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Houve um tempo em que as sociais da Ilha do Retiro se transformavam em um grande carnaval. De repente, todo estádio era levado pelas canções tradicionais que enaltecem o nome do Sport e que são cantadas por torcedores de todas as idades. Hoje, o efervescente frevo da torcida Treme Terra já não toma conta do reduto rubro-negro. A última vez que o grupo animou um jogo do Leão foi pela Taça Ariano Suassuna, no início deste ano. De lá para cá, calaram-se os instrumentos e os gritos de alegria de João Elias do Nascimento Filho, presidente da organizada. Segundo ele, a gestão de João Humberto Martorelli, a partir do momento que rompeu vínculo com outra uniformizada do clube, também barrou qualquer incentivo financeiro para que a Treme Terra abrilhantasse os jogos da Ilha.
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Registrada em 1985 como torcida organizada, a Treme Terra é conhecida como um grupo que não possui registros de violência. Ao todo, 28 músicos fazem parte da banda, além de diretores que, diante de muito esforço, tentam manter a tradição da torcida. De acordo com seu João, o Sport dava um incentivo financeiro de R$ 500 por jogo, transformados em ajuda de custo para os músicos, que também não precisavam pagar ingresso para entrar no estádio. Porém, segundo seu João, “Martorelli” deixou de dar a quantia e ainda exigiu que todos os integrantes da Treme Terra que quisessem entrar no jogo, teriam que pagar ingresso, mesmo se passassem a partida gastando suas energias animando os torcedores rubro-negros.
Seu João também conta ao LeiaJá que outra fonte de renda da Treme Terra eram as caravanas organizadas para jogos do Sport fora da Ilha do Retiro. O presidente da torcida alega que foi proibido de vender as passagens dentro das dependências do clube rubro-negro, algo que segundo ele nunca aconteceu na época de outras gestões. Para seu João, não há razões que justifiquem o fim do incentivo financeiro, principalmente porque a organizada nunca causou problemas de violência.
“Nós somos uma torcida de paz. A gente se orgulha que em nossa existência nunca registramos caso de violência. Inclusive temos trânsito no meio das torcidas dos nossos coirmãos. Mais de 30 anos eu sou animador da Treme Terra e tenho mais de 60 anos como torcedor do Sport. Não ver a Treme Terra na Ilha prejudica até a minha saúde: entrei em depressão, terminei internado 118 dias, tudo por conta do desgosto de não poder trazer os meninos para trabalhar. O presidente vetou tudo e ainda tive o desprazer de ouvir uma pessoa do clube, que prefiro não vou falar o nome, dizer algo que até estranhei: ele pediu mil sócios para poder liberar a Treme Terra. Isso nunca aconteceu com a gente. Todo pessoal do Conselho Deliberativo é a favor da Treme Terra, menos Martorelli. Não tenho condições financeiras de segurar a torcida sozinho”, relata seu João. No vídeo a seguir, o presidente da torcida dá mais detalhes da situação:
O presidente da Treme Terra também acredita que as uniformizadas do Sport, mesmo as que não possuem casos de violência, estão sendo punidas de forma injusta. “Martorelli, quando dá entrevista, classifica as torcidas como marginais e nós não somos, temos certeza disso. Tenho certeza que os integrantes das outras organizadas também pensam assim. A Treme Terra também não quer ganhar dinheiro com a imagem do clube, porque não temos sócios, e sim seguidores. Nem queremos associar pessoas na nossa torcida para ganhar dinheiro e nem vender camisa. Somos formados por torcedores que amam o Sport”, opina seu João.
Entre muitos torcedores do Sport, a ausência da Treme Terra é um fato a se lamentar. Um deles, o militar reformado Carlos Luís, mais conhecido como “Cabuloso”, torcedor símbolo do clube, acredita que a Ilha do Retiro perde em alegria com a torcida fora dos jogos.
“Todos nós sentimos falta da Treme Terra, da alegria. Quem não sente falta? Tenho saudade da charanga, do seu João cantando, do incentivo ao Sport. Toda ajuda para torcida é bem vinda e por isso acredito que é preciso incentivar a torcida”, diz Cabuloso.
Bafo do Leão sem espaço
Considerada uma das torcidas organizadas mais antigas do Norte e Nordeste do Brasil, a Bafo do Leão, fundada em 1972, também reclama que perdeu espaço dentro do Sport durante a gestão de Martorelli. De acordo com o presidente da uniformizada, José Ronaldo Ramos, o grupo não possui registros de violência entre seus integrantes e mesmo assim não recebe incentivo do clube para animar o estádio e ainda perdeu a sala onde guardava materiais nas dependências do Sport.
“De incentivo a gente tinha mais ou menos uns 20 ingressos e passávamos para o pessoal da batucada, porque a gente não tinha e não tem condições de pagar aos músicos. O restante da torcida pagava os ingressos normalmente. Na sala que a gente tinha era tudo tranquilo e quando o Sport jogava fora nós assistíamos no local, pela TV a cabo, e graças a Deus nunca aconteceu nada. Era até bom porque dava uma movimentada no clube. Quando Martorelli assumiu, recebemos o aviso que teríamos que sair de lá”, conta o presidente da Bafo do Leão.
Segundo José Ronaldo, a torcida e outras organizadas tentaram conversar com Martorelli sobre os vetos, mas até o momento não foram atendidos. A Bafo do Leão também almeja recuperar a sala dentro do Sport para facilitar o armazenamento dos instrumentos musicais utilizados nos jogos. Hoje, o grupo alega que vai ao estádio pagando ingresso normalmente, mas não consegue arcar com os custos para colocar a banda na Ilha.
Posicionamento
O LeiaJá tentou ouvir o presidente do Sport há mais de uma semana. Por meio da assessoria de imprensa, a gestão prometeu um posicionamento oficial só para a tarde desta segunda-feira (1º), mas até o momento não houve retorno.
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