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Alvo dos inquéritos do Supremo Tribunal Federal que apuram a organização e financiamento de atos antidemocráticos e o disparo de notícias falsas, ofensas e ameaças contra autoridades, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) declarou em suas redes sociais nesta quarta, 18, ter 'solicitado a anulação' das Eleições 2020 e apresentado à Procuradoria-Geral da República queixa-crime em razão de supostos 'eventos que tiraram a lisura do processo eleitoral'. No entanto, o parlamentar não mencionou provas sobre as acusações.

A posição de Daniel vai na mesma linha que a do presidente Jair Bolsonaro, que colocou em xeque a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, desta vez depois de poucos dos seus candidatos apadrinhados terem tido sucesso nas eleições municipais.

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No primeiro turno das eleições 2020, houve atraso na totalização dos votos, o que inflamou a militância digital bolsonarista. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a lentidão na divulgação dos votos foi provocada por uma falta de calibragem na inteligência artificial do banco de dados da Oracle, que deveria garantir o processamento veloz das informações.

Apesar do problema técnico, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso frisou que 'não houve nenhum tipo de comprometimento para a fidedignidade do voto, para a fidelidade da manifestação da vontade popular'.

Segundo o ministro, a eleição transcorreu com absoluta tranquilidade, regularidade, mas houve um 'pequeno problema' no processamento dos dados, o que levou à demora na divulgação dos votos apurados. As eleições de 2020 foram as primeiras em que a divulgação da totalização dos votos foi centralizada no TSE.

Na segunda-feira, 16, Barroso disse ver 'motivação política' nos ataques sofridos pelo sistema da Justiça Eleitoral no dia de votação e apontou a ação de 'milícias digitais'. Segundo o ministro, houve uma atuação articulada para tentar desacreditar as instituições do País. O presidente do TSE afirmou que os ataques foram neutralizados e não tiveram qualquer relação com o atraso na divulgação dos resultados na noite de domingo.

"Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF", afirmou Barroso em entrevista na sede do TSE, em Brasília.

Como mostrou o repórter Vinícius Valfré, Barroso evitou rotular os grupos que embarcaram na campanha de desinformação a partir das primeiras notícias de ataques contra o TSE, mas relatório produzido pela SaferNet, que atua em colaboração com o Ministério Público Federal, apontou que perfis bolsonaristas e ligados a movimentos de extrema-direita foram os que mais deram eco às informações falsas e enganosas sobre a lisura do processo.

A Polícia Federal já iniciou a investigação sobre os ataques virtuais ao TSE. Uma equipe especializada na apuração de crimes cibernéticos, especialmente de casos de pedofilia e tentativas de fraudes bancárias na internet, vai atuar no caso. Barroso quer que sejam investigados 'não apenas o ataque específico, mas a orquestração para desacreditar o sistema e as instituições'.

A apuração da SaferNet apontou que às 9h25 do domingo foram divulgadas informações de servidores e ex-ministros do TSE obtidas em ataque realizado em 23 de outubro, mas os dados eram referentes ao período entre 2001 e 2010 e não tinham qualquer relação com o processo eleitoral. Mesmo assim, o fato foi usado nas redes para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.

"A divulgação foi feita no dia da eleição para trazer impacto e para fazer parecer fragilidade do sistema eleitoral", afirmou Barroso. Um dos que deram vazão a esta narrativa foi o deputado federal bolsonarista Felipe Barros (PSL-PR), também investigado pelo STF no inquérito das fake news. No início da tarde, ele publicou um tuíte que lançava dúvidas sobre a segurança das urnas. O conteúdo foi curtido mais de 31 mil vezes.

A Polícia Federal já iniciou a investigação sobre os ataques virtuais feitos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma equipe especializada na apuração de crimes cibernéticos, especialmente de casos de pedofilia e tentativas de fraudes bancárias na internet, vai atuar no caso, segundo o Estadão apurou.

O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, apontou a ação de "milícias digitais" e disse na última segunda-feira, 16, ver "motivação política" nos ataques virtuais sofridos pela Justiça Eleitoral no domingo, 15, dia de votação do primeiro turno das eleições municipais. Nos bastidores, a condução da crise no TSE, que também sofreu com atrasos na divulgação dos votos, tem provocado críticas à atuação de Barroso.

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Um ministro da Corte Eleitoral, que pediu para não ser identificado, considerou uma "lástima" o comportamento de Barroso. O presidente do TSE tem sido criticado reservadamente por integrantes, tanto do TSE quanto do Supremo Tribunal Federal (STF), por mudar a versão sobre a lentidão na atualização dos votos - e por responsabilizar a gestão de sua antecessora, Rosa Weber, pela decisão sobre a centralização na divulgação dos dados.

As eleições de 2020 foram as primeiras em que a divulgação da totalização dos votos foi centralizada no TSE. Antes, cada um dos 27 tribunais regionais eleitorais fazia as suas totalizações, de forma independente. A mudança nos procedimentos foi determinada na gestão de Rosa Weber no TSE, que acolheu um relatório técnico da Polícia Federal.

Fake news.

A lentidão na totalização dos votos inflamou a militância digital bolsonarista, que voltou a lançar suspeitas - sem provas - sobre a lisura do processo eleitoral. Também ampliou o desgaste interno do secretário de tecnologia da informação do tribunal, Giuseppe Janino - Janino é um dos criadores da urna eletrônica no Brasil.

O TSE, no entanto, tem procurado afastar qualquer relação entre os ataques virtuais ao sistema da Corte Eleitoral e a lentidão na divulgação dos votos.

De acordo com a apuração da ONG SaferNet, às 9h25 do domingo foram divulgadas informações de servidores e ex-ministros do TSE obtidas em ataque ocorrido em 23 de outubro. Os dados, porém, eram referentes ao período entre 2001 e 2010, e não tinham qualquer relação com o processo eleitoral.

Mesmo assim, o fato foi usado nas redes para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. "A divulgação foi feita no dia da eleição para trazer impacto e para fazer parecer fragilidade do sistema eleitoral", declarou Barroso. Um dos que deram vazão a esta narrativa foi o deputado federal bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR), investigado pelo Supremo no inquérito das fake news.

Em coletiva na última segunda-feira, Barroso apontou as ligações políticas dos grupos que embarcaram na campanha de desinformação a partir das primeiras notícias de ataques ao TSE.

Barroso também deu na ocasião uma nova versão para o atraso na totalização dos votos no primeiro turno, feita apenas às 23h55 do domingo. Segundo ele, a entrega de um "supercomputador" pela empresa Oracle foi atrasada por causa da pandemia do novo coronavírus. Comprado em março, o equipamento chegou em agosto.

Assim, afirmou o ministro, não houve tempo suficiente para testes prévios e a inteligência artificial do sistema não foi capaz de aprender a tempo a processar o volume de informações que recebeu.

Desempenho

Conforme revelou o portal do Estadão, a Polícia Federal recomendou ao TSE a centralização da divulgação dos votos em Brasília, na sede do próprio TSE, alegando que a medida melhoraria "consideravelmente a segurança operacional" e teria o "potencial de continuar com um desempenho satisfatório". A informação consta em relatório da PF, assinado em outubro de 2018 e acatado pela equipe técnica do TSE. O documento foi enviado ao tribunal pelo então diretor-geral da PF, Rogério Galloro.

No relatório de 2018, a PF apontou que, naquela época, a transmissão dos arquivos de cada urna ocorria de forma descentralizada, com um servidor web em cada Tribunal Regional Eleitoral (TRE) responsável por receber os boletins de urna das seções eleitorais daquela região. Ou seja: cada Estado apurava e divulgava os seus votos.

"Observa-se que mudar a arquitetura de servidores para estarem fisicamente localizados no próprio TSE melhora consideravelmente a segurança operacional deste sistema e tem o potencial de continuar com um desempenho satisfatório, em virtude dos crescentes avanços nas tecnologias de comunicação em rede", diz trecho do relatório da PF, assinado por três peritos da corporação.

De acordo com a PF, a descentralização na divulgação dos dados representava um "ponto de vulnerabilidade", já que as informações referentes aos votos de cada região estariam distribuídas no TRE de cada Estado. É como se houvesse 27 bancos de dados, um em cada Estado, ao invés de um único banco de dados, concentrado no TSE.

"Com a migração dos servidores web e banco de dados locais dos TREs para o TSE esta exposição é minimizada", sustenta o relatório.

A medida, alegou a PF em 2018, acabaria "reduzindo a quantidade de equipes de profissionais envolvidos (no processo) e aumentando a segurança do controle de acesso ao código e às funcionalidades do processo de totalização".

Um grupo de espiões, denominado 'Sowbug', conseguiu, mediante ciberataques, se infiltrar em instituições governamentais na América do Sul e do Sudeste Asiático para roubar documentos, informou nesta terça-feira a sociedade de cibersegurança americana Symantec.

"Por enquanto, o Sowbug parece se concentrar principalmente em entidades governamentais na América do Sul e no sudeste asiático", informou a Symantec em um comunicado, citando ataques "em Argentina, Brasil, Equador, Peru, Brunei e Malásia".

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"Dotado de bons recursos, o Sowbug é capaz de invadir vários objetivos de forma simultânea e fora das horas de trabalho das organizações para não ser detectado facilmente", informou a sociedade, ressaltando que o grupo está ativo desde pelo menos 2015. O Sowbug (cochonilha, em inglês) fica escondido durante vários meses nos organismos das vítimas, segundo o Symantec.

"Uma das táticas que usa para não chamar a atenção é usurpar a identidade dos programas utilizados com frequência como Windows ou Adobe Reader", sem comprometê-los, mas dando a seus instrumentos nomes próximos que podem ser confundidos com os usados por programas legítimos.

Embora o modo de infecção ainda seja desconhecido, a Symantec avança na hipótese da utilização de falsos programas de atualização.

"Enquanto os ataques de ciberespionagem afetam regularmente alvos em Estados Unidos, Europa e Ásia, é menos frequente ver países sul-americanos afetados. No entanto, o número de operações de ciberespionagem aumentou regularmente nos últimos anos e a emergência do Sowbug mostra que nenhuma região está a salvo deste tipo de ameaça", indicou o grupo americano.

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