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A capitã Carola Rackete, que é investigada na Itália por favorecimento à imigração clandestina e violência contra navio de guerra, voltou para seu país, a Alemanha.

A informação foi confirmada à agência alemã DPA por um porta-voz da ONG Sea Watch, cujo navio, que era comandado por Rackete, entrou sem autorização no porto de Lampedusa, ilha italiana situada no Mediterrâneo, com 40 migrantes a bordo.

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A capitã partiu para a Alemanha na noite da última quinta-feira (18), após ter sido interrogada durante cerca de quatro horas no Ministério Público de Agrigento, na Sicília.

Rackete é acusada de favorecimento à imigração clandestina por ter salvado 53 pessoas na costa da Líbia. Ao entrar no porto de Lampedusa, a embarcação da Sea Watch colidiu com um barco da Guarda de Finanças, o que, segundo o MP de Agrigento, configura "violência contra navio de guerra".

Dos 53 migrantes socorridos por Rackete, 13 tiveram autorização para desembarcar na Itália por razões médicas. Os outros 40 só desceram do navio quando a capitã alemã forçou a entrada em Lampedusa, após 17 dias no mar.

O ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, havia ameaçado "expulsar" Rackete do país, enquanto a alemã, chamada de "delinquente" e "criminosa", entrou com uma ação por difamação contra o líder de extrema direita. 

Da Ansa

 Após 17 dias de espera, os 40 migrantes que ainda estavam a bordo do navio da ONG alemã Sea Watch desembarcaram na madrugada deste sábado (29) em Lampedusa, na Itália, depois de a comandante da embarcação, Carola Rackete, ter forçado a entrada no porto da ilha.

O grupo, que inicialmente tinha 53 pessoas (13 desembarcaram antes por motivos médicos), foi resgatado a 47 milhas náuticas da Líbia em 12 de junho. Violando uma proibição imposta pelo ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, o navio entrou em águas territoriais italianas na última quarta-feira (26) e ficou três dias parado na entrada do porto de Lampedusa, sem ter aval para atracar.

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Na madrugada deste sábado, no entanto, Rackete e a ONG decidiram furar o bloqueio e entrar no porto, espremendo contra o cais um barco da Guarda de Finanças italiana. Por conta disso, a capitã foi detida e colocada em prisão domiciliar, acusada de violência contra navio oficial, crime que prevê penas de três a 10 anos de cadeia.

Rackete já era investigada pelo Ministério Público de Agrigento por favorecimento à imigração clandestina, ao entrar sem autorização em águas italianas. "Estamos orgulhosos de nossa capitã, ela fez exatamente a coisa certa. Ela cumpriu as leis marítimas e trouxe as pessoas à segurança", disse o presidente da Sea Watch, Johannes Bayer.

Normas internacionais determinam que pessoas resgatadas no mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo. Como a Líbia, de onde partiram os migrantes, não é considerada segura por ONGs, agências humanitárias e até pelo chanceler da Itália, Enzo Moavero, a Sea Watch decidiu navegar até Lampedusa, território mais próximo do local de salvamento.

"Não tínhamos escolha. Não foi dada nenhuma solução para a comandante, ela tinha a responsabilidade de salvar essas pessoas. A violação foi das autoridades, que não ajudaram o navio por 16 dias", declarou uma porta-voz da ONG.

Já Salvini acusou Rackete de ter um "comportamento criminoso" e de "colocar em risco a vida de agentes da Guarda de Finanças". Segundo o ministro, cinco países da União Europeia receberão os migrantes.

O navio da Sea Watch foi sequestrado, e a ONG será multada em 20 mil euros, com base em um novo decreto antimigrantes editado por Salvini.

Apoio

Após a prisão de Rackete, prefeitos de importantes cidades italianas governadas pela centro-esquerda saíram em sua defesa. "Nápoles não é cúmplice do holocausto do terceiro milênio. Queremos testemunhar que o mar é o lugar onde se salvam pessoas", disse o prefeito da capital da Campânia, Luigi de Magistris.

Já o de Milão, Giuseppe Sala, declarou que Rackete "fez o que devia fazer e assumiu os riscos". "Ela fez isso para salvar vidas humanas", declarou. O navio da Sea Watch foi recebido em Lampedusa por dois grupos: um a favor e um contra.

Neste último, algumas pessoas gritaram insultos e ameaças para a alemã, como "espero que te estuprem".

Números

Uma comparação do último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) com índices populacionais compilados pelo Banco Mundial mostra que a Itália é o 12º Estado-membro da União Europeia que mais abriga deslocados internacionais em termos relativos.

O país acolhe atualmente 294.867 refugiados e solicitantes de refúgio, o que equivale a 0,48% de sua população. Esse índice a deixa atrás de Suécia (2,84%), Malta (2,23%), Áustria (1,88%), Chipre (1,80%), Alemanha (1,73%), Grécia (1,27%), Dinamarca (0,68%), França (0,68%), Holanda (0,66%), Luxemburgo (0,59%) e Bélgica (0,54%).

Apesar de ser uma grande porta de entrada para deslocados internacionais na UE, a Itália acaba servindo apenas de passagem para essas pessoas, que frequentemente tentam seguir viagem para o norte da Europa.

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