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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira, 24, que os deputados vão priorizar apenas projetos relacionados ao combate à pandemia do novo coronavírus e que removam obstáculos "políticos, legais e regulatórios" para a acelerar a compra de vacinas nas próximas duas semanas.

Lira disse que esse "esforço concentrado" é o melhor remédio político que a Casa poderá aplicar em um momento de angústia do povo. Hoje, o País atingiu a marca de 300 mil mortes relacionadas à covid-19. Ele descartou a abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) ou "lockdowns parlamentares", e disse que "não é hora de tensionamentos".

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"Alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário", disse.

Lira disse que priorizar projetos de combate à pandemia é o melhor remédio político possível que a Casa poderá aplicar neste momento. Segundo ele, será um "freio de arrumação" até que todas as medidas necessárias sejam adotadas. Para ele, é hora de deixar de lado "diferenças ideológicas".

"Falo de adotarmos uma espécie de esforço concentrado para a pandemia, durante duas semanas, em que os demais temas da pauta legislativa sofreriam uma pausa para dar lugar ao único que importa: como salvar vidas, como obter vacinas, quais os obstáculos políticos, legais e regulatórios precisam ser retirados para que nosso povo possa obter a maior quantidade de vacinas, no menor prazo de tempo possível", acrescentou.

Lira fez as declarações depois de uma reunião, durante a manhã, com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e governadores aliados, numa tentativa de união em torno do combate à pandemia.

"Como presidente da Câmara dos Deputados, quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário", disse.

Sem 'fulanizar'

Sem citar o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Lira disse que o País precisa ter boas relações com a China, de quem depende de insumos para fabricar imunizantes. Também disse que os esforços do País na área ambiental precisam ser reconhecidos pelos Estados Unidos e pelo mundo. Ele tampouco citou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Lira evitou fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que defende medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, e aos governadores, que têm adotado medidas de isolamento social e toque de recolher para conter a pandemia.

"Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente e inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram", afirmou.

"Vivemos nestes dias o pior do pior, as horas mais dolorosas da maior desgraça humanitária que se abateu sobre nosso povo. E quero dizer a todos que estou sensível ao desespero dos brasileiros e à angústia de Vossas Excelências, que nada mais fazem do que traduzir o terror que testemunham em suas bases, em suas comunidades."

Lira disse que não queria "fulanizar" a crise. "Também não é justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente. Precisamos, primeiro, de forma bem intencionada e de alma leve, abrir nossos corações e buscar a união de todos, tentar que o coletivo se imponha sobre os indivíduos", afirmou.

"É nesse esforço solidário e genuíno que estarei engajado, junto com os demais poderes. Mas será preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser praticado por todos, esse esforço não produzirá os resultados necessários."

Lira disse que o sistema de saúde é tripartite e depende de esforço da União, Estados e municípios, evitando criticar autoridades. "Como sabemos, o sistema de saúde é tripartite. Mas, também sabemos, a política é cruel e a busca por culpados - sobretudo em momentos de desolação coletiva - é um terreno fértil para a produção de linchamentos. Por isso mesmo, todos têm de estar mais alertas do que nunca, pois a dramaticidade do momento exige", afirmou.

"A razão não está de um lado só, com certeza. Os erros não estão de um lado só, sem dúvida. Mas, acima de tudo, os que têm mais responsabilidade tem maior obrigação de errar menos, de se corrigir mais rapidamente e de acertar cada vez mais. É isso ou o colapso."

Mais uma montadora, a Mercedes-Benz, anunciou nesta terça-feira (23) que fechará as fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e de Juiz de Fora (MG) por causa do agravamento da pandemia de Covid-19. É a quarta empresa do setor a decidir pela medida desde a semana passada, a pedido principalmente dos sindicatos de trabalhadores. O grupo emprega 10 mil funcionários; desses, 7 mil ficarão em casa.

A paralisação começa na sexta-feira (26), com retorno em 5 de abril, após o feriado da Páscoa. Depois, a empresa concederá férias coletivas para grupos alternados de funcionários da produção. "Assim, teremos um grupo menor mantendo os protocolos de distanciamento, mas continuaremos a atender a nossos clientes com nossos produtos e serviços", informa.

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Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cada grupo, com cerca de 1,2 mil trabalhadores, ficará fora da fábrica por 12 dias. O revezamento poderá se estender até o fim de maio.

Já tinham tomado decisão de parar até o fim do feriado a Volkswagen (quatro fábricas), a Scania e a Volvo, com uma planta cada. A Mercedes informa que desde o início da pandemia tem se adaptado para atender aos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a empresa, a decisão foi tomada em alinhamento com o sindicato para contribuir com a redução de circulação de pessoas neste momento crítico no País, além de atender à antecipação de feriados por parte das autoridades municipais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o aumento de novos casos de Covid-19 entre os chilenos, viajantes de qualquer nacionalidade que sigam do Brasil para o Chile terão de ficar isolados em um hotel por no mínimo 72 horas, mesmo que apresentem exame negativo realizado antes de entrar no país. Todos os gastos, estimados em US$ 418 (R$ 2.290), ficarão por conta dos passageiros.

Depois de 72 horas, se o novo teste PCR realizado no Chile for negativo, o passageiro será liberado para realizar a quarentena obrigatória de 10 dias no seu destino final. Se o resultado for positivo, a quarentena deverá ser realizada no mesmo hotel em que estiver.

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Apesar de liderar o processo de vacinação na América do Sul, o Chile registra um aumento dos casos e endureceu recentemente as medidas sanitárias para evitar a disseminação da cepa de Manaus. A medida que aumenta a fiscalização dos viajantes que chegam do Brasil, válida a partir de amanhã, foi determinada no fim de semana pelo Ministério da Saúde chileno.

"Estamos muito preocupados coma circulação de novas cepas vindas do exterior, por isso vamos endurecer algumas medidas", informou o ministro da Saúde, Enrique Paris. No mesmo dia, passará a valer uma quarentena para cerca de 13 milhões de habitantes após aumento de 36% dos novos casos nas últimas duas semanas.

Todos que entram agora no Chile precisam apresentar um passaporte sanitário - um aplicativo onde deve ser preenchido o nome, dados, antecedentes sintomáticos, eventuais contatos com alguém que contraiu a Covid-19, o país de procedência e anexar o exame de covid negativo.

"Este passaporte se conecta com nossa rede epidemiológica de casos positivos e cruzamos informações. A partir de amanhã, para baixar esse passaporte sanitário, quem vier do Brasil ou tiver estado no Brasil nos últimos 14 dias, terá de pagar previamente uma taxa de US$ 418 (R$ 2.290)", disse a subsecretária de Saúde do Chile, Paula Daza.

O valor servirá para arcar com os custos do hotel, do teste PCR na chegada ao aeroporto e do traslado. Os viajantes do Brasil só poderão sair da residência sanitária após o teste negativo, que permitirá continuar a quarentena em casa ou em outro local. Antes, o governo chileno estava bancando os custos dessas residências sanitárias.

O Chile ultrapassou 7 mil casos diários de Covid-19 pela primeira vez no sábado. O aumento contrasta com o processo de vacinação bem-sucedido, com mais de 5,5 milhões de pessoas que receberam pelo menos a primeira dose. O governo estima que, até 30 de junho, 80% da população será vacinada.

Para a médica Carolina Herrera, especialista em doenças respiratórias da Força Aérea do Chile, o aumento dos casos está ligado a uma confluência de fatores, como viagens de férias, o cansaço da população, falhas de comunicação e a sensação de fim da pandemia com o avanço da vacinação. Milhares de chilenos viajaram para praias, entre janeiro e fevereiro, época das férias. "Isso causou interações entre pessoas cujo resultado está sendo demonstrado agora em forma de aumento e de pico nas infecções. Nunca havíamos tido mais de 7 mil casos em um dia", afirmou a médica, lembrando que o número de 172 mortes também foi o mais alto registrado no país.

Herrera cita falhas na comunicação por parte das autoridades, dos jornais e dos principais programas de TV. "A linguagem permitiu entender que, se houvesse 15 milhões de chilenos vacinados, a circulação do vírus acabaria e estaríamos todos salvos, que não precisaríamos nem de máscara", disse. "É preciso esclarecer: o fato de estar vacinado não exime da possibilidade de estar infectado. Imunidade não significa nunca mais correr riscos."

A epidemiologista Ana Bierrenbach, assessora da organização internacional Vital Strategies, disse que é compreensível que a realidade da pandemia no Brasil preocupe os vizinhos, pois o País tornou-se um "berçário de novas variantes". Para ela, a melhor saída para o Brasil controlar o vírus seria adotar medidas drásticas.

O paradoxo da vacinação

O Chile conseguiu vacinar 30% de sua população com uma dose e 15% com duas em uma velocidade recorde. Mas o governo começou a relaxar as medidas de prevenção já no início da vacinação.

A epidemiologista Muriel Ramírez, da Faculdade de Medicina da Universidade Católica do Norte, diz que a cobertura das vacinas ainda é parcial e a maior imunidade é alcançada somente duas semanas após a segunda dose e, mesmo assim, isso não impede que a pessoa seja infectada.

Segundo a especialista, a vacina é uma ferramenta que evita a doença grave, mas não a transmissão, por isso é importante manter as medidas de prevenção.

Brasileira monitorada elogia hospedagem

A atriz brasileira Izabela Borges ficou em um dos hotéis sanitários chilenos por 36 horas - tempo para que o resultado de seu teste negativo saísse. Ela definiu o processo como cansativo e curioso, mas necessário. Ela chegou a Santiago às 19h, mas só conseguiu entrar em um dos quartos à 1h por causa das longas filas no aeroporto e os trâmites do traslado para a residência sanitária.

Izabela explica que os locais têm um sistema próprio de vigilância e seria impossível sair sem ser notado. Ao chegar em um hotel no tradicional bairro de Providência, ela foi direcionada a um quarto com três camas, chuveiro, frigobar, internet e televisão.

"Venho para o Chile desde 2016 e foi a melhor hospedagem que tive na minha vida", disse. Ela recebia café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Não gostou muito da comida, mas era possível pedir delivery. "Para quem for ficar apenas esperando o resultado do PCR, é tranquilo."

Desde que saiu da residência sanitária, Izabela responde questionários diários do Ministério da Saúde sobre se teve sintomas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Secretários estaduais e municipais de Saúde recomendaram a suspensão de cirurgias eletivas diante da falta de medicamentos para intubação de pacientes com a Covid-19. O adiamento deve ser realizado enquanto não houver regularidade do abastecimento dos medicamentos e diminuição do número de casos e internações pela Covid-19.

A recomendação de suspensão das cirurgias foi feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). As entidades apontam que houve "aumento abrupto" do consumo de medicamentos utilizados na intubação, como sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares.

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Segundo os secretários, também há dificuldades na reposição de estoque. Documento do Fórum Nacional de Governadores indicou escassez desses medicamentos em 18 Estados. O documento diz que ao menos 11 medicamentos estão em falta ou em baixa cobertura.

Alguns Estados e municípios já suspenderam completamente as cirurgias eletivas diante do agravamento da pandemia. Hospitais particulares também estão adiando esses procedimentos. Na capital paulista, a Prefeitura anunciou a suspensão de cirurgias eletivas em hospitais-dia.

Segundo o Conass e Conasems, só devem ser mantidas as cirurgias eletivas inadiáveis - aquelas cuja não realização possa causar dano permanente ao paciente, tais como as oncológicas, cardíacas e os transplantes de órgãos.

Nesta segunda-feira (22) a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) já havia se posicionado a favor da interrupção do agendamento de cirurgias eletivas que utilizem os medicamentos que estão em falta. A intenção é poupá-los para as UTIs desabastecidas e também anestesias para cirurgias de urgência.

O governo federal afirmou que a aquisição desses medicamentos "é de responsabilidade de Estados, Distrito Federal e municípios", mas que, "de forma inovadora", monitora semanalmente a disponibilidade dos remédios em todo território nacional em reforço às ações da unidades federativas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou como "revisão histórica" a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em declarar o ex-ministro e ex-juiz federal Sérgio Moro parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação do triplex do Guarujá. A ação integrou as investigações da Lava Jato e a decisão desta terça-feira, 23, foi considerada uma das maiores derrotas da história da operação.

"A Operação (Lava Jato) jamais poderá ser contestada em sua coragem de enfrentar os poderosos, os grandes interesses, a corrupção sistêmica. Mas o Estado Policial, para o qual a Lava Jato descambou em certos momentos, lamentavelmente, com suas parcialidades, seletividade e perseguições, jamais poderá também merecer o perdão da História", escreveu o deputado no Twitter.

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O placar, de 3 a 2 favorável a Lula, na Segunda Turma do STF, sofreu uma reviravolta com a mudança na posição da ministra Cármen Lúcia. Ela alterou o voto proferido em dezembro de 2018. Com o entendimento, o caso agora terá de voltar à estaca zero.

No dia escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão sobre a vacinação, o País superou a marca de 3 mil mortes diárias de covid-19 e bateu novo recorde de óbitos registrados em 24 horas pela doença. Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta terça-feira, 23, mostram 3.251 óbitos por covid-19 no período, superando a marca anterior, de 2.841 mortes, em 16 de março.

Com os registros, o País também se aproxima da marca de 300 mil mortes, total que deve ser superado amanhã (24), pois acumula 298.676 óbitos.

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O levantamento do Conass, que compila dados de secretarias de Saúde dos 26 Estados e do Distrito Federal apontou ainda 82.493 novos casos de covid-19 em 24 horas, com um total de 12.130.019 em pouco mais de um ano de pandemia.

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A Secretaria Especial de Comunicação Social confirmou nesta terça, 23, que o presidente Jair Bolsonaro se reunirá amanhã, 24, às 8h, com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, além do Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

O tema do encontro é a pandemia da covid-19. Governadores e o recém-empossado ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também participarão da reunião. O encontro ocorrerá no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, e será fechado à imprensa.

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O agora ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também comparecerá, bem como "governadores das cinco regiões do País". A reunião foi articulada na semana passada depois do País registrar recordes de casos e mortes pelo novo coronavírus. Diversos Estados também registram falta de leitos hospitalares e de medicamentos para intubação de pacientes.

De acordo com nota divulgada pela Secom, o objetivo da reunião "é fortalecer o ambiente de união nacional para prevenção e combate ao vírus da covid-19, além de ser um espaço para discussão de ações institucionais conjuntas".

Da equipe ministerial também devem participar os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Fernando Azevedo (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e José Levi (Advocacia-Geral da União).

No dia em que registrou 19 mortes pela Covid-19, um número recorde desde o início da pandemia, a prefeitura de Sorocaba anunciou, no fim da tarde desta segunda-feira o fechamento da cidade com barreiras, a partir desta terça (23). O objetivo é monitorar e reduzir o fluxo de pessoas de outras cidades.

De acordo com o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), serão instaladas cinco barreiras fixas nos principais acessos à cidade e uma barreira móvel que atuará em outras rotas de acesso. Segundo ele, a situação da pandemia se agravou: 220 pessoas estão internadas, sendo 112 em UTI, e há 90 aguardando vagas em hospital.

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Manga pretende fazer convênio com a Polícia Militar, no que chamou de operação delegada temporária, para dar suporte à operação das barreiras. "As pessoas terão de parar, terão a temperatura medida e vão receber orientação sobre o uso de máscara. Às pessoas que vierem de fora vamos explicar que o melhor a fazer neste momento é ficar em sua cidade", disse.

A taxa de ocupação de leitos para Covid-19 em UTI é de 100% nos hospitais estaduais Adib Jatene e Hospitalar de Sorocaba, e de 93% na Santa Casa. O centro municipal de estabilização Covid São Guilherme também tem 100% da UTI ocupada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com 373 enterros em apenas um dia, a capital paulista registrou neste domingo (21) o recorde diário de sepultamentos em cemitérios públicos, privados e crematórios desde o início da pandemia. O Serviço Funerário do Município de São Paulo já fez a contratação de oito torres de energia para a realização de enterros noturnos por 60 dias, ratificados a cada 30, medida que será adotada se o número diário de enterros chegar a 400. O pico de 2020 foi em 26 de maio, com 322 enterros.

Até o momento, não foi necessário realizar sepultamentos no período noturno, mas duas torres já estão disponíveis no Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, na zona leste. Os equipamentos podem ser utilizados caso sepultamentos agendados ultrapassem o horário de funcionamento do local.

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No caso de morte por Covid-19, a realização de velório não é permitida e o caixão é fechado. A despedida é breve e ocorre apenas no momento do sepultamento. Para os demais óbitos, o velório pode durar até uma hora com permissão de participação de dez pessoas.

Se o número de sepultamentos por dia chegar a 400, nenhum velório poderá ser realizado. Nesse caso, "novas medidas serão aplicadas, tais como a realização de enterros noturnos e a suspensão de velórios", adianta a autarquia.

Em alta

Até o dia 15 de março, o número de enterros estava na casa dos 200. A partir do dia 16, superou os 300, atingindo o maior número diário no dia 21. No sábado passado, o recorde de enterros desde o início da pandemia já tinha sido alcançado, com 372 enterros.

O pico do fim de semana causou aglomeração no Cemitério Vila Formosa. "Tivemos fila dos carros fúnebres e elétricos, mesmo com carros grandes para transportar seis caixões. Por se tratar de momento de despedida, muitas famílias não compreendem as normas de distanciamento, dificultando a ação das equipes", diz João Gomes, do sindicato do setor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cientistas da UFRJ pedem a adoção imediata de medidas urgentes para que o atual quadro de "catástrofe" nacional diante da pandemia de Covid-19 possa ser revertido. Os especialistas, que integram o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19, emitiram nota na noite desta segunda-feira (22) diante da escalada nacional de infecções e mortes pelo coronavírus e à constatação de aumento na carga viral de pacientes infectados, o que pode indicar uma explosão de novos casos nas próximas semanas.

As medidas de isolamento social devem ser intensificadas, acompanhadas das devidas ações de transferência de renda, bem como uma campanha nacional para a distribuição e o uso de máscaras - medidas que comprovadamente diminuem a velocidade de transmissão do Sars-CoV-2.

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Segundo os pesquisadores, "a atual situação é de altíssima gravidade". No Centro de Triagem e Diagnóstico para Covid-19 da UFRJ foi observado nas duas últimas semanas, um aumento significativo do número de testes RT-PCR positivos nas últimas duas semanas, em relação às duas semanas anteriores, de 11,6% para 20,1%.

"É importante ressaltar que, nesse mesmo período, por meio dos resultados obtidos de RT-PCR constatou-se um aumento da carga viral média estimada, o que representa risco de aumento da transmissibilidade e, consequentemente, um potencial de explosão de casos nas semanas subsequentes, alertando para a relevância da intensificação das medidas de contingência."

Os cientistas ressaltam o fato de o Brasil permanecer isolado "como o único país sem uma estratégia precisa de combate à pandemia". "Por mais que os pesquisadores tenham contribuído com propostas cientificamente embasadas, as dificuldades impostas pela desorganização pública, as incompreensíveis atitudes de alguns gestores e os comportamentos de uma parcela da sociedade reduzem a eficácia das medidas tomadas de forma isolada", destaca o texto.

De acordo com os cientistas da UFRJ, "o Brasil tem destoado das abordagens mais assertivas e resolutivas sugeridas e adotadas por países que apresentam resultados melhores no enfrentamento da pandemia. Consequentemente, o Brasil assume posição dianteira no cenário de casos e óbitos por Covid-19 e como território fértil ao surgimento de variantes do vírus, provocando uma rejeição internacional aos brasileiros e afetando, ainda mais, a nossa economia".

Pressionado para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e investigar a conduta do governo federal na crise de covid-19, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que a CPI pode atrapalhar o enfrentamento da pandemia.

A declaração, feita durante entrevista à rádio JovemPan, sinaliza um alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro e é a declaração mais objetiva de Pacheco contra a CPI até o momento. Para oferecer uma resposta à pressão, diante do avanço da doença no País, o presidente do Senado articula uma reunião entre Bolsonaro e outras autoridades públicas para a próxima quarta-feira, 24.

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"Eu considero que a Comissão Parlamentar de Inquérito é algo que pode atrapalhar esse momento da busca de soluções do enfrentamento da pandemia. Mas não será isso a principal motivação que fará ler ou não o requerimento da CPI", afirmou Pacheco.

A reunião é articulada por Pacheco como forma de alinhar uma estratégia comum entre o governo federal, Estados, municípios, Legislativo e Judiciário. Além disso, é vista como um "voto de confiança" ao médico Marcelo Queiroga, escolhido para ser o próximo ministro da Saúde. O Senado deve promover uma sabatina informal no plenário com o novo ministro uma semana após a posse, esperada pelos senadores para esta terça-feira, 23.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou na manhã desta segunda-feira, 22, em São Paulo, que "o negacionismo passou a ser uma brincadeira de mau gosto, macabra e medieval", e que "não será uma minoria desordeira e negacionista que fará pautar o povo brasileiro e o Brasil nesse momento que nós precisamos de união", diante da pandemia do coronavírus.

Pacheco evitou fazer críticas diretas ao presidente Jair Bolsonaro ou a seus apoiadores e não fez relação direta entre esses grupos e os a que ele se refere como "negacionistas". "Há dois caminhos que podemos seguir na pandemia. É o caminho da união nacional e o caminho do caos nacional. Cabe a nós, responsavelmente, com amor ao Brasil, escolhermos o melhor caminho."

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As declarações foram feitas durante a posse da nova diretoria da Associação Comercial de São Paulo, ao lado do presidente do PSD, ex-ministro Gilberto Kassab. Pacheco defendeu um grande pacto envolvendo o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Presidência da República, governadores e prefeitos para combater a pandemia.

"Gostaria, em nome desse momento em que vivemos no Brasil, invocar o aspecto humano, a solidariedade, a compaixão, a empatia e é por isso que proponho um grande pacto nacional do presidente da República, Jair Bolsonaro, do presidente da Câmara, Arthur Lira, do Senado Federal, do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, do doutor Augusto Aras, procurador-geral da República, dos governadores de Estado, dos prefeitos municipais", disse.

"Que possamos sentar à mesa e entender que a situação é gravíssima e que precisamos encontrar os pontos de convergência. As divergências sempre existirão, mas que sejam dirimidas da melhor forma possível dentro do que a Constituição determina. Cada qual tem o seu ponto de vista, mas não façamos prevalecer o ponto de vista individual sobre o senso comum de urgência e de necessidade de solução destes problemas nacionais que atingem severamente a vida de brasileiros e a economia", disse o senador.

A palestra do senador teve ainda defesas de medidas econômicas de médio e longo prazo para o enfrentamento das consequências da pandemia, citando a criação, no País, de um programa de renda mínima. "Um programa de renda mínima, de renda cidadão, tem todo o apoio, e vejo esse ambiente no Senado, para que seja instituído no Brasil, e que mescle o valor da assistência com o valor também do estímulo ao trabalho, porque não há programa social melhor no mundo do que a geração de trabalho e emprego para as pessoas", disse.

Pacheco disse ainda cobrar do Ministério da Economia ações de socorro, em especial para pequenas e médias empresas, durante o período de crise.

Diante da pressão para o combate à pandemia da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro pediu nesta segunda-feira, 22, que o novo coronavírus seja o foco do "ataques" e não o seu governo. O chefe do Executivo reforçou ser contra uma política de lockdown e pediu para que a Covid-19 não seja politizada.

O apelo ocorre após pesquisas de opinião mostrarem queda na avaliação do governo quanto à atuação durante a crise sanitária. "Vamos destruir o vírus, e não atacar o governo. Não pode essa questão continuar sendo politizada em nosso Brasil", disse em evento do Palácio do Planalto nesta tarde.

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Com ironia, o presidente chegou a dizer que adotaria a política de lockdown por 30 dias, caso esta de fato funcionasse. "Se ficar em lockdown 30 dias e acabar com o vírus eu topo, mas sabemos que não vai acabar", declarou. "Pesquisas sérias dos Estados Unidos mostram que a maior parte da população contraiu o vírus em casa", disse sem citar fontes.

Em seguida, o chefe do Executivo afirmou que só mudaria o seu discurso contra políticas de isolamento e de restrição de circulação caso fosse convencido da eficácia dessas ações. "Eu devo mudar meu discurso? Eu devo me tornar mais maleável? Eu devo ceder? Fazer igual a grande maioria está fazendo? Se me convenceram do contrário, faço, mas não me convenceram ainda. Devemos lutar é contra o vírus, e não contra o presidente", acrescentou.

A política de isolamento é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que a avalia como a melhor alternativa para conter a propagação do vírus. No seu discurso, contudo, Bolsonaro usou a instituição para embasar a sua defesa pessoal contra o isolamento.

Ele citou fala de David Nabarro, enviado especial da OMS, durante uma entrevista para a revista britânica The Spectator. Na entrevista original, Nabarro diz que é preciso encontrar uma forma de retomar a vida social e a atividade econômica sem que isso signifique aumento no número de casos e mortes pela covid-19.

O enviado cita que uma consequência dos fechamentos é "tornar pobres mais pobres", mas, em nenhum momento, diz para governantes não confiaram nas políticas de fechamento. "Diz então a OMS que a única consequência do lockdown é transformar as pessoas pobres em mais pobres. E alguns no Brasil querem que eu decrete lockdown, me chamam de negacionista, ou de ter um discurso agressivo", comentou Bolsonaro depois de citar a entrevista.

Apesar de o País passar pelo momento mais grave da pandemia e avançar de forma lenta na vacinação, Bolsonaro elogiou o trabalho desempenhado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Orgulho em ter o ministro Pazuello, o trabalho que fez no tocante à vacina", disse. O chefe do Executivo citou que Marcelo Queiroga, indicado para suceder Pazuello, é um "médico experiente" e dará continuidade ao trabalho desempenhado até então na pasta agora "muito mais voltada para a questão da medicina".

O presidente ressaltou ainda as negociações do governo para a compra de imunizantes e justificou que outros países no mundo também enfrentam problemas quanto à vacinação. "Está faltando vacina? Queríamos mais, mas dentro da disponibilidade do mundo, somos realmente algo excepcional. Qual país do mundo não tem problema com vacina? Contratamos até o final do corrente ano 500 milhões de doses de vacina", disse. Ele prometeu que "daqui poucos meses" o País irá fabricar e exportar imunizantes, uma vez que tenha condições de produzir o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) das imunizações.

Na tarde de hoje, Bolsonaro assinou decreto que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O presidente também sancionou projeto de lei em prol de portadores de visão monocular (cegueira de um dos olhos). A cerimônia para as assinaturas de projeto considerado positivos para a imagem do governo foi fechada à imprensa, mas transmitida ao vivo - fato que desagradou Bolsonaro.

Com a popularidade abalada por conta das críticas quanto ao enfrentamento da crise sanitária, o presidente deu "uma bronca pública" direcionado a sua assessoria. "Num momento como esse não pode minha assessora deixar a imprensa lá fora. É inadmissível isso daí, é uma bronca, uma bronca pública. Isso é inadmissível", disse.

Militares

Bolsonaro também disse nesta segunda que recorrerá ao Ministério da Defesa para tentar reforçar a campanha de vacinação no País. Porém, o presidente não entrou em detalhes se a demanda foi solicitada pelo Ministério da Saúde. A ideia faz parte de uma recente mudança no tom do presidente em favor dos imunizantes.

"Vou levar hoje à Defesa a possibilidade dos batalhões nossos ajudarem na vacinação", disse Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo citou ainda que o Brasil poderá "daqui alguns meses" vender vacinas. A proposta já havia sido mencionada pelo mandatário antes. "Hoje, só lá embaixo na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), são 5 milhões (de doses da vacina produzidas) por semana. Já começamos a produção", afirmou.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi definido relator da ação de inconstitucionalidade apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tentar derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul que endureceram as restrições à circulação de pessoas diante da nova escalda da covid-19. O processo foi distribuído ao decano nesta segunda-feira, 22, por prevenção.

Ao Estadão, o ministro disse que deve tomar uma decisão individual já nesta terça-feira, 23. "Agimos com cautela, temperança, mas firmeza. Amanhã haverá decisão", afirmou.

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A ação movida pelo presidente também pede que o tribunal reconheça que o fechamento de serviços não essenciais não pode ser determinado por decretos - sendo necessária lei específica que passe pelas Assembleias Legislativas.

No documento, assinado pelo próprio presidente, e não pela Advocacia Geral da União, que costuma representar judicialmente os interesses do Planalto, Bolsonaro diz que as reduções ao horário de funcionamento de atividades consideradas não essenciais e os 'toques de recolher' decretados pelos governos estaduais são 'uma decisão política desproporcional'.

Desde o início da pandemia, o Supremo Tribunal Federal tem sido acionado para arbitrar a briga travada pelos entes federativos em torno das estratégias para conter o surto do novo coronavírus. Em abril do ano passado, os ministros decidiram que governantes locais têm autonomia para adotar medidas de quarentena e isolamento social. Antes disso, em março, o próprio decano decidiu que Estados e municípios poderiam decidir sobre restrições em locomoção.

Em uma live com o ministro Paulo Guedes como estrela e repleta de empresários e personalidades políticas e jurídicas, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro tentou polemizar com o seu antigo colega de governo. Para ele, o jogo político é pesado e a imprensa é severa, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não colabora com o pedido de tolerância que foi feito momentos antes pelo economista. "Estive no governo e fui testemunha de seu trabalho, mas não contribui muito com esse espelho de tolerância, o presidente da República", disse neste domingo (21).

Essa foi a introdução escolhida por Moro para fazer perguntas a Guedes. Um dos questionamentos foi sobre o processo de entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para ele, levar o Brasil a fazer parte da entidade é uma pauta importante para depois da pandemia de coronavírus. Na semana passada, se soube que pela primeira vez a Organização criou um subgrupo para monitorar as ações do governo no campo de combate à corrupção.

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Moro, que agora trabalha no setor privado, também questionou o ministro sobre críticas internacionais que o Brasil vem sofrendo, especialmente na agenda ambiental. Por fim, perguntou sobre as perspectivas para o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, travado durante 20 anos e que agora precisa passar pelos parlamentos de todos os países e se há outros tratados sendo costurados nos mesmos moldes.

Guedes baixou logo o tom e disse que os dois, no governo, experimentaram um pouco juntos a complexidade do ambiente de Brasília. "Chegamos com ideia de mudanças importantes. Vimos que há um Congresso reformista, mas também existem as criaturas do pântano", disse.

O ministro aproveitou o momento para defender que as eleições no País ocorram apenas a cada cinco anos por causa da complexidade da disputa eleitoral. "Eleições deveriam ser a cada cinco anos, de forma sincronizada, e não a cada dois anos. Fomos companheiros durante bom tempo, e vimos a explosão de interesses de todos os lados", afirmou.

Guedes disse que, quando chegou ao governo, não tinha ideia de qual área de sua agenda andaria de forma mais célere. "Meu primeiro foco foi a reforma da Previdência. Em algumas áreas fomos atrasando e, como autocrítica, ponho as privatizações", disse. Outro ponto citado foi o da reforma tributária, que, segundo ele, atrasou por causa da sua insistência no controle das despesas. "Assumo parte dessa culpa", disse.

Sobre a área ambiental, Guedes disse que a ideia do atual governo era encerrar o que ocorria em anos anteriores, como invasões de terra e queima de tratores, por exemplo. "A mensagem foi acabar com esse negócio e o agricultor passou a poder tudo", citou. Mais uma vez, ele contou que teve de explicar para estrangeiros o papel central do governo. "Tive de explicar isso para os americanos em várias reuniões porque eram muito agressivos conosco. Diziam que desmatávamos demais, que matávamos os índios. Eu muitas vezes subi o tom e disse: 'entendo vocês porque exterminaram seus índios'", respondeu.

A escalada nas críticas do presidente Jair Bolsonaro a restrições adotadas por governadores para conter a pandemia levou nesta sexta, 19, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, a cobrar explicações do chefe do Executivo sobre referências a um possível estado de sítio no País. Fux telefonou para Bolsonaro após o mandatário afirmar, pela manhã, que "vai chegar o momento" em que o governo federal terá de tomar "ações duras". Ao ministro, o presidente negou que estivesse tratando de medida de exceção.

A ameaça feita por Bolsonaro ocorreu ao comparar o fechamento de comércios, escolas e toques de recolher adotados por Estados a um decreto de estado de sítio, medida que só pode ser tomada pelo presidente com aval do Congresso. Líderes do Legislativo, no entanto, rechaçaram ontem dar aval a qualquer iniciativa neste sentido.

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Em conversa com apoiadores no Alvorada, o presidente insinuou que o País caminha para um cenário de desobediência civil, em que a população se voltará contra governos locais. "O caos vem aí", disse. "Será que o governo federal vai ter que tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação do governo federal dura no tocante a isso? O que é 'dura'? É para dar liberdade para o povo. É para dar direito para o povo trabalhar. Não é ditadura, não", prosseguiu Bolsonaro, chamando de "hipócritas" e "imbecis" quem atribui suas declarações a uma tentativa de ruptura democrática.

"Um terreno fértil para a ditadura é exatamente a miséria, a fome e a pobreza. Onde um homem, com necessidade, perde a razão. Estão esperando o quê? Vai chegar um momento, gostaria que não chegasse esse momento, mas vai acabar chegando", afirmou o presidente.

A ofensiva do Planalto contra os governadores também incluiu uma ação no STF para derrubar decretos da Bahia, do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul que preveem toques de recolher. Bolsonaro tenta reverter as restrições no momento em que o País passa pelo pior momento da pandemia, com recordes no número de óbitos diários por covid-19. Ontem, foram 2.730 novas mortes registradas.

Para o presidente, no entanto, as medidas são "uma decisão política desproporcional" e "subtraíram parcela importante do direito fundamental das pessoas à locomoção". Governadores criticaram a ação, assinada pelo próprio Bolsonaro.

Integrantes do governo federal admitiram reservadamente que o "timing" da investida no STF não é favorável. A ação foi protocolada anteontem, no mesmo dia da morte do senador Major Olímpio (PSL-SP) por complicações da covid.

Estado de sítio

A Constituição prevê que o presidente da República pode solicitar ao Congresso autorização para decretar o estado de sítio nos casos de "comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa" e "declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira". Questionada se o governo já discute internamente um decreto de estado de sítio, a Advocacia-Geral da União disse que "isso nunca foi assunto".

O decano do STF, ministro Marco Aurélio Mello, considerou a discussão levantada pelo presidente "inadequada". "A crise é, ante à pandemia, de saúde pública. Cabe ao poder central coordenar medidas, considerados Estados e municípios. Estes estão atuando. Estado de sítio é medida extrema e a quadra não o sugere", disse Marco Aurélio ao Estadão.

Para o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), "não há mínima razão fática, política e jurídica para sequer se cogitar o estado de sítio no Brasil". "O momento deve ser de união dos Poderes e ações efetivas para abertura de leitos, compras de medicamentos e vacinação", disse Pacheco, em nota.

O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que a chance de um eventual decreto ter aval do Congresso é "zero". "O País sofrendo os efeitos sanitários, econômicos e sociais do momento mais duro da pandemia, precisando de um líder que una o País pela vacina, pelas empresas e pelos empregos, e o presidente falando em estado de sítio e confrontando com discursos que dividem e dispersam energia", postou ele nas redes sociais. / COLABOROU PEPITA ORTEGA

Estado de sítio e toque de recolher

O Estado de sítio está previsto no art. 137 da Constituição e pode ser decretado diante de "comoção grave de repercussão nacional", da declaração de estado de guerra ou em resposta a uma agressão armada estrangeira. O presidente da República pode pedir autorização para decretá-lo mediante aval do Congresso Nacional. Durante a sua vigência - que deve ser de, no máximo, 30 dias a cada consulta -, alguns direitos fundamentais, como o de livre circulação, ficam suspensos.

Já o toque de recolher, apesar de não estar previsto na Constituição, é uma das medidas listadas na Lei 13.979/20, que dispõe sobre as medidas de enfrentamento à pandemia que podem ser aplicadas por prefeitos e governadores dentro das regiões de competência.

Ela permite restringir a circulação desde que baseada em evidências científicas. Medidas do tipo, porém, podem ir de encontro ao direito fundamental de livre locomoção - este, sim, previsto na Constituição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou representação nesta sexta, 19, pedindo o afastamento temporário do presidente Jair Bolsonaro das funções e competências administrativas relacionadas à pandemia de covid. A medida também é estendida aos ministros da Saúde, Casa Civil, Fazenda e outras autoridades que a Corte de Contas venha a identificar como responsáveis pela 'atual situação caótica no atendimento público de saúde da população'.

A peça é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado e se baseia na Lei Orgânica do TCU que permite ao tribunal afastar temporariamente o gestor público em caso de indícios suficientes de que sua manutenção no cargo pode dificultar auditorias ou causar prejuízos aos cofres públicos.

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No lugar de Bolsonaro, Furtado pede o reconhecimento da 'legitimidade, competência administrativa e autoridade' do vice-presidente Hamilton Mourão para nomear substitutos para os cargos das autoridades afastadas e comandar a execução de políticas públicas de saúde do governo federal durante a crise da covid.

"Em face da inegável urgência do caso em exame, de cuja existência não poderia haver evidência maior do que a instituição de esquema emergencial para atender a alta da demanda por enterros, bem como a implantação de hospitais para catástrofes, fazem-se presentes as condições necessárias e suficientes para que seja adotada medida cautelar determinando o afastamentos das autoridades acima mencionadas, bem como outras que o TCU vier a identificar, incumbindo-se ao vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, a responsabilidade por conduzir as políticas públicas relacionadas à prestação de serviços de atendimento à saúde da população", cobrou Furtado.

Segundo o subprocurador, após tantas vidas perdidas para a covid, 'o mínimo que se espera seria uma atuação concentrada visando economia de escala e a proteção de todos os brasileiros'. No entanto, Furtado afirma o que se tem visto é uma 'atuação central em desencontro das orientações dos organismos internacionais de saúde'.

"Não se discute que toda estrutura federal de atendimento à saúde, com recursos financeiros, patrimoniais e humanos, terá representado inquestionável prejuízo ao erário se não cumprirem sua função de atender à população no momento de maior e mais flagrante necessidade. É inaceitável que toda essa estrutura se mantenha, em razão de disputas e caprichos políticos, inerte diante do padecimento da população em consequência de fatores previsíveis e evitáveis", frisou.

Não há prazo para o TCU avaliar a representação, que deverá ser distribuída a um dos ministros da Corte de Contas. O relator pode decidir em caráter liminar e de forma monocrática ou levar a representação para o plenário do tribunal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou não haver a "mínima" razão fática, política e jurídica para "sequer se cogitar" o estado de sítio no Brasil.

Trata-se de reação às referências à decretação de estado de sítio feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) contra medidas restritivas dos governos da Bahia, do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul.

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"Volto a dizer que o momento deve ser de união dos Poderes e ações efetivas para abertura de leitos, compras de medicamentos e vacinação", afirmou Pacheco em nota à imprensa.

Chamar o presidente Jair Bolsonaro de "genocida" por conta da política desastrosa do governo federal no enfrentamento da pandemia não configura crime, avaliam especialistas ouvidos pelo Estadão. Na opinião de cinco advogados consultados pela reportagem, o presidente da República ocupa o posto mais importante na estrutura política nacional - e, portanto, é uma autoridade pública sujeita às mais diversas críticas da população, por mais ácidas e duras que sejam. Dessa forma, os comentários não deveriam ser enquadrados na Lei de Segurança Nacional, nem como injúria ou difamação.

O advogado criminalista João Paulo Boaventura critica o uso da Lei de Segurança Nacional, em vigor no País desde 1983, em plena ditadura militar, para incriminar opositores do governo Bolsonaro. Foi com base nela que a Polícia Civil do Rio intimou o youtuber Felipe Neto a prestar esclarecimentos, após acusação apresentada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do chefe do Executivo. Uma decisão da Justiça do Rio, no entanto, suspendeu a investigação do influenciador digital.

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Boaventura aponta que a lei tem em seu espírito um período em que a liberdade de expressão "era controlada pelo Estado". Segundo Boaventura, ao ser usada novamente contra opositores do presidente da República, a legislação expõe as semelhanças do atual ocupante do Planalto "com a forma de agir dos governos autoritários".

"Não pode ser considerado democrático tipificar como crime o direito dos cidadãos criticarem, ainda que de maneira incisiva, o presidente da República. Calúnia é a imputação falsa de fato definido como crime, enquanto a injúria é a ofensa à dignidade ou decoro", disse Boaventura.

"Para a configuração do crime de calúnia no uso do termo 'genocida', exige-se o conhecimento da falsidade da imputação, o que não se tem no caso. Por outro lado, no caso da calúnia, o presidente é pessoa pública e ocupa cargo em que se expõe a críticas pelos cidadãos, asseguradas constitucionalmente."

A lei prevê, por exemplo, pena de 1 a 4 anos de prisão por "caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação". O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é relator de duas ações que contestam a Lei de Segurança Nacional, apresentadas pelo PTB e PSB. Segundo o Estadão apurou, o ministro avalia antecipar a decisão sobre o caso.

Desprezo

Na avaliação do advogado Pierpaolo Cruz Bottini, professor da Faculdade de Direito da USP, "não há crime na manifestação de desprezo ou na adjetivação" contra Bolsonaro.

"Haveria crime se alguém relatasse ter presenciado o presidente cometer crime, sabendo da falsidade da imputação. Não parece ser o caso. O único uso dessa lei é reprimir, calar e inibir as críticas, que são mais do que necessárias nesse terrível momento em que vivemos. Não é possível obrigar que aguentemos calados o que vem ocorrendo", afirmou.

"A lei (de Segurança Nacional) é parte do entulho autoritário incompatível com uma constituição democrática de direito, que fixa a pluralidade e a liberdade de expressão entre suas diretrizes."

A legislação tem sido utilizada pelo ministro da Justiça, André Mendonça, para embasar pedidos de investigação contra jornalistas e críticos do governo federal. Na última quinta-feira, cinco manifestantes foram detidos pela Polícia Militar do DF após estenderem uma faixa com os dizeres "Bolsonaro Genocida" em frente ao Palácio do Planalto. Eles foram levados à sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília por, segundo nota da corporação, por "infringir a Lei de Segurança Nacional".

A faixa mostrava uma caricatura de Bolsonaro com rabo e chifres, transformando uma cruz vermelha -- símbolo da saúde -- em uma suástica nazista. O desenho é baseado numa charge do cartunista Aroeira. Segundo a PM, a charge foi o motivo da detenção.

Frente

A abertura de investigações com base na Lei de Segurança Nacional e a intimação para depoimentos de opositores de Bolsonaro levou à criação da frente "Cala-boca já morreu", formada pelos escritórios de André Perecmanis, Augusto de Arruda Botelho e Davi Tangerino. O grupo pretende defender de graça pessoas que entrarem na mira da Justiça por criticarem autoridades públicas.

"A minha motivação para integrar esse grupo é muito simples. Eu não quero viver num país autoritário. O autoritarismo não chega do dia pra noite, mesmo os golpes são construídos antes, o autoritarismo avança por fissuras, por pequenas rupturas que vão sendo toleradas", comentou Tangerino.

"O que não se pode é imputar fatos inverídicos a quem quer que seja, não se pode tolerar discurso de ódio, falas contra a democracia. Mas, de novo, uma crítica, um adjetivo negativo, por mais negativo que seja, na medida que traduz uma percepção, uma opinião sobre o governo, tem de ser sempre tolerada", acrescentou.

Em uma nova ofensiva contra governadores, o presidente Jair Bolsonaro acionou na noite desta quinta-feira, 17, o Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar os decretos estaduais da Bahia, do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul, que determinaram "toques de recolher" para conter o avanço da pandemia da covid-19. O presidente considera que as medidas são "uma decisão política desproporcional". Bolsonaro entrou com a ação no STF no momento em que o País passa pelo pior momento da pandemia do novo coronavírus, com recordes sucessivos no número de óbitos diários.

Na avaliação de Bolsonaro, os decretos afrontam as garantias estabelecidas na Declaração dos Direitos de Liberdade Econômica e "subtraíram parcela importante do direito fundamental das pessoas à locomoção, mesmo sem que houvessem sido exauridas outras alternativas menos gravosas de controle sanitário".

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O presidente também quer que o STF estabeleça que medidas de fechamento de serviços não essenciais exigem a aprovação de leis locais, por parte do Poder Legislativo, não podendo ser determinadas unilateralmente por decretos de governadores.

"Tendo em vista o caráter geral e incondicionado dessas restrições à locomoção nos espaços públicos, elas podem ser enquadradas no conceito de "toque de recolher", geralmente associado à proibição de que pessoas permaneçam na rua em um determinado horário. Trata-se de medida que não conhece respaldo legal no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro", diz trecho da ação assinada pelo próprio presidente.

Integrantes do governo admitem reservadamente que o "timing" da ofensiva no Supremo não é favorável aos pedidos do presidente, em virtude do estágio atual da pandemia. A ação foi protocolada no mesmo dia em que foi anunciada a morte cerebral do senador Major Olímpio (PSL-SP) após complicações pela covid.

Até a publicação deste matéria, não havia sido ainda sorteado o relator da ação no STF.

Repercussão

Considerado aliado do presidente Jair Bolsonaro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou ao Estadão que os decretos contestados "não têm nada de inconstitucionais". "Foram editados dentro da competência a mim estabelecida na própria constituição e na lei", registrou.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), por sua vez, disse que o presidente "coloca energia em confronto, desprezando a gravidade da pandemia, quando poderia colocá-la em ajudar, conseguindo vacinas para a população".

Na mesma toada que Leite, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou em áudio divulgado no site do governo estadual que o presidente "além de não ajudar, faz questão de tentar atrapalhar". "Essa ação no STF é a tentativa dele de mais uma vez demonstrar que é aliado da morte e do vírus. Mais uma vez ele está tentando acelerar o número de mortes e acelerar a contaminação no Brasil. Ele vive da crise, vive do colapso. Como é incapaz de gerir o pais a minha sensação é que ele quer aprofundar a crise do país pra tentar polarizar uma parcela da sociedade. Infelizmente ele é só adepto desse tipo de retórica de baixo nível e de pouco apreço com a vida das pessoas", disse o governador.

Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira, 18, Bolsonaro antecipou a decisão do governo de entrar com uma ação no STF contra o toque de recolher. O chefe do Planalto chamou governadores e prefeitos que decretam medidas restritivas de "projetos de ditadores" que teriam, pelos atos, poder de "usurpar" a Constituição.

"Isso [toque de recolher] é estado de defesa, estado de sítio que só uma pessoa pode decretar: eu", disse o mandatário. "Mas, quando eu assino um decreto de defesa ou sítio, vai para dentro do Parlamento", acrescentou.

Ele disse que o Executivo enviou, ainda, um projeto de lei (PL) com urgência urgentíssima para o Congresso em que define o que são atividades consideradas essenciais durante a pandemia de covid-19. "É toda aquela que serve para o cidadão botar pão na mesa. Então, tudo passa a ser atividade essencial", apontou o presidente.

No início da "live", Bolsonaro sustentou que a ação no Supremo e o projeto ao Congresso visam dar satisfação a parcelas da população que têm feito manifestações contra medidas restritivas adotadas em Estados e municípios para reduzir o contágio pelo novo coronavírus, que têm se multiplicado na atual fase de colapso da rede hospitalar em praticamente todo o País.

"A maior produção que nós podemos ter é a nossa liberdade e a nossa democracia, que a gente sabe que, pelo que a gente vê acontecendo no Brasil, parece que não estão tão sólidas assim, devemos nos preocupar com isso", disse o presidente da República.

Na visão de Bolsonaro, as matérias teriam o objetivo de "restabelecer a ordem" e tornar os poderes da República "cada vez mais harmônicos". "Temos que cada um reconhecer sua importância e seus limites, senão o caldo pode entornar, ter briga em casa, ter tensões entre poderes, e ninguém quer isso aí", advertiu.

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