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A alta nos preços de carnes bovinas bateu firme no bolso das famílias de baixa renda. O item ficou 2,81% mais caro em setembro e foi uma das principais contribuições para a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que subiu 0,46% no mês passado, após estabilidade em agosto. O indicador, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apura a inflação percebida entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos.

Com o efeito das carnes, o grupo Alimentação saiu de uma deflação de 0,03% em agosto para alta de 0,49% em setembro. Na mesma esteira, os preços de frango inteiro subiram 3,40%. Por outro lado, ficaram mais baratos tomate (-12,82%), batata inglesa (-12,16%) e óleo de soja (-4,66%).

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As famílias de baixa renda também sentiram a alta de 2,79% nas tarifas de energia elétrica no mês passado, o que levou o grupo Habitação de 0,23% para 0,70% na passagem do mês.

Além disso, outros cinco grupos ganharam força entre agosto e setembro: Transportes (-0,25% para 0,41%), diante de uma alta de 0,36% nas tarifas de ônibus urbano; Saúde e Cuidados Pessoais (0,20% para 0,42%), com a alta de 0,33% nos medicamentos; Comunicação (-0,93% para 0,03%), após queda menos intensa da tarifa de telefone residencial (-1,97% para -0,81%). Vestuário (-0,48% para -0,11%), com as roupas 0,09% mais caras; e Educação, Leitura e Recreação (0,38% para 0,48%), diante do aumento de 2,75% nos shows musicais.

No sentido contrário, desacelerou apenas o grupo Despesas Diversas (0,12% para 0,06%), com uma alta menos intensa no item clínica veterinária (1,55% para 1,10%).

Menor que a média

Apesar da intensa aceleração, a taxa do IPC-C1 de setembro foi inferior à inflação média apurada entre as famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários mínimos. O Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-Br) mostrou alta de 0,49% no mês passado. Ambos são calculados pela FGV.

No acumulado em 12 meses, o IPC-C1 passou de 6,22% em agosto para 6,53% até setembro de 2014. O resultado também se manteve em patamar inferior em relação ao IPC-BR, que avançou a 6,97% em igual período. Em ambos os casos, contudo, a taxa está acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5% com dois pontos de tolerância para mais ou menos.

Metade da alta de 0,40% apurada no grupo Alimentação no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IGP-M de setembro foi puxada pelo encarecimento das carnes bovinas, avaliou nesta segunda-feira (29) o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Em agosto, a classe de despesa de alimentos teve deflação de 0,11%. Já as carnes bovinas tiveram recuo de 0,37% e subiram 2,68% no nono mês de 2014. "E têm potencial para continuar avançando mais", estimou.

O IPC-M, por sua vez, apresentou inflação de 0,42% em setembro, após 0,02% no oitavo mês do ano. "Todo esse fôlego não saiu somente de Alimentação. Tivemos outros itens de peso espalhados que explicam a aceleração do IPC-M", disse, ao referir-se ainda à elevação do grupo Habitação para 0,47% (de 0,29%), em virtude dos custos com energia elétrica; de 0,85% em Educação, Leitura e Recreação, devido à alta de 12,49% em passagens aéreas; e de 0,37% em Transportes, em virtude da elevação de 0,67% nos preços da gasolina.

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Além da pressão das carnes nas próximas leituras do IPC, Braz ressaltou a aceleração de alguns itens in natura na pesquisa deste mês. Os preços das frutas saíram de queda de 0,85% para alta de 2,23%, enquanto as hortaliças diminuíram o ritmo de baixa entre um mês e outro, de 8,36% para 6,85%. "Devem ocorrer novos aumentos de carnes ao consumidor. Daqui para frente, as hortaliças e frutas serão exaustivamente citadas como fonte de influência de alta do IPC", previu, completando que o índice que mede os preços no varejo (IPC) deve ficar com a mesma taxa de setembro, de 0,40%, ou pouco acima dessa marca em outubro.

Apesar da percepção de pressão da inflação no varejo, Braz ressaltou que a situação dos preços ao consumidor não é das piores. "Não é tão ruim. Não houve aumento generalizado dos alimentos. Há mais exemplos de desaceleração do que de aceleração", ponderou.

A reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira, anunciada nessa quinta-feira, 17, pelo Ministério da Agricultura, anima o setor em Minas Gerais. Apesar de nenhuma das primeiras nove unidades autorizadas estarem localizadas no Estado, Minas poderá entrar em futuras listas de estabelecimentos habilitados, informa o assessor Técnico de Pecuária, Bruno de Barros Ribeiro de Oliveira, da Secretaria estadual de Agricultura.

Ele observou que Minas tem um grande número de frigoríficos, entre os quais de grandes grupos do setor. "Temos 31 unidades com Serviço de Inspeção federal (SIF). Somente no Triângulo Mineiro, são nove e de grandes grupos, como JBS e Marfrig. Tenho certeza de que eles vão solicitar o quanto antes as autorizações para exportar ao país", afirmou Oliveira, em entrevista exclusiva ao Broadcast, seviço em tempo real da Agência Estado.

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Segundo Oliveira, Minas Gerais tem o segundo maior rebanho efetivo de bovino do Brasil, com 24 milhões de cabeças, o que corresponde a 11,5% do total nacional, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a junho, o Estado exportou US$ 11,7 milhões em carne bovina, alta de 3,20%, e 4,2 mil toneladas em volume, acréscimo de 1% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Ainda conforme o especialista, o reflexo da abertura do mercado chinês, no âmbito nacional, melhorará não somente as exportações, mas o mercado interno, com melhores preços aos pecuaristas.

O ministro da Agricultura, Neri Geller, confirmou nesta quinta-feira (17) a reabertura do mercado chinês à carne bovina brasileira. Segundo ele, a negociação acertada hoje com o presidente da China, Xi Jiping, é um "recomeço". O ministro disse que a estimativa é de que o país asiático compre até US$ 1 bilhão do produto brasileiro em 2015. "Estamos com uma expectativa, com a barreira fitossanitária sendo quebrada (pela China), de exportamos de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão no próximo ano", disse.

O governo chinês concordou em habilitar nove plantas para exportação. O ministro estimou entre 30% e 35% o crescimento do consumo de carne bovina pela China em 2015. "Em 2009, quando abrimos o mercado (chinês), a China importava US$ 44 milhões em carne bovina do mundo e do Brasil foi US$ 2,5 milhões. Em 2012, quando perdemos o mercado, era US$ 255 milhões (importados) do mundo, o Brasil exportou naquele ano US$ 37,768 milhões", recordou. Agora, o ministro acredita que o País possa absorver a maior parte do mercado chinês, que no ano passado importou US$ 1,3 bilhão.

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Se para convencer os chineses a abrir, em 2009, seu mercado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o presidente do país para um churrasco na Granja do Torto, em Brasília, com a presidente Dilma Rousseff o argumento foi menos pessoal. De acordo com Geller, o governo retoma as exportações com base em argumentos técnicos. "Tem dois pontos que foram favoráveis: primeiro a demanda chinesa muito forte e (segundo) a questão da defesa (fitossanitária) brasileira", avaliou. "O Brasil saiu fortalecido com o caso (atípico de vaca louca em maio) em Mato Grosso e o certificado da OIE que considerou o Brasil com o status de risco insignificante (da doença)", disse.

A China suspendeu a compra de carne bovina do Brasil em 2012 em função do caso atípico de 'vaca louca' registrado no Paraná. Desde então, o mercado chinês vinha sendo abastecido via Hong Kong, que tem sido um entreposto da carne brasileira na Ásia. Não à toa, Hong Kong foi responsável por parte desse crescimento, ao lado da Rússia. O ministro considerou que as exportações para a Hong Kong caiam, agora que o Brasil vai exportar diretamente para a China.

As exportações de carne bovina brasileira somaram 762 mil toneladas no primeiro semestre de 2014, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A remessa do produto ao exterior cresceu 12,7% em relação às 675,7 mil toneladas do intervalo janeiro-junho de 2013. Em receita, o crescimento foi de 13,3%, atingindo US$ 3,404 bilhões, contra US$ 3,004 bilhões do ano passado.

Geller se disse confiante de que com a reabertura da China à proteína animal brasileira as exportações para o país asiático respondam por cerca de 20% do total exportado pelo Brasil.

A empresa de proteínas JBS afirmou nesta sexta-feira, em comunicado ao mercado, que todas as operações realizadas no Brasil no segmento de bovinos não "ferem nenhuma regra concorrencial, inclusive na medida em que continua existindo no setor intenso grau de rivalidade, além de ser factível a entrada de novos agentes, já que as barreiras de entrada no segmento são baixas".

Esse argumento, segundo a empresa, será apresentado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), já que na sessão de julgamento da próxima quarta-feira (20), seis casos de aquisições da JBS, inclusive a compra do Bertin, em 2009, serão julgados em um só processo.

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Reportagem da edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S.Paulo diz que o órgão antitruste identificou cerca de 70 operações de aquisições e arrendamentos no Brasil e 20 no exterior que não foram notificadas. Com isso, a participação da empresa nas vendas de carne bovina no País teria passado de 15% para 40%. Parecer do Cade sobre as últimas aquisições da empresa - da SSB (curtume em Colíder/MT e unidade frigorífica em Juara/MT) e da unidade frigorífica em Ponta Porã (MS) - diz que é "questionável do ponto de vista da racionalidade econômica" e levanta "indagação sobre eventual estratégia de afastamento da concorrência".

Para a JBS, o parecer é "opinativo e inconclusivo" e defende a necessidade de aprofundar os estudos sobre o grau de rivalidade no setor e o impacto das operações tanto no âmbito do abate como no que diz respeito ao preço da carne ao consumidor final, devendo o Conselho fazer tal aferição.

Ainda sobre aspectos concorrenciais, a JBS, no comunicado, esclarece que os preços pagos ao produtor nacional têm se mantido estável ou em elevação desde o momento das aquisições efetuadas pela companhia. "Reconhecemos a importância de bem remunerar seus fornecedores visando a manutenção e incentivo da produção pecuária do país", declarou a empresa.

Concentração

A JBS citou que a própria produção agropecuária brasileira tem apresentado grande concentração. Segundo o comunicado, cerca de um terço dos animais abatidos pela JBS provém de apenas 3% dos pecuaristas existentes no Brasil. Porém, a companhia ressaltou que, com base em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e da publicação especializada ANUALPEC, da consultoria Informa Economics FNP, a participação da JBS no abate nacional é de 15,4% do total (base 2011), "o que demonstra a baixa concentração existente na indústria nacional".

A empresa de alimentos também explicou, no comunicado, que "sempre atuou em conformidade com a legislação" e entende que arrendamentos e aluguéis de ativos não são de submissão obrigatória do Cade. "Quando submeteu ao órgão de defesa econômica ato envolvendo locação de ativos, essa se deu por se tratar de uma operação de longo prazo (10 anos) e acompanhada por uma opção de compra, diferentemente dos demais arrendamentos de frigoríficos bovinos, que possuem vigência, via de regra, de dois anos", disse a empresa, referindo-se à operação feita com a Doux Frangosul, no ano passado, na área de aves.

Por fim, a JBS esclareceu que "todas as suas participações de mercado foram computadas nos cálculos de participação de mercado das operações apresentadas ao Cade. "Dessa forma, a JBS entende que sempre atuou com a máxima transparência no fornecimento de dados e informações e espera que, em uma análise eminentemente técnica, todas as suas operações serão aprovadas junto ao Tribunal Administrativo do Cade (...)", declarou.

A ministra interina do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, disse que o Brasil estuda o melhor instrumento para questionar as barreiras colocadas às exportações de carne bovina brasileira. Ela falou nesta quarta-feira que o País pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). "A possibilidade de um contencioso nunca foi descartada. Não hesitaremos em fazer, se tivermos de reduzir barreiras incompatíveis com as regras", afirmou.

Tatiana Prazeres explicou que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) mantém as exportações brasileiras de carne bovina como risco insignificante. "Se não há parâmetro de risco sanitário, a barreira é considerada protecionista na OMC", disse. O Brasil acredita que a decisão de alguns países não tem respaldo no risco sanitário. "A nossa preocupação já foi expressa no âmbito da OMC e as consultas ocorrem o tempo todo", disse.

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Tatiana disse que há problemas com Japão, China, África do Sul, Arábia Saudita, Chile (em alguns produtos) e Jordânia (só para o Paraná). Segundo ela, até novembro, estas barreiras afetam 4,4% das exportações brasileiras de carne bovina.

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