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Mergulhadores russos encontraram nesta terça-feira (27) uma das caixas-pretas do avião militar que caiu no último domingo (25) no Mar Negro, durante um voo para a Síria. "Nas buscas na cabine do piloto, foi encontrada uma das caixas-pretas da aeronave. Ela será levada imediatamente à superfície", disseram as autoridades russas.

Outras duas caixas-pretas precisam ser encontradas ainda, pois contêm códigos e informações sobre o voo que podem desvendar as causas do acidente.

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Além dos equipamentos, os mergulhadores russos encontraram no Mar Negro corpos e restos mortais de outros três passageiros.

Até o momento, foram encontrados 12 corpos, das 92 pessoas que estavam a bordo do avião, segundo a Agência Ansa.

O avião militar russo, modelo Tupolev Tu-154, caiu no dia de Natal, durante um voo para a Síria. A aeronave levava membros do Coral do Exército russo, também conhecido como Ensemble Alexandrov. Eles deveriam se apresentar para soldados russos que estão em combate na Síria na noite de Ano Novo.

As autoridades investigam a causa do acidente e não descartam nenhuma hipótese, nem mesmo a de terrorismo. Mas Moscou crê que há mais chances do acidente ter sido provocado por uma falha técnica ou erro humano do que um ataque externo.

A imprensa russa divulgou trechos de um áudio da tripulação com os controladores de voo que demonstra que havia problemas a bordo.

No exterior, a queda de um avião militar russo no Mar Negro está sendo associada à morte do famoso Coro do Exército Vermelho, símbolo da Rússia por excelência. Mas no país, muitos também lamentam a perda da "Doutora Liza", respeitada figura humanitária.

Dos 92 nomes na lista de passageiros do Tu-154 que caiu no domingo, o de Elizaveta Glinka provocou uma avalanche de homenagens das mais diversas personalidades, como da ex-dissidente e ativista dos direitos humanos Lyudmila Alexeyeva e do presidente da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov.

Desde domingo, os habitantes de Moscou depositam flores e velas em frente à entrada discreta da organização criada pela "Doutora Liza", como era conhecida, e que trabalhou incansavelmente em favor dos desabrigados, das crianças de leste da Ucrânia em guerra ou das vítimas dos terríveis incêndios do verão de 2010.

"Sua vida não foi em vão, ela fez muita coisa boa", disse à AFP, Anna, de 48 anos, com a voz embargada pela emoção.

Elizaveta Glinka, que completaria 55 em fevereiro, viajava para a Síria para levar medicamentos ao Hospital Universitário de Latakia, que ela já tinha visitado em setembro. Esta cidade está localizada perto da base aérea russa de Hmeimim, destino do Tu-154 que caiu logo após decolar de Sochi.

O ministério russo da Defesa anunciou que iria dar o seu nome a um hospital, assim como o líder da Chechênia Ramzan Kadyrov, ou o prefeito liberal de Ekaterinburgo, nos Urais, Evguéni Roïzman.

"A Doutora Liza era amada por todos, e havia razão para isso", declarou Mikhaïl Fedotov, presidente do conselho do Kremlin para os direitos Humanos.

Formada em medicina na URSS, emigrou para os Estados Unidos no final de 1980 com seu marido e se especializou em medicina paliativa. No final dos anos 1990, criou uma unidade de cuidados paliativos no Hospital de Oncologia de Kiev.

De volta à Rússia em 2007, criou o fundo de caridade "Ajuda Justa", destinado a ajudar os pobres, incluindo os sem-teto. Seu rosto sério, cabelo loiro curto e franja tornaram-se comuns nos meios de comunicação e reuniões públicas.

Quando eclodiu em 2014 o conflito na região do Donbass, no leste da Ucrânia, entre os separatistas pró-russos e o exército ucraniano, visitou em numerosas ocasiões a área e evacuou as crianças para hospitais russos.

Na mesma época, visitou na prisão a piloto do exército ucraniano Nadiya Savchenko, em greve de fome numa prisão russa após ser acusada da morte de dois jornalistas russos durante o conflito, antes de ser libertada em maio de 2016 numa troca de prisioneiros.

Sua participação em operações humanitárias no Donbass ou na Síria, onde a ação de Vladimir Putin é criticada, como sua participação no conselho do Kremlin, lhe valeram críticas da parte de alguns representantes liberais de oposição.

"Ela cooperava com o poder para salvar as pessoas", explica Zoïa Svetova, jornalista e membro, como era Elizavéta Glinka, da direção do fundo de caridade Véra.

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