Tópicos | contingenciamento

Dois ministérios "políticos" do PMDB foram os mais atingidos proporcionalmente no contingenciamento anunciado ontem pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa: Pesca e Turismo. Já em números absolutos, quem mais perdeu foi outro aliado: o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD): R$ 17,2 bilhões.

A pasta da Pesca, a primeira no ranking proporcional dos cortes, é comandada por Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Sua queda foi de 77,9%. Inicialmente, o volume de dinheiro previsto para a secretaria, que tem status de ministério, era de R$ 736 milhões para este ano. O montante caiu para R$ 162 milhões. O corte representa um valor de R$ 574 milhões.

##RECOMENDA##

Já a pasta do Turismo, comandada pelo ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN) terá um corte de 73,8%. O total reservado para este ano era de R$ 1,8 bilhão. A tesourada estabelecida pela equipe econômica do governo chega a R$ 1,3 bilhão. Dessa forma, Alves contará com R$ 476 milhões para os próximos meses.

Criadas para atender questões sociais e movimentos ligados ao PT, partido da presidente Dilma Rousseff, as secretarias de Igualdade Racial, Direitos Humanos e o Ministério de Desenvolvimento Agrário viram o orçamento cair para cerca da metade dos recursos previstos no Orçamento. São elas que aparecem na sequência no rol das pastas com maior redução porcentual.

A Secretaria de Igualdade Racial teve um corte de 55,8% - o total reservado ficou em R$ 30 milhões ante aos R$ 68 milhões iniciais. O orçamento da Secretaria de Direitos Humanos caiu 55,4% - contará com R$ 115 milhões dos R$ 348 milhões previstos. Já o Desenvolvimento Agrário contará com 49,3% do orçamento. Ficou com R$ 1,8 bilhão ante aos R$ 3,7 bilhões iniciais.

Responsável por alguns programa prioritários do governo federal como o Minha Casa Minha Vida, o Ministério das Cidades teve congelados um total de R$ 17,2 bilhões. A pasta é comandada pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que minimizou o impacto do contingenciamento. "O ajuste fiscal não afetará os investimentos prioritários, como já informou o Ministério do Planejamento. Como os programas de infraestrutura - mobilidade e saneamento - compreendem obras de grande complexidade e têm perfil de longo prazo, os empreendimentos terão os respectivos cronogramas mais alongados em relação à previsão inicial", disse o ministro por meio de nota. "É importante lembrar que a continuação e a fase três do Minha Casa Minha Vida estão asseguradas, pois o valor de emendas limite para execução é suficiente para a continuidade dos empreendimentos", acrescentou.

Poupados

Os ministérios da Saúde e da Educação, comandado pelo petista Arthur Chioro e pelo filósofo Renato Janine Ribeiro, estão entre aqueles que tiveram porcentualmente os menores cortes. A Saúde contava inicialmente com R$ 103,2 bilhões e passou para R$ 91,5 bilhões, o que representou uma queda de 12,8%. Já a pasta da Educação tinha previstos R$ 48,8 bilhões e ficará com R$ 39,3 bilhões, registrando redução de 19,3%. Somados em números absolutos, porém, ambos tiveram queda de mais de R$ 20 bilhões.

Depois de negociar pessoalmente ponto a ponto do ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, decidiu não participar nesta sexta-feira, 22, do anúncio do corte de Orçamento da União de 2015.

Durante uma hora e meia, entre a abertura do auditório do Ministério do Planejamento e o início da coletiva de anúncio dos cortes de gastos no Orçamento, o nome de Levy permanecia em uma placa sobre a mesa do palco ao lado do anfitrião, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Mas Levy não foi.

##RECOMENDA##

O ministro, que encarna o ajuste fiscal do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, defendia um contingenciamento maior do que os R$ 69,9 bilhões anunciados. Mesmo com o expressivo valor do corte, a ausência do ministro foi vista nos bastidores como um sinal de que ele não ficou nada satisfeito com o tamanho da tesourada.

A versão oficial é a de que o titular da Fazenda não compareceu porque estava gripado. Outra versão que circulou é a de que o Palácio do Planalto pediu para que ele não participasse para ser poupado da agenda negativa do governo. Outra explicação ventilada por fontes do governo é a de que o ministro deixou de aparecer para evitar que o tema da entrevista se tornasse tributária, já que hoje foi publicada uma medida provisória aumentando a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para as instituições financeiras.

O governo ainda não apresentou uma explicação oficial para a elevação do tributo, que vai atingir bancos e outras instituições financeiras, como corretoras de câmbio e valores mobiliários e sociedades de crédito, por exemplo.

Mensagem

Após a disputa interna no governo pelo tamanho do contingenciamento, Levy enviou uma mensagem a jornalistas na qual dizia: "Volto novo na segunda".

Até hoje pela manhã, contudo, a presença do ministro na entrevista coletiva era certa. A agenda de Levy foi alterada às 10h18 para incluir o compromisso. No início da tarde, pouco antes do anúncio, o ministro da Fazenda ligou para Barbosa para avisar que não iria. Nos anos anteriores, o titular da Fazenda participou dos anúncios de contingenciamento.

Nas negociações, Levy defendia um congelamento maior do que o estabelecido no decreto, entre R$ 75 bilhões e R$ 80 bilhões. Para ele, quanto maior as derrotas no Congresso Nacional, maior teria que ser o bloqueio dos gastos. Já o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o da Casa Civil, Aloizio Mercadante, queriam algo em torno de R$ 60 bilhões.

Levy saiu confiante da reunião na última segunda-feira, 18, com a presidente Dilma Rousseff, e disse que o corte ficaria na faixa dos R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões. Ao longo da semana, assessores presidenciais e da equipe econômica davam como certo que o corte ficaria dentro da "faixa Levy", acima dos R$ 72 bilhões. No final das contas, o valor final ficou, por poucos milhões, abaixo até mesmo do piso defendido por ele em público.

Para Barbosa, Levy justificou a ausência com problemas de agenda e uma forte gripe. "Não leiam isso como mais do que uma gripe, por favor."

O Coordenador da Construindo um Novo Brasil (CNB), Francisco Rocha da Silva, o Rochinha, afirmou nesta sexta-feira, 22, que a MP que eleva a alíquota da CSLL sobre bancos e outras instituições financeiras, de 15% para 20%, não ameniza completamente o peso do ajuste fiscal e reforçou que é totalmente contrário "que os trabalhadores paguem sozinho essa conta". "Eu acho é que foi pouco. Ainda tem outras medidas para serem feitas, como a taxação das grandes fortunas", disse.

Apesar de reforçar que os trabalhadores não podem perder direitos, Rochinha disse que "o que precisa ser feito, tem que ser feito" em relação ao ajuste.

##RECOMENDA##

Questionado sobre o que achou da posição do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que essa semana criticou o ministro da fazenda, Joaquim Levy, e disse não acreditar que o ministro seja capaz de mudar a rota a condução da economia, Rochinha disse que "o Lindbergh é o Lindberg". "O PT cresceu muito, é difícil todos pensarem igual".

Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciam na tarde desta sexta-feira (22) o corte para o Orçamento deste ano. O contingenciamento ficará entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões, de acordo com informações preliminares.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff garantiu que o corte não vai ser pequeno. "Nenhum contingenciamento paralisa governo; o governo gasta menos em algumas coisas. Quando uma pessoa faz economia, ela não paralisa a casa, não é? Ela faz economia. Nós vamos fazer uma boa economia para que o País possa crescer, ter sustentabilidade no crescimento", disse a presidente.

##RECOMENDA##

Na véspera de o governo anunciar oficialmente o tamanho do contingenciamento no Orçamento de 2015, a presidente Dilma Rousseff se viu obrigada a fazer mais uma concessão para garantir a aprovação do ajuste fiscal no Congresso.

Pressionado por aliados, o Palácio do Planalto aceitou manter a regra atual de carência mínima para o pagamento do abono salarial, e não a prevista na Medida Provisória 665. O recuo reduzirá ainda mais a economia prevista pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

##RECOMENDA##

Na quinta-feira (21), Dilma disse que o ajuste é fundamental para o "Brasil virar essa página". Ela saiu em defesa de Levy e garantiu que o bloqueio de despesas orçamentárias não vai paralisar as atividades do governo.

Após reunião com Levy e o vice-presidente Michel Temer, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), anunciou que o Planalto havia aceitado vetar um trecho da MP que exigia carência mínima de três meses para o pagamento do abono. Isso mantém a regra atual, que demanda apenas um mês de trabalho para o acesso ao benefício.

A MP chegou a ser debatida no Senado na quarta-feira, 20, mas a articulação política do governo avaliou que ela poderia ser rejeitada e a votação foi adiada. O Planalto espera que a promessa de veto pacifique os aliados e abra caminho para a aprovação da proposta na terça-feira.

Cálculos do consultor de Orçamento da Câmara, Leonardo Rolim, mostram que a redução da poupança esperada pela Fazenda com a concessão é pequena, de cerca de R$ 200 milhões em 2016 em relação ao relatório que está sob análise.

Apesar disso, outras alterações no prazo de carência do abono salarial feitas desde quando a MP foi lançada são mais significativas. A medida inicialmente aumentava para seis meses o tempo de trabalho mínimo para o recebimento do benefício, uma exigência que foi cortada pela metade pelos deputados, a um custo de R$ 850 milhões para o governo, de acordo com Rolim. Dessa forma, as sucessivas revisões apenas desse item já representariam uma perda superior a R$ 1 bilhão.

"Eu espero a aprovação (das Medidas Provisórias 664 e 665, que alteram benefícios previdenciários e trabalhistas). Por que eu espero a aprovação e quero a aprovação? Porque, para o Brasil virar essa página, é fundamental que nós façamos um ajuste", disse Dilma a jornalistas, antes de almoço ontem no Itamaraty com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez. "Nós temos de recompor as nossas contas fiscais para poder prosseguir. Como a gente recompõe as contas fiscais? Com essas duas MPs e com o PL da desoneração", afirmou a presidente.

Lideranças da base do governo no Senado cobraram o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que ele e o PT enquadrem o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), apontado como o responsável pelo revés sofrido pelo governo no Senado. Com o diagnóstico de que uma medida vital para o ajuste fiscal poderia ser rejeitada, aliados do Planalto manobraram para adiar a votação, jogando a análise da proposta para a última semana de validade da MP.

O Planalto foi surpreendido pela atitude do senador, que subscreveu manifesto elaborado por um grupo suprapartidário contra as medidas do ajuste e a política econômica tocada pelo ministro Joaquim Levy.

Tentando minimizar o mal-estar com o posicionamento de Lindbergh, Dilma disse que "as pessoas podem pensar diferente dentro de todos os partidos". "Eu não tenho a mesma posição (do Lindbergh) em relação ao Joaquim Levy. O Joaquim Levy é da minha confiança, fica no governo", rebateu Dilma.

Paralisia

Sobre o número do contingenciamento, que será oficialmente apresentado hoje, a presidente garantiu que o corte não vai ser pequeno. "Nenhum contingenciamento paralisa governo; o governo gasta menos em algumas coisas. Quando uma pessoa faz economia, ela não paralisa a casa, não é? Ela faz economia. Nós vamos fazer uma boa economia para que o País possa crescer, ter sustentabilidade no crescimento", disse a presidente.

Apesar de todo o sufoco por causa da necessidade de adiamento da votação das Medidas Provisórias 665 e 664 no Senado, o governo está convencido de que conseguirá aprovar os textos antes de eles perderem a vigência, em 1º de junho.

"É sempre assim", disse Dilma ao jornal O Estado de S. Paulo, após o almoço de quinta-feira no Itamaraty. Demonstrando total tranquilidade com a aprovação das MPs, a presidente insistiu que essas tensões sempre acontecem, mas, no fim, "tudo se resolve".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Além do corte de despesas no Orçamento da União deste ano, que deve ser da ordem de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, o governo vai reduzir a previsão de receitas e de gastos obrigatórios. Também vai alterar a projeção oficial para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação. As mudanças serão anunciadas até sexta-feira.

A maior parte do corte será feita pela retenção de despesas discricionárias (que não são obrigatórias), como investimentos e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que envolve diversos ministérios. Também serão cortados investimentos financeiros, como os gastos com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do Ministério das Cidades, comandado pelo PSD do ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. O corte desse tipo de despesa deve somar cerca de R$ 65 bilhões.

##RECOMENDA##

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na segunda-feira, 18, que o contingenciamento planejado pela equipe econômica é uma "disciplina nas despesas discricionárias" e que o número em estudo vai provar que o governo "está respeitando todas as suas responsabilidades e cortando na carne".

Segundo Levy, o objetivo é retomar o nível de gastos discricionários de 2013, de R$ 227 bilhões. "Na medida em que 2014 foi um ano de certo excesso, o que levou a um déficit primário, e não queremos repetir isso, estamos voltando para (os níveis de) 2013, que foi relativamente de expansão", disse Levy.

Outros R$ 10 bilhões, aproximadamente, serão obtidos por meio de uma redução na estimativa de gastos obrigatórios. Essa despesa, que envolve pagamentos de salários e encargos a servidores e benefícios públicos, não pode ser simplesmente cortada. O que o governo vai fazer é reduzir a estimativa de gastos.

A redução na previsão de gastos obrigatórios será principalmente obtida por meio das Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem a concessão de benefícios como seguro-desemprego e pensões por morte, em votação no Senado. Essas MPs originalmente renderiam uma economia de R$ 18 bilhões, mas, depois de atenuações feitas na Câmara, o governo estima ter perdido de R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões.

A equipe econômica também vai fazer um ajuste no lado das receitas previstas no Orçamento. Isso porque será reduzida a projeção oficial para o crescimento do PIB.

O Orçamento enviado ao Congresso no ano passado previa um avanço do PIB de 1,8%. No fim de 2014, o governo reduziu essa previsão para 0,8%, mas a estimativa de receitas continuou inflada. O mercado estima que 2015 terminará com a maior recessão em 25 anos, com uma queda de até 1,5% no PIB. Quanto menor o crescimento, menor é a arrecadação.

Por outro lado, a inflação mais alta aumenta a entrada de recursos nos cofres da Receita Federal. Técnicos da equipe econômica avaliam que a redução na previsão de arrecadação poderá ser menor do que especialistas estimam.

A Câmara deve analisar na quarta-feira (20) o projeto de lei que revisa as desonerações da folha de pagamentos. Porém, os deputados, ecoando pedidos dos empresários, devem atuar para que o aumento de impostos seja gradual e comece em 2016. Já o Senado começará a votar as medidas provisórias que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários.

Com isso, na quinta-feira (21), o governo terá um quadro claro de quanto poderá perder com as medidas no Congresso e, assim, definir um corte de gastos para "complementar" eventuais derrotas.

Impostos

A Fazenda prepara novos aumentos de impostos. Segundo Levy, a lei obriga o governo a tomar medidas quando as receitas se mostram insuficientes. "Se verificarmos que a receita não comporta o cumprimento da meta (fiscal), a gente toma medidas. Temos de avaliar se é questão de ampliar ainda mais os cortes ou que outra medida temos que fazer. Isso é tranquilo e é o que a lei manda."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, na tarde desta segunda-feira (18), que o corte no Orçamento, que deve ser anunciado até a próxima sexta-feira (22), será o necessário para o cumprimento da meta fiscal. Ele confirmou que a ordem de grandeza do bloqueio variará entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, conforme antecipou o Broadcast na última sexta-feira (15).

Questionado se o contingenciamento estaria entre essa margem que vem sendo noticiada, Levy respondeu que "a ordem de grandeza vai ser nesta faixa". "Estamos analisando, não sabemos qual vai ser o resultado do Congresso. Estamos aguardando e avaliando as diferentes opções", afirmou Levy, ao ser questionado sobre ajuste fiscal e sobre uma possível nova rodada de imposto. "(O corte) será o necessário para a gente cumprir a meta".

##RECOMENDA##

Levy participou nesta tarde de reunião com o vice-presidente Michel Temer e com líderes da base no Senado. O governo quer evitar perdas de economia com possíveis modificações nas medidas provisórias que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários.

A presidente Dilma Rousseff reúne na manhã desta segunda-feira (18) no Palácio do Planalto ministros e os líderes do governo no Congresso para debater o corte no Orçamento de 2015, que precisa ser anunciado até esta sexta-feira (22) e as próximas etapas das medidas do ajuste fiscal que tramitam no Legislativo.

Estão presentes o vice-presidente da República, Michel Temer, e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Defesa), Carlos Gabas (Previdência), Ricardo Berzoini (Comunicações), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Gilberto Kassab (Cidades), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia). Também participam os líderes do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, José Pimentel (PT-CE).

##RECOMENDA##

Nesse domingo (17), Dilma realizou um encontro preparatório com a junta orçamentária, formada por Casa Civil, Fazenda e Planejamento. Os titulares dessas pastas divergem sobre a amplitude do bloqueio de despesas: Barbosa e Mercadante querem um congelamento na casa dos R$ 60 bilhões, para não paralisar a máquina pública, enquanto Levy defende uma "tesourada" mais severa, de R$ 78 bilhões.

O argumento de Levy é que, durante a tramitação das medidas provisórias que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, os deputados promoveram modificações que reduziram a economia esperada pela equipe econômica. Além do mais, incluíram numa das MPs uma emenda que cria uma alternativa ao fator previdenciário, pressionando as contas da Previdência.

Outro ponto fundamental para a definição do tamanho do corte será a votação, nesta semana, de um projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento de setores produtivos.

O governo pretende combinar os cortes em gastos previstos no Orçamento deste ano com uma nova rodada de aumento de impostos. O objetivo da medida, preparada pelo Ministério da Fazenda, é reforçar o ajuste fiscal e afastar o risco de rebaixamento da nota de crédito do Brasil. A presidente Dilma Rousseff começou a discutir neste domingo, 17, o tamanho do contingenciamento, que será definido após negociações nesta semana com o Congresso. O corte deve ser da ordem de R$ 70 bilhões.

Os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), que compõem a junta orçamentária, levaram propostas distintas à reunião de quatro horas, no Palácio da Alvorada. Hoje, o tema será retomado na reunião de coordenação política do governo.

##RECOMENDA##

Levy apresentou uma estimativa de corte mais elevada, de R$ 78 bilhões, que compensaria as perdas aplicadas pelos parlamentares no ajuste fiscal. As modificações feitas pela Câmara nas medidas provisórias que alteram benefícios trabalhistas e previdenciários incluíram desde restrições mais leves que as pretendidas pela equipe econômica no seguro-desemprego e na pensão por morte até a flexibilização do fator previdenciário, criado para poupar gastos do governo com aposentadorias.

Mercadante defendia um contingenciamento grande, mas não superior a R$ 60 bilhões no total, de forma a não paralisar completamente a máquina federal. É uma posição mais próxima daquela do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que passou os últimos dois meses se reunindo com ministros e secretários do governo para definir, com cada pasta e autarquia, os limites orçamentários.

Na Fazenda, a avaliação é que quanto menor for o corte, maior será a necessidade de "complementação" com aumento de impostos. Prevalecendo a visão de Levy sobre o corte, a decisão deve gerar atritos com o PT, cujos parlamentares defendem um ajuste menos amargo.

Entre os auxiliares de Dilma, a defesa de Levy por um bloqueio mais severo tem por objetivo não só acenar aos agentes financeiros, mas também proteger as contas públicas de eventuais alterações promovidas pelo Congresso no projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento, outra medida fundamental para fechar as contas oficiais. O martelo sobre a amplitude do contingenciamento só deve ser batido após a votação desta proposta na Câmara, prevista para ocorrer às vésperas do anúncio dos cortes, nesta semana.

Na definição de um ministro, o ajuste e o contingenciamento são "inversamente proporcionais", por isso, o governo vai esperar ao máximo as votações do Congresso. A votação do projeto da desoneração é vista no Planalto como "Dia D" do ajuste fiscal - por mexer com interesses de diversos setores econômicos, é maior o risco de o texto ser desconfigurado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff reúne-se, neste domingo, 17, às 18h, com os ministros que compõem a junta orçamentária - Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) - para discutir o tamanho do corte no orçamento de 2015. O contingenciamento, que segundo fontes pode atingir até R$ 78 bilhões, incidirá sobre investimentos e não deve poupar nem mesmo programas prioritários, como o Minha Casa Minha Vida.

O setor público tem neste ano uma meta fiscal de R$ 66,3 bilhões, que é a economia que deve ser feita para pagamento de juros da dívida. Para cumprir essa meta, o Ministério da Fazenda defende um controle maior dos gastos neste ano. Os ministérios já fizeram um levantamento prévio dos projetos e áreas que poderão ser objeto de corte orçamentário, mas o número proposto pela Fazenda é muito mais "forte", segundo contou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, uma fonte do governo. Se a Fazenda sair vitoriosa nesse embate, o temor é de que muitos projetos em andamento sejam paralisados.

##RECOMENDA##

No sábado, 16, em visita a Florianópolis, o ministro Levy admitiu que as mudanças feitas pela Câmara nas medidas de ajuste fiscal, que acabaram reduzindo a economia projetada pela equipe econômica, pode fazer com o que o governo realize um contingenciamento maior do que o inicialmente previsto. "Isso pode nos levar a ter que reduzir as despesas ainda mais", disse em entrevista na passagem por Santa Catarina.

A reunião deste domingo, no Palácio da Alvorada, não tem hora para acabar, segundo disse o próprio ministro Levy. Ainda em Florianópolis, ele voltou a dizer que o principal objetivo é levar as despesas discricionárias para o nível de 2013. "(O ano de) 2014 foi um pouco além do que podemos sustentar", disse ontem. O governo tem o prazo até a próxima sexta-feira (22) para divulgar o tamanho do corte orçamentário.

O contingenciamento de R$ 78 bilhões no Orçamento de 2015 sugerido pelo Ministério da Fazenda certamente incidirá sobre investimentos e não poupará programas prioritários, obrigando o governo a rever metas, conforme integrantes do alto escalão do governo. Uma das principais vitrines das gestões petistas, o Minha Casa Minha Vida também deve ser atingido pelo congelamento de despesas, que visa o cumprimento da meta de superávit primário. Incomodados com a severidade do bloqueio previsto, ministros pressionam o Planalto para, ao menos, salvar suas pastas da paralisia, mantendo as ações essenciais.

Hoje, a presidente Dilma Rousseff se reúne com os titulares da junta orçamentária (Casa Civil, Planejamento e Fazenda) para debater o tamanho do contingenciamento, que será anunciado até sexta-feira. No encontro, os ministros vão analisar o peso das modificações promovidas pela Câmara nas medidas provisórias do ajuste fiscal e trabalharão com possíveis cenários para a votação, pelos deputados, da revisão da política de desoneração da folha.

##RECOMENDA##

Se a Câmara também flexibilizar essa proposta, na quarta-feira, a tendência é que a "tesourada" radical seja confirmada, disseram ao Estado auxiliares da presidente. A previsão inicial da Fazenda era economizar R$ 5,35 bilhões em 2015 com a revisão da desoneração da folha. Conflitos com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atrasaram a tramitação do texto no Congresso.

Preparação. Ontem, Dilma fez uma reunião preparatória com auxiliares. O Planalto dá como certo que a severidade do bloqueio causará reações não só na base aliada, mas dos ministros de Dilma, que lutam para preservar seus projetos prioritários. Entretanto, um ministro admitiu, reservadamente, que não há como evitar cortes em investimentos.

O impacto no Minha Casa deve afetar o ritmo de assinaturas de novos contratos previstos na terceira fase do programa, promessa de campanha que Dilma reiterou na terça-feira, no Rio. A prioridade neste ano será preservar os contratos em vigor.

Outro titular da Esplanada afirmou que o governo vai cumprir a promessa de manter os programas sociais, mas será necessário revisar metas, que não deverão ser implementadas na "intensidade" e "velocidade" do primeiro mandato. Além do contingenciamento de despesas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pressiona por aumentos em taxas de juros de algumas linhas de crédito subsidiadas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Na área de transportes, a expectativa é de que o pacote de concessões a ser anunciado alivie o impacto dos cortes em construções de novos trechos rodoviários e ferroviários. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec, responsável pelas ferrovias, dividiriam R$ 12,461 bilhões para construção, adequação e manutenção de estradas e trilhos, pela previsão orçamentária inicial. Uma fonte da área disse não ser possível prever que projetos serão afetados, mas os gastos de manutenção de vias devem ser mantidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante da dificuldade em aprovar as medidas de ajuste fiscal no tamanho esperado, o Ministério da Fazenda defenderá um corte mais profundo no Orçamento da União de 2015, em torno de R$ 78 bilhões, para dar sinais de que o governo está de fato comprometido com as contas públicas. A proposta será discutida neste domingo (17) em reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

A presidente precisa anunciar o tamanho do corte orçamentário que atingirá ministérios de aliados políticos no Congresso até a próxima sexta-feira. O comunicado deve ocorrer na véspera.

##RECOMENDA##

Fontes consultadas pelo Estado argumentam que o sinal de "cortar na carne" do próprio governo é importante, sobretudo após o Congresso ter afrouxado as medidas provisórias de restrição aos benefícios sociais e da aprovação de uma emenda que cria uma alternativa ao fator previdenciário na Câmara. Até agora, com a desfiguração do pacote no Congresso, o governo deixou de economizar R$ 4 bilhões dos R$ 18 bilhões originalmente previstos.

A Fazenda chegou a estudar um corte menor, em torno de R$ 60 bilhões, para não "travar" a máquina federal, mas voltou ao entendimento de que o melhor é fazer "uma tesourada" mais dura neste primeiro momento para reforçar o compromisso com a poupança para o pagamento dos juros da dívida pública - o superávit primário. À medida em que houver folga de caixa, o governo pode descongelar aos poucos algumas despesas que serão bloqueadas agora.

Dever de casa. A decisão final sobre o tamanho do contingenciamento não deve sair neste domingo. A expectativa é de que os ministros saiam da reunião com dever de casa para fazer. Há no governo quem defenda um corte menos rigoroso. Os cenários sob avaliação variam de um bloqueio pouco inferior a R$ 65 bilhões até a retenção de R$ 78 bilhões nos gastos.

Se ficar mesmo nesse intervalo, deve ser o contingenciamento mais rigoroso do governo Dilma em valores nominais. No ano passado, o corte orçamentário chegou a R$ 44 bilhões, já incluídos os R$ 7 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em 2013, o bloqueio total foi de R$ 38 bilhões; em 2012, de R$ 55 bilhões; e em 2011, de R$ 50 bilhões.

Uma fonte da área econômica afirma que para garantir a meta de superávit primário de R$ 66,3 bilhões neste ano, será preciso um "corte de verdade" em custeio da máquina federal e nos investimentos do governo.

Em anos anteriores, os cortes envolveram principalmente gastos com subsídios, pessoal, Previdência Social e benefícios como abono salarial e seguro-desemprego. O Ministério do Planejamento defende um contingenciamento em torno de R$ 65 bilhões. Seria a conta ao mesmo tempo consistente com a meta fiscal de 2015 sem "travar" demais a máquina neste ano.

Com a discussão ainda em andamento, o ministro da Ciência, Tecnologia, Aldo Rebelo, garantiu ontem que o "governo não vai ficar sem orçamento" neste ano. "Nós vamos procurar preservar os programas essenciais, as atividades essenciais, aquelas que não podem sofrer interrupção na sua continuidade", disse.

Na reunião de amanhã, serão apresentados cálculos da economia que terá que ser feita a mais para compensar as perdas na tramitação, até agora, das medidas de ajuste fiscal. O grupo ainda trabalha para tentar "poupar ao máximo" programas sociais e vitrines do governo, como o Minha Casa Minha Vida, mas já há um entendimento de que o corte deve atingir "todo mundo".

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que a reprogramação do Orçamento de 2013 prevê um abatimento de R$ 45 bilhões de investimentos e desonerações da meta de superávit primário das contas do setor público. Segundo ele, não é intenção do governo usar a margem de R$ 65,2 bilhões de abatimento prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ele até mesmo afirmou que é possível ter uma surpresa positiva na arrecadação que permita um abatimento menor dos que os R$ 45 bilhões.

Ele citou a possibilidade de receitas extraordinárias que, segundo ele, não aconteceram no ano passado. "É claro que o primário vai depender da arrecadação", afirmou. Na sua avaliação, o governo fez uma previsão realista da arrecadação para 2013 no relatório de reprogramação orçamentária.

##RECOMENDA##

O ministro fez questão de destacar que não houve mudança na política fiscal, que continua a mesma, segundo ele, com rigor fiscal. "Não houve mudança. É a mesma equipe que está aqui", afirmou, acrescentando que a política fiscal continua a mesma para auxiliar no controle da inflação. "Sempre buscaremos a meta de 3,1% do PIB." "Se for necessário, abateremos. O primário pode ficar entre 2,3% e 3,15", disse.

O Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do segundo bimestre de 2013 mantém a meta de superávit primário do governo federal, para 2013, em R$ 108,1 bilhões (2,2% do PIB). Para os governos regionais com estatais, a meta ficou mantida em R$ 47,8 bilhões (1% do PIB). No total, o setor público consolidado deve apresentar superávit primário de R$ 155,9 bilhões (3,2% do PIB) neste ano, mesmo valor do previsto anteriormente.

Emendas

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que o contingenciamento de R$ 28 bilhões no orçamento de 2013, anunciado pelo governo, não é todo composto por emendas de parlamentares. Segundo ela, permaneceram R$ 7,1 bilhões de um total de R$ 22,7 bilhões de emendas incluídas pelo Congresso. |

Ela afirmou ainda que a reprogramação orçamentária preserva integralmente despesas dos programas PAC; Minha Casa, Minha Vida; Saúde; Educação; Copa e Olimpíada; e Brasil sem Miséria.

Ao apresentar o novo decreto de previsão orçamentária deste ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou a redução do custo tributário por meio das desonerações. Para este ano, serão R$ 72,1 bilhões, sendo a maior parte para investimentos (35,9%) e para a produção (35,1%), e uma menor parte para consumo, transportes e serviços. "Isso mostra a prioridade do governo com o investimento e a produção", afirmou Mantega.

O ministro disse que também estão sob controle as despesas com previdência, cujo déficit vem caindo ao longo do tempo, da folha de salários do funcionalismo, que está estacionada em relação ao PIB, e a conta de juros. Nesta última, disse Mantega, os gastos com juros serão o menor de toda a série histórica, de 4,2% do PIB. "A economia nos ajuda no resultado fiscal. O controle desses gastos viabiliza fazer desonerações e ter resultado fiscal satisfatório", afirmou.

##RECOMENDA##

Segundo ele, o Brasil é um dos países com um dos melhores superávits. Esse desempenho fiscal tem reduzido a dívida líquida em relação ao PIB. "Mesmo em período de crise, nossa dívida vem caindo, o que é uma situação muito especial para o nosso fiscal.

Investimentos

O ministro afirmou que o investimento tem sido a principal mola mestra do País nos últimos 10 anos. Segundo ele, tem crescido acima da expansão do PIB. "Muitas vezes é o dobro do PIB", afirmou.

A previsão do governo é de uma alta dos investimento de 6% este ano e de 7% em 2014. "É muito provável o crescimento de 6% este ano e temos a projeção de 7% em 2014. Então é uma forte recuperação dos investimentos", disse.

Ele destacou também a expansão dos gastos públicos que devem somar R$ 68 bilhões, em 2013, a participação dos investimentos públicos na composição do PIB e as licitações públicas previstas para os próximos anos. "Os investimentos serão fortalecidos pelo programa de concessões", disse o ministro.

Desonerações

Mantega afirmou que a projeção de alta de 3,5% do PIB em 2013, prevista no relatório, não é definitiva e poderá ser revista à luz da divulgação do resultado do PIB no primeiro trimestre do ano pelo IBGE. "Podemos confirmar ou retificar essa projeção", afirmou. Ele reforçou a avaliação de que é um parâmetro para organizar o orçamento que pode ser revisto a cada dois meses.

Na Lei Orçamentária Anual (LOA), a estimativa era de uma expansão do PIB da ordem de 4,5%. O PIB nominal projetado para este ano agora é de R$ 4,875 trilhões, ante R$ 5,001 trilhões previstos na LOA. Para 2014, a previsão é de alta do PIB de 4,5%. A projeção do IPCA deste ano passou de 4,9% para 5,2%.

O contingenciamento de recursos do Orçamento da União de 2012 terá de ser superior aos R$ 50 bilhões do ano passado caso o governo queira cumprir a meta de superávit primário de 3,1% (equivalentes a R$ 97 bilhões) do Produto Interno Bruto (PIB), avaliam economistas ouvidos pela Agência Estado. A execução orçamentária e o nível de contingenciamento deste ano serão definidos pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, na volta das férias, no dia 16.

Havia a expectativa de que o contingenciamento deste ano fosse menor que o de 2011 para reforçar o compromisso do governo com a aceleração do crescimento econômico. Mas analistas consultados ressaltam que o aumento das receitas do governo neste ano, previsto no Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, foi superestimado. O orçamento total da União de 2012 prevê receitas de R$ 2,225 trilhões. Seu valor efetivo, retirando o refinanciamento da dívida pública (R$ 653 bilhões), é de R$ 1,572 trilhão. Apesar da desaceleração da economia e da crise na Europa e Estados Unidos, o Orçamento projeta um crescimento do PIB de 5% em 2012, enquanto na mais recente pesquisa Focus a previsão dos analistas é de 3,30%.

##RECOMENDA##

Para cumprir o superávit primário de 3,1% do PIB, o contingenciamento teria de ficar entre R$ 65 bilhões e R$ 70 bilhões, sem execução dos restos a pagar, avalia o economista Mauricio Oreng, do Itaú Unibanco. "Esta é uma hipótese abstrata, mas não realista porque o governo sempre executa os restos a pagar", afirmou, ressaltando que seriam necessárias alguma surpresa positiva em termos de arrecadação ou uma forte retenção dos investimentos para chegar ao superávit cheio. Por não acreditar na contenção de investimentos e apostar na execução dos restos a pagar, o economista não acredita que o governo será capaz de cumprir a meta cheia de superávit primário e projeta que o número atinja 2,5% do PIB no fechamento de 2012.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, um contingenciamento entre R$ 55 bilhões e R$ 60 bilhões, "mais próximo de R$ 60 bilhões", seria o suficiente para o governo sinalizar que vai perseguir a meta cheia de 3,1% do PIB, sem desconto de gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na avaliação dele, o governo está em uma situação delicada, dado que não será possível atingir esse número apenas com o corte de emendas parlamentares, de cerca de R$ 20 bilhões. Por se tratar de um ano eleitoral, a pressão da base aliada no Congresso pela liberação das emendas e investimentos deve ser ainda maior.

Impacto nos juros - Se o governo não contingenciar cerca de R$ 60 bilhões, o Banco Central (BC) pode interromper a trajetória de redução da taxa básica de juros, avalia Borges. "Ou o governo atende ao desejo do BC e deixa espaço para que a redução dos juros continue ou atende às pressões da base aliada para acelerar a liberação de emendas em ano eleitoral", afirmou. Ele prevê muitas brigas e discussões dentro do governo, mas acredita que o BC sairá vencedor. "O governo tem uma preferência revelada em acelerar a convergência dos juros brasileiros a níveis internacionais. Acho que, nessa disputa, o BC ganha, mas não será algo trivial."

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, considerando as receitas estimadas pelo Congresso, o contingenciamento deveria ser de R$ 55 bilhões. Mas, ao utilizar a projeção de receita do banco, o valor a ser contingenciado, segundo ele, ficaria um pouco abaixo de R$ 53 bilhões. "As condições são mais difíceis que as do ano passado", afirmou, lembrando que também havia ceticismo com relação ao cumprimento da meta cheia em 2011. "Em relação a isso, ficamos como no ano passado: matar um leão por dia. No ano passado, muitos leões morreram."

Segundo Lima Gonçalves, o problema está na meta de superávit primário para Estados e municípios, de 0,9% do PIB. "Com um contingenciamento de R$ 53 bilhões, daria para cumprir a meta cheia, desde que os Estados e municípios entreguem sua parte. Mas, em ano eleitoral, é difícil imaginar que governadores e prefeitos vão fazer isso. Nesse caso, sobra esforço para o governo central", disse. De acordo com cálculos do Banco Fator, cada 0,1 ponto porcentual da meta de superávit primário de R$ 97 bilhões não entregue pelo setor público exige um esforço adicional de R$ 4,5 bilhões do governo central.

Embora a meta de superávit primário de 3,1% seja ambiciosa, o governo deve conseguir cumpri-la, avalia o economista Rafael Bistaffa, da Rosenberg & Associados. Para ele, será necessário um contingenciamento neste ano semelhante ou com "algo a mais" do que os R$ 50 bilhões de 2011. A política fiscal tem sido um dos pilares da política econômica, de acordo com Bistaffa, e é o que diferencia o Brasil de outros países nesta crise internacional. "O mercado vê o Brasil em uma situação melhor devido a uma relação dívida/PIB e um déficit nominal menores que os de outros países", afirmou.

Bistaffa citou como exemplo dessa confiança do mercado a recente emissão de títulos no exterior, em que o País pagou juros inferiores aos de países europeus. "A percepção é de que o Brasil está bem por causa da situação fiscal controlada. Ficaria muito feio se o Brasil passasse a descumprir o superávit primário porque é isso que o tem diferenciado de outros países nesta crise."

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando