O lobista da construtora Engevix Milton Pascowitch, preso na manhã desta quinta-feira (21) na 13ª fase da Operação Lava Jato, é o alvo central das investigações envolvendo o suposto recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras e o PT. Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão ao ex-ministro José Dirceu e R$ 1,2 milhão para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - também preso, desde 16 de março, envolvido no escândalo de corrupção e cartel na estatal.
A Jamp pagou a JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro José Dirceu, em 2011 e 2012. O ex-ministro alegou que foi por serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.
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Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina. Não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes, acreditam os procuradores.
O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de "lobby" ao operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobras.
Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o tesoureiro do partido João Vaccari Neto. O que chamou a atenção dos investigadores foi que Almada admitiu ter contrato as consultorias internacionais da JD para abrir mercado em Cuba e no Peru, mas disse desconhecer a relação comercial entre Jamp e a empresa do ex-ministro - conforme justificou Dirceu em nota oficial à imprensa, um dia depois.
A JD nega qualquer irregularidade e diz que os contratos foram legais. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu - também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.
Duque
Na casa de Duque, no Rio, a Polícia Federal já havia encontrado contrato de consultoria da D3TM Consultoria e Participação, empresa de Duque, com a Jamp Engenheiros Associados, de 2013, no valor de R$ 1,2 milhão.
"(A D3TM) A empresa era fachada do ex-diretor para receber propina de quando ele era ex-diretor da Petrobras, que continuou até 2014", afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima, um dos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato, em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, em Curitiba.
A própria Engevix, também contratou os serviços de consultoria do ex-diretor de Serviços em 2014, segundo comprovam contratos e notas apreendidas nas buscas feitas pela PF.
Duque está preso desde o dia 16, depois que foi deflagrada a Operação Que País é Esse - décima fase da Lava Jato. Pelo menos 11 notas fiscais apreendidas mostram pagamentos mensais da Jamp de R$ 100 mil para a D3TM entre maio de 2013 e abril de 2014, quando Duque comunicou que não poderia mais cumprir seu contrato. O documento de encerramento da parceria foi encontrado também.
Além da Jamp, a D3TM foi contratada também por outras empreiteiras acusadas de cartel e corrupção na Petrobras, como a UTC, a OAS e a Iesa. O ex-diretor de Serviço - principal alvo da Lava Jato no esquema de corrupção da estatal - era indicado do PT e ocupou o cargo entre 2003 e 2012. Ele nega qualquer irregularidade envolvendo os contratos da estatal. Preso pela primeira vez em 14 de novembro, foi solto dias depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).