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Como medir o carinho do povo por um homem público? Talvez seja uma tarefa que não é possível de ser feita, porém, o Recife viveu neste domingo (17) um momento histórico e que mostrou a todos os cantos do Brasil os sentimentos das pessoas por um político: respeito, tristeza, agradecimento e saudade. Milhares de pessoas seguiram os restos mortais do ex-governador de Pernambuco e presidenciável, Eduardo Campos. Foram do Palácio do Campo das Princesas, área central da capital pernambucana, até o desfecho no Cemitério de Santo Amaro.

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Os relógios marcavam mais ou menos 16h30, quando o cortejo, conduzido pelo caminhão do Corpo de Bombeiros, saiu do Palácio com destino ao cemitério. Amigos, familiares e autoridades seguiram o percurso no veículo, todos movidos pela emoção de se despedir de Campos. Mas foi o povão, vindo de várias cidades nordestinas e em meio a muito aperto e calor, que deu com vigor o último adeus ao ex-governador. “Eduardo, guerreiro, do povo brasileiro” foi o grito entoado pelos admiradores. Questões políticas também incentivaram outro grito: “Fora PT!”.

Nas ruas do centro do Recife, tanto as pessoas que acompanharam o cortejo, quanto o público que aguardava o caixão com os restos mortais, acenaram e entoaram gritos de apoio à família Campos. Renata (esposa) era uma das mais acarinhadas pelo povo, além de João, de 20 anos, filho mais velho de Eduardo e cogitado para seguir os caminhos políticos do pai. O pedido a Marina Silva, até então candidata a vice, também foi destaque: “Marina presidente”. Crianças, jovens, idosos, negros, brancos, enfim, pessoas diversas formaram o “mar de admiradores”.

E nesse mar, em meio à multidão, dona Nazinha da Silva, cabeleireira do bairro de João de Barros, no Recife, teve a dura, porém honrada missão de conduzir sua filha, Natália Maria da Silva, 27 anos. A jovem tem deficiência física, causada por um problema de parto no seu nascimento. Natália é fã de Eduardo e pediu à mãe para acompanhar o cortejo. “Ela ama Eduardo. A morte dele nos deixou muito tristes mesmo. Eu não podia deixar de trazer ela. Nós tínhamos que nos despedir dele”, disse dona Nazinha.

Os cabelos brancos do aposentado Tomáz de Aquino, de 80 anos, se destacava entre a multidão que aguardava o fim do cortejo próximo à entrada principal do Cemitério de Santo Amaro. A idade não foi problema para ele, que, como um jovem atleta, percorreu todo o percurso a pé. “Eu gostava muito de Eduardo Campos e ele gostava muito do povo de Pernambuco. A tristeza no meu coração é enorme. Quase não acredito. Eduardo morreu, a família sofre e o Brasil perdeu”, falou o aposentado.

Na entrada do Cemitério, soldados da Polícia Militar de Pernambuco aguardavam a passagem do corpo para uma homenagem. A salva de tiros foi uma das homenagens prestadas pela PM, fato que orgulhou o cabo José Carlos Neves. “É um sentimento de tristeza que guardo em mim, mas, de muito orgulho também. Eu faço parte da história. É uma honra para mim”, relatou, antes dos tiros.

De portões abertos, o Cemitério de Santo Amaro aguardava a chegada do cortejo. Além da multidão que acompanhava o caminhão dos Bombeiros, outro grande número de populares ansiava para se despedir do corpo de Eduardo. Muita gente queria registrar o fato histórico e para isso foi necessário se agruparem em cima de altos túmulos para fotografar. Porém, por causa do grande número de pessoas, em alguns momentos, houve tumulto e alguns se machucaram.

Passava das 19h quando o corpo de Eduardo Campos foi colocado na cova, ao lado do corpo de seu avô, Miguel Arraes, sepultado em 2005. Os gritos de carinho por Campos foram somados ao barulho ensurdecedor de cerca de 20 minutos de fogos. Chegava ao fim a dolorosa despedida do homem que queria e sonhava em ser presidente da República, mas pode ter mudado - e sem dúvida marcou - a história do Brasil mesmo sem se eleger.

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Em frente ao Palácio do Campo das Princesas, na área central do Recife, onde Eduardo Campos atuou como governador do Estado por quase oito anos, o cenário é de tristeza e dor. N amanhã deste sábado (16), enquanto funcionários de uma empresa trabalham de um lado para o outro a fim de montar o espaço onde será realizado o velório de Campos, fãs e admiradores do falecido fazem questão de deixar flores e cartazes com palavras solidárias em frente ao local.                                      

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Desde a noite de ontem (15), a doméstica Maria Cristina Moura, de 44 anos, fez questão de dormir no meio da rua para acompanhar de perto toda movimentação e ver o corpo de Eduardo sendo velado. Segundo a admiradora do presidenciável, Campos trouxe muitos benefícios para comunidade onde ela mora, a Associação Ilha Santa Terezinha, no bairro de Santo Amaro, na área central do capital pernambucana. "Ele (Eduardo) fez muita coisa por nós. Nos deu creches e muitas alegrias. Eduardo é uma pessoa muito humilde e sorridente. Sempre nos abraçou, mesmo que estivéssemos suadas. Uma coisa que eu é meus vizinhos sempre admirados é que ele nunca ia até nossa comunidade para pedir votos, apenas saber como nós estávamos. Apesar da dor, tenho certeza que Deus preparou uma grande festa lá no Céu para receber o meu candidato", disse Moura, emocionada.        

Trazendo consigo o mesmo sobrenome de Eduardo, a professora Michele Campos, 31, deixou flores brancas em frente ao Palácio, como forma paz neste momento difícil. "A família está triste. Na verdade, todos nós estamos. Trazer flores para Eduardo é o mínimo que posso fazer, diante de tanta coisa boa que ele fez por nós e pela nossa cidade", disse a moradora de Arcoverde, no interior pernambucano.

 

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