusação policial. "(O vídeo) mostra como o Bernardo era tratado dentro de casa", destacou a policial, que qualificou as cenas de "impactantes" e, sem descrevê-las, disse que há "ameaças de morte" e "maus tratos" ao garoto.

Em outra cena também recuperada pelos peritos e citada pela delegada, o menino segue orientação do pai, toma um medicamento não identificado e fica "grogue". Algumas transcrições obtidas pela imprensa dão ideia do material citado pela delegada. Durante a briga, segundo o jornal Correio do Povo, a madrasta chega a dizer que aconteceria com Bernardo o mesmo que aconteceu com a mãe dele, que se suicidou em 2010.

Já o portal G1 cita a frase "vamos ver quem vai primeiro para baixo da terra", também de Graciele, e a reação do pai em meio à discussão, ofendendo o filho e mandando que ele se calasse. Os advogados de Leandro e Graciele não se manifestaram até o final do dia.

A Justiça vai ouvir inicialmente as testemunhas que moram em Três Passos. Depois vai convocar as que residem em outras cidades. Ao todo, estão arroladas para prestar depoimento 25 testemunhas da acusação e 52 de defesa. Ao final serão tomados os depoimentos dos réus e colhidas as alegações finais das partes. O juiz decidirá então pela absolvição, condenação ou encaminhamento para o Tribunal do Júri. Não há data prevista para o final do processo.

Os colegas do menino Bernardo Uglione Boldrini voltaram às aulas no Colégio Ipiranga, em Três Passos (RS), nesta terça-feira, 22, depois de um período de três dias de luto e dos feriados da Semana Santa e Tiradentes. Antes do reinício das atividades, às 7h30min, os estudantes foram reunidos no pátio para uma homenagem ao garoto, que tinha 11 anos e frequentava o sexto ano do ensino fundamental. O diretor da escola, Nelson Weber, disse que Bernardo deixou o exemplo de um olhar positivo para a vida, mesmo diante das dificuldades que passava. O colégio contratou uma psicóloga para acompanhar professores e alunos nas próximas semanas.

Bernardo desapareceu no dia 4 de abril. O corpo foi encontrado no dia 14, enterrado em um matagal, em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos. A polícia prendeu a madrasta, Graciele Ugulini, a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o pai, Leandro Boldrini, como suspeitos do crime. A investigação apurou que o garoto era rejeitado pela madrasta, sofria com o descaso pai e havia pedido à Justiça para morar com outra família. Por acordo proposto pelo pai e aceito por Bernardo no início deste ano, haveria uma tentativa de reaproximação familiar. Foi nesse período que o menino foi assassinado.

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Os policiais que investigam a morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, no noroeste do Rio Grande do Sul, devem utilizar informações bancárias para verificar o grau de envolvimento do pai do menino no seu assassinato. O cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, está preso junto com a mulher, Graciele Ugulini, 32, e a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, 40, como suspeitos do crime.

De acordo com o depoimento de Edelvânia à polícia, o assassinato de Bernardo foi planejado pela madrasta, Graciele, sem o conhecimento de Leandro. "Ele não sabia, mas, futuramente, ele ia dar graças de se livrar do incômodo, porque Bernardo era muito agitado", teria ouvido da madrasta do menino. A única certeza da polícia até o momento é a de que o médico tentou ocultar o crime. Porém, sua participação efetiva ainda é dúvida.

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Caso tenham acesso ao sigilo bancário do trio, cuja quebra foi pedida pela delegada Caroline Bamberg, que preside o inquérito, os policiais poderão identificar se a quantia citada por Edelvânia - quase R$ 96 mil -, referente ao que precisava para quitar um apartamento e acertado como pagamento com Graciele para ajudar no crime, foi movimentada.

"Era muito dinheiro e não teria sangue nem faca, era só abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino", teria dito Edelvânia à polícia, em seu depoimento.

Se o dinheiro saiu da conta conjunta do casal, isso implicaria Leandro no planejamento do assassinato. A dificuldade que a polícia enfrentará é que, conforme Edelvânia, do dinheiro prometido apenas uma pequena parte, de R$ 6 mil, lhe foi entregue.

Em 4 de abril, Bernardo foi levado à cidade de Frederico Westphalen, vizinha a Três Passos, com a justificativa de visitar uma "benzedeira". Conforme o depoimento de Edelvânia, ela e Graciele, cujo apelido é Kelly, "mandaram ele deitar sobre uma toalha de banho de cor azul. Que Kelly aplicou na veia do braço esquerdo com uma seringa e ele foi apagando".

Nenhuma das duas conferiu se Bernardo ainda tinha pulsação ao ser enterrado. Ele foi despido e colocado na cova, feita dias antes por Edelvânia. Graciele jogou soda , para que o corpo fosse consumido mais rápido, e encobriu o corpo do menino com pedras e terra.

Segundo Edelvânia , Graciele lhe confidenciou que já pensava em matar o menino há tempo. Teria, inclusive, tentado asfixiá-lo. Essa tentativa foi narrada por Bernardo a uma babá, que avisou a avó materna do garoto, Jussara Uglione. Por meio de seu advogado, Jussara comunicou a rede de proteção à criança de Três Passos - Conselho Tutelar e MP -, mas aparentemente a resposta tardou a ser dada.

Edelvânia disse que os R$ 6 mil recebidos como parte do pagamento pela ajuda no assassinato de Bernardo foram usados por ela para pagar uma parcela do apartamento comprado por R$ 96 mil. O acerto total seria de R$ 20 mil. Entretanto, Graciele teria se disposto a pagar o total que faltava para quitar o apartamento.

As famílias de Leandro Boldrini, 38 anos, e Graciele Ugulini, 32, pai e madrasta do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, assassinado, disputam informalmente a guarda da filha do casal, de 1 ano e seis meses. Desde que Leandro e Graciele foram presos como os principais suspeitos pela morte do menino, que teve ainda a participação da assistente social Edelvânia Wirganovicz, 40 anos, que confessou o crime em depoimento à polícia, a criança está sob os cuidados da irmã de Graciele, de nome Simone, que mora na cidade gaúcha de Santo Ângelo.

Paulo Boldrini, irmão de Leandro, no entanto, manifestou interesse em ficar com a menina. Morador da cidade de Campo Novo, vizinha a Três Passos, onde o casal Leandro e Graciele vivia junto com Bernardo, Paulo cuida da granja da família. E afirma ter combinado com os Ugulini que se responsabilizaria pela sobrinha. Simone, porém, teria mudado de ideia e, agora, decidido permanecer com o bebê.

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Ainda segundo Paulo Boldrini, Simone não teria condições de cuidar da criança. Mãe de um menino, ela estaria desempregada e sem residência fixa. Pensando nisso, ele deve procurar a Justiça nesta terça-feira, 22, para entrar com um pedido de guarda do bebê. A reportagem tentou,sem sucesso, localizar Simone para comentar o assunto.

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