Tópicos | 1ª quadrissemana de maio

A aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) na primeira leitura de maio surpreendeu o coordenador do indicador e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. Entre a quarta pesquisa de abril e a primeira deste mês, o dado subiu 0,07 ponto porcentual, para 0,84%. O avanço foi provocado especialmente pelo encarecimento das passagens aéreas, segundo o economista. "O que influenciou foi passagem aérea. Para mim foi surpreendente. O aumento nem está integralmente no índice (desta medição). Deve trazer uma pressão adicional no IPC-S (fechado de maio)", afirmou.

O economista, no entanto, disse que ainda irá aguardar as próximas pesquisas para promover qualquer alteração na expectativa de inflação em torno de 0,50% para o IPC-S fechado do mês. "Imaginei que, do fechamento de abril para a trajetória estimada de cerca de 0,50%, já teria um declínio constante, principalmente por causa de alimentos. Apesar disso, ainda é cedo para rever a estimativa, mas dá para dizer que se for refeita será para cima", completou.

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A despeito de passagem aérea ter registrado deflação menos intensa na primeira quadrissemana de maio (últimos 30 dias terminados na quarta-feira), de 13,12% ante recuo de 29,31%, o item contribuiu positivamente com 0,05 ponto porcentual no resultado do IPC-S do período analisado. A expectativa de Picchetti para esses preços é de avanço, dado que pesquisas de ponta (mais recentes) já indicam aumento de mais de 25%. Segundo ele, se essa elevação continuar ao longo de maio, terá impacto considerável no IPC, com o qual não trabalhava. Segundo ele, ainda não é possível saber se o movimento está relacionado a uma antecipação da compra de bilhetes por conta da realização da Copa do Mundo ou em virtude das férias do meio do ano. "O fato é que teve um aumento muito grande", reforçou.

Além da influência de passagens aéreas, o IPC-S da primeira quadrissemana também sentiu com mais força os impactos dos reajustes recentes nas tarifas de energia elétrica em algumas capitais brasileiras. A variação de eletricidade residencial foi de 2,50%, após 1,30% no fechamento de abril. Por outro lado, completou o coordenador do IPC-S, a desaceleração do grupo Alimentação (de 1,42% para 1,31%) veio como o esperado pela FGV e deve prosseguir com altas menos intensas nos próximos levantamentos, segundo Picchetti. Com o arrefecimento da classe de despesa de alimentos, o grupo possibilitou uma contribuição negativa de 0,03 ponto porcentual no IPC-S do período. "Mas que foi anulada pela desaceleração da queda registrada em passagens aéreas", disse.

A despeito do avanço apurado no grupo Transportes (de 0,51% para 0,61%) na passagem do IPC-S fechado de abril para a primeira leitura de maio, o economista afirmou que os preços mais em conta dos combustíveis já estão "ajudando" a limitar a alta do índice cheio. De acordo com a FGV, gasolina teve elevação de 0,31% na primeira quadrissemana do mês ante 0,48%, enquanto a do etanol foi de 1,11%, após 1,36% no termino de abril.

"Olhando para as pesquisas de ponta (mais recentes), a variação da gasolina está negativa e a do etanol segue desacelerando", adiantou. Já o item automóvel novo passou de 0,38% para 0,55%, conforme a FGV. Mais do que reagir à saída gradual da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a veículos, Picchetti disse que a aceleração reflete a entrada de automóveis novos no mercado com itens de segurança obrigatórios como freios ABS e airbag.

O grupo Saúde intensificou, na capital paulista, o ritmo de alta no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Entre a quarta quadrissemana de abril e a primeira de maio, o grupo saiu de uma variação de 1,31% para 1,58%, influenciado pelo reajuste de até 6,31% no preço dos medicamentos,autorizado pelo governo. "Já são quatro semanas que estamos captando alta dos remédios, mas, na primeira, o impacto foi parcial. Talvez ainda suba mais. Provavelmente, o pico deve acontecer na próxima leitura (segunda)", avaliou o coordenador do IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Rafael Costa Lima, acrescentando que o grupo Saúde teve uma contribuição de 39,14% no IPC da primeira medição de maio.

Ao avaliar o indicador geral de inflação no início do mês, Costa Lima destacou também a desaceleração do grupo Habitação, que registrou alta de 0,14%, ante 0,25% no fechamento de abril. "Tem um peso grande (da redução) do PIS/Cofins sobre energia elétrica (-1,81%), que veio baixa. Deve continuar caindo. Além disso, já está entrando (no IPC) a redução nas tarifas de telefone", afirmou.

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Por outro lado, ressaltou, os preços de roupas e acessórios avançaram 0,30%, de 0,19%, influenciados pela chegada de produtos da nova coleção às lojas, disse o economista.

O grupo Despesas Pessoais também voltou a exercer pressão de alta sobre o IPC da primeira quadrissemana de maio ao ficar com taxa positiva de 0,33%, após recuo de 0,12% no encerramento do mês passado. Segundo Costa Lima, a mudança de sinal foi puxada pelo aumento nos preços de pacotes de viagem, que subiram 1,63%, ante queda de 2,60%. As tarifas de passagens aéreas, por sua vez, continuaram caindo, mas em menor magnitude. Saíram de declínio de 2,67% no fim de abril, para retração de 1,46% na leitura em questão. "Continuam em queda, mas não traz muito alívio. Também tem a alta de bebidas não alcoólicas (1,83%)", disse.

Quanto ao grupo Transportes, que mostrou variação de 0,30% na primeira quadrissemana, frente a 0,28% no encerramento do mês passado, Costa Lima disse que a taxa foi impulsionada pelos itens automóvel novo (0,85%) e usado (0,55%). "Os preços dos combustíveis não mudaram tanto", disse, referindo-se às variações da gasolina, que saiu de queda de 0,04% para alta de 0,05%, e do etanol (de aumento 0,32% para elevação 0,18%). Parece que a nova safra de cana ainda não começou", avaliou.

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