Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Os partidos importam?

Adriano Oliveira, | seg, 21/01/2013 - 12:12
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A literatura da Ciência Política considera os partidos políticos como determinantes do voto. A preferência partidária dos eleitores orienta as suas escolhas. Porém, como costumo sempre frisar, os analistas não devem confundir coincidência entre variáveis com causalidade. Portanto, robusta análise empírica deve orientar as pesquisas que sugerem relação causal entre partidos e a escolha do eleitor.

Pesquisa do IBOPE no final de 2012 revela que 56% dos brasileiros não possuem preferência por nenhuma agremiação partidária. E 44% afirmam ter preferência por alguma legenda. Segundo o IBOPE, o percentual de eleitores que não preferem nenhum partido político aumentou. Portanto, a pergunta neste instante é: os partidos importam para explicar as escolhas dos eleitores no Brasil?

O PT, de acordo com o IBOPE, continua a ser o partido preferido do brasileiro. As razões para tal preferência são, aparentemente, inteligíveis. Alto percentual de eleitores aprovaram as administrações do ex-presidente Lula, além de admirá-lo. Por consequência, o lulismo surgiu e, também por consequência, o PT, partido do ex-presidente Lula, conquistou adeptos. Diante destas relações de casualidade, constato que o personalismo é o vetor causal que permite eleitores admirarem partidos políticos.

Se a hipótese apresentada for verdadeira, a importância dos partidos é diminuta para explicar o comportamento do eleitor, pois são as lideranças políticas que exercem força centrípeta junto aos partidos. Por sua vez, a lógica causal contrária talvez não seja verdadeira. Isto é: não são os partidos que exercem força centrípeta sobre as lideranças políticas. Então, os partidos dependem dos atores políticos para conquistarem admiradores.

A preferência para com o PT, como bem mostra a pesquisa do IBOPE, e o advento do lulismo, o qual representa a manifestação positiva do eleitor para com a liderança política Luiz Inácio Lula da Silva, surgiram em virtude da aprovação dos governos do ex-presidente Lula. Se os governos de Lula não fossem aprovados pela população, o PT liderava a preferência dos eleitores? Se o Lula não tivesse gestões aprovadas, o lulismo existiria?

Quanto à primeira indagação, considero que a figura do Lula, mesmo antes dele ser eleito presidente da República, as raízes sociais do PT (movimentos sociais, sindicalismo) e o seu discurso ideológico possibilitaram a conquista de admiradores. Entretanto, o surgimento do lulismo ampliou ou consolidou a preferência dos eleitores para com o partido.

Em relação à segunda indagação, a aprovação das gestões do Lula, em particular a aprovação decorrente do segundo mandato, fez surgir o lulismo. E as boas avaliações da gestão do Lula surgiram em virtude de aspectos sentimentais entre Lula e o eleitor e das políticas econômicas implementadas pelo seu governo voltadas para a proteção social e o aumento do consumo. Portanto, o bem-estar econômico dos brasileiros e sentimentos explicam a aprovação das gestões do Lula, a origem do lulismo e a preferência de parte dos eleitores para com o PT.  

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