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Aviões israelenses bombardearam intensamente o sul da Faixa de Gaza nesta quinta-feira (11), em meio à viagem regional do secretário de Estado americano, Antony Blinken, para evitar uma conflagração do conflito.

Hoje, o diplomata americano deve se reunir no Cairo com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, cujo país desempenhou um papel fundamental no acordo sobre uma trégua de uma semana no final de novembro.

A guerra também chega, nesta quinta-feira, à Corte Internacional de Justiça (CIJ), onde Israel enfrentará uma ação da África do Sul por suposto "genocídio" em sua ofensiva contra Gaza, acusações que o presidente israelense, Isaac Herzog, chamou de "absurdas".

No pequeno território palestino, a aviação israelense multiplicou seus bombardeios contra o setor de Khan Yunis, a principal cidade do sul de Gaza e epicentro dos combates nas últimas semanas, segundo várias testemunhas.

O Hamas disse que os ataques israelenses na noite passada deixaram 62 mortos em toda a Faixa.

"Os combates se desenvolvem no subsolo, na superfície, em um território muito, muito complexo, ante um inimigo que preparou sua defesa durante um período muito longo e de uma forma muito organizada", declarou o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi.

- Obstáculos "quase intransponíveis" -

As organizações internacionais alertam para uma catástrofe sanitária em Gaza, onde 85% da população foi deslocada e a ajuda humanitária chega muito devagar.

A distribuição de ajuda enfrenta obstáculos "quase intransponíveis", disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em Rafah, cidade no extremo-sul da Faixa de Gaza onde centenas de milhares de palestinos se refugiaram, um médico aposentado transformou sua loja em uma sala de primeiros socorros para atender os feridos.

"À noite, às vezes ficamos até as onze, ou depois da meia-noite, quando tudo está fechado e é impossível entrar no carro, ou ir ao hospital. Cuidamos dos feridos e depois eles podem ir para o hospital", disse Zaki Shaheen à AFP.

A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo balanço da AFP baseada nos números das autoridades israelenses.

Israel prometeu aniquilar o movimento palestino, considerado um grupo terrorista por Israel, UE e Estados Unidos, e lançou uma operação militar contra Gaza que deixou pelo menos 23.357 mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

- Ataques no Mar Vermelho -

Apesar dos inúmeros esforços diplomáticos para pôr fim às hostilidades, a guerra entrou em seu quarto mês, entre temores de uma conflagração em uma região onde o Hamas conta com vários no Líbano, na Síria, no Iraque e no Iêmen.

No norte de Israel, as trocas de disparos com o movimento libanês Hezbollah têm sido quase diárias desde o início da guerra e se intensificaram depois de um ataque atribuído a Israel ter matado o número dois do Hamas em Beirute, em 2 de janeiro.

As hostilidades também aumentam no Mar Vermelho, onde forças britânicas e americanas abateram, na terça-feira, 18 drones e três mísseis lançados pelos rebeldes huthis do Iêmen, aliados do Irã e do Hamas.

Os inúmeros ataques dos huthis nessa importante rota comercial marítima fizeram o tráfego de navios porta-contêineres cair 70%, disse à AFP Ami Daniel, fundador e líder do Windward, um grupo de assessoria sobre transporte marítimo.

Nesse contexto, Blinken faz uma viagem por diferentes países da região que o levou a se reunir com líderes israelenses e com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas. A AP perdeu o controle da Faixa de Gaza para o Hamas em 2007 e agora exerce apenas um poder limitado na Cisjordânia ocupada.

Os Estados Unidos querem ver reformas nessa entidade para que ela possa assumir um papel de liderança no futuro de Gaza após a guerra.

Na reunião de quarta-feira (10), Abbas e Blinken discutiram "a importância da reforma da Autoridade Palestina (…) para que esta possa assumir, de forma eficaz, a responsabilidade de Gaza", disse o diplomata americano, que reiterou seu apoio à criação de um Estado palestino.

Depois de quase uma semana no Oriente Médio, Blinken disse que seus interlocutores transmitiram-lhe a necessidade de se "evitar" a propagação da guerra e de se "desenvolver uma melhor maneira de avançar para a região e, em particular, para israelenses e palestinos".

Israel e o Hamas voltaram a cruzar fogo nesta quinta-feira (12), antes da chegada a Tel Aviv do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que viajou em uma demonstração de solidariedade para com seu aliado israelense, no sexto dia de uma guerra que já deixou milhares de mortos.

Israel jurou "destruir" o movimento islâmico palestino Hamas, responsável pela sangrenta ofensiva de 7 de outubro, e que mantém como reféns 150 pessoas capturadas em solo israelense.

Segundo o porta-voz militar Richard Hecht, o Exército israelense contempla uma "manobra terrestre" na Faixa de Gaza, embora "ainda não se tenha tomado uma decisão" a esse respeito.

O mesmo porta-voz acrescentou que o objetivo neste momento é a "liquidação" do governo do Hamas em Gaza.

Durante a noite, Israel continuou bombardeando a Faixa, governada pelo Hamas, que respondeu disparando foguetes em direção ao sul do Estado Judeu.

O Hamas também disparou foguetes contra Tel Aviv, em represália aos bombardeios israelenses "contra civis" em dois campos de refugiados no enclave palestino. Correspondentes da AFP presenciaram dezenas de bombardeios aéreos contra o campo de Al-Shati e no norte de Gaza.

Tudo isto aconteceu horas antes da chegada de Blinken, que, após aterrissar em Tel Aviv, reiterou o apoio dos Estados Unidos a Israel.

"Apoiamos vocês hoje, amanhã e iremos apoiá-los todos os dias que vierem", disse ele.

"Estamos determinados a garantir que Israel obtenha tudo de que precisa para se defender", acrescentou Blinken, antes de uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Os Estados Unidos já forneceram ajuda militar adicional a Israel desde o início do novo conflito. O presidente Joe Biden pediu a Israel, no entanto, que respeite "as leis da guerra" em Gaza.

Na sexta-feira, Blinken se reunirá com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e com o rei da Jordânia, Abdullah II, na Jordânia.

De acordo com autoridades de ambos os lados, a guerra matou mais de 1.200 israelenses e pelo menos 1.354 palestinos em Gaza. O Exército também afirmou ter encontrado cerca de 1.500 corpos de combatentes do Hamas em solo israelense.

- Pilha de cadáveres -

Por terra, mar e ar, centenas de militantes do Hamas atacaram Israel no sábado, coincidindo com o fim do feriado judaico de Sucot.

Nas ruas, nas casas, nas cooperativas agrícolas e até em um festival de música, realizaram massacres de civis sem precedentes desde a criação do Estado de Israel em 1948.

Israel adotou represálias, declarando uma guerra para destruir as capacidades do Hamas. Está atingindo implacavelmente a Faixa de Gaza e mobilizando dezenas de milhares de soldados em torno do território palestino e em sua fronteira norte com o Líbano, onde houve trocas de disparos com o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas.

"Cada membro do Hamas é um homem morto", declarou Netanyahu, na quarta-feira (11), em seu primeiro discurso formal com seu governo de emergência, formado ontem mesmo com Benny Gantz, um dos principais líderes da oposição.

Na entrada do kibutz Beeri, a menos de cinco quilômetros da fronteira com Gaza, uma pilha de corpos testemunhava a magnitude do ataque.

"A devastação aqui é absolutamente imensa", disse Doron Spielman, porta-voz do Exército israelense.

"E isso sem contar os muitos membros do kibutz que foram feitos reféns e levados para Gaza", acrescentou outro porta-voz do Exército, Jonathan Cornicus.

- Gaza sem serviços básicos -

O ministro israelense da Energia, Israel Katz, afirmou nesta quinta-feira que seu país não autorizará a entrada de bens essenciais, nem de ajuda humanitária em Gaza enquanto o Hamas liberte os reféns.

"Ajuda humanitária a Gaza? Não vão poder ligar nenhum interruptor elétrico, não vão poder abrir nenhuma torneira, nenhum caminhão de combustível vai entrar, enquant os israelenses sequestrados não tiverem voltado para suas casas", frisou.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse estar em contato com o Hamas para tentar libertar os reféns.

O diretor regional do CICV para o Oriente Médio, Fabrizio Carboni, apelou a ambos os lados para "reduzirem o sofrimento dos civis".

"Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios", alertou, expressando especial preocupação com os recém-nascidos colocados em incubadoras e com os pacientes que precisam de oxigênio, ou fazem tratamento de diálise.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também iniciou negociações com o movimento islâmico, segundo uma fonte oficial.

Dezenas de especialistas independentes da ONU condenaram os "crimes horríveis" cometidos pelo Hamas e a resposta de Israel em Gaza, que chamaram de "punição coletiva".

Os bombardeios israelenses atingiram dezenas de edifícios, fábricas, mesquitas e lojas, segundo o Hamas.

"É como um apocalipse, ou um terremoto", disse, em meio a escombros, um morador do distrito de Karama, em Gaza, que não quis dar seu nome. Os israelenses "vieram para destruir, como se essas pessoas não merecessem viver. Como se não fossem humanos", acrescentou.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, convocou os países islâmicos e árabes a cooperarem para enfrentar Israel.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, acusou o Irã, por sua vez, de ter permitido o ataque contra o Estado judeu, por seu apoio ao Hamas nos últimos anos. Scholz disse ainda que usará "todos os seus contatos" para evitar uma escalada na região e libertar os prisioneiros.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, espera trocar opiniões nesta quarta-feira (21) com seu homólogo francês sobre a crise dos submarinos, embora nenhuma reunião individual esteja marcada, de acordo com um funcionário.

Blinken e o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, participarão da Assembleia Geral da ONU em uma reunião a portas fechadas dos cinco membros com poder de veto do Conselho de Segurança.

"Eles certamente estarão na sala amanhã na reunião ministerial P5 e terão a oportunidade de trocar opiniões sobre uma série de coisas", informou o funcionário a repórteres nesta terça-feira, sob condição de anonimato.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, participará das negociações das cinco potências: Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos.

O funcionário revelou que uma reunião separada das quatro potências transatlânticas - Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos - não ocorrerá em nível ministerial, mas sim que as negociações estão ocorrendo em um nível inferior.

Blinken também falará com o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, que simpatizou com a irritação francesa.

A França ficou furiosa na semana passada quando a Austrália desistiu de um importante contrato de compra de submarinos convencionais franceses para adquirir os submarinos nucleares americanos, alegando as mudanças no ambiente de segurança.

A França acusou os Estados Unidos de traição e a Austrália de esfaqueá-la pelas costas e alertou para repercussões na relação entre os países.

Os Estados Unidos expressaram esperança de acalmar as tensões com seu aliado, e o presidente Joe Biden espera falar por telefone com seu homólogo Emmanuel Macron nos próximos dias.

Autoridades americanas disseram que Blinken, que é fluente em francês, também discutiu a crise com o embaixador da França em Washington, Philippe Etienne, antes do diplomata ser chamado a Paris para consultas em protesto.

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