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O auditor de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Carlos Costa D’Ávila disse, na quinta-feira (25), na posição de testemunha do julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff (PT), declarou que as "pedaladas fiscais" do governo da presidente afastada causaram um "dano muito grande" ao país. Na tarde desta sexta-feira (26), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), no Senado Federal rebateu: “O auditor D´Ávila contribuiu com a elaboração da representação do Tribunal de Contas da União. Ele deu o primeiro parecer técnico acatando algo que ele mesmo ajudou a fazer”, disparou.

“Descumprimento de meta fiscal é crime? Que lei diz isso? E onde se diz que deve ter essa punição rigorosa? Estão substituindo a vontade popular e não podemos ouvir isso calado. Ninguém vai para o matadouro calado. Vamos debater até no último momento. Isso é um golpe, cravou a senadora.

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Vanessa questionou se o ato praticado pela presidente Dilma por ser imputado como crime de responsabilidade com relação ao plano safra. "Gostaria de fazer um bom debate porque é professor do direito, da área penal, uma área importante. Querem incriminar Dilma", disse Grazziotin, referindo-se ao consultor jurídico Geraldo Prado, testemunha de defesa da presidente afastada.

Humberto Costa (PT) também se posicionou, no Senado, contra a condenação de Dilma. "Toda fundamentação do impeachment é porque ela (Dilma) não fez contingenciamento de gastos maior do que fez em 2015. Quem considera que houve contingenciamento inadequado, pode alguém pedir impedimento da presidente por essa razão”, questionou. 

Um artigo publicado na página na corrente petista "O Trabalho", assinado pelo economista Alberto Handfas, acusa o ministro da Fazenda, Joaquim Levy de fazer "chantagem" para implantar no Brasil a "agenda dos banqueiros internacionais" e repetir o governo Fernando Henrique Cardoso. O Trabalho é uma das correntes mais à esquerda dentro do PT.

"Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda de Dilma, utiliza-se do cenário econômico internacional mais desafiador para fazer chantagem e avançar a agenda dos banqueiros internacionais. Pretende retomar a agenda de Fernando Henrique Cardoso do PSDB", escreve no artigo que foi originalmente publicado no jornal da corrente. O Trabalho tem um representante, Marcos Sokol, no diretório nacional, ou 1,38% do total.

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Handfas, que aparece na lista de filiados ao PT, contraria o discurso do governo de que não há redução de direitos trabalhistas e ataca as medidas anunciadas pela equipe econômica. Ainda na opinião do professor, a redução de subsídios terá como consequência aumentos consideráveis nas contas de água, luz e no preço da gasolina.

O economista se mostra preocupado com a diminuição do papel dos bancos públicos e a "liberalização" do comércio internacional. Para Handfas, isso implicaria no fechamento de empresas e o aumento do desemprego no Brasil. "Tais medidas, se aplicadas, implicarão no fechamento de muitas empresas nacionais e com elas de milhares, senão milhões, de empregos. Mas para o ministro isso é um detalhe com o qual se poderá lidar ajudando as empresas através da redução de seus custos trabalhistas".

Como alternativas, o economista sugere medidas contrárias às que vêm sendo adotadas pela atual equipe, como o "fim da mobilidade de capitais" e a "centralização cambial". "Permitiria ao governo retomar sua autoridade para definir as taxas de juros e de câmbio em favor da indústria e do desenvolvimento nacional", argumenta.

Na contramão do que defende o petista, Joaquim Levy disse hoje que o governo "não quer manter o câmbio valorizado artificialmente". O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, negou que haja mudança entre o discurso da campanha e deste início de governo.

A tensão entre quadros do PT e a nova equipe econômica vem marcando o início de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. As medidas de ajuste fiscal causaram mal estar em diversos setores do partido e geraram críticas públicas de figuras como José Dirceu e do vice-presidente do partido Alberto Cantalice.

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