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O chavismo consolidou sua hegemonia na Venezuela ao vencer as eleições regionais e municipais do último domingo (21).

O regime de Nicolás Maduro conquistou 20 dos 23 estados do país e a capital Caracas, enquanto a oposição se limitou a vitórias em Cojedes, Nueva Esparta e Zulia.

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"Das 24 unidades da federação, conquistamos 21. Boa vitória, boa colheita", afirmou Maduro após a divulgação dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Com 90,1% das urnas apuradas, o CNE registrava participação de 41,80% do eleitorado, totalizando 8,15 milhões de votantes.

Essas foram as primeiras eleições com participação da oposição em quatro anos, já que as forças antichavistas denunciavam falta de condições democráticas para uma disputa justa e limpa.

Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) e número dois do chavismo, celebrou a jornada de "civismo" e disse que a participação do eleitorado foi "mais que suficiente para calar a boca de quem falava em fraude".

Ainda assim, houve dezenas de denúncias de fraudes e intimidações. A ONG Súmate informou ter recebido 64 relatos documentados de irregularidades durante as eleições, mas a missão enviada pela União Europeia para acompanhar o pleito ainda não se pronunciou.

Já a ONG Foro Penal denunciou ao menos 13 prisões, além de uma morte no estado de Zulia. A oposição ainda hoje não reconhece a reeleição de Maduro em 2018 e o acusa de ocupar o cargo de forma ilegítima.

Da Ansa

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, aceitou ontem uma negociação direta de seus enviados com representantes chavistas, sob mediação do governo norueguês. Até agora, as duas partes não haviam aceitado se encontrar. Os dois lados usavam a chancelaria da Noruega como interlocutor.

O movimento ocorre menos de um mês depois de uma tentativa de Guaidó de depor o presidente Nicolás Maduro com adesão de parte dos militares. O intento fracassou em razão da baixa adesão da cúpula militar às ofertas de deserção.

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Em comunicado, Guaidó disse que atende o convite da Noruega para "explorar uma saída possível, negociada". Já Maduro agradeceu à Noruega em seu Twitter. "Agradeço ao governo da Noruega por seus esforços para avançar nos diálogos pela paz e pela estabilidade da Venezuela. Vai a Oslo nossa delegação com boa disposição para trabalhar em uma agenda integral acordada e avançar na construção de bons acordos". Tentativas anteriores de negociação, mediadas pela República Dominicana, fracassaram.

Vistos

O governo Donald Trump está prestes a enfrentar a primeira divisão com o grupo de Juan Guaidó, reconhecido pelos EUA e por cerca de 50 países como presidente interino da Venezuela. Em meio à crise venezuelana, a cúpula do governo Trump tem liderado o apoio ao time de Guaidó e endurecimento contra o regime de Nicolás Maduro, para forçar a transição de poder. Mas um dos pedidos dos diplomatas de Guaidó nos EUA esbarra em ponto-chave da política da Casa Branca: os imigrantes.

A oposição a Maduro quer que os EUA ofereçam a concessão especial de permanência temporária aos venezuelanos que estão no país. A reivindicação teve apoio do senador republicano Marco Rubio, elo entre a Casa Branca e o time de Guaidó, mas começou a criar ruído no governo americano, que tem restringido o visto e o regime de imigração.

O Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) é um mecanismo criado pelo Congresso para amparar imigrantes que, em razão de desastres naturais ou de conflitos armados, já estão nos EUA de forma ilegal e não podem retornar em segurança a seus países.

Desde 2017, a Casa Branca passou a anunciar a que não renovaria o visto especial de permanência de cidadãos de cinco países da América Central. A ideia é restringir a quantidade de imigrantes - mesmo os legais - que vivem no país.

Pelo menos 300 mil imigrantes hondurenhos, salvadorenhos e de outras três nacionalidades devem cair na clandestinidade com a recente decisão do governo americano.

Contradição

"O TPS para os venezuelanos é uma questão complicada para o governo Trump, porque coloca a forte condenação do presidente ao regime de Maduro contra a hostilidade do governo em relação aos imigrantes - o que incluiu a retirada do TPS para cidadãos de Honduras, El Salvador e Haiti", afirma Michael Camilleri, ex-diplomata do governo de Barack Obama e atual diretor do centro de estudos Rule of Law, do instituto Diálogo Interamericano.

"Trump, provavelmente, espera que o projeto de lei que concede a proteção aos venezuelanos não passe pelo Senado, controlado pelos republicanos, para que ele não seja forçado a tomar uma decisão sobre aceitar ou vetar a legislação", disse Camilleri.

Em março, Rubio se juntou a outros 23 senadores - todos, exceto ele, democratas - para pedir ao governo a concessão da proteção aos venezuelanos. No entanto, na semana passada, Rubio deu um passo atrás.

Na quarta-feira, 22, quando o Senado aprovou o "Verdad Act" - ou "lei da verdade", em uma mistura de palavras em inglês e espanhol - Rubio se posicionou contra a inclusão do TPS no projeto.

"Eu apoio o TPS para venezuelanos, mas se isso for incluído no 'Verdad Act' será enviado para a Comissão de Justiça e a aprovação vai atrasar", justificou. O projeto prevê US$ 400 milhões em ajuda humanitária a venezuelanos e mecanismos de cooperação multilateral para reconstrução do país, mas sem tratar de permanência dos venezuelanos.

Rubio é tido como o embaixador dos EUA para América Latina. O predomínio das posições do republicano sobre as políticas para a região foi crucial para que os EUA passassem a reconhecer Guaidó.

É Rubio quem tem articulado com o secretário de Estado, Mike Pompeo, e com o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, o endurecimento das sanções contra o time de Maduro e estimulado o discurso belicoso. O recuo do senador foi visto como um sinal dado por Trump.

Bastidores

Os representantes de Guaidó nos EUA estão cientes da reticência do governo Trump em ampliar as concessões de permissão temporária. Embaixador de Guaidó em Washington, Carlos Vecchio acompanhou a votação do "Verdad Act" no Capitólio e, na saída, comemorou o que chamou de um "passo importante que mostra o governo de Trump unido". Segundo Camilleri, a posição de Rubio foi "estratégica". "Todas as indicações são de que ele continua a apoiar o TPS para os venezuelanos, mas ele entendeu que incluir no Verdad Act poderia tornar mais difícil para alguns de seus colegas republicanos (e aliados do presidente) apoiarem", afirma.

'AQUI ACABOU A USURPAÇÃO'

Próximo ao horário do almoço de sexta-feira, 24, uma bandeira da Venezuela começou a ser hasteada no prédio de tijolos aparentes que tumultuou uma rua calma em Georgetown, bairro histórico de Washington, nas últimas semanas. Do lado de fora, um pequeno grupo aplaudiu. Do lado de dentro, por uma das janelas, era arremessada uma faixa que dizia: "Aqui acabou a usurpação". Foi a primeira vez que Carlos Vecchio, denominado embaixador da Venezuela nos EUA por Juan Guaidó, entrou na sede diplomática.

Desde janeiro, quando o governo de Donald Trump reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela, na tentativa de forçar o fim do regime de Nicolás Maduro, Vecchio atua nos bastidores junto às autoridades americanas, mas não tem seu principal escritório de trabalho.

Em março, quando foi reconhecido embaixador pelos EUA, Vecchio assumiu prédios diplomáticos e militares em Washington e o controle de um consulado em Nova York. A embaixada venezuelana, no entanto, continuou em disputa.

Em janeiro, Maduro anunciou o rompimento das relações diplomáticas com os EUA e ordenou o fechamento da embaixada e dos consulados. Os últimos diplomatas do regime chavista deixaram o prédio em abril. Mas, na sequência, cerca de 30 ativistas americanos ocuparam o local para que o grupo de Guaidó não assumisse o posto. Com placas nas janelas com os dizeres "o golpe fracassou", os americanos rejeitavam deixar o local. Do lado de fora, venezuelanos acamparam em protesto contra os ativistas.

Os quatro ativistas que restaram na embaixada foram presos há pouco mais de uma semana em uma ação da polícia americana. Dias antes, autoridades federais estamparam no prédio o aviso de que os EUA reconhecem Vecchio e Gustavo Tarre - embaixador de Guaidó na Organização dos Estados Americanos (OEA) - como os representantes diplomáticos da Venezuela no país e, portanto, pessoas que estivessem no local sem a autorização dos dois seriam consideradas invasoras.

Segundo Francisco Marquez, assessor político na embaixada, a prioridade agora é reabrir os serviços para os venezuelanos que moram nos EUA. "Durante os últimos cinco anos, o regime ignorou a comunidade venezuelana nos EUA", afirmou.

Com a paralisação das funções diplomáticas nos últimos anos, há inúmeros passaportes vencidos a ser renovados, entre outras demandas.

O grupo de Guaidó nos EUA é um dos principais pilares internacionais do opositor a Maduro, pois negocia direto com a cúpula de Trump - que tem liderado as ações mais duras contra o regime chavista. Os diplomatas também sofrem com a falta de estrutura e equipe. Mas, a partir de agora, Vecchio passa a ser um embaixador com direito a embaixada. / As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.G

Sob ameaça da aprovação de um referendo revogatório que pode abreviar seu mandato, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem dito a interlocutores que o caminho para se manter no poder, caso a ameaça se concretize, é a "resistência cívica-militar".

Com autorização do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a oposição já coletou assinaturas para a primeira etapa da convocação da votação, uma espécie de recall eleitoral previsto na Constituição de 1999. Segundo jornais venezuelanos, algumas pessoas enfrentaram até duas horas de fila para assinar o documento e, assim, tentar desalojar o chavismo do Palácio Miraflores. A oposição afirma ter o triplo das quase 200 mil firmas necessárias. O CNE ainda está na fase de aferição das planilhas onde estão as assinaturas.

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A opção de Maduro pela "resistência cívico-militar" significa uma guinada de rumo do presidente e uma vitória da ala radical do chavismo, encabeçada pelo líder do governo na Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, na disputa interna pela condução do governo.

Mudança

Até pouco tempo atrás, Maduro pendia para a estratégia de tentar reconquistar, pela via das urnas, a parcela do eleitorado chavista que votou em candidatos da oposição na eleição legislativa de dezembro do ano passado.

A saída pela política é defendida pela ala moderada do chavismo com base em informações de que a maior parte dos eleitores que optaram pela oposição ainda se declara chavista, mas está insatisfeita com os escândalos de corrupção e com a grave crise econômica.

Segundo pessoas com acesso à cúpula chavista, a estratégia de tentar reconquistar o eleitorado passaria pela admissão de culpa do governo na crise econômica e punição de envolvidos em casos de corrupção, entre eles responsáveis pelos "coletivos", milícias em muitos casos armadas que se autointitulam responsáveis pela defesa dos princípios da chamada Revolução Bolivariana iniciada por Hugo Chávez.

Espécie de casta privilegiada do regime, os "coletivos" se fortaleceram durante o governo de Maduro. Enquanto a maioria da população enfrenta necessidades básicas e filas, seus integrantes gozam de privilégios materiais e imunidade legal para agir com truculência.

Apesar da profunda crise econômica que provocou cortes em quase todos setores do orçamento, os repasses para os "coletivos" continuam intocados. Em 2014, os grupos forçaram o governo a um recuo na política de desarmamento que pretendia reduzir os índices de violência em Caracas, considerada hoje a cidade mais violenta do planeta.

Além disso, os integrantes dos "coletivos" são alvo frequentemente de acusações de corrupção e de se valerem da truculência armada para se impor diante do restante da população. Eles seriam a base da "resistência cívico-militar" ao revogatório da qual tem falado Maduro.

Manobras

Embora ainda conte com a possibilidade de barrar o referendo na Justiça, Maduro e seu Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) trabalham com a possibilidade de serem obrigados a enfrentar uma eleição revogatória desde a confirmação da vitória esmagadora da oposição na eleição legislativa de dezembro.

Ações nas áreas de comunicação foram reforçadas a partir de janeiro na tentativa de melhorar a imagem do governo já que, em Miraflores, existe a convicção de que a crise é mais de Maduro do que do chavismo.

No início do ano, o governo tentou emplacar um plano econômico de salvação nacional e, mais uma vez, fracassou. Diante da dificuldade de encontrar saídas para a economia e da inviabilidade política de enquadrar muitos dos responsáveis pelos casos de corrupção, Maduro teria sido convencido a abandonar a tese da reação pelas urnas e adotar o caminho da resistência "cívica e popular". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP, na sigla em espanhol) informou ontem que o jornal venezuelano El Universal - diário crítico ao chavismo e um dos mais antigos veículos do jornalismo impresso do país - foi vendido para um grupo de investidores espanhóis.

O Universal foi o terceiro meio de comunicação que critica o governo da Venezuela que foi vendido desde a eleição do presidente Nicolás Maduro, em abril do ano passado.

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Ambos os grupos de mídia venezuelanos que trocaram de donos em 2013 mudaram também suas linhas editoriais, deixando de criticar o chavismo, como faziam anteriormente, denunciam o sindicato dos jornalistas e os profissionais de imprensa do país.

Em maio de 2013, o canal de TV Globovisión foi vendido por Guillermo Zuloaga aos empresários Gustavo Perdomo, Juan Domingo Cordero e Raúl Gorrín - que, pouco após a transação, afirmaram ter se comprometido com o governo Maduro a serem "muito sensatos" na transmissão de suas informações.

Em outubro, cinco meses após sua venda ter sido anunciada, o grupo jornalístico Cadena Capriles - formado pelos jornais Últimas Noticias, El Mundo Economía y Negocios e Líder, pela revista Dominical e pela Editorial Saber - foi comprado pela Latam Media Holding, de capital britânico.

Em fevereiro, durante os recentes protestos antigoverno, os jornalistas do grupo emitiram um comunicado condenando a mudança na linha editorial, pois, no dia 13 daquele mês, após as 23 horas, a manchete do site do jornal Últimas Noticias, em vez de anunciar duas mortes ocorridas durante os protestos, passou a reproduzir a denúncia de tentativa de golpe que Maduro fazia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Os manifestantes, estudantes em sua maioria, se encontraram em uma praça na zona leste de Caracas. A região é considerada um reduto da oposição, fica perto do centro da cidade, área dominada pelo chavismo. Vestidos de branco ou levando a bandeira da Venezuela, os manifestantes marcharam sob o slogam '' libertem Leopoldo ''. Nesse sábdo Leopoldo Lopes completa 45 dias na prisão.

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Foi na praça Piom que Lopes se entregou a polícia em 18 de fevereiro. Leopoldo Lopes é um economista de 42 anos, formado em Harvard, e líder do partido Vontade Popular.

Com a morte do presidente Hugo Chavez um ar de dúvidas paira sobre o estado venezuelano e o cientista político, Adriano Oliveira, comenta que esse momento é mais para reflexão e perguntas do que propriamente respostas. De acordo com o Oliveira, a atual legislação eleitoral do país determina que daqui há 30 dias deverão ocorrer eleições presidenciais.

“A morte de Chávez era esperada por causa do seu problema de saúde e surgem algumas indagações. Quem vai liderar o chavismo? O estado implantado naquele País vai permanecer? Como vai se dar a reação da oposição e do povo e principalmente a relação entre a Venezuela e os Estados Unidos?”, questionou Oliveira.

Segundo o cientista político, a morte de Chávez tem um valor histórico para a América Latina, pois ele foi eleito com a o voto popular, mas implantou um estado autoritário na Venezuela. “Ele foi eleito democraticamente, mas usava o poder despótico no controle das instituições, no poder judiciário e principalmente para modificar a legislação do país”, ressaltou.

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