Tópicos | Abdelaziz Bouteflika

O ex-presidente da Argélia Abdelaziz Bouteflika, deposto em 2019, após enfrentar protestos em massa, morreu nesta sexta-feira, aos 84 anos, anunciou a TV pública, citando um comunicado da presidência.

Bouteflika deixou o poder em abril de 2019, sob pressão dos militares, após semanas de protestos contra seus planos de disputar o quinto mandato. Desde a sua saída do poder, depois de 20 anos, Bouteflika permaneceu recluso sob cuidados médicos em sua residência, em Zeralda.

Bouteflika morreu "às 22h, em casa", informou a rede privada El Hayet TV. Onipresente por décadas na vida política argelina, o ex-governante tornou-se quase invisível desde que sofreu um AVC, em 2013, pelo qual passou três meses em recuperação.

Bouteflika manteve-se em silêncio desde que o movimento de contestação popular do "Hirak" e as Forças Armadas o obrigaram a renunciar. Naquela ocasião, ele apareceu pela última vez na TV, para anunciar que jogava a toalha.

Conhecido no país como "Boutef", o ex-presidente ajudou a trazer a paz à Argélia após mais de 10 anos de guerra civil na década de 1990. No entanto, enfrentou críticas de grupos de direitos humanos e opositores que o acusaram de autoritarismo e repressão.

Bouteflika sobreviveu à Primavera Árabe, que depôs outros governos do Norte da África entre 2010 e 2011. Mas outro movimento popular pôs fim ao seu governo anos depois.

Os argelinos se manifestaram pela 11ª sexta-feira consecutiva, a última antes do início do mês de jejum muçulmano do Ramadã. Dezenas de pessoas se reuniram, debaixo de chuva, no centro da capital Argel.

Um mês após a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika em 2 de abril, sob a pressão das ruas e do Exército após 20 anos no poder, o movimento de protesto não diminuiu.

A multidão rejeita, sobretudo, que as estruturas e figuras da máquina herdada de Bouteflika organizem as eleições presidenciais marcadas para 4 de julho. Os manifestantes também reivindicam uma transição dirigida por novos nomes.

O poder não cede, porém, no essencial. Abdelkader Bensalah, um homem do aparato que acompanhou Abdelaziz Bouteflika durante 20 anos no poder e até sua saída em 2 de abril, continua sendo chefe de Estado interino.

E Nuredin Bedui, outro membro do regime, mantém-se como primeiro-ministro do "governo da vergonha", como manifestantes se referem ao governo do país.

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