Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Debates confusos

Adriano Oliveira, | qua, 14/08/2013 - 19:04
Compartilhar:

As discussões pré-eleitorais são, por vezes, confusas. No caso, fogem da coerência e da plausibilidade. A dinâmica eleitoral é caracterizada pelos movimentos dos atores políticos. As ações dos atores ocorrem em estados de incerteza ou não. Quando da incerteza, é difícil para o estrategista prognosticar o que o ator fará. Mas quando da ausência da incerteza, os prognósticos são possíveis.

É possível que a incerteza na ação dos atores esteja no olhar ou na paixão do estrategista, pois este não consegue interpretar as condições em que o protagonista tomará a decisão, não vislumbra a ação de outros atores diante da consequência da ação de outro ator, e nem consegue vislumbrar a implicação ou a sequela da ação dos oponentes. Portanto, é possível identificar lógicas na dinâmica eleitoral e com isto, construir cenários e criar estratégias eficazes.

O debate recorrente desde o ano passado é quanto às ações de dois atores: Lula e Eduardo Campos. A especulação em torno do “volta Lula” inunda os ambientes midiáticos e políticos todas as vezes que pesquisas revelam queda da popularidade da presidenta Dilma ou a instabilidade na relação entre Executivo-Legislativo. Não desconsidero que Lula possa ser a opção do PT para as eleições de 2014. Porém, tal possibilidade é frágil em virtude de que a sua candidatura só surgiria caso Dilma não tivesse condições de recuperar popularidade. Em razão de Dilma ter condições de recuperar popularidade, não aprecio fortemente o cenário de que Lula será candidato em 2014.

Apesar da recente pesquisa eleitoral do Datafolha (09/08) mostrar que Lula venceria a eleição no primeiro turno, deve-se considerar que Lula como candidato terá que explicar ao eleitor quais as razões de Dilma não ser a candidata. Além disto, ainda não está claro se existe ou não desejo de mudança por parte do eleitor. Neste caso, outros atores políticos, ao serem apresentados ao eleitor, podem vir a representar tal desejo de mudança. E se assim ocorrer, Lula poderá perder a eleição.

Outro debate em vigor são as escolhas do governador Eduardo Campos. Após as eleições de 2010 apresentei quatro possibilidades para o governador em 2014: Possibilidade 1: Candidatura à presidente; Possibilidade 2: Candidatura a vice-presidente na chapa do PT; Possibilidade 3: Candidatura a vice-presidente na chapa do PSDB;Possibilidade 4: Candidatura ao Senado ou à Câmara Federal. As possibilidades 1 e 4 são, neste instante, as mais plausíveis. A possibilidade 2 é remota. E a possibilidade 3, é, neste momento, mais que remota.

O que impede a definição de Eduardo Campos? Como já frisei em outros artigos, é possível que exista relação entre aprovação do governador Eduardo em Pernambuco e a sua relação com Lula/Dilma. No instante em que esta relação for rompida, não se deve desconsiderar os seus efeitos negativos para o governador, principalmente se Dilma recuperar a sua popularidade.

Outro ponto: a candidatura presidencial de Eduardo poderá representar a formação da aliança PT/Armando Monteiro em Pernambuco. Se isto ocorrer, o candidato de Eduardo a governador não é favorito a vencer o pleito. A não candidatura de Eduardo a presidente poderá torná-lo refém do PT nacionalmente, embora ele mantenha condições propicias de eleger o seu sucessor em 2014.

Neste momento, as dúvidas de Eduardo Campos estão condicionadas a duas possibilidades: 1) Dilma recupera a popularidade que a torne favorita para vencer a disputa presidencial; 2) Dilma não recupera a popularidade. A possibilidade 1 enfraquece a candidatura de Eduardo. A possibilidade 2 a fortalece. Portanto, neste instante, não vislumbro ações dos atores que venham contrariar a lógica de qualquer protagonista político, qual seja: “Qual alternativa me conduz para a conquista ou manutenção do poder?”

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando