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Poucos consumidores aproveitaram a véspera de Dia dos Pais para garantir o presente de última hora. O que se viu nas ruas do Centro do Recife foram lojas vazias e poucos produtos direcionados ao público masculino em exposição nas vitrines. O cenário reforça a previsão da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que aguarda um crescimento tímido de 1% sobre as vendas do ano passado.

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A contadora Maria de Lurdes, de 47 anos, aproveitou a folga para garantir o presente para o marido. Junto com a filha Ana Clara, de sete anos, ela passeava entre as vitrines da Rua do Imperador.

Para ela, as opções de presentes ofertadas são poucas. “É preciso pesquisar muito. Tem muito sapato à venda, mas as opções de roupa são basicamente blusas e bermudas. Acho que no ano passado o comercio estava mais preparado para a data”, complementa.

Já Jonas Marcondes, gerente de uma loja de moda masculina, afirmou que o movimento foi maior na última semana, no entanto, quem precisar garantir o presente de última hora terá diversas opções disponíveis.

“Abastecemos nosso estoque com camisas polos de diversas cores e tamanhos, além de bermudas. Peças de roupas são o que mais está vendendo neste ano. Com o movimento fraco, acabou sobrando muita coisa”, ressalta.

A vendedora de uma loja de sapatos localizada na Rua Nova, Stella Muniz, também avaliou o movimento como desanimador. “É normal que o Dia dos Pais seja mais fraco que o Dia das Mães, mas este ano as vendas foram péssimas. Muita coisa sobrou e vai entrar em liquidação a partir da próxima semana”, pontua.

O fraco desempenho do comércio entre janeiro e março deixou uma herança ruim para o 2.º trimestre: estoques altos de itens mais caros e normalmente financiados, como eletroeletrônicos, móveis, computadores e celulares. Como as vendas do Dia das Mães foram fracas, a perspectiva é DE que o encalhe de produtos atrapalhe o varejo até meados do ano e afete o dinamismo da indústria, que encerrou março com estoques altos na maioria dos setores.

A grande aposta dos comerciantes para reverter esse quadro é a Copa do Mundo, mas o efeito do evento é restrito. A Copa pode impulsionar as vendas de TVs, mas deve limitar a de outros itens. Isso porque junho terá um menor número de dias úteis por causa dos jogos.

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O descompasso entre o ritmo de vendas do varejo e de acúmulo de estoques é nítido num estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, com base nas pesquisas de comércio e indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de importações da Funcex. Entre janeiro e março, o volume de vendas do comércio restrito cresceu 4,5% em relação ao 1º trimestre de 2013. Enquanto isso, os estoques nas lojas subiram 5,5%. O comércio restrito não inclui carros e materiais de construção.

Segundo o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, essa diferença de 1 ponto porcentual entre ritmo de alta de estoques e de vendas já foi maior em outros períodos, mas neste ano o quadro é pior. Em 2010 e 2012, os estoques cresciam 1,2 e 1,6 ponto porcentual acima das vendas, respectivamente. "A diferença é que esses dois anos foram os melhores para o varejo e a trajetória de vendas era ascendente. Em 2014, a perspectiva é de desaceleração das vendas, diante do encarecimento do crédito, da redução de prazo de financiamento e do menor ritmo de expansão da economia", explica.

Fôlego

Os últimos resultados de vendas do varejo restrito apurados pelo IBGE atestaram a perda de fôlego: em 12 meses até março o setor acumula alta de 4,5% e até fevereiro, o avanço tinha sido de 5%. Quando se avalia o desempenho do 1º trimestre em relação ao último de 2013, descontado o comportamento típico do período, o crescimento foi de apenas 0,3%.

"Os dados indicam que teremos um 2º trimestre com ritmo de crescimento menor do que o 1º trimestre: o Dia das Mães foi fraco e junho terá muitos feriados por causa da Copa", prevê o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele observa que, desde o 2º semestre de 2013, o varejo convive com estoques elevados, vendendo menos itens do que comprou.

O descompasso entre estoques e vendas ficou estampado no mês passado na insatisfação dos comerciantes em relação a esse quesito no Índice de Confiança do Empresário do Comércio da CNC. Em abril, o nível de estoques em relação às vendas atingiu a pior marca (92,6 pontos) desde outubro de 2011 (91,8 pontos).

O estudo da CNC mostra que a maior defasagem entre vendas e estoques ocorre no segmento de informática e comunicação, seguido por móveis, eletrodomésticos e vestuário. Daniela Martins, analista de investimentos da Concórdia Corretora, cita como exemplo, a Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, que ampliou em R$ 492 milhões os estoques no 1º trimestre deste ano por causa da Copa e do Dia das Mães. No setor de vestuário, a Lojas Marisa aumentou em 1% os estoques no 1º trimestre, reflexo direto de vendas mais fracas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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